terça-feira, 27 de janeiro de 2009

PADROEIRO SÃO BENEDITO




Benedito era de família descendente da África. Seus avós eram etíopes. Benedito, portanto, tinha a pele de cor negra. Uma piedade falsa dos séculos 19 e 20 (até os anos 50) queria atribuir uma cor de pele morena, quase branca, ao nosso santo, como se não ficasse bem a glorificação nos altares da raça negra. Assim como Benedito, também Santo Elesbão e Santa Efigênia são de cor negra e deram muitas glórias ào Senhor e à Igreja.
Humilde foi a origem do santo negro. Benedito era filho de Cristovam Manasseri e Diana Larcan, descendentes de escravos trazidos da Etiópia, África, para a Sicília, Itália. O pai fôra escravo de um rico senhor, Vicente Manasseri, e dele recebera o sobrenome. Diana, sua mãe, fora libertada por um cavalheiro da Casa de Lanza.
Um fato que chama a atenção nos pais de Benedito é de que fizeram voto de castidade ao contraírem matrimônio, vivendo na penitência, no trabalho e na oração. Foi o patrão quem persuadiu os pais à exercerem os seus direitos de matrimônio, prometendo dar liberdade aos seus descendentes. Assim o fizeram, e nasceu Benedito, fruto de uma bênção especial de Deus: Bendito! Bendito! Bendito! Era o ano de 1524. Nasceu livre quanto à condição, e mais livre quanto à santa liberdade dos remidos pelo Sangue do Cordeiro.

Benedito foi pastor de ovelhas. Foi muito fiel ao seu dever. Enquanto pastoreava, rezava piedosamente o Rosário. Procurava os lugares mais afastados, pelos altos montes, com boa pastagem e água para seu rebanho, para poder também orar e meditar. Certa vez o encontraram escondido em uma gruta, num momento de folga, de joelhos, olhos fixos no céu, todo arrebatado em êxtase.
Aos dezoito anos, Benedito se abrasou no amor do Senhor e demonstrou interesse em se dedicar totalmente a Jesus. Com sacrifícios, conseguiu comprar uma junta de bois, e com eles passou a ganhar alguns trocados e socorrer os pobres. Isso durou até completar vinte e um anos de idade.
Frei Jerônimo Lanza, natural de San Marco, abandonou o mundo e se recolheu com alguns companheiros num eremitério de Santa Dominica, na região de Caronia. O Papa Júlio III autorizou aos novos eremitas professarem a Regra Seráfica de São Francisco, juntando ainda aos votos de pobreza, obediência e castidade, o voto de vida quaresmal, que os levava a jejuar 3 dias por semana. Numa de suas viagens, Jerônimo conheceu Benedito, que num momento de descanso era injuriado e zombado pelos companheiros de trabalho por causa da cor da pele.
Frei Jerônimo ouviu e repreendeu severamente os injustos e lhes disse em tom profético: "Ah! hoje fazeis caçoada e ridicularizais este pobre negrinho; mas daqui a poucos anos vereis a sua fama correr todo o mundo!". Voltando-se para o patrão lhe disse: "Eu vos recomendo muito este moço porque logo ele virá em minha companhia e se há de tornar um santo religioso!" Alguns dias depois, Frei Jerônimo voltou àquele lugar e diz, ao ver Benedito: "Que fazes aqui? Vamos! Vende estes bois e vem comigo."
Benedito não teve dúvidas e o seguiu. Seus pais, não obstante necessitassem da ajuda monetária do filho, não se opuseram à vocação do filho. Seu primeiro ofício foi o de cozinheiro, juntando a atividade de Marta à contemplação de Maria (Lc 10, 38-42). Fez da cozinha um santuário de oração, vivendo sempre alegre e cheio de mansidão para com todos. Inúmeros milagres são contados em sua vida, especialmente providenciando alimento quando nada havia para prepará-lo.
Em 1578, reuniu-se o Capítulo Provincial dos Franciscanos no Convento de Santa Maria dos Anjos, em Palermo. Houve a separação da Reforma e da Observância da Regra, sendo que o Convento onde Benedito morava passou à Ordem Reformada. Frei Benedito foi eleito Superior, por sua santidade e servidão. Enquanto todos se alegravam, Benedito se entristeceu e procurou o Padre Superior, rogando que o liberasse desse cargo, pois era analfabeto e ignorante. Seu Superior não o liberou e, em nome da Santa Obediência declarou: Doravante serás o Superior do Convento de Santa Maria di Gesú.
A Benedito coube somente obedecer; sua firmeza e observância das Regras faziam com que o Convento tivesse uma vida ativa e cheia de graça; alguns autores dizem ter sido Frei Benedito Mestre de Noviços. Há autores que discordam, pois esse cargo era exercido somente por Presbíteros. Mas a dúvida continua, pois já havia acontecido a exceção quando Benedito foi indicado para o cargo de Superior, exercido também por um Presbítero; os noviços tinham grande admiração por Benedito e tinham nele um grande conselheiro.
Benedito tinha o Dom da Ciência Infusa. Sem saber ler ou escrever, conseguia dar aulas sobre todos os assuntos ligados à Religião, à Ordem ou à Fé. Tinha muita clareza, espírito e unção. Teólogos e Mestres ouviam atentamente o grande santo. Segundo Frei Giacomo di Pazza, uma das testemunhas do processo de beatificação, não se passava um dia sem que acontecesse um prodígio operado pela intercessão de São Benedito.
Um dos milagres operado em vida: várias senhoras, num carro puxado por cavalos, sofreram um grave acidente, no qual D. Eleonora caiu sobre uma criança de cinco meses de idade, tendo a criança morrido asfixiada. Diante do desespero de todos, Benedito tomou a criança nos braços, põe a mão na testa gelada e recita algumas orações. Entregando a criança, disse: a senhora já pode amamentar a criança. A criança morta, em contato com o seio da mãe, adquire vida novamente e suavemente suga o leite da mãe; na imagem tradicional, São Benedito está carregando essa criança, e não o Menino Jesus, como muitos acreditam.
Em fevereiro de 1589 Benedito caiu gravemente enfermo. Embora seu médico, de grande fama na região, previsse sua morte, Benedito o alertou que ainda não havia chegado sua hora. Portanto, recuperou-se. Em março tornou a adoecer, com uma febre muito altta. Nenhum remédio o aliviava. Recebeu a Unção dos Enfêrmos e o Viático, preparando-se para o encontro com o Senhor. Era chegada a hora. Exclamando "Jesus! Jesus! Minha Mãe doce Maria! Meu pai São Francisco", Benedito faleceu na paz do senhor.
Era 19 horas de 4 de abril de 1589, terça-feira de Páscoa, aos 65 anos de idade, dos quais passara 21 anos no mundo, 17 no Eremitério e 27 na Ordem Franciscana. Em 7 de maio de 1592, seu corpo foi transladado pela primeira vez. Do seu corpo exalava sublime perfume, sendo seu corpo encontrado em perfeito estado de conservação, sem uso de qualquer produto químico.
Em 3 de outubro de 1611 foi feita a segunda transladação do corpo, colocado em urna de cristal. Ainda hoje continua conservado, exposto em Urna Mortuária para visitação pública numa Capela lateral da Igreja de Santa Maria, em Palermo, Itália.



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