terça-feira, 27 de janeiro de 2009

CAPÍTULO III
Lugares de vias da catequese
A comunidade cristã como lugar da catequese (300)
253. A comunidade cristã é a realização histórica do dom da « comunhão » (koinonia), (301) que é um fruto do Espírito.
A « comunhão » exprime o núcleo profundo da Igreja universal e das Igrejas particulares, que constituem a comunidade cristã de referência. Esta se faz próxima e visível na rica variedade das comunidades cristãs imediatas, nas quais os cristãos nascem para a fé, educam-se na fé e nela vivem: a família, a paróquia, a escola católica, as associações e movimentos cristãos, as comunidades eclesiais de base... Estes são os « lugares » da catequese, isto é, os espaços comunitários nos quais a catequese de iniciação e a educação permanente na fé são realizadas. (302)
254. A comunidade cristã é a origem, o lugar e a meta da catequese. É sempre da comunidade cristã que nasce o anúncio do Evangelho, que convida os homens e as mulheres à conversão e a seguirem Cristo. E é esta mesma comunidade que acolhe aqueles que desejam conhecer o Senhor e empenhar-se numa nova vida. Ela acompanha os catecúmenos e catequizandos no seu itinerário catequético e, com materna solicitude, torna-os partícipes da própria experiência de fé e os incorpora no seu seio. (303)
A catequese é sempre a mesma. Mas estes « lugares » (304) de catequização lhe dão, cada um, conotações originais. É importante saber qual é o papel de cada um deles no processo de catequese.
A família como ambiente ou meio de crescimento na fé
255. Os genitores são os primeiros educadores na fé. Juntamente com eles, sobretudo em certas culturas, todos os membros da família têm uma tarefa ativa, em vista da educação dos membros mais jovens. É necessário determinar mais concretamente em qual senso a comunidade cristã familiar é « lugar » de catequese.
A família foi definida como uma « Igreja doméstica »; (305) isto significa que em toda família cristã devem refletir-se os diferentes aspectos ou funções da vida da Igreja inteira: missão, catequese, testemunho, oração, etc... De fato, a família, da mesma forma que a Igreja, « é um espaço no qual o Evangelho é transmitido e do qual oEvangelho se irradia ». (306) A família como « lugar » de catequese tem uma prerrogativa única: transmite o Evangelho, radicando-o no contexto de profundos valores humanos. (307) Sobre esta base humana, é mais profunda a iniciação na vida cristã: o despertar para o senso de Deus, os primeiros passos na oração, a educação da consciência moral e a formação do senso cristão do amor humano, concebido como reflexo do amor de Deus
Criador e Pai. Em resumo: trata-se de uma educação cristã mais testemunhada do que ensinada, mais ocasional do que sistemática, mais permanente e cotidiana do que estruturada em períodos. Nesta catequese familiar torna-se sempre mais importante a contribuição dos avós. A sua sabedoria e o seu senso religioso, muitas vezes, são decisivos para favorecer um clima realmente cristão.
O Catecumenato batismal dos adultos (308)
256. O Catecumenato batismal é um lugar típico de catequização, institucionalizado pela Igreja para preparar os adultos que desejam tornar-se cristãos, a receber os sacramentos da iniciação. (309) No catecumenato se realiza, efetivamente, aquela « formação específica mediante a qual o adulto, convertido à fé, é levado até à confissão da fé batismal, durante a vigília pascal ». (310)
A catequese que se cumpre no catecumenato batismal é estreitamente vinculada à comunidade cristã. (311) A partir do próprio momento de seu ingresso no catecumenato, a Igreja envolve os catecúmenos « com o seu afeto e os seus cuidados, como seus filhos e familiares: de fato, eles pertencem à família de Cristo... ». (312) Por isso, a comunidade cristã ajuda « os candidatos e os catecúmenos durante todo o processo da iniciação, do pré-catecumenato ao catecumenato, ao tempo da mistagogia ». (313)
Esta contínua presença da comunidade cristã se exprime de diversas maneiras, apropriadamente descritas no Rito de Iniciação Cristã dos Adultos. (314)
A paróquia como ambiente de catequese
257. A paróquia é, sem dúvida, o lugar mais significativo, no qual se forma e se manifesta a comunidade cristã. Esta é chamada a ser uma casa de família, fraterna e acolhedora, onde os cristãos tornam-se conscientes de ser Povo de Deus. (315) A paróquia, de fato, congrega num todo as diversas diferenças humanas nela existentes,inserindo-as na universalidade da Igreja. (316) Ela é, por outro lado, o ambiente ordinário no qual se nasce e se cresce na fé. Constitui, por isso, um espaço comunitário muito adequado a fim de que o ministério da Palavra realizado nesta, seja, contemporaneamente, ensinamento, educação e experiência vital.
A paróquia está sofrendo hoje, em muitos países, profundas transformações. As mudanças sociais têm fortes repercussões sobre ela. Nas grandes cidades « foi profundamente abalada pelo fenômeno da urbanização ». (317) Apesar disso, « a paróquia continua a ser um ponto de referência importante para o povo cristão, e até mesmo para os não praticantes ». (318) Esta, todavia, deve continuar a ser « animadora da catequese e o seu lugar privilegiado », (319) embora reconhecendo que, em certas ocasiões, não poderá ser o centro de gravitação de toda a função eclesial de catequizar, e que tem a necessidade de integrar-se com outras instituições.
258. A fim de que a catequese consiga manifestar toda a eficácia na missão evangelizadora da paróquia, algumas condições são necessárias:
a) A catequese dos adultos (320) deve assumir sempre mais uma importância prioritária. Trata-se de promover « uma catequese pós-batismal, em forma de catecumenato, através de uma ulterior proposta de certos conteúdos do Ritual de Iniciação Cristão dos Adultos, destinados a promover uma maior compreensão e vivência das imensas e extraordinárias riquezas e da responsabilidade do Batismo recebido ». (321)
b) É preciso projetar o anúncio, com renovada coragem, àqueles que estão distantes e àqueles que vivem em situações de indiferença religiosa. (322) Neste empenho, os encontros pré-sacramentais (preparação ao Matrimônio, ao Batismo e à primeira Comunhão dos filhos...) podem mostrar-se fundamentais. (323)
c) Como sólido ponto de referência para a catequese paroquial, se requer a presença de um núcleo comunitário constituído por cristãos maduros, já iniciados na fé, aos quais reservar uma solicitude pastoral adequada e diferenciada. Poder-se-á alcançar mais facilmente este objetivo, se se promoverá, nas paróquias, a formação de pequenas comunidades eclesiais. (324)
d) Se estas precedentes condições, relativas principalmente aos adultos, são realizadas, a catequese destinada às crianças, aos adolescentes e aos jovens, que permanece sempre imprescindível, receberá enormes benefícios.
A escola católica
259. A escola católica (325) é um lugar muito relevante para a formação humana e cristã. A declaração Gravissimum Educationis do Concílio Vaticano II, « representa uma mudança decisiva na história da escola católica: a passagem da escola-instituição para a escola-comunidade ». (326)
A escola católica, « não menos que as demais escolas, visa os fins culturais e a formação humana dos jovens. É porém característica sua:
– criar uma atmosfera de comunidade escolar animada pelo espírito evangélico da liberdade e da caridade,
– auxiliar os adolescentes a que, no desdobramento da personalidade, também cresçam segundo a nova criatura que se tornaram pelo Batismo,
– e ainda orientar toda criatura humana para a mensagem da salvação ». (327)
O projeto educativo da escola católica tem o dever de se desenvolver com base nesta concepção proposta pelo Concílio Vaticano II.
Este projeto educativo se cumpre na comunidade escolar, da qual fazem parte todos aqueles que são diretamente ligados a ele: « os professores, a direção administrativa e auxiliar, os genitores, figuras centrais uma vez que naturais e insubstituíveis educadores dos próprios filhos, e os alunos, co-partícipes e co-responsáveis como verdadeiros protagonistas e sujeitos ativos do processo educativo ». (328)
260. Quando os alunos da escola católica pertencem, na maior parte, a famílias que se vinculam a esta escola em razão do caráter católico da mesma, o ministério da Palavra pode ser aí exercitado de várias maneiras: primeiro anúncio, ensino religioso escolar, catequese, homilia. Duas de tais modalidades têm, todavia, na Escola católica, um particular relevo: o ensino religioso escolar e a catequese, cujo respectivo caráter próprio já foi evidenciado. (329)
Quando os alunos e as suas famílias freqüentam a escola católica em virtude da qualidade educativa da mesma, ou por outras eventuais circunstâncias, a atividade catequética fica necessariamente limitada e o ensino religioso próprio, quando é possível, acentua o caráter cultural. A contribuição desta escola subsiste sempre como « um serviço de suma importância para os homens », (330) e como elemento que faz parte da evangelização da Igreja.
Considerada a pluralidade das circunstâncias socioculturais e religiosas nas quais se exercita a obra da escola católica nas diversas nações, será oportuno que os Bispos e as Conferências dos Bispos precisem a modalidade da atividade catequética que cabe à escola católica realizar.
Associações, movimentos e grupos de fiéis
261. As diversas « associações, movimentos e grupos de fiéis » (331) que se desenvolvem na Igreja particular, têm como finalidade ajudar os discípulos de Jesus Cristo a cumprirem a sua missão leiga no mundo e na própria Igreja. Em tais agregações, os cristãos se dedicam « à prática da piedade, ao apostolado direto, à caridade e à assistência, e à presença cristã nas realidades temporais ». (332)
Em todas estas associações e movimentos, com a finalidade de cultivar com profundidade tais dimensões fundamentais da vida cristã, se fornece, de uma maneira ou de outra, uma necessária formação: « têm, com efeito, a possibilidade, cada qual pelos próprios métodos, de oferecer uma formação profundamente inserida na própria experiência de vida apostólica, bem como a oportunidade de integrar, concretizar e especificar a formação que os seus adeptos recebem de outras pessoas e comunidades ». (333)
A catequese é sempre uma dimensão fundamental na formação de cada leigo. Por isso, estas associações e movimentos possuem, ordinariamente, « tempos reservados à catequese ». (334) Na verdade, esta não é uma alternativa para a formação cristã fornecida por eles, mas é uma dimensão essencial dos mesmos.
262. Quando a catequese se cumpre no interior dessas associações e movimentos, alguns aspectos devem ser fundamentalmente considerados:
a) É preciso respeitar a « natureza própria » (335) da catequese, desenvolvendo toda a riqueza do seu conceito, mediante a tríplice dimensão de palavra, de memória e de testemunho (a doutrina, a celebração e o compromisso na vida). (336) A catequese, qualquer que seja o « lugar » onde se realiza, é, antes de mais nada, uma formação orgânica e básica da fé. Deve incluir, portanto, « um estudo sério da doutrina cristã » (337) e deve constituir uma séria formação religiosa aberta a todos os componentes da vida cristã ». (338)
b) Este não é um impedimento para que as associações e os movimentos, com os seus respectivos carismas, possam exprimir, com determinados acentos, uma catequese que, de qualquer forma, deverá permanecer sempre fiel ao seu próprio caráter. A educação através da proposta da espiritualidade específica de uma associação ou movimento, que é sempre de uma grande riqueza para a Igreja, será típica de um tempo sucessivo àquele da formação cristã básica, que é comum a todo cristão. É mais importante primeiro educar àquilo que é comum a todos os membros da Igreja, para somente depois se deter no que é peculiar ou diversificante.
c) Da mesma forma, é necessário afirmar que os movimentos e as associações, em relação à catequese, não são uma alternativa ordinária à Paróquia, uma vez que é esta última a comunidade educativa de referência propriamente dita. (339)
As comunidades eclesiais de base
263. As comunidades eclesiais de base tiveram uma ampla difusão nas últimas décadas. (340) Trata-se de grupos de cristãos que « nascem da necessidade de viver mais intensamente ainda a vida da Igreja; ou então do desejo e da busca de uma dimensão mais humana do que aquela que as comunidades eclesiais mais amplas dificilmente poderão revestir... ». (341)
As comunidades eclesiais de base são um « sinal da vitalidade da Igreja ». (342) Os discípulos de Cristo nelas se reúnem para uma atenta escuta da Palavra de Deus, para a busca de relações mais fraternas, para celebrar os mistérios cristãos em suas vidas e para assumir o compromisso de transformação da sociedade. Paralelamente a estas dimensões propriamente cristãs, emergem também importantes valores humanos: a amizade e o reconhecimento pessoal, o espírito de coresponsabilidade, a criatividade, a resposta vocacional, o interesse pelos problemas do mundo e da Igreja. Daí pode resultar uma enriquecedora experiência comunitária, « verdadeira expressão de comunhão e um meio eficaz para construir uma comunhão ainda mais profunda ». (343)
Para ser autêntica, « toda comunidade... deve viver em unidade com a Igreja particular e universal, na comunhão sincera com os Pastores e o Magistério, empenhada na irradiação missionária e evitando fechar-se em si mesma ou deixar-se instrumentalizarideologicamente ». (344)
264. Nas comunidades eclesiais de base pode desenvolver-se uma catequese muito fecunda:
– O clima fraterno, no qual se vive, é um ambiente adequado para uma ação catequética integral, sempre que se saiba respeitar a natureza e o caráter próprio da catequese.
– Por outro lado, a catequese serve a aprofundar a vida comunitária, uma vez que assegura os fundamentos da vida cristã dos fiéis. Sem tais fundamentos, as comunidades eclesiais de base dificilmente serão sólidas.
– A pequena comunidade é, enfim, uma meta adequada para acolher aqueles que concluíram um itinerário de catequese.
CAPÍTULO IV
A organização da pastoral catequética na Igreja particular
Organização e exercício das responsabilidades
O serviço diocesano da catequese
265. A organização da pastoral catequética tem como ponto de referência o Bispo e a diocese. O Secretariado diocesano de catequese (Officium Catechisticum) é « ...o órgão através do qual o Bispo, chefe da Comunidade e mestre da doutrina, dirige e preside toda a atividade catequética realizada na diocese ». (345)
266. As principais tarefas do Secretariado diocesano de catequese são as seguintes:
a) Fazer uma análise da situação (346) diocesana acerca da educação na fé. Nesta análise, seria útil precisar, entre outras coisas, as reais necessidades da diocese em relação à praxe catequética.
b) Elaborar um programa de ação (347) que indique objetivos claros, proponha orientações e mostre ações concretas.
c) Promover e formar os catequistas. Com esta finalidade, serão instituídos os Centros que forem julgados mais oportunos. (348)
d) Elaborar, ou pelo menos indicar às paróquias e aos catequistas, os instrumentos necessários para o trabalho catequético: catecismos, diretórios, programas para as diferentes idades, guias para os catequistas, material para os catequizandos, meios audiovisuais... (349)
e) Incentivar e promover as instituições propriamente catequéticas da diocese (catecumenato batismal, catequese paroquial, grupo de responsáveis pela catequese), que são como as « células básicas » (350) da atividade catequética.
f) Dar especial atenção sobretudo ao aprimoramento dos recursos pessoais e materiais, tanto a nível diocesano quanto a nível paroquial, ou de vicariatos forâneos. (351)
g) colaborar com o Departamento encarregado da Liturgia, considerada a importância essencial desta para a catequese, em particular para a catequese catecumental de iniciação.
267. Para realizar essas tarefas, o Secretariado da catequese deve contar com « um grupo de pessoas verdadeiramente especializadasna matéria. A amplitude e a diversidade das questões que deve abordar, exigem que as responsabilidades sejam repartidas entre mais pessoas, realmente competentes ». (352) Convém que este serviço diocesano seja constituído, ordinariamente, por sacerdotes, religiosos e leigos.
A catequese é uma atividade tão fundamental na vida de uma Igreja particular que « nenhuma diocese pode prescindir de um próprio Departamento de Catequese ». (353)
Serviços de colaboração interdiocesana
268. Esta colaboração é, nos nossos dias, extraordinariamente fecunda. Algumas razões, não só de proximidade geográfica, mas também de homogeneidade cultural, tornam aconselhável um trabalho catequético comum. De fato, « é útil que diversas dioceses conjuguem suas ações, colocando em comum pesquisas e atividades, competências e recursos, de maneira que as dioceses que dispõem de mais meios possam ajudar as demais, e se possa elaborar um comum programa de ação, de caráter regional ».(354)
O serviço da Conferência dos Bispos
269. « Pode-se criar, junto à Conferência dos Bispos, um departamento de catequese, cuja função principal seja auxiliar cada diocese em matéria catequética ». (355)
Esta possibilidade estabelecida pelo Código de Direito Canônico é uma realidade de fato na maior parte das Conferências dos Bispos. O departamento de catequese ou centro nacional de catequese da Conferência dos Bispos se propõe uma dúplice função: (356)
– Estar a serviço das necessidades catequéticas que dizem respeito a todas as dioceses do território. Ocupa-se das publicações que tenham alcance nacional, dos congressos nacionais, das relações com os meios de comunicação social e, de modo geral, de todos aqueles trabalhos e tarefas que excedam as possibilidades de cada diocese ou região.
– Estar a serviço das dioceses e das regiões, para difundir as informações e os projetos catequéticos, para coordenar a ação e ajudar as dioceses menos favorecidas em matéria de catequese.
Se o Episcopado correspondente considera-o oportuno, também é de competência do departamento de catequese ou centro nacional de catequese a coordenação da sua própria atividade com as de outros departamentos nacionais do Episcopado e de outras instituições decatequese; da mesma forma, a colaboração com as atividades catequéticas a nível internacional. Tudo isso deve ser considerado sempre como organismo de ajuda aos Bispos da Conferência Episcopal.
O serviço da Santa Sé
270. « Com Pedro e sob Pedro, primária e imediatamente toca-lhes (aos Bispos) o mandato de Cristo, de pregar o Evangelho a toda criatura ». (357) O ministério do Sucessor de Pedro, neste mandato colegial de Jesus, em vista do anúncio e da transmissão do Evangelho, assume uma tarefa fundamental. Este ministério, de fato, deve ser considerado « não apenas como um serviço global, que alcança cada Igreja a partir de seu exterior, mas como algo que já pertence à própria essência de cada Igreja particular, a partir de seu interior ». (358)
O ministério de Pedro na catequese é exercitado, de modo eminente, através de seus ensinamentos. O Papa, no que concerne à catequese, age de modo imediato e particular, por meio da Congregação para o Clero, que coadjuva « o Pontífice Romano no exercício de seu supremo múnus pastoral ». (359)
271. « Com base nesta tarefa, a Congregação do Clero:
– cuida da promoção da formação religiosa dos fiéis de todas as idades e condições;
– emana as normas oportunas para que o ensino da catequese seja ministrado de modo conveniente;
– vigia para que a formação catequética seja corretamente conduzida;
– concede a prescrita aprovação da Santa Sé para os Catecismos e outros textos relativos à instrução catequética, com o consenso da Congregação para a Doutrina da Fé; (360)
– presta assistência aos departamentos de catequese e acompanha as iniciativas relativas à formação religiosa e que têm caráter internacional, coordena as suas atividades e lhes oferece ajuda, se for preciso ». (361)
A coordenação da catequese
Importância de uma efetiva coordenação da catequese
272. A coordenação da catequese é uma tarefa importante no âmbito de uma Igreja particular. Ela pode ser considerada:
– no interior da própria catequese, entre as suas diversas formas, dirigidas às diferentes idades e ambientes sociais;
– com referência aos laços que a catequese mantém com as outras formas do ministério da Palavra e com outras ações evangelizadoras.
A coordenação da catequese não é um fato meramente estratégico, voltado para uma mais incisiva eficácia da ação evangelizadora, mas possui uma dimensão teológica de fundo. A ação evangelizadora deve ser bem coordenada porque ela visa a unidade da fé, a qual, por sua vez, sustenta todas as ações da Igreja.
273. Nesta sessão consideramos:
– a coordenação interna da catequese, a fim de que a Igreja particular ofereça um serviço de catequese unitário e coerente;
– a união entre a atividade missionária e a ação catecumenal, que se implicam mutuamente, no contexto da missão ad gentes (362) ou de uma « nova evangelização »; (363)
– a necessidade de uma pastoral de educação bem coordenada, diante da multiplicidade de educadores que se dirigem aos mesmos destinatários, sobretudo se esses destinatários são crianças e adolescentes.
O próprio Concílio Vaticano II recomendou vivamente a coordenação de toda a atividade pastoral, para que resplenda sempre melhor a unidade da Igreja particular. (364)
Um projeto diocesano de catequese articulado e coerente
274. O Projeto diocesano de catequese é a oferta catequética global de uma Igreja particular, que integra, de modo articulado, coerente e coordenado, os diversos processos catequéticos propostos pela diocese aos destinatários, nas diferentes idades da vida. (365)
Neste sentido, cada Igreja particular, em vista da iniciação cristã, deve oferecer, pelo menos, um dúplice serviço:
a) Um processo de iniciação cristã unitário e coerente, para crianças, adolescentes e jovens, em íntima conexão com os sacramentos da iniciação já recebidos ou a receber, e correlacionado com a pastoral da educação.
b) Um processo de catequese para adultos, oferecido aos cristãos que têm necessidade de dar um fundamento à sua fé, realizando ou completando a iniciação cristã inaugurada com o Batismo.
Em muitas nações apresenta-se, hoje, a necessidade de um processo de catequese para anciãos, oferecido àqueles cristãos que, tendo alcançado a terceira e definitiva fase da vida humana, desejam,talvez pela primeira vez, lançar sólidas estruturas para a sua fé.
275. Estes diversos processos de catequese, cada um com possíveis variantes socioculturais, não devem ser organizados separadamente, como se fossem « compartimentos estanques, sem comunicação entre si ». (366) É necessário que a oferta catequética da Igreja particular seja bem coordenada. Entre estas diversas formas de catequese « é preciso favorecer a sua perfeita complementaridade ». (367)
Como dissemos precedentemente, o princípio organizador, que dá coerência aos diversos processos de catequese oferecidos por uma Igreja particular, é a atenção à catequese dos adultos. Este é o eixo em torno do qual gira e se inspira a catequese das primeiras idades (infância e adolescência) e da terceira idade. (368)
O fato de oferecer diversos processos de catequese num único projeto diocesano de catequese não significa que o mesmo destinatário deva percorrê-los, um depois do outro. Se um jovem chega à idade adulta com uma fé bem fundada, não necessita de uma catequese de iniciação para adultos, mas sim de outros alimentos mais sólidos, que o ajudem no seu permanente amadurecimento na fé. Na mesma situação se encontram aqueles que chegam à terceira idade com uma fé bem radicada.
Juntamente com esta oferta de processos de iniciação, absolutamente imprescindível, a Igreja particular deve também oferecer processos de catequese permanente para cristãos adultos.
A atividade catequética no contexto da nova evangelização
276. Definindo a catequese como momento do processo total da evangelização, apresenta-se necessariamente o problema da coordenação da atividade catequética com a ação missionária que a precede, e com a ação pastoral que a segue. Há, de fato, elementos « que preparam a catequese ou dela derivam ». (369)
Neste sentido, a união entre a ação missionária, que procura suscitar a fé, e a ação catequética, que busca aprofundar os seus fundamentos, é decisivo na evangelização.
De certa maneira, esta condição resulta mais evidente na situação da missão ad gentes. (370) Os adultos convertidos pelo primeiro anúncio entram no Catecumenato, onde são catequizados.
Na situação que requer uma « nova evangelização », (371) a coordenação se torna mais complexa, visto que, às vezes, se quer ministrar uma catequese ordinária a jovens e adultos que necessitam, antes, de um tempo de anúncio e de terem despertada a sua adesão a Cristo. Problemas semelhantes apresentam-se em relação à catequese para as crianças e para a formação de seus genitores. (372) Outras vezes são oferecidas formas de catequese permanente a adultos que, em realidade, necessitam mais de uma verdadeira catequese de iniciação.
277. A atual situação da evangelização postula que as duas ações, o anúncio missionário e a catequese de iniciação, sejam concebidas de forma coordenada e oferecidas, na Igreja particular, mediante um projeto evangelizador missionário e catecumenal unitário. A catequese deve ser vista, hoje, antes de mais nada, como a conseqüência de um anúncio missionário eficaz. O ensinamento do decreto conciliar Ad Gentes, que coloca o Catecumenato no contexto da ação missionária da Igreja, é um critério de referência muito válido para a catequese. (373)
A catequese na Pastoral da educação
278. A Pastoral da educação na Igreja particular deve estabelecer a necessária coordenação entre os diferentes « lugares » em que se desenvolve a educação na fé. É sumamente importante que todos estes meios catequéticos « convirjam realmente para uma mesma confissão de fé, para uma comum consciência de pertencer à mesma Igreja e para a fidelidade aos compromissos na sociedade, vividos com o mesmo espírito evangélico ». (374)
A coordenação educativa coloca-se fundamentalmente em relação às crianças, aos adolescentes e aos jovens. Convém que a Igreja particular integre, em um único projeto de Pastoral educativa, os diversos setores e ambientes que estão a serviço da educação cristã da juventude. Todos estes lugares completam-se reciprocamente, e nenhum deles, assumido separadamente, pode realizar a totalidade da educação cristã.
Uma vez que a pessoa da criança e do jovem é a mesma que recebe estas diversas ações educativas, é importante que as diferentes influências tenham a mesma inspiração de fundo. Qualquer contradição entre estas ações é nociva, pois cada uma delas tem a sua própria especificidade e relevância.
Neste sentido, é de suma importância, para uma Igreja particular, organizar um projeto de iniciação cristã que integre as diversas tarefas educativas e considere as exigências da nova evangelização.
Algumas tarefas próprias do serviço catequético
Análise da situação e das necessidades
279. A Igreja particular, ao organizar a atividade catequética, deve ter como ponto de partida a análise da situação. « O objeto desta pesquisa é complexo. Ele abrange o exame da ação pastoral e o diagnóstico da situação religiosa e das condições socioculturais e econômicas enquanto processos coletivos que podem ter profundas repercussões sobre a difusão do Evangelho ». (375) Trata-se de uma tomada de consciência da realidade, considerada em relação à catequese e às suas necessidades.
De maneira mais concreta:
– É necessário ter uma clara consciência, no « exame da ação pastoral », do estado da catequese: como é situada, de fato, no processo evangelizador; o equilíbrio e a articulação entre os distintos setores catequéticos (crianças, adolescentes, jovens, adultos...); a coordenação da catequese com a educação cristã na família, com o educação escolar, com o ensino escolar da Religião, e com outras formas de educação na fé; a sua qualidade interna; os conteúdos que se ministram e a metodologia que se utiliza; as características dos catequistas e a sua formação.
– A « análise da situação religiosa » pesquisa sobretudo, três níveis estreitamente conexos entre si: o senso do sagrado, isto é, daquelas experiências humanas que, por sua profundidade, tendem a abrir ao mistério; o senso religioso, ou seja, os modos concretos que um povo determinado utiliza para conceber Deus e comunicar-se com Ele; e as situações de fé com a diversa tipologia dos crentes. E em conexão com estes níveis, a situação moral que se vive, com os valores que emergem e os pontos obscuros ou contravalores mais difundidos.
– A « análise sociocultural », a propósito da qual se falou no trecho relativo às ciências humanas na formação dos catequistas, (376) é também necessária. É preciso preparar os catecúmenos e os catequizandos a uma presença cristã na sociedade.
280. A análise da situação, em todos os níveis, « deve também convencer aqueles que exercem o ministério da palavra, que as situações humanas são ambivalentes no que concerne à ação pastoral. É preciso, portanto, que os operários do Evangelho aprendam a descobrir as possibilidades que se abrem à sua ação, numa situação sempre nova e diversa... É sempre possível um processo de transformação que abra caminho à fé ». (377)
Esta análise da situação é um primeiro instrumento de trabalho, de caráter informativo, que o serviço catequético oferece a pastores e catequistas.
Programa de ação e orientações catequéticas
281. Depois de ter analisado atentamente a situação, é preciso proceder à formulação de um programa de ação. Este determina os objetivos, os meios da pastoral catequética e as normas que a regulam, com profunda adesão às necessidades locais e, ao mesmo tempo, em plena harmonia com as finalidades e as normas da Igreja universal.
O programa ou plano de ação deve ser operativo, já que se propõe orientar a ação catequética diocesana ou interdiocesana. Por sua própria natureza, é geralmente concebido por um determinado período de tempo, ao término do qual é renovado, com novas características, novos objetivos e novos meios.
A experiência indica que o programa de ação é de grande utilidade para a catequese, uma vez que, ao definir alguns objetivos comuns, leva a unificar os esforços e a trabalhar numa perspectiva de conjunto. Por isso, a sua primeira condição deve ser o realismo, unido à simplicidade, concisão e clareza.
282. Paralelamente ao programa de ação, centrado sobretudo nas opções operativas, diversos Episcopados elaboram, a nível nacional, instrumentos de caráter mais reflexivo e orientativo, que fornecem os critérios para uma idônea e adequada catequese. São chamados de várias maneiras: Diretório Catequético, Orientações Catequéticas, Documento de Base, Texto de Referência, etc. Destinados principalmente aos responsáveis e aos catequistas, esclarecem o conceito de catequese: a sua natureza, finalidade, tarefas, conteúdos, destinatários e métodos. Estes Diretórios ou textos de orientações gerais, estabelecidos pelas Conferências dos Bispos ou emanados sob a sua autoridade, devem seguir o mesmo processo de elaboração e de aprovação previsto para os Catecismos. Vale dizer: antes de sua promulgação, devem ser submetidos à aprovação da Sé Apostólica. (378)
Estas diretrizes ou orientações catequéticas são, habitualmente, um elemento de grande inspiração para a catequese das Igrejas locais e a sua elaboração é recomendada e conveniente, pois, entre outras coisas, elas constituem um importante ponto de referência para a formação dos catequistas. Esta tipologia de instrumento é intima e diretamente ligada à responsabilidade episcopal.
A elaboração de instrumentos e meios didáticos para a ação catequética
283. Ao lado dos instrumentos dedicados a orientar e programar o conjunto da ação catequética (análise da situação, programa de ação e Diretório Catequético) existem outros instrumentos de trabalho de uso imediato, que são utilizados no cumprimento da própria ação catequética. Devemos elencar, em primeiro lugar, os textos didáticos, (379) que são colocados diretamente nas mãos dos catecúmenos e catequizandos. Úteis subsídios são, além disso, os Guias para os catequistas, no caso da catequese para crianças e para os genitores. (380) São igualmente importantes os meios audiovisuais que se utilizam na catequese e em relação aos quais, se deve exercitar um oportuno discernimento. (381)
O critério inspirador destes instrumentos de trabalho deve ser o da dúplice fidelidade, a Deus e ao homem, que é uma lei fundamental para toda a vida da Igreja. Trata-se, de fato, de saber conjugar uma perfeita fidelidade doutrinal com uma profunda adaptação ao homem, levando em consideração a psicologia da idade e o contexto sociocultural em que ele vive.
Em resumo, é preciso dizer que estes instrumentos catequéticos devem:
– ser « realmente ligados à vida concreta da geração para a qual são destinados, tendo bem presentes as suas inquietudes e interrogações, assim como as suas lutas e esperanças »; (382)
– esforçar-se para « encontrar a linguagem compreensível a esta geração »; (383)
– visar « verdadeiramente, provocar um maior conhecimento dos mistérios de Cristo naqueles que deles se servirem, em vista de uma autêntica conversão e de uma vida sempre mais conforme à vontade de Deus ».(384)
A elaboração dos Catecismos locais: responsabilidade imediata do ministério episcopal
284. No conjunto dos instrumentos para a catequese, sobressaem os Catecismos. (385) A sua importância deriva do fato de a mensagem por eles transmitida, ser reconhecida como autêntica e profunda pelos Pastores da Igreja.
Se o conjunto da ação catequética deve ser sempre submetido ao Bispo, a publicação dos Catecismos é uma responsabilidade que concerne, de maneira muito direta, ao ministério episcopal. Os Catecismos nacionais, regionais ou diocesanos, elaborados com a participação dos agentes da catequese, são responsabilidade última dos Bispos, catequistas por excelência nas Igrejas particulares.
Na redação de um Catecismo, é necessário levar em consideração sobretudo os dois critérios a seguir:
a) a perfeita sintonia com o Catecismo da Igreja Católica, « texto de referência seguro e autêntico... para a elaboração dos catecismos locais » (386)
b) a atenta consideração das normas e dos critérios para a apresentação da mensagem evangélica, oferecidos pelo Diretório Geral para a Catequese, este também « referência obrigatória » (387) para a catequese.
285. A « prévia aprovação da Sé Apostólica », (388) que se requer para os Catecismos emanados pelas Conferências dos Bispos, deve ser entendida no sentido que eles são documentos mediante os quais a Igreja universal, nos diferentes espaços socioculturais aos quais é enviada, anuncia e transmite o Evangelho e gera as Igrejas particulares, manifestando-se nestas. (389) A aprovação de um Catecismo é o reconhecimento do fato de que se trata de um texto da Igreja universal para uma determinada situação e cultura.
CONCLUSÃO
286. Na formulação das presentes orientações e diretrizes, não foram poupados esforços, a fim de que cada reflexão encontrasse origem e fundamento nos ensinamentos do Concílio Vaticano II e das sucessivas e principais intervenções magisteriais da Igreja. Além disso, uma solícita atenção foi reservada às experiências de vida eclesial dos diversos povos, ocorridas nesse meio tempo. À luz da fidelidade ao Espírito de Deus, foi feito o necessário discernimento, sempre em vista da renovação da Igreja e do melhor serviço de evangelização.
287. O Diretório Geral para a Catequese é proposto a todos os Pastores da Igreja, aos seus colaboradores e aos catequistas, na esperança de que seja um encorajamento no serviço que a Igreja e o Espírito lhes confia: favorecer o crescimento na fé, daqueles que creram.
As orientações aqui contidas não querem apenas indicar e esclarecer a natureza da catequese e as normas e critérios que regem este ministério evangelizador da Igreja; elas pretendem também alimentar a esperança, com a força da Palavra e a ação interior do Espírito, naqueles que trabalham neste campo privilegiado da atividade eclesial.
288. A eficácia da catequese é e será sempre um dom de Deus, mediante a obra do Espírito do Pai e do Filho.
Esta total dependência da catequese, da intervenção de Deus, é ensinada pelo apóstolo Paulo aos Coríntios, quando lhes recorda: « Eu plantei; Apolo regou; mas era Deus quem fazia crescer. Assim, pois, aquele que planta nada é; aquele que rega nada é; mas importa tão somente Deus, que dá o crescimento » (1 Cor 3,6-7).
Não é possível nem catequese, nem evangelização sem a ação de Deus, por meio do Seu Espírito. (390) Na praxe catequética, nem as técnicas pedagógicas mais avançadas, nem o catequista dotado da mais cativante personalidade humana que possa existir, podem jamais substituir a ação silenciosa e discreta do Espírito Santo. (391) « É Ele, na verdade, o protagonista de toda a missão eclesial »; (392) é Ele o principal catequista; é Ele o « mestre interior » daqueles que crescem para o Senhor. (393) De fato, Ele é « o princípio inspirador de todas as atividades catequéticas e daqueles que as realizam ». (394)
289. Portanto, que o íntimo da espiritualidade do catequista seja dominado pela paciência e pela confiança de que é o próprio Deus quem faz nascer, crescer e frutificar a semente da Palavra de Deus, semeada em terra boa e lavrada com amor! O evangelista Marcos é o único que apresenta a parábola na qual Jesus alude, uma após outra, às etapas do desenvolvimento gradativo e constante da semente lançada: «O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente na terra: ele dorme e acorda, de noite e de dia, mas a semente germina e cresce, sem que ele saiba como. A terra, por si mesma produz fruto: primeiro a erva, depois a espiga e, por fim, a espiga cheia de grãos. Quando o fruto está no ponto, imediatamente se lhe lança a foice, porque a colheita chegou » (Mc 4,26-29).
290. A Igreja, que tem a responsabilidade de catequizar aqueles que crêem, invoca o Espírito do Pai e do Filho, suplicando-Lhe que faça frutificar e fortalecer interiormente todos aqueles trabalhos que, em todas as partes, se realizam em favor do crescimento da fé e da seqüela de Jesus Cristo Salvador.
291. À Virgem Maria, que viu seu Filho crescer « em sabedoria, em estatura e em graça » (Lc 2,52), os agentes da catequese recorrem, ainda hoje, confiantes na sua intercessão. Eles encontram em Maria o modelo espiritual para prosseguir e consolidar a renovação da catequese contemporânea, na fé, na esperança e na caridade. Por intercessão da « Virgem Santíssima do Pentecostes », (395) nasce, na Igreja, uma força nova, para gerar filhos e filhas na fé e educá-los para a plenitude em Cristo.
Sua Santidade o Papa João Paulo II, no dia 15 de agosto de 1997, aprovou o presente Diretório Geral para a Catequese e autorizou a sua publicação.
Darío Castrillón HoyosArcebispo emérito de Bucaramanga Pro-Prefeito
Crescenzio SepeArcebispo tit. de GradoSecretário

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