terça-feira, 27 de janeiro de 2009

QUINTA PARTE
A CATEQUESE NA IGREJA PARTICULAR
A Catequese na Igreja particular
« Depois subiu à montanha, e chamou a si os que ele queria, e eles foram até ele. E constituiu Doze, para que ficassem com ele, para enviá-los a pregar, e terem autoridade para expulsar os demônios » (Mc 3,13-15).« Jesus respondeu-lhe: « Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja » (Mt 16,17-18).« A Igreja de Jerusalém, impulsionada pelo Espírito Santo, gera as Igrejas: « Igreja de Jerusalém » (At 8,1); « A Igreja de Deus que está em Corinto » (1 Cor 1,2); « As Igrejas da Ásia » (1 Cor 16,19); « As Igrejas da Judéia » (Gl 1,22); « As sete Igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes,Filadélfia e Laodicéia » (cf. Ap 1,20; 3,14).
Sentido e finalidade desta parte
215. De tudo o que foi exposto nas partes precedentes, em relação à natureza da catequese, ao seu conteúdo, à sua pedagogia e aos seus destinatários, emerge a pastoral catequética que, de fato, se realiza na Igreja particular.
Esta Quinta Parte expõe os seus elementos mais importantes.
216. No primeiro capítulo se reflete sobre o ministério catequético e os seus agentes. A catequese é uma responsabilidade comum, mas diferenciada. Os Bispos, os presbíteros, os diáconos, os religiosos e os fiéis leigos atuam nela, de acordo com as suas respectivas responsabilidades e carismas.
A formação dos catequistas, analisada no Segundo Capítulo, é um elemento decisivo na ação catequizadora. Se é importante dotar a catequese de válidos instrumentos, mais importante ainda é prepararcatequistas idôneos. No Terceiro Capítulo se estudam os lugares onde, de fato, se realiza a catequese.
No Quarto Capítulo, se estudam os aspectos mais diretamente organizacionais da catequese: os organismos responsáveis, a coordenação da catequese e algumas tarefas próprias do serviço catequético.
A indicação e as sugestões oferecidas nesta Parte, não podem deixar de encontrar imediata e contemporânea aplicação na Igreja em todas as partes. Para aquelas nações ou regiões, nas quais a ação catequética ainda não teve a oportunidade de alcançar um suficiente nível de desenvolvimento, estas orientações e sugestões assinalam somente uma série de metas a serem alcançadas gradativamente.
I CAPÍTULO
O ministério da catequese na Igreja particular e os seus agentes
A Igreja particular (187)
217. O anúncio, a transmissão e a experiência vivida pelo Evangelho realizam-se na Igreja particular (188) ou Diocese. (189) A Igreja particular é constituída pela comunidade dos discípulos de Jesus Cristo (190) que vivem encarnados num espaço sociocultural determinado. Em toda Igreja particular « se faz presente a Igreja universal com todos os seus elementos essenciais ». (191) Realmente, a Igreja universal, fecundada pelo Espírito Santo no dia do Pentecostes como primeira célula, « concebe as Igrejas particulares, como filhas, e se exprime nelas ». (192) A Igreja universal, como Corpo de Cristo, se manifesta assim, como « Corpo das Igrejas ». (193)
218. O anúncio do Evangelho e da Eucaristia são as duas colunas sobre as quais se edifica e em torno das quais se reúne a Igreja particular. Como a Igreja universal, também essa « existe para evangelizar ». (194)
A catequese é uma ação evangelizadora basilar de toda Igreja particular. Por meio dela, a Diocese oferece, a todos os seus membros e a todos aqueles que se aproximam com intenção de entregar-se a Jesus Cristo, um processo formativo que permita conhecer, celebrar, viver e anunciar o Evangelho nos limites do próprio horizonte cultural. Desse modo, a confissão da fé, meta da catequese, pode ser proclamada pelos discípulos de Cristo « em nossas próprias línguas ». (195) Como em Pentecostes, também hoje, a Igreja de Cristo, « presente e atuante » (196) nas Igrejas particulares, « fala todas as línguas », (197) pois como árvore que cresce, lança as suas raízes em todas as culturas.
O ministério da catequese na Igreja particular
219. No conjunto dos ministérios e dos serviços, com os quais a Igreja particular atua a sua missão evangelizadora, ocupa um posto de relevo o ministério da catequese. (198) Deste, destacamos o seguinte:
a) Na Diocese, a catequese é um serviço único, (199) realizado conjuntamente pelos presbíteros, diáconos, religiosos e leigos, em comunhão com o Bispo. Toda a comunidade cristã deve sentir-se responsável por este serviço. Ainda que os sacerdotes, religiosos e leigos realizem em comum a catequese, fazem-no em modo diferenciado, cada qual segundo a sua particular condição na Igreja (ministros sagrados, pessoas consagradas, fiéis cristãos). (200) Através deles, na diferença das funções de cada um, o ministério catequético oferece, de modo completo, a Palavra e o testemunho da realidade eclesial. Se faltasse qualquer uma dessas formas de presença, a catequese perderia parte da própria riqueza e do próprio significado.
b) Trata-se, por outro lado, de um serviço eclesial fundamental, indispensável para o crescimento da Igreja. Não é uma ação que se possa realizar na comunidade a título privado ou por iniciativa puramente pessoal. Atua-se em nome da Igreja, em virtude da missão por ela conferida.
c) O ministério catequético, no conjunto dos ministérios e dos serviços eclesiais, tem um caráter próprio, que deriva da especificidade da ação catequética, no âmbito do processo de evangelização. A tarefa do catequista, como educador da fé, difere daquela que cabe a outros agentes da pastoral (litúrgica, da caridade, social...), ainda que, obviamente, deva agir em coordenação com estes.
d) A fim de que o ministério catequético na Diocese seja frutuoso, ele precisa apoiar-se sobre os demais agentes, não necessariamente catequistas diretos, os quais apoiam e sustentam a atividade catequética, realizando tarefas que são imprescindíveis, tais como: a formação dos catequistas, a elaboração do material, a reflexão, a organização e o planejamento. Estes agentes, juntamente com os catequistas, estão a serviço de um único ministério catequético diocesano, ainda que não todos desempenhem os mesmos papéis, e nem o façam sob o mesmo título.
A comunidade cristã e a responsabilidade de catequizar
220. A catequese é uma responsabilidade de toda a comunidade cristã. A iniciação cristã, de fato, « não deve ser obra somente dos catequistas ou sacerdotes, mas de toda a comunidade dos fiéis ». (201) A própria educação permanente na fé é uma questão que cabe a toda a comunidade. A catequese é, portanto, uma ação educativa, realizada a partir da peculiar responsabilidade de cada membro da comunidade, num contexto ou clima comunitário, rico de relações, a fim de que oscatecúmenos e os catequizandos se incorporem ativamente na vida da comunidade.
Da fato, a comunidade cristã acompanha o desenvolvimento dos processos catequéticos, tanto com as crianças quanto com os jovens ou com os adultos, como um fato que lhe diz respeito e que a empenha diretamente. (202) É ainda a comunidade cristã que, ao término do processo catequético, acolhe os catecúmenos e catequizandos num ambiente fraterno « no qual eles possam viver o mais plenamente possível aquilo que aprenderam ». (203)
221. A comunidade cristã não apenas dá muito ao grupo dos catequizandos, mas também recebe muito destes. Os neo-convertidos, sobretudo os jovens e os adultos, aderindo a Jesus Cristo, levam à comunidade que os acolhe uma nova riqueza humana e religiosa. Assim, a comunidade cresce e se desenvolve, pois a catequese conduz à maturidade da fé não somente os catequizandos, mas também a própria comunidade enquanto tal.
Ainda que toda a comunidade cristã seja responsável pela catequese, e ainda que todos os seus membros devam dar testemunho da fé, somente alguns recebem o mandato eclesial de ser catequistas. Juntamente com a missão originária que têm os genitores em relação a seus filhos, a Igreja confere oficialmente, a determinados membros do Povo de Deus, especificamente chamados, a delicada missão de transmitir a fé, no seio da comunidade. (204)
O Bispo, primeiro responsável pela catequese na Igreja particular
222. O Concílio Vaticano II releva a eminente importância que, no ministério episcopal, têm o anúncio e a transmissão do Evangelho. « Entre os principais deveres dos Bispos, destaca-se o de pregar o Evangelho ». (205) Na realização desta tarefa, os Bispos são, antes de mais nada, « arautos da fé », (206) que buscam arrebanhar novos discípulos para Cristo e são, ao mesmo tempo, « mestres autênticos », (207) que transmitem ao povo a eles confiado, a fé a ser professada e vivida. No ministério profético dos Bispos, o anúncio missionário e a catequese constituem dois aspectos, intimamente unidos. Para realizar esta função, os Bispos recebem « um carisma de verdade ». (208)
Os Bispos são « os primeiros responsáveis pela catequese, os catequistas por excelência ». (209) Na história da Igreja, é evidente o papel preponderante dos grandes e santos Bispos que, com suas iniciativas e seus escritos, marcam o período mais esplêndido da instituição catecumenal. Eles concebiam a catequese como uma dastarefas fundamentais de seu ministério. (210)
223. Esta preocupação pela atividade catequética levará o Bispo a assumir « a superior direção da catequese » (211) na Igreja particular, responsabilidade que implica, entre outras coisas:
– Assegurar à sua Igreja a efetiva prioridade de uma catequese ativa e eficaz, « que empenhe na atividades as pessoas, os meios e os instrumentos e também os recursos financeiros necessários ». (212)
– Exercitar a solicitude pela catequese, mediante uma intervenção direta na transmissão do Evangelho aos fiéis, vigiando, ao mesmo tempo, sobre a autenticidade da confissão da fé e sobre a qualidade dos textos e instrumentos que devem ser utilizados. (213)
– « Suscitar e alimentar uma verdadeira paixão pela catequese; uma paixão, porém, que se encarne numa organização adequada e eficaz », (214) agindo com a profunda convicção da importância que tem a catequese para a vida cristã de uma Diocese.
– Trabalhar para que « os catequistas sejam perfeitamente preparados para a sua missão, conheçam cabalmente a doutrina da Igreja e aprendam na teoria e na prática, as leis da Psicologia e as disciplinas pedagógicas ». (215)
– Estabelecer, na Diocese, um projeto global de catequese, articulado e coerente, o qual responda às verdadeiras necessidades dos fiéis e seja adequadamente situado nos planos pastorais diocesanos. Tal projeto deve ser coordenado, igualmente, no seu desenvolvimento, com os planos da Conferência Episcopal.
Os presbíteros, pastores e educadores da comunidade cristã
224. A função própria do presbítero na tarefa catequética nasce do sacramento da Ordem que recebeu. « Pelo sacramento da Ordem, os presbíteros, pela unção do Espírito Santo, são assinalados com um caráter especial e assim configurados com Cristo Sacerdote, de forma a poderem agir na pessoa de Cristo cabeça, (...) para construir e edificar todo o seu Corpo que é a Igreja, como cooperadores da ordem episcopal ». (216) Em razão desta configuração ontológica com Cristo, o ministério dos presbíteros é um serviço que plasma a comunidade, que coordena e dá força aos demais serviços e carismas. Em relação à catequese, o sacramento da Ordem constitui os presbíteros como « educadores na fé ». (217) Esforçam-se, portanto, para que os fiéis da comunidade se formem adequadamente e alcancem a maturidade cristã. (218) Conscientes, por outro lado, de que o seu « sacerdócio ministerial » (219) está a serviço do « sacerdócio comum dos fiéis », (220) os presbíteros estimulam a vocação e o trabalho dos catequistas, ajudando-os a realizar uma função que brota do Batismo e se exercita em virtude de uma missão que a Igreja lhes confia. Os presbíteros realizam, assim, a recomendação do Concílio Vaticano II, quando lhes pede que « reconheçam e promovam sinceramente a dignidade dos leigos e suas incumbências na missão da Igreja ».(221)
225. De maneira mais concreta, na catequese, as tarefas próprias do presbítero e, especificamente do pároco, (222) são:
– suscitar, na comunidade cristã, o senso da responsabilidade comum para com a catequese, como tarefa que envolve todos, assim como o reconhecimento e o apreço para com os catequistas e a missão que desempenham;
– cuidar da impostação de fundo da catequese e da sua adequada programação, contando com a participação ativa dos próprios catequistas, e estando atento para que ela seja « bem estruturada e bem orientada »; (223)
– suscitar e distinguir vocações para o serviço catequético e, como catequista dos catequistas, cuidar da formação dos mesmos, dedicando a esta tarefa a máxima solicitude;
– integrar a ação catequética no projeto evangelizador da comunidade, cuidando, em particular, do liame entre catequese, sacramentos e liturgia;
– assegurar a conexão entre a catequese a sua comunidade e os planos pastorais diocesanos, ajudando os catequistas a se fazerem cooperadores ativos de um projeto diocesano comum.
A experiência comprova que a qualidade da catequese de uma comunidade depende, em grande parte, da presença e da ação do sacerdote.
Os genitores, primeiros educadores dos próprios filhos à fé (224)
226. O testemunho de vida cristã, oferecido pelos genitores, no seio da família, chega até as crianças envolvido em ternura e respeito materno e paterno. Os filhos se dão conta, assim, e vivem alegremente a proximidade de Deus e de Jesus, manifestada pelos genitores, de tal modo que esta primeira experiência cristã deixa, freqüentemente, uma marca decisiva, que dura por toda a vida. Este despertar religioso infantil, no âmbito familiar, tem um caráter « insubstituível ». (225)
Esta primeira iniciação consolida-se quando, por ocasião de certos eventos familiares ou de festas, « se tiver o cuidado de explicitar em família, o conteúdo cristão ou religioso de tais acontecimentos ». (226) Tal iniciação se aprofunda ainda mais, se os genitores comentam e ajudam a interiorizar a catequese mais metódica, que os seus filhos maiores, recebem na comunidade cristã. De fato, « a catequese familiar precede, acompanha e enriquece todas as outras formas de catequese ». (227)
227. Os genitores recebem, no sacramento do Matrimônio, « a graça e a responsabilidade da educação cristã de seus filhos », (228) aos quais testemunham e transmitem, ao mesmo tempo, os valores humanos e religiosos. Tal ação educativa, ao mesmo tempo humana e religiosa, é um « verdadeiro ministério », (229) por meio do qual se transmite e se irradia o Evangelho, até o ponto em que a própria vida de família se torna itinerário de fé e escola de vida cristã. À medida que os filhos crescem, também o intercâmbio se faz recíproco e, « num diálogo catequético deste tipo, cada um recebe e dá alguma coisa ». (230)
Por isso, é necessário que a comunidade cristã preste uma especial atenção aos genitores. Através de contatos pessoais, encontros, cursos e também mediante uma catequese para adultos, dirigida aos genitores, se deve ajudá-los a assumir a tarefa, hoje particularmente delicada, de educar os seus filhos na fé . Isto se mostra ainda mais urgente nos locais onde a legislação civil não permite ou torna difícil uma livre educação na fé. (231) Nesses casos, a « igreja doméstica » (232) é, praticamente, o único ambiente no qual crianças e jovens podem receber uma autêntica catequese.
Os Religiosos na catequese
228. A Igreja convoca, de modo particular, as pessoas de vida consagrada à atividade catequética, e deseja « que as comunidades religiosas consagrem o máximo das suas capacidades e de suas possibilidades à obra específica da catequese ». (233)
A contribuição peculiar à catequese, fornecida pelos religiosos, religiosas e pelos membros das Sociedades de Vida apostólica, deriva da sua específica condição. A profissão dos conselhos evangélicos, que caracteriza a vida religiosa, constitui um dom para toda a comunidade cristã. Na ação catequética diocesana, a sua original e peculiar contribuição não poderá jamais ser um sucedâneo, nem dos sacerdotes nem dos leigos. Esta contribuição original nasce do testemunho público de sua consagração, que os constitui sinal vivo da realidade do Reino: « É a profissão desses conselhos em um estado de vida estável reconhecido pela Igreja, que caracteriza a vida consagrada a Deus ». (234) Ainda que os valores evangélicos devam ser vividos por todo cristão, as pessoas de vida consagrada « encarnam a Igreja desejosa de se entregar ao radicalismo das bemaventuranças ». (235) O testemunho dos religiosos, unido ao testemunho dos leigos, mostra a face única da Igreja, que é sinal do Reino de Deus. (236)
229. « Há muitas Famílias religiosas, masculinas e femininas, que nasceram para a educação cristã das crianças e dos jovens, sobretudo dos mais abandonados ». (237) Esse mesmo carisma dos fundadores faz com que muitos religiosos e religiosas colaborem hoje na catequese diocesana dos adultos. No curso da história « os Religiosos e as Religiosas têm estado muito comprometidos na atividade catequética da Igreja ». (238)
Os carismas de fundação (239) não ficam à margem quando os religiosos assumem a tarefa catequética. Mantendo intacto o caráter próprio da catequese, os carismas das diversas comunidades religiosas conotam esta tarefa comum com características próprias, freqüentemente de grande profundidade religiosa, social e pedagógica. A história da catequese demonstra a vitalidade que estes carismas deram à ação educativa da Igreja.
Os catequistas leigos
230. Também a ação catequética dos leigos tem um caráter peculiar, devido à sua particular condição na Igreja: « o caráter secular é próprio dos leigos ». (240) Os leigos exercitam a catequese a partir de sua inserção no mundo, compartilhando todas as formas de empenho com os outros homens e revestindo a transmissão do Evangelho de sensibilidade e conotações específicas: « esta evangelização (...) adquire características específicas e eficácia particular pelo fato de se realizar nas condições comuns do século ». (241)
De fato, ao compartilhar a mesma forma de vida daqueles que catequizam, os catequistas leigos têm uma sensibilidade especial para encarnar o Evangelho na vida concreta dos seres humanos. Os próprios catecúmenos e catequizandos podem encontrar neles, um modelo cristão, no qual projetar o seu futuro de crentes.
231. A vocação do leigo à catequese tem origem no sacramento do Batismo e se fortalece pela Confirmação, sacramentos mediante os quais ele participa do « ministério sacerdotal, profético e real » de Cristo. (242) Além da vocação comum ao apostolado, alguns leigos sentemse chamados interiormente por Deus, a assumirem a tarefa de catequistas. A Igreja suscita e distingue esta vocação divina, e confere a missão de catequizar. Dessa forma, o Senhor Jesus convida homens e mulheres, de uma maneira especial, a segui-Lo, mestre e formador dos discípulos. Este chamado pessoal de Jesus Cristo e a relação com Ele são o verdadeiro motor da ação do catequista. « É deste conhecimento amoroso de Cristo que jorra o desejo de anunciáLo, de « evangelizar », e de levar outros ao « sim » da fé em Jesus Cristo ». (243)
Sentir-se chamado a ser catequista e a receber da Igreja a missão para fazê-lo pode adquirir, de fato, diversos graus de dedicação, segundo as características de cada um. Às vezes, o catequista pode colaborar com o serviço da catequese por um período limitado da sua vida, ou até mesmo simplesmente de maneira ocasional; apesar disso, trata-se sempre de um serviço e de uma colaboração preciosos. A importância do ministério da catequese, todavia, aconselha que, na diocese, exista um certo número de religiosos e de leigos estável e generosamente dedicados à catequese, reconhecidos publicamente, os quais, em comunhão com os sacerdotes e o Bispo, contribuem a dar a este serviço diocesano a configuração eclesial que lhe é própria. (244)
Diversos tipos de catequista hoje particularmente necessários
232. O tipo ou figura do catequista na Igreja apresenta diversas modalidades, já que as necessidades da catequese são várias.
– « Os catequistas em território de missão », (245) aos quais este título se aplica de modo todo especial. « Igrejas atualmente florescentes não poderiam ter sido edificadas sem eles ». (246) Há aqueles que têm « a função específica da catequese »; (247) e há aqueles que colaboram nas diversas formas de apostolado ». (248)
– Em algumas Igrejas de antiga evangelização, com grande escassez de clero, há a necessidade de uma figura de certo modo análoga àquela do catequista dos territórios de missão. Trata-se, com efeito, de fazer frente a necessidades urgentes: a animação comunitária de pequenas populações rurais carentes da assídua presença do sacerdote; a conveniência de uma presença e de uma penetração missionárias « nos bairros de grandes metrópoles ». (249)
– Nas situações dos países de tradição cristã que requerem uma « nova evangelização », (250) a figura do catequista dos jovens e a do catequista dos adultos tornam-se imprescindíveis para animar a catequese de iniciação. Estes catequistas devem fornecer também a catequese permanente. Em tais tarefas, o papel do sacerdote será igualmente fundamental.
– Continua a ser basilar a figura do catequista das crianças e dos adolescentes, ao qual cabe a delicada missão de oferecer « as primeiras noções do catecismo e a preparação para o sacramento da reconciliação, para a primeira comunhão e para a confirmação ». (251) Esta tarefa, atualmente, é ainda mais urgente, quando as crianças e os adolescentes « não recebem uma conveniente formação religiosa no seio de suas famílias ». (252)
– Um tipo de catequista que é preciso formar, é o do catequista para os encontros pré-sacramentais, (253) destinado ao mundo dos adultos, por ocasião do Batismo ou da Primeira Comunhão dos filhos, ou por ocasião do sacramento do Matrimônio. É uma tarefa que tem em si uma originalidade própria, na qual confluem o acolhimento, o primeiro anúncio e a oportunidade de tornar-se companheiro de viagem na busca da fé.
– Outros tipos de catequistas são urgentemente exigidos por setores humanos de especial sensibilidade: as pessoas da terceira idade, (254) que necessitam de uma apresentação do Evangelho, adaptada à suas condições; as pessoas desadaptadas e excepcionais, que necessitam de uma especial pedagogia catequética, (255) além da sua plena integração na comunidade; os migrantes e as pessoas marginalizadas pela evolução moderna. (256)
– Podem ser aconselháveis outros tipos de catequistas. Cada Igreja particular, analisando a própria situação cultural e religiosa, suprirá as próprias necessidades e traçará o perfil, com realismo, dos tipos de catequista de que necessita. É uma tarefa fundamental a orientação e a organização da formação dos catequistas.
CAPÍTULO II
A formação para o serviço da Catequese
A pastoral dos catequistas na Igreja particular
233. Para o bom funcionamento do ministério catequético na Igreja particular, é fundamental poder contar, antes de mais nada, com uma adequada pastoral dos catequistas. Nesta, diversos aspectos devem ser levados em consideração. De fato, é preciso procurar:
– Suscitar nas paróquias e nas comunidades cristãs, vocações para a catequese. Atualmente, considerando o fato de que as necessidades da catequese são sempre mais diferenciadas, é preciso promover a formação de diversos tipos de catequista. « Serão necessários, portanto, catequistas especializados ». (257) A propósito, será conveniente determinar os critérios de escolha.
– Promover um certo número de catequistas a tempo integral, de modo que possam dedicar-se mais estável e intensamente à catequese, (258) além de promover também os catequistas a tempo parcial, que ordinariamente serão mais numerosos.
– Estabelecer uma mais equilibrada distribuição de catequistas entre os setores dos destinatários que necessitam de catequese. A consciência da necessidade de uma catequese para os jovens e para os adultos, por exemplo, levará a estabelecer um maior equilíbrio em relação ao número dos catequistas que se dedicam à infância e à adolescência.
– Promover animadores responsáveis pela ação catequética, que assumam responsabilidade, a nível diocesano, regional e paroquial. (259)
– Organizar adequadamente a formação dos catequistas no que concerne tanto à formação de base quanto à formação permanente.
– Dispensar uma atenção pessoal e espiritual aos catequistas e ao grupo de catequistas enquanto tal. Esta tarefa compete principal e fundamentalmente aos sacerdotes das respectivas comunidades cristãs.
– Coordenar os catequistas com os outros agentes da pastoral nas comunidades cristãs, a fim de que a ação evangelizadora global seja coerente e o grupo dos catequistas não fique isolado e alheio à vida da comunidade.
Importância da formação dos catequistas
234. Todas estas tarefas nascem da convicção de que qualquer atividade pastoral que não conte, para a sua realização, com pessoas realmente formadas e preparadas, coloca em risco a sua qualidade. Os instrumentos de trabalho não podem ser verdadeiramente eficazes se não forem utilizados por catequistas bem formados. Portanto, a adequada formação dos catequistas não pode ser descuidada em favor da atualização dos textos e de uma melhor organização da catequese. (260)
Conseqüentemente, a pastoral catequética diocesana deve dar absoluta prioridade à formação dos catequistas leigos. Juntamente com este objetivo e como elemento realmente decisivo, dever-se-á prestar atenção à formação catequética dos presbíteros, tanto nos planos de estudo da formação seminarista quanto no período da formação permanente. Pede-se aos Bispos para que cuidem escrupulosamente desta formação.
Finalidade e natureza da formação dos catequistas
235. A formação procura habilitar os catequistas a transmitir o Evangelho àqueles que desejam entregar-se a Jesus Cristo. A finalidade da formação requer, portanto, que o catequista se torne o mais idôneo possível a realizar um ato de comunicação: « o objetivo essencial da formação catequética é o de tornar apto à comunicação da mensagem cristã ». (261)
A finalidade cristocêntrica da catequese, que busca favorecer a comunhão do convertido com Jesus Cristo, impregna toda a formação dos catequistas. (262) O que esta busca, de fato, não é outra coisa senão levar o catequista a saber animar eficazmente um itinerário catequético no qual, através das necessárias etapas, anuncie Jesus Cristo; faça conhecer a Sua vida, enquadrando-a na totalidade da história da salvação; explique o mistério do Filho de Deus, feito homem por nós; e enfim, ajude o catecúmeno ou o catequizando a identificar-se com Jesus Cristo, mediante os Sacramentos da iniciação. (263) Na catequese permanente, o catequista não faz outra coisa senão aprofundar estes aspectos basilares.
Esta perspectiva cristológica incide diretamente sobre a identidade do catequista e na sua preparação.
«A unidade e a harmonia do catequista devem ser lidas nesta perspectiva cristocêntrica e construídas com base numa profunda familiaridade com Cristo e com o Pai, no Espírito ». (264)
236. O fato de que a formação procure tornar o catequista apto a transmitir o Evangelho em nome da Igreja, confere a toda a formação uma natureza eclesial. A formação dos catequistas não é senão uma ajuda a inserir-se profundamente na consciência viva e atual que a Igreja tem do Evangelho, tornando-se assim apto a transmiti-lo em nome desta mesma Igreja.
De maneira mais concreta, o catequista, na sua formação, entra em comunhão com aquela aspiração da Igreja que, como esposa, « conserva íntegra e pura a fé do Esposo » (265) e, « como mãe e mestra » quer transmitir o Evangelho em toda a sua autenticidade, adaptando-o a todas as culturas, idades e situações. Esta eclesialidade da transmissão do Evangelho permeia toda a formação dos catequistas, conferindo-lhe a sua verdadeira natureza.
Critérios inspiradores da formação dos catequistas
237. Para conceber adequadamente a formação dos catequistas, é preciso considerar previamente alguns critérios inspiradores que configuram, com diferentes características, esta formação.
– Trata-se, antes de mais nada, de formar catequistas para as necessidades evangelizadoras deste momento histórico, com os seus valores, com os seus desafios e os seus pontos obscuros. Para fazer frente a esta tarefa, são necessários catequistas dotados de uma profunda fé, (266) de uma clara identidade cristã e eclesial (267) e de uma profunda sensibilidade social. (268) Todo projeto formativo deve levar em consideração estes aspectos.
– Na formação, ter-se-á presente também o conceito de catequese que a Igreja hoje apresenta. Trata-se de formar catequistas para que sejam capazes de transmitir não apenas um ensinamento, mas também uma formação cristã integral, desenvolvendo « tarefas de iniciação, de educação e de ensinamento ». (269) São necessários catequistas que sejam, ao mesmo tempo, mestres, educadores e testemunhas.
– O momento catequético que a Igreja vive é um convite a preparar catequistas capazes de superar « tendências unilaterais divergentes » (270) e de oferecer uma catequese plena e completa. Devem saber conjugar a dimensão verídica e significativa da fé, a ortodoxia e a ortopraxis, o sentido social e eclesial. A formação deverá contribuir para a mútua fecundação destes elementos que podem entrar em tensão.
– A formação dos catequistas leigos não pode ignorar o caráter próprio do leigo na Igreja e não deve ser concebida como mera síntese da formação recebida pelos religiosos e sacerdotes. Aliás, será preciso levar em consideração que a sua formação apostólica assume característica especial, a partir da índole secular e própria do laicato e da sua espiritualidade.
– A pedagogia utilizada nesta formação tem, enfim, uma importância fundamental. Como critério geral, é preciso sublinhar a necessidade da coerência entre a pedagogia global da formação catequética e a pedagogia própria de um processo catequético. Seria muito difícil para o catequista improvisar, na sua ação, um estilo e uma sensibilidade, para os quais não tivesse sido iniciado durante a sua própria formação.
As dimensões da formação: o ser, o saber, o saber fazer
238. A formação dos catequistas compreende diversas dimensões. A mais profunda se refere ao próprio ser do catequista, à sua dimensão humana e cristã. A formação, de fato, deve ajudá-lo a amadurecer, antes de mais nada, como pessoa, como crente e como apóstolo. Depois, há o que o catequista deve saber para cumprir bem a sua tarefa. Esta dimensão, permeada pela dúplice fidelidade à mensagem e ao homem, requer que o catequistas conheça adequadamente a mensagem que transmite e, ao mesmo tempo, o destinatário que a recebe, além do contexto social em que vive. Enfim, há a dimensão do saber fazer, já que a catequese é um ato de comunicação. A formação tende a fazer do catequista um « educador do homem e da vida do homem ». (271)
Maturidade humana, cristã e apostólica dos catequistas
239. Com base numa inicial maturidade humana, (272) o exercício da catequese, constantemente reconsiderado e avaliado, possibilitará o crescimento do catequista no equilíbrio afetivo, no senso crítico, na unidade interior, na capacidade de relações e de diálogo, no espírito construtivo e no trabalho de grupo. (273) Tratar-se-á, antes de mais nada, de fazê-lo crescer no respeito e no amor para com os catecúmenos e catequizandos: « E de que gênero é essa afeição? Muito maior do que aquela que pode ter um pedagogo, é a afeição de um pai, e mais ainda, a de uma mãe. É uma afeição assim que o Senhor espera de cada pregador do Evangelho e de cada edificador da Igreja ». (274)
A formação, ao mesmo tempo, estará atenta a que o exercício da catequese alimente e nutra a fé do catequista, fazendo-o crescer como crente. Por isso, a verdadeira formação alimenta, sobretudo, aespiritualidade do próprio catequista, (275) de maneira que a sua ação nasça, na verdade, do testemunho de sua própria vida. Todo tema catequético que transmite deve alimentar, em primeiro lugar, a fé do próprio catequista. Na verdade, catequizam os demais, catequizandoprimeiramente a si mesmos.
A formação, além disso, alimentará constantemente, a consciência apostólica do catequista, o seu senso de evangelizador. Por isso, ele deve conhecer e viver o projeto de evangelização concreto da própria Igreja diocesana e o de sua paróquia, para sintonizar-se com a consciência que a Igreja particular tem da própria missão. O melhor modo de alimentar esta consciência apostólica é o de identificar-se com a figura de Jesus Cristo, mestre e formador dos discípulos, procurando tornar próprio o zelo pelo Reino, que Jesus manifestou. A partir do exercício da catequese, a vocação apostólica do catequista, nutrida por uma formação permanente, irá progressivamente amadurecendo.
A formação bíblico-teológica do catequista
240. Além de ser testemunha, o catequista deve ser mestre que ensina a fé. Uma formação bíblico-teológica lhe fornecerá um conhecimento orgânico da mensagem cristã articulada a partir do mistério central da fé, que é Jesus Cristo.
O conteúdo desta formação doutrinal é exigido pelas diversas partes que compõem todo projeto orgânico de catequese:
– as três grandes etapas da história da salvação: Antigo Testamento, vida de Jesus Cristo e história da Igreja;
– os grandes núcleos da mensagem cristã; Símbolo, liturgia, vida moral e oração.
No seu próprio nível de ensino teológico, o conteúdo doutrinal da formação de um catequista é o mesmo daquele que a catequese deve transmitir. Por sua vez, « a Sagrada Escritura deverá ser como a alma desta formação ». (276) O Catecismo da Igreja Católica será o ponto de referência doutrinal fundamental, juntamente com os Catecismos da própria Igreja particular ou local.
241. Esta formação bíblico-teológica deverá possuir algumas qualidades:
a) Em primeiro lugar, é necessário que seja uma formação de caráter sintético, que corresponda ao anúncio que se deve transmitir, e na qual os diferentes elementos da fé cristã apareçam, bem estruturados e consoantes entre si, numa visão orgânica, que respeite a « hierarquia das verdades ».
b) Esta síntese de fé deve ser tal, que ajude o catequista a amadurecer na própria fé e, ao mesmo tempo, o torne apto a dar razão da esperança presente no tempo de missão. « A formação doutrinal dos fiéis leigos mostra-se hoje cada vez mais urgente, não só pelo natural dinamismo de aprofundar a sua fé, mas também pela exigência de « racionalizar a esperança » que está dentro deles, perante o mundo e os seus problemas graves e complexos ». (277)
c) Deve ser uma formação teológica muito próxima da experiência humana, capaz de correlacionar os diferentes aspectos da mensagem cristã com a vida concreta dos homens, « seja para inspirá-la que para julgá-la à luz do Evangelho ». (278) Embora sendo ensinamento teológico, deve adotar, de algum modo, um estilo catequético.
d) Finalmente, deve ser de tal maneira que o catequista « se torne não apenas capaz de expor com exatidão a mensagem evangélica, mas que saiba também suscitar a recepção ativa desta mesma mensagem, por parte dos catequizandos, e que saiba distinguir, no itinerário espiritual dos mesmos, aquilo que é conforme à fé ». (279)
As ciências humanas na formação do catequista
242. O catequista adquire o conhecimento do homem e da realidade em que vive, também através das ciências humanas, que, nos nossos dias, alcançaram um grau de extraordinário desenvolvimento. « Na pastoral sejam suficientemente conhecidos e usados não somente os princípios teológicos, mas também as descobertas das ciências profanas, sobretudo da psicologia e da sociologia, de tal modo que também os fiéis sejam encaminhados a uma vida de fé mais pura e amadurecida ». (280)
É necessário que o catequista entre em contato, pelo menos, com alguns elementos fundamentais da psicologia: os dinamismos psicológicos que movem o homem; a estrutura da personalidade; as necessidades e aspirações mais profundas do coração humano; a psicologia evolutiva e as etapas do ciclo vital humano; a psicologia religiosa e as experiências que abrem o homem ao mistério do sagrado.
As ciências sociais procuram o conhecimento do contexto sociocultural em que o homem vive e pelo qual é fortemente influenciado. Por isso, é necessário que, na formação do catequista, se faça « uma análise das condições sociológicas, culturais e econômicas, uma vez que são processos coletivos que podem ter profundas repercussões sobre a difusão do Evangelho ». (281)
Juntamente com estas ciências explicitamente recomendadas pelo Concílio Vaticano II, outras devem estar presentes, de um modo ou de outro, na formação dos catequistas, particularmente as ciências da educação e da comunicação.
Critérios vários que podem inspirar o uso das ciências humanas na formação dos catequistas
243. Tais critérios são:
a) O respeito pela autonomia das ciências: « (a Igreja) afirma a legítima autonomia da cultura humana e particularmente das ciências ». (282)
b) O discernimento evangélico das diferentes tendências ou escolas psicológicas, sociológicas e pedagógicas: os seus valores e os seus limites.
c) O estudo das ciências humanas, na formação do catequista, não é uma finalidade em si própria. A tomada de consciência da situação existencial, psicológica, cultural e social do homem, se obtém com os olhos voltados para a fé na qual se deve educá-lo. (283)
d) A teologia e as ciências humanas, na formação dos catequistas, devem se fecundar reciprocamente. Por conseguinte, é preciso evitar que estas ciências se convertam na única norma para a pedagogia da fé, prescindindo dos critérios teológicos que derivam da própria pedagogia da fé. São disciplinas fundamentais e necessárias, todavia, sempre a serviço de uma ação evangelizadora que não é apenas humana. (284)
A formação pedagógica
244. Paralelamente às dimensões que se referem ao ser e ao saber, a formação do catequista deve cultivar também as suas aptidões, ou seja, o seu natural saber fazer. O catequista é um educador que facilita o amadurecimento da fé que o catecúmeno ou o catequizando realizam com a ajuda do Espírito Santo. (285)
A primeira realidade que é necessário levar em consideração neste decisivo setor da formação é a de respeitar a pedagogia original da fé. O catequista, de fato, prepara-se com a finalidade de facilitar o crescimento de uma experiência de fé, da qual ele não é o depositário. Essa fé foi colocada por Deus no coração do homem. A tarefa do catequista é apenas a de cultivar este dom, cultivá-lo, alimentá-lo e ajudá-lo a crescer. (286)
A formação procurará fazer amadurecer no catequista a capacidade educativa, que implica: a faculdade de ter atenção para com as pessoas, a habilidade para interpretar e responder à pergunta educativa, a iniciativa para ativar processos de aprendizagem e a arte de conduzir um grupo humano para a maturidade. Como acontece em toda arte, o mais importante é que o catequista adquira o seu próprioestilo de ministrar a catequese, adaptando à sua personalidade os princípios gerais da pedagogia catequética. (287)
245. De maneira mais concreta, dever-se-á habilitar o catequista, e de maneira particular, aquele que se dedica à catequese a tempo integral, a saber programar a ação educativa, no grupo de catequistas, ponderando as circunstâncias, elaborando um plano realista e, após a sua realização, a avaliá-lo criticamente. (288) Ele deve ser capaz de animar um grupo, utilizando com discernimento, as técnicas de animação de grupo que a psicologia oferece.
Esta capacidade educativa e este saber fazer, saber utilizar bem os conhecimentos, aptidões e técnicas que ele comporta, « são melhor assimilados se fornecidos de pari passu com o desenvolvimento de seu empenho apostólico; por exemplo, durante as reuniões nas quais são preparadas e criticadas as lições de catecismo ». (289)
O objetivo ou a meta ideal é aquela, segundo a qual os catequistas deveriam ser os protagonistas de sua aprendizagem, colocando a formação sob o signo da criatividade e não apenas da mera assimilação de regras externas. Por isso, a formação deve ser muito próxima da prática: é preciso partir desta para chegar àquela. (290)
A formação dos catequistas no âmbito das comunidades cristãs
246. Entre os caminhos da formação dos catequistas emerge, antes de mais nada, a própria comunidade cristã. É nesta que os catequistas experimentam a própria vocação e alimentam constantemente a própria sensibilidade apostólica. Na tarefa de assegurar-lhes o progressivo amadurecimento como crentes e como testemunhas, a figura do sacerdote é fundamental. (291)
247. Uma comunidade cristã pode realizar vários tipos de ações formativas em favor dos próprios catequistas:
a) Uma delas consiste em alimentar constantemente a vocação eclesial dos catequistas, mantendo viva, nestes, a consciência de serem mandados pela própria Igreja.
b) Também é muito importante buscar o amadurecimento da fé dos próprios catequistas, através da via ordinária, mediante a qual a comunidade cristã educa na fé os próprios agentes pastorais e os leigos mais engajados. (292) Quando a fé dos catequistas ainda não está madura, é aconselhável que eles partici pem do processo catecumenal para jovens e adultos. Pode ser aquele ordinário, da própria comunidade, ou um criado especificamente para eles.c) A preparação imediata à catequese, feita com o grupo de catequistas, é um excelente meio de formação, sobretudo se acompanhado pela avaliação de tudo aquilo que foi experimentado nas sessões de catequese.
d) No âmbito da comunidade, podem ser realizadas também outras atividades formativas: cursos de sensibilização à catequese, por exemplo no início do ano pastoral; retiros e convivências nos tempos fortes do ano litúrgico; (293) cursos monográficos sobre temas mais necessários ou urgentes; uma formação doutrinal mais sistemática, por exemplo estudando o Catecismo da Igreja Católica.
São atividades de formação permanente que, juntamente com o trabalho pessoal do catequista, mostram-se muito convenientes. (294)
Escolas de catequistas e Centros superiores para peritos na catequese
248. Freqüentar uma Escola para catequistas (295) é um momento particularmente importante no processo formativo de um catequista. Em muitos lugares, tais Escolas são organizadas num duplo nível: para « catequistas de base » (296) e para « responsáveis pela catequese ».
Escolas para catequistas de base
249. Estas escolas têm a finalidade de propor uma formação catequética orgânica e sistemática, de caráter básico e fundamental. Ao longo de um período de tempo suficientemente prolongado, promovemse as dimensões mais especificamente catequéticas da formação: a mensagem cristã, o conhecimento do homem e do contexto sociocultural e a pedagogia da fé.
As vantagens desta formação orgânica são notáveis no que concerne:
– à sua sistematicidade, tratando-se de uma formação menos absorvida pela dimensão imediata da ação;
– à sua qualidade, assegurada por formadores especializados;
– à integração com os catequistas de outras comunidades, o que alimenta a comunhão eclesial.
Escolas para responsáveis
250. Com a finalidade de favorecer a preparação dos responsáveis pela catequese nas paróquias ou áreas vicariais, ou ainda para aqueles catequistas que se dedicarão à catequese de maneira mais estável e integral, (297) é conveniente promover, a nível diocesano ou interdiocesano, escolas para responsáveis.
Obviamente, o nível de tais escolas será mais exigente. Nelas, paralelamente a um programa de base comum, serão cultivadas aquelas especializações catequéticas que a diocese julga serem mais necessárias, nas suas particulares circunstâncias.
Pode ser oportuno, por economia de meios e de recursos, que tais escolas obedeçam a uma mais ampla orientação, dirigindo-se aos responsáveis pelas diversas ações pastorais, e convertendo-se em Centros de formação dos agentes de pastoral. A partir de uma base formativa comum (doutrinal e antropológica), as especializações se articularão de acordo com as exigências das diferentes ações pastorais ou apostólicas que serão confiadas a tais agentes.
Institutos de ensino superior para especialistas em catequese
251. Uma formação catequética de nível superior, à qual podem aceder também sacerdotes, religiosos e leigos, é de vital importância para a catequese. Para tanto, renovam-se os votos de que « sejam incrementados ou criados institutos superiores de pastoral catequética, com o objetivo de preparar catequistas que sejam aptos a dirigir a catequese em âmbito diocesano ou no âmbito das atividades desempenhadas pelas congregações religiosas. Estes institutos superiores poderão ser de caráter nacional ou internacional. Eles deverão ser impostados como institutos universitários, no que concerne à organização dos estudos, à duração dos cursos e às condições de admissão ». (298)
Além da formação daqueles que deverão assumir responsabilidades de direção na catequese, estes institutos prepararão os docentes de catequética para os Seminários, as Casas de formação ou as Escolas para catequistas. Tais Institutos se dedicarão igualmente, a promover a correspondente pesquisa catequética.
252. Este nível de formação é muito apropriado para uma fecunda colaboração entre as Igrejas. « Trata-se igualmente de um campo em que a ajuda material dada pelas Igrejas mais favorecidas às suas irmãs mais pobres poderá manifestar a sua maior eficácia: o que é que uma Igreja poderá dar a outra melhor do que ajudá-la a crescer por si mesma como Igreja? (299) Obviamente, esta colaboração deve inspirar-se num delicado respeito pela peculiaridade das Igrejas mais pobres e por sua própria responsabilidade.
Em campo diocesano e interdiocesano, é muito conveniente que se tome consciência da necessidade de formar pessoas nesse específico nível superior, assim como se tem o cuidado de fazer em relação às demais atividades eclesiais ou para o ensino de outras disciplinas.

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