terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Capítulo II Discípulos missionáriosnuma
Igreja em estadopermanente de missão47. O projeto salvífico de Deus se realiza na humanidadeatravés de um povo, o Povo de Deus, com a missãode ser luz para as nações. Também a Igreja Primitivase entendeu como Novo Povo de Deus,57 que deverialevar a salvação de Jesus Cristo através dos séculospara todos os homens e mulheres. Vivendo e proclamandoos valores do Reino de Deus, a Igreja é, assim,o “sacramento universal da salvação”.58A comunidade missionária48. Ao acolher a pessoa de Jesus Cristo, pela fé, o cristãose une a ele e entra em comunhão com o Pai59 e o EspíritoSanto. A comunhão com a Santíssima Trindadeé o fundamento da comunhão de todos na Igreja, “sacramentoou sinal e instrumento da íntima união comDeus”60 e da missão no mundo. Portanto, “a vocação57 Cf. 1Pd 2,9s.58 LG, n. 48.59 Cf. 1Jo 1,3.60 LG, n. 48.44ao discipulado missionário é con-vocação à comunhãoem sua Igreja. Não há discipulado sem comunhão”61e missão. Nossa fé é teologal em seu objeto. Ela seorienta ao Deus da Vida: Pai, Filho e Espírito Santo.É eclesial em sua realização histórica. Sempre cremospela mediação da Igreja. Nela e por ela o discípulo setorna sujeito do ato de fé.49. Como membros da Igreja, somos chamados a vivere a transmitir a comunhão com a Trindade, antecipandoa comunhão perfeita e definitiva com Deus ecom as pessoas,62 convidando outros a participaremdessa comunhão.63 De fato, a Igreja evangeliza como“comunidade de amor” 64que atrai à medida que seusmembros vivem o amor fraterno65 e interpelam assimos demais a participar da “aventura da fé”.66 Então elapoderá ser “reconhecida como seguidora de Cristo eservidora da humanidade”.67 Desse modo, “a comunhãoe a missão estão profundamente unidas entre si[…]. A comunhão é missionária e a missão é para acomunhão”.68 A Igreja é chamada a representar demaneira pública a vontade de Deus.61 DA, n. 156.62 Cf. DA, n. 160.63 Cf. DA, n. 157.64 Bento XVI. DCE, n. 19.65 Cf. Rm 12,4; Jo 13,34.66 DA, n. 159.67 DA, n. 161.68 João Paulo II. ChL, n. 32.4550. Nutrida pela Palavra e pela Eucaristia, a Igreja é a“casa e escola de comunhão”,69 “onde os discípuloscompartilham a mesma fé, esperança e amor a serviçoda missão evangelizadora”.70 Ela constitui umaunidade orgânica formada por uma diversidade decarismas, ministérios e serviços, todos eles colaborandopara o único Corpo de Cristo. Cada batizadoé portador de dons que deverão ser desenvolvidosem comunhão com os demais em vista da irradiaçãomissionária da comunidade eclesial.71 Nesse sentido,todos os organismos eclesiais devem “estar animadospor uma espiritualidade de comunhão missionária”,72sem a qual os instrumentos externos da comunhãopouco ajudariam.As exigências e os âmbitos da evangelização51. As atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadoracontinuam ressaltando o serviço, o diálogo, o anúncioe o testemunho de comunhão como quatro exigênciasintrínsecas da evangelização: O evangelizador, tendopresente o contexto em que se encontra, deve mostrarque sua mensagem está a serviço da vida, sobretudonum tempo em que ela se encontra sujeita às maisdiversas ameaças, que produzem situações desuma-69 João Paulo II. NMI, n. 43.70 DA, n. 158.71 Cf. DA, n. 162.72 Cf. DA, n. 203.46nas incompatíveis com o Reino de Vida trazido porCristo.73• Quem evangeliza se põe a serviço de seu “dinamismode libertação integral, de humanização, dereconciliação e de inserção social”.74 Esse serviçopressupõe o respeito aos outros, o conhecimento deconcepções de vida, de seus problemas existenciais,de seus anseios e frustrações, de suas alegrias etristezas.75• Isso exige escuta e diálogo sobre o sentido daexistência, fé em Deus e oração, com a consciênciade que nas demais convicções religiosas estãopresentes as “sementes do Verbo”.• Nesse diálogo será possível esclarecer as razõesda nossa esperança e chegar ao anúncio do Evangelho,Palavra viva de Jesus. O centro e o ápice dodinamismo missionário da comunidade eclesial háde ser sempre “uma proclamação clara de que, emJesus Cristo, Filho de Deus feito homem, morto eressuscitado, a salvação é oferecida a todos os sereshumanos como dom da graça e da misericórdia domesmo Deus”.76• Da fé em Jesus Cristo, suscitada, acolhida e partilhada,nasce a comunidade dos discípulos missionários,73 Cf. DA, n. 358.74 DA, n. 359.75 GS, n. 1.76 Paulo VI. EN, n. 27.47chamada a dar o testemunho da comunhão. Unidapela fé compartilhada, a comunidade cristã é chamadaa viver e testemunhar o amor que une todosos que crêem em Jesus Cristo na Igreja, a famíliade Deus, para o serviço ao mundo.7752. A ordem serviço-diálogo-anúncio-comunhão expressauma seqüência pedagógica das exigências – todaselas essenciais – da evangelização. Do ponto de vistadas finalidades ou dos valores, porém, o anúncio doEvangelho deve ter primado ou prioridade permanente.É para ele que se volta a missão de evangelizar: “Aevangelização conterá sempre, como base, centro e,ao mesmo tempo, vértice de seu dinamismo, umaproclamação clara de que em Jesus Cristo a salvaçãoé oferecida a cada homem, como dom de graça emisericórdia do próprio Deus”.78 Urge, pois, “umaevangelização muito mais missionária, em diálogo comtodos os cristãos e a serviço de todos os homens”.7953. Na seqüência anterior se explicitam as dimensõesconstitutivas da evangelização. Quando a proclamaçãodo Evangelho atinge o coração da pessoa, exigindodela uma resposta de fé, descreve-se melhor o caminhopercorrido pelo sujeito da fé. As etapas dessa caminhada,descritas pelo Documento de Aparecida, são: encontrovivo com Jesus Cristo, conversão, discipulado,77 Cf. Jo 17,21.78 João Paulo II. RM, n. 44; Paulo VI. EN, n. 27.79 DA, n. 13.48comunhão e missão. Essencialmente essas etapas doDocumento de Aparecida se articulam perfeitamentecom as quatro exigências de nossa ação evangelizadora.De fato, a conversão nasce do anúncio e por ele sesustenta; por sua vez, o discipulado, fiel ao chamadoamoroso e íntimo do Mestre, deve traduzir-se sempreem serviço, humanizador e libertador, à vida; a comunhãodeve traduzir-se em testemunho de comunhãodentro da comunidade cristã; bem como em diálogodos que buscam o Reino de coração sincero. Dessemodo, a missão tão preconizada pelo Documentode Aparecida engloba todas as quatro exigências daevangelização das atuais Diretrizes.54. Nesse processo queremos explicitar a importância doanúncio e testemunho. São duas modalidades, complementarese conexas, da missão cristã. O anúncioindica mais propriamente a “proclamação explícita”da mensagem do Evangelho. O anúncio querigmáticoé não somente o início, mas também “o fio condutorde um processo que culmina na maturidade do discípulode Jesus Cristo”.80 É o anúncio que proporcionaum autêntico encontro com Jesus Cristo,81 que leva àconversão de vida, ao discipulado, à comunhão eclesiale à missão.82 O testemunho pode ser dado pelapalavra, mas é principalmente uma atitude de vida,muitas vezes silenciosa. O mundo de hoje “escuta com80 DA, n. 278.81 Cf. DA, n. 289.82 Cf. DA, n. 278.49melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres,ou então, se escuta os mestres, é porque eles sãotestemunhas”.83 O testemunho pode assumir diversosaspectos. A atitude de solidariedade ou de serviço, aabertura de diálogo, uma declaração franca da própriafé, o exemplo de uma vida fraterna e inspirada peloamor, o posicionamento a favor dos mais fracos, umsério compromisso pela justiça: tudo isso é testemunhoque pode chegar à máxima expressão na doação daprópria vida.84 Expressão privilegiada do testemunhoé a comunhão eclesial, condição para que o mundocreia. Fazer da Igreja a casa e a escola de comunhão:eis o grande desafio que nos espera.55. Desse modo, a evangelização exige muita atenção àsituação em que vivemos, bem como sincera aberturade espírito e solidariedade diante das aspirações,angústias e interrogações da nossa época.85 Maisconcretamente, nos deparamos com sérios desafios deordem cultural e religiosa, social, política, econômica,ecológica, com sérias conseqüências para o futuro denossa população.86 Além disso, uma evangelizaçãoinsuficiente em nosso passado eclesial, e ainda hoje,dá origem a uma multidão de batizados e crismadosnão praticantes, que se encontram afastados de umavivência cristã e eclesial e que necessitam de adequada83 Paulo VI. EN, n. 41.84 Cf. DA, n. 275.85 Cf. GS, n. 1.86 Cf. DA, n. 33-97.50pastoral evangelizadora por parte da Igreja.87 Já nãobasta uma pastoral de mera conservação; faz-se necessárioresponder às carências que explicam a saída demuitos católicos da Igreja, e que concernem à experiênciareligiosa, à vivência comunitária, à formaçãobíblico-doutrinal e ao compromisso missionário detoda a comunidade.88 Para alcançar esse objetivo, énecessária uma “permanente conversão pastoral” porparte dos bispos, presbíteros, diáconos permanentes,consagrados, leigos e leigas,89 para que não nos instalemos“na comodidade, no estancamento e na indiferença,à margem do sofrimento dos pobres”.9056. As quatro exigências intrínsecas da evangelização seoperacionalizam pastoralmente pela presença da Igrejanos três âmbitos de ação, que constituem tanto o espaçocomo as realidades onde o Evangelho precisa ser encarnado:pessoa, comunidade e sociedade. Não se tratade realidades estanques e isoladas, mas interligadas ecomplementares. Pessoas evangelizadas, ao se fazeremdom, transbordam na comunidade, que, por sua vez,enquanto comunidade eclesial, existe para o serviço deDeus na sociedade. Em relação a esses três âmbitos,posteriormente serão indicadas algumas pistas de açãopara a missão evangelizadora no Brasil.87 Cf. DA, n. 286.88 Cf. DA, n. 226.89 Cf. DA, n. 366.90 DA, n. 362.51A vocação e missão dos discípulos missionários57. O discípulo é alguém chamado por Jesus Cristo paracom ele conviver, participar de sua Vida, unir-se àsua Pessoa91 e aderir à sua missão, colaborando comela.92 Entrega, assim, sua liberdade a Jesus, Caminho,Verdade e Vida;93 assume “o estilo de vida do próprioJesus”, a saber, um amor incondicional, solidário,acolhedor até a doação da própria vida;94 e compartilhado destino do Mestre de Nazaré.95 Como não podemosseparar Jesus de sua missão salvífica, também nãopodemos conceber um cristão que não colabora noanúncio e na realização do Reino de Deus na históriahumana. Essa missão é, por conseqüência, parte integranteda identidade cristã. Por isso, “todo discípuloé missionário”.96 Em resumo: “Discipulado e missãosão como as duas faces da mesma moeda”.9758. Esta vocação missionária, inerente à fé cristã, consisteprimeiramente em dar testemunho e anunciar JesusCristo vivo, experimentado pelo fiel num encontropessoal, que significou plenitude e alegria.98 Esse91 Cf. Mc 1,17; 2,14.92 Cf. DA, n. 131.93 Cf. Jo 14,6; DA, n. 136.94 Cf. DA, n. 139.95 Cf. DA, n. 140.96 DA, n. 144.97 DA, n. 146.98 Cf. DA, n. 145.52encontro pessoal com Jesus Cristo não só traz a felicidadeao fiel, mas ainda o impulsiona a proclamare promover o Reino da Vida,99 que Deus quer para ahumanidade e que transparece nas palavras e nas açõesde Jesus Cristo.100 Esse Reino da Vida diz respeitoà totalidade da existência humana, incluindo “suadimensão pessoal, familiar, social e cultural”.101 Daídecorre que “a santidade não é fuga para o intimismoou para o individualismo religioso, […] e muito menosfuga da realidade para um mundo exclusivamenteespiritual”.10259. A Vida do Pai, que nos chega em Cristo e por ele,é “incompatível com situações desumanas”, oucom “as graves desigualdades sociais e as enormesdiferenças no acesso aos bens”.103 Mais: a salvaçãode Jesus Cristo diz respeito não só aos indivíduos.Ela deve atingir também “as relações sociais entreos seres humanos”.104 Por isso, o anúncio de JesusCristo vivo, a evangelização, “envolve a promoçãohumana e a autêntica libertação”.105 Nessa perspectiva,“a doutrina, as normas, as orientações éticas etoda a atividade missionária da Igreja devem deixar99 Cf. DA, n. 29.100 Cf. DA, n. 353.101 DA, n. 356.102 DA, n. 148.103 DA, n. 358.104 DA, n. 359.105 DA, n. 399.53transparecer essa atrativa oferta de vida mais digna,em Cristo, para cada homem e para cada mulher”.106Assim compreende-se melhor que “o encontro comJesus Cristo nos pobres é uma dimensão constitutivade nossa fé em Jesus Cristo”.107 Desse modo, dá-sesentido pleno a toda ação social da Igreja através dosdiscípulos missionários, que participam responsavelmentena construção de uma sociedade mais justa, nareabilitação da ética e da política, no trabalho por umacultura da co-responsabilidade.108A missão segundo o tríplice múnus60. A Igreja, por fidelidade a Cristo e à missão dele recebida,tem a estrita responsabilidade de oferecer, emcada época, o acesso à Palavra de Deus, à celebraçãoda Eucaristia e aos demais sacramentos, e de cuidarda caridade fraterna e do serviço dos pobres. Umaantiga tradição, que se inspira na Palavra de Deus eque foi diversamente retomada na história da Igreja,descreve essa responsabilidade segundo um tríplicemúnus: ministério da Palavra, ministério da liturgia eministério da caridade.106 DA, n. 361.107 DA, n. 257.108 Cf. DA, n. 406.54Ministério da Palavra61. A proclamação da Palavra de Deus pela Igreja édecisiva para a fé do cristão, já que ela possibilita oacolhimento livre do anúncio salvífico da pessoa deCristo, acolhimento esse possibilitado pela atuaçãodo Espírito Santo.109 “Não se começa a ser cristão poruma decisão ética ou uma grande idéia, mas atravésdo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa,que dá um novo horizonte à vida e, com isso,uma orientação decisiva.”110 É através da pregação doquerigma que acontece um autêntico encontro comJesus Cristo; por isso ele deve ser uma oferta imprescindívela todos.111 “O poder do Espírito e da Palavracontagia as pessoas e as leva a escutar a Jesus Cristo,a crer nele como seu Salvador, a reconhecê-lo comoquem dá o pleno significado a suas vidas e a seguirseus passos.”112 Sabemos através da tradição da Igrejaque a formação do cristão acontece sempre a partir deuma experiência salvífica com Jesus Cristo, anunciadoe testemunhado por outros cristãos, a qual se pode darem qualquer contexto vital.113109 Cf. 1Cor 12,3.110 Bento XVI. DCE, n. 1.111 Cf. DA, n. 226a.112 DA, n. 279.113 Cf. DA, n. 290.5562. O anúncio e a acolhida da Palavra são, portanto, fundamentaispara a vida e a missão da Igreja114 e ocupamlugar central na liturgia. Cristo “está presente em suaPalavra, pois é ele quem fala quando se lêem as SagradasEscrituras”.115 Assim, a proclamação da Palavra naliturgia torna-se para os fiéis a primeira e fundamentalescola da fé. Por isso, é essencial que pastores e fiéisse empenhem para que a Palavra seja claramente anunciadanas celebrações ao longo do ano litúrgico, sejacomentada e refletida com homilias cuidadosamentepreparadas, e encarnada na vida.63. Faz-se necessário, pois, uma pastoral bíblica entendidacomo “animação bíblica da pastoral, que sejaescola de interpretação ou conhecimento da Palavra,de comunhão com Jesus ou oração com a Palavra, ede evangelização inculturada ou de proclamação daPalavra”.116 “Entre as muitas formas de se aproximarda Sagrada Escritura, existe uma privilegiada, à qualsomos todos convidados: a lectio divina ou o exercíciode leitura orante da Sagrada Escritura. Com seus quatromomentos (leitura, meditação, oração e contemplação),favorece o encontro pessoal com Jesus Cristo.”117Sejam, portanto, incentivadas e reforçadas a prática daleitura pessoal e orante da Bíblia, conforme as orientaçõesdo Concílio Vaticano II e, de modo especial, a114 Cf. Bento XVI, DA: Discurso Inaugural, n. 3.115 SC, n. 7.116 DA, n. 248.117 DA, n. 249.56prática dos círculos bíblicos ou das reuniões de grupo,com a partilha da vivência da Palavra para a edificaçãomútua, de modo que a Palavra de Deus iluminea realidade vivida pelos participantes, animando-ose despertando-os para o compromisso evangélico aserviço do Reino de Deus. “A paróquia precisa ser olugar onde se assegure a iniciação cristã, e terá comotarefas irrenunciáveis: iniciar na vida cristã os adultosbatizados e não suficientemente evangelizados; educarna fé as crianças batizadas em um processo que asleve a completar sua iniciação cristã; iniciar os nãobatizadosque, havendo escutado o querigma, queremabraçar a fé.”11864. O ministério da Palavra exige o ministério da catequesea todos, porque “fortalece a conversão inicial e permiteque os discípulos missionários possam perseverar navida cristã e na missão em meio ao mundo que osdesafia”.119 Hoje, na cultura marcadamente pluralista,os ambientes da escola, do trabalho e da vida social, demodo geral, não comunicam valores cristãos. Muitasfamílias, chamadas “a introduzir os filhos no caminhoda iniciação cristã”,120 estão despreparadas paraassumir sozinhas a responsabilidade da educação dafé. Nesse contexto, a catequese renovada,121 de inspi-118 DA, n. 293.119 DA, n. 278c.120 DA, n. 302.121 Cf. DA, n. 294; CNBB. Doc. Catequese Renovada. São Paulo, Paulinas,1983.57ração catecumenal, adquire grande importância, nãose limitando às crianças e aos jovens, mas tendo comoprioridade a catequese adulta com adultos. Trata-sede uma catequese não ocasional, mas permanente,que implica melhor formação dos responsáveis122 eum itinerário catequético permanente por parte dasautoridades eclesiásticas123 que não se limite a ser umaformação meramente doutrinal, e sim uma verdadeiraescola de formação integral. Para isso é necessário“desenvolver em nossas comunidades um processode iniciação na vida cristã que começa pelo querigmae que, guiado pela Palavra de Deus, conduz ao encontropessoal, cada vez maior, com Jesus Cristo”.124Alimenta-se essa experiência do encontro no cultivoda amizade com Cristo pela oração, no apreço pelacelebração litúrgica, na experiência comunitária e nocompromisso apostólico, mediante um permanenteserviço aos demais.12565. Aos fiéis leigos continuem sendo oferecidas oportunidadesde formação bíblico-teológica, o que exige umarenovação da pastoral catequética nas paróquias.126Igualmente as escolas católicas, ao converterem osprincípios evangélicos em “normas educativas, motiva-122 Cf. DA, n. 296.123 Cf. DA, n. 298.124 DA, n. 289.125 Cf. DA, n. 299.126 Cf. DA, n. 294.58ções interiores e, ao mesmo tempo, em metas finais”,127colaboram nessa formação. Do mesmo modo, as universidadescatólicas, ao promoverem o diálogo entrefé e razão, fé e cultura e o conhecimento da DoutrinaSocial da Igreja, responsabilizam-se por setores específicosda formação cristã.128 As dioceses, colaborandoentre si e com os Poderes Públicos, apóiem o ensinoreligioso nas escolas públicas e particulares, se empenhempela formação de professores habilitados e competentesnessa área, que tenham a mística do discípulomissionário, e os acompanhem em seu desempenho.129É importante que as universidades e instituições deensino superior, sobretudo as católicas, organizem eofereçam cursos de graduação, preferencialmente delicenciatura plena, e pós-graduação em ensino religioso.É também importante que, nas escolas católicas enas demais, onde for possível, sejam organizados eoferecidos os conteúdos fundamentais do cristianismoe da doutrina da Igreja, partindo sempre do anúncioquerigmático da pessoa de Jesus Cristo.130 Além disso,é preciso dar apoio decidido à evangelização dajuventude nos diversos grupos do Setor Juventude,inseridos na Pastoral de Conjunto.127 DA, n. 335.128 Cf. DA, n. 342.129 Cf. DA, n. 483.130 Cf. DA, n. 278.5966. É pela pregação da Palavra131 que todos podem teracesso à fé e à salvação, chegando a conhecer aoDeus único e verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele queo Pai enviou.132 Portanto, devemos anunciar o domdo encontro com Jesus Cristo, transbordando de gratidãoe alegria,133 ser “portadores de boas novas paraa humanidade”134 e, como discípulos missionários,anunciar a todos o Evangelho do Reino.135 A evangelizaçãocomporta também o anúncio e a propostamoral. “Tanto ou mais ainda que, pelas verdades dafé, é ao propor os fundamentos e os conteúdos damoral cristã que a nova evangelização manifesta suaautenticidade e, ao mesmo tempo, expande toda asua força missionária, quando se realiza com o domnão só da palavra anunciada, mas também da palavravivida.”136 O ministério da Palavra, pelo chamado doEspírito, revela-se no carisma da profecia. Como emtoda a sua história, nas últimas décadas, a Igreja foiinterpelada e iluminada pelo testemunho de inúmerosprofetas e mártires. Profecia e martírio são legadosda memória da Igreja chamada a testemunhar, comcoragem e liberdade, a Palavra que defende a vida ejulga os poderes deste mundo.131 Cf. Rm 10,17.132 Cf. Jo 17,3.133 Cf. DA, n. 14.134 DA, n. 30.135 Cf. DA, n. 144.136 João Paulo II. VS, n. 107.60MinistérIO

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