terça-feira, 27 de janeiro de 2009

II PARTE
A MENSAGEM EVANGÉLICA
A mensagem evangélica
« Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo » (Jo 17,3).« Veio Jesus para a Galiléia, proclamando o Evangelho de Deus: "Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho" » (Mc 1,14-15).« Lembro-vos, irmãos, o evangelho que vos anunciei... Transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo recebi: Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras » (1 Cor 15,1-4).
Significado e finalidade desta parte
92. A fé cristã, mediante a qual uma pessoa pronuncia o seu « sim » a Jesus Cristo, pode ser considerada sob um dúplice aspecto:
– como adesão a Deus que se revela, dada sob a influência da graça. Neste caso, a fé consiste em confiar na palavra de Deus e em abandonar-se a esta (fides qua);
– como conteúdo da Revelação e da mensagem evangélica. A fé, neste sentido, exprime-se no empenho em conhecer sempre melhor o sentido profundo daquela Palavra (fides quae).
Estes dois aspectos não podem, por sua própria natureza, ser separados. O amadurecimento e o crescimento da fé exigem o
seu orgânico e coerente desenvolvimento. Todavia, por razões de ordem metodológica, os dois aspectos podem ser considerados separadamente. (295)
93. Nesta segunda parte, abordar-se-á o conteúdo da mensagem evangélica (fides quae).
– No primeiro capítulo, serão indicadas as normas e os critérios que a catequese deve seguir para fundar, formular e expor os seus conteúdos. Toda forma de ministério da Palavra, de fato, ordena e apresenta a mensagem evangélica segundo o seu caráter próprio.
– No segundo capítulo, tratar-se-á do conteúdo da fé, assim como se encontra exposto no Catecismo da Igreja Católica, que é texto de referência doutrinal para a catequese. São apresentadas, por isso, algumas indicações que poderão ajudar a assimilar e a interiorizar o Catecismo, assim como a situá-lo no âmbito da ação catequizadora da Igreja. Além disso, são oferecidos alguns critérios, para que, em referência ao Catecismo da Igreja Católica, sejam elaborados, nas Igrejas particulares, Catecismos locais que, conservando a unidade da fé, levem na devida consideração, as diferentes situações e culturas.
I CAPÍTULO
Normas e critérios para a apresentação da mensagem evangélica na catequese
« Ouve, ó Israel: Iahweh nosso Deus é o único Deus. Portanto, amarás a Iahweh teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força. Que estas palavras que hoje te ordeno estejam em teu coração! Tu as inculcarás aos teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando em teu caminho, deitado e de pé. Tu as atarás também à tua mão como um sinal, e serão como um frontal entre os teus olhos; tu as escreverás nos umbrais da tua casa, e nas tuas portas » (Dt 6,4-9).« E o Verbo se fez carne e habitou entre nós » (Jo 1,14).
A Palavra de Deus, fonte da catequese
94. A fonte na qual a catequese haure a sua mensagem é a Palavra de Deus:
« A catequese há-de haurir sempre o seu conteúdo na fonte viva da Palavra de Deus, transmitida na Tradição e da Escritura, porque "a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito inviolável da Palavra de Deus, confiada à Igreja" ». (296)
Este « depósito da fé » (297) é como o tesouro do dono da casa, confiado à Igreja, família de Deus, do qual ela extrai continuamente coisas novas e coisas antigas. (298) Todos os filhos do Pai, animados pelo Seu Espírito, nutrem-se deste tesouro da Palavra. Eles sabem que a Palavra é Jesus Cristo, o Verbo feito homem, e que a Sua voz continua a ressoar por meio do Espírito Santo, na Igreja e no mundo.
A Palavra de Deus, por admirável « condescendência » (299) divina nos é dirigida e chega a nós por meio de « obras e palavras » humanas, « tal como outrora o Verbo do Pai Eterno, havendo assumido a carne da fraqueza humana, se fez semelhante aos homens ». (300) Sem deixar de ser Palavra de Deus, exprime-se na palavra humana. Embora próxima, ela permanece porém velada, em estado « kenótico ». Por isso, a Igreja, guiada pelo Espírito, precisa interpretá-la continuamente e, enquanto a contempla com profundo espírito de fé, « piamente ausculta aquela palavra, santamente a guarda e fielmente a expõe ». (301)
A fonte e « as fontes » da mensagem da catequese (302)
95. A Palavra de Deus contida na Sagrada Tradição e na Sagrada Escritura:
– é meditada e compreendida sempre mais profundamente, por meio do senso de fé de todo o Povo de Deus, sob a orientação do Magistério, que a ensina com autoridade;
– é celebrada na liturgia onde, constantemente, é proclamada, ouvida, interiorizada e comentada;
– resplende na vida da Igreja, na sua história bimilenar, sobretudo no testemunho dos cristãos e particularmente dos santos;
– é aprofundada na pesquisa teológica, que ajuda os crentes a progredirem na compreensão vital dos mistérios da fé;
– manifesta-se nos genuínos valores religiosos e morais que, como sementes da Palavra, estão disseminados na sociedade humana e nas diversas culturas.
96. Todas estas são as fontes, principais ou subsidiárias, da catequese, as quais, de modo algum, devem ser entendidas em sentido unívoco. (303) A Sagrada Escritura « é a Palavra de Deus enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo »; (304) e a Sagrada Tradição « transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos, a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo ». (305) O Magistério tem a tarefa de « interpretar autenticamente a Palavra de Deus », (306) cumprindo, em nome de Jesus Cristo, um serviço eclesial fundamental. Tradição, Escritura e Magistério, intimamente conexos e unidos, são, « cada qual a seu modo », (307) as fontes essenciais da catequese.
As « fontes » da catequese têm, cada uma, uma linguagem própria, à qual se dá forma através de uma rica variedade de « documentos da fé ». A catequese é tradição viva de tais documentos: (308) perícopes bíblicas, textos litúrgicos, escritos dos Padres da Igreja, formulações do Magistério, símbolos da fé, testemunhos dos santos e reflexões teológicas.
A fonte viva da Palavra de Deus e as « fontes » que dela derivam e nas quais ela se exprime, fornecem à catequese os critérios para transmitir a sua mensagem a todos aqueles que amadureceram a decisão de seguir Jesus Cristo.
Os critérios para a apresentação da mensagem
97. Os critérios para apresentar a mensagem evangélica na catequese são intimamente correlacionados entre si, uma vez que brotam de uma única fonte.
– A mensagem centrada na pessoa de Jesus Cristo (cristocentrismo), por sua dinâmica interna, introduz à dimensão trinitária da mesma mensagem.
– O anúncio da Boa Nova do Reino de Deus, centrado no dom da salvação, implica uma mensagem de libertação.
O caráter eclesial da mensagem remete ao seu caráter histórico, uma vez que a catequese, como o conjunto da evangelização, realiza-se no « tempo da Igreja ».
– A mensagem evangélica, uma vez que é Boa Nova destinada a todos os povos, busca a inculturação, a qual poderá ser atuada em profundidade, somente se a mensagem for apresentada em toda a sua integridade e pureza.
– A mensagem evangélica é necessariamente uma mensagem orgânica, com uma própria hierarquia de verdade. É esta visão harmoniosa do Evangelho que o converte em evento profundamente significativo para a pessoa humana.
Ainda que estes critérios sejam válidos para todo o ministério da Palavra, eles serão agora desenvolvidos em relação à catequese.
O cristocentrismo da mensagem evangélica
98. Jesus Cristo não apenas transmite a Palavra de Deus: Ele é a Palavra de Deus. Por isso, a catequese, toda ela,diz respeito a Ele.
Neste sentido, o que caracteriza a mensagem transmitida pela catequese é, antes de mais nada, o « cristocentrismo », (309) que deve ser entendido em vários sentidos:
– Ele significa, em primeiro lugar que, no centro da catequese nós encontramos essencialmente uma Pessoa: é a Pessoa de Jesus de Nazaré, « Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade ». (310) Na realidade, a tarefa fundamental da catequese é apresentar Cristo: todo o resto, em referência a Ele. Aquilo que, de forma definitiva, ela favorece, é a seqüela de Cristo, a comunhão com Ele: todo elemento da mensagem tende a isto.
– O cristocentrismo, em segundo lugar, significa que Jesus está no « centro da história da salvação », (311) apresentada pela catequese. Ele, de fato, é o evento último, para o qual converge toda a história sagrada. Ele, vindo na « plenitude dos tempos » (Gal 4,4), é « a chave, o centro e o fim da história humana ». (312) A mensagem catequética ajuda o cristão a situar-se na história e a inserir-se ativamente nesta, mostrando como Cristo é o sentido último desta história.
– O cristocentrismo significa, além disso, que a mensagem evangélica não provém do homem, mas é Palavra de Deus. A Igreja e, em seu nome, todo catequista, pode dizer, sem medo de errar: « Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou » (Jo 7,16). Por isso, tudo aquilo que a catequese transmite, são « os ensinamentos de Jesus Cristo, a Verdade que Ele comunica, ou, mais precisamente, a Verdade que Ele é ». (313) O cristocentrismo obriga a catequese a transmitir aquilo que Jesus ensina a propósito de Deus, do homem, da felicidade, da vida mortal, da morte... sem permitir-se mudar em nada o seu pensamento. (314)
Os Evangelhos, que narram a vida de Jesus, estão no centro da mensagem catequética. Dotados, eles próprios, de uma « estrutura catequética », (315) exprimem o ensinamento que se propunha às primeiras comunidades cristãs e que transmitia a vida de Jesus, a sua mensagem e as suas ações salvíficas. Na catequese, « os quatro Evangelhos ocupam um lugar central, já que Cristo Jesus é o centro deles ». (316)
O cristocentrismo trinitário da mensagem evangélica
99. A Palavra de Deus, encarnada em Jesus de Nazaré, Filho da Virgem Maria, é a Palavra do Pai, que fala ao mundo por meio do seu Espírito. Jesus remete constantemente ao Pai, de quem se sabe Filho Único, e ao Espírito Santo, do qual se sabe Ungido. Ele é o « caminho » que introduz no mistério íntimo de Deus. (317)
O cristocentrismo da catequese, em virtude da sua dinâmica interna, conduz à confissão da fé em Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. É um cristocentrismo essencialmente trinitário. Os cristãos, no Batismo, são configurados a Cristo, « Um da Trindade », (318) e esta configuração põe os batizados, « filhos no Filho », em comunhão com o Pai e com o Espírito Santo. Por isso, a sua fé é radicalmente trinitária. « O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã ». (319)
100. O cristocentrismo trinitário da mensagem evangélica induz a catequese a estar atenta, entre outras coisas, ao seguintes aspectos:
– A estrutura interna da catequese; toda modalidade de apresentação será sempre cristocêntrica e trinitária: « Por Cristo, ao Pai, no Espírito ». (320) Uma catequese que omitisse uma destas dimensões, ou desconhecesse a orgânica ligação das mesmas, correria o risco de trair da originalidade da mensagem cristã. (321)
– Seguindo a mesma pedagogia de Jesus, na sua Revelação do Pai, de Si mesmo como Filho, e do Espírito Santo, a catequese mostrará a vida íntima de Deus, a partir das obras salvíficas em favor da humanidade. (322) As obras de Deus revelam quem Ele é em Si mesmo, enquanto o mistério do seu ser íntimo ilumina a inteligência de todas as suas obras. Analogicamente, assim sucede nas relações humanas: as pessoas mostram-se através de suas ações e, quanto mais as conhecemos, tanto mais mais compreendemos suas ações. (323)
– A apresentação do ser íntimo de Deus revelado por Jesus, uno na essência e trino nas pessoas, mostrará as implicações vitais para a vida dos seres humanos. Confessar um único Deus significa que « o homem não deve submeter a própria liberdade pessoal, de maneira absoluta, a nenhum poder terreno ». (324) Significa, além disso, que a humanidade, criada à imagem de um Deus que é « comunhão de pessoas », é chamada a ser uma sociedade fraterna, composta de filhos de um mesmo Pai, iguais em dignidade pessoal. (325) As implicações humanas e sociais da concepção cristã de Deus são imensas. A Igreja, ao professar a fé na Trindade e ao anunciá-la ao mundo, se autocompreende como « um povo agregado na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo ». (326)
Uma mensagem que anuncia a salvação
101. A mensagem de Jesus sobre Deus é uma boa nova para a humanidade. Jesus, de fato, anunciou o Reino de Deus: (327) uma nova e definitiva intervenção de Deus, com um poder transformador tão grande e até mesmo superior àquele que utilizou na criação do mundo. (328) Neste sentido, « como núcleo e centro da sua Boa Nova, Cristo anuncia a salvação, esse grande dom de Deus que é não somente libertação de tudo aquilo que oprime o homem, mas é sobretudo libertação do pecado e do Maligno, na alegria de conhecer a Deus e de ser por Ele conhecido, de vê-Lo e de se entregar a Ele ». (329)
A catequese transmite esta mensagem do Reino, central na pregação de Jesus. E ao fazê-lo, a mensagem « será pouco a pouco aprofundada, desenvolvida nos seus corolários implícitos », (330) mostrando as grandes repercussões que tem, para as pessoas e para o mundo.
102. Nesta explicitação do kerigma evangélico de Jesus, a catequese sublinha os seguintes aspectos fundamentais:
– Jesus, com o advento do Reino, anuncia e revela que Deus não é um ser distante e inacessível, « uma potência anônima e longínqua », (331) mas sim o Pai, que está presente em meio às suas criaturas, operando com o seu amor e o seu poder. Este testemunho sobre Deus como Pai, oferecido de maneira simples e direta, é fundamental na catequese.
– Jesus, ao mesmo tempo, ensina que Deus, com o seu Reino, oferece o dom da salvação integral, liberta do pecado, introduz na comunhão com o Pai, concede a filiação divina e promete a vida eterna, vencendo a morte. (332) Esta salvação integral é, ao mesmo tempo, imanente e escatológica, já que « tem certamente o seu começo nesta vida, mas que terá realização completa na eternidade ». (333)
– Jesus, ao anunciar o Reino, anuncia a justiça de Deus: proclama o juízo divino e a nossa responsabilidade. O anúncio do juízo de Deus, com o seu poder de formação das consciências, é um conteúdo central do Evangelho e uma boa nova para o mundo. E o é tanto para aqueles que sofrem pela falta de justiça, quanto para aqueles que lutam para instaurá-la; o é, também, para aqueles que não souberam amar nem ser solidários, porque é possível a penitência e o perdão, já que na cruz de Cristo obtemos a redenção do pecado. O chamado à conversão e a crer no Evangelho do Reino, que é um reino de justiça, amor e paz e à luz do qual seremos julgados, é fundamental para a catequese.
– Jesus declara que o Reino de Deus se inaugura com Ele, na sua própria pessoa. (334) Revela, de fato, que Ele próprio, constituído Senhor, assume a realização daquele Reino, até que o entregue, plenamente consumado, ao Pai, quando virá de novo, na glória. (335) « O Reino já está presente, em mistério, aqui na terra. Chegando o Senhor, ele se consumará ». (336)
– Jesus ensina, igualmente, que a comunidade dos seus discípulos, a sua Igreja, « constitui o germe e o início deste Reino » (337) e que, como fermento na massa, o que ela deseja é que o Reino de Deus cresça no mundo, como uma imensa árvore, incorporando todos os povos e todas as culturas. « A Igreja está, efetiva e concretamente, a serviço do Reino ». (338)
– Jesus ensina, finalmente, que a história da humanidade não caminha rumo ao nada, mas sim que, com os seus aspectos de graça e pecado, é n'Ele assumida por Deus, para ser transformada. Ela, na sua atual peregrinação rumo à casa do Pai, já oferece uma pregustação do mundo futuro onde, assumida e purificada, alcançará a sua perfeição. « Por conseguinte, a evangelização não pode deixar de comportar o anúncio profético do além, vocação profunda e definitiva do homem, ao mesmo tempo em continuidade e em descontinuidade com a situação presente ». (339)
Uma mensagem de libertação
103. A Boa Nova do Reino de Deus, que anuncia a salvação, inclui uma « mensagem de libertação ». (340) Ao anunciar este Reino, Jesus se dirigia de maneira particularíssima aos pobres: « Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir! » (Lc 6,20-21). Estas bem-aventuranças de Jesus, dirigidas àqueles que sofrem, são o anúncio escatológico da salvação que o Reino traz consigo. Elas registram aquela experiência tão dilacerante, à qual o Evangelho é tão sensível: a pobreza, a fome e o sofrimento da humanidade.
A comunidade dos discípulos de Jesus, a Igreja, compartilha hoje a mesma sensibilidade que teve, então, o seu Mestre. Com profunda dor, ela volta a sua atenção para aqueles « povos comprometidos, como bem sabemos, com toda a sua energia no esforço e na luta por superar tudo aquilo que os condena a ficarem à margem da vida: penúrias, doenças crônicas e endêmicas, analfabetismo, pauperismo, injustiças nas relações internacionais,... situações de neocolonialismo econômico e cultural ». (341) Todas as formas de pobreza « não apenas econômica, mas também cultural e religiosa » (342) preocupam a Igreja.
Como dimensão importante da sua missão, « (a Igreja) tem o dever de anunciar a libertação de milhões de seres humanos, sendo muitos destes seus filhos espirituais; o dever de ajudar uma tal libertação a nascer, de dar testemunho em favor dela e de envidar esforços para que ela seja total ». (343)
104. Para preparar os cristãos a esta tarefa, a catequese estará atenta, entre outras coisas, aos seguintes aspectos:
– Situará a mensagem de libertação na perspectiva da « finalidade especificamente religiosa da evangelização », (344) já que esta perderia a sua razão de ser, « se se apartasse do eixo religioso que a rege: o Reino de Deus, antes de toda e qualquer outra coisa, no seu sentido plenamente teológico ». (345) Por isso, a mensagem da libertação « não pode ser limitada à simples e restrita dimensão econômica, política, social e cultural; mas deve ter em vista o homem todo, incluindo asua abertura para o absoluto, mesmo o Absoluto de Deus ». (346)
– A catequese, na tarefa da educação moral, apresentará a moral social cristã como uma exigência da justiça de Deus e uma conseqüência da « libertação radical realizada por Cristo ». (347) É esta, com efeito, a Boa Nova que os cristãos professam, com o coração repleto de esperança: Cristo libertou o mundo e continua a libertá-lo. Aqui é gerada a « praxis » cristã, que é o cumprimento do grande mandamento do amor.
– Da mesma forma, na tarefa da iniciação à missão, a catequese suscitará nos catecúmenos e nos catequizandos, a « opção preferencial pelos pobres » (348) que, « longe de ser um sinal de particularismo ou de sectarismo, manifesta a universalidade da natureza e da missão da Igreja. Esta opção não é exclusiva », (349) mas comporta « o empenho pela justiça, segundo o papel, a vocação e as circunstâncias pessoais ». (350)
A eclesialidade da mensagem evangélica
105. A natureza eclesial da catequese confere à mensagem evangélica transmitida um intrínseco caráter eclesial. A catequese tem sua origem na confissão de fé da Igreja e leva à confissão de fé do catecúmeno e do catequizando. A primeira palavra oficial que a Igreja dirige ao batizando adulto, depois de ter perguntado o seu nome, é: « O que pedes à Igreja de Deus? ». « A fé » é a resposta do batizando. (351) O catecúmeno, de fato, sabe que o Evangelho que ele descobriu e deseja conhecer, é vivo no coração dos crentes. A catequese não é outra coisa senão o processo de transmissão do Evangelho, tal como a comunidade cristã recebeu-o, compreende-o, celebra-o, vive-o e o comunica de diversos modos.
Por isso, quando a catequese transmite o mistério de Cristo, na sua mensagem ressoa a fé de todo o Povo de Deus, ao longo do curso da história: a fé dos apóstolos, que a receberam do próprio Cristo e da ação do Espírito Santo; a fé dos mártires, que a confessaram e a confessam com seu sangue; a fé dos santos, que a viveram e a vivem em profundidade; a fé dos Padres e dos Doutores da Igreja, que a ensinaram luminosamente; a fé dos missionários, que a anunciam continuamente; a fé dos teólogos, que ajudam a melhor compreendê-la; e enfim, a fé dos pastores, que a conservam com zelo e amor, e a interpretam com autenticidade. Na verdade, na catequese está presente a fé de todos aqueles que crêem e se deixam conduzir pelo Espírito Santo.
106. Esta fé, transmitida pela comunidade eclesial, é uma só. Ainda que os discípulos de Jesus Cristo formem uma comunidade espalhada por todo o mundo, e ainda que a catequese transmita a fé através de linguagens culturais muito diferentes, o Evangelho que se entrega é um só, a confissão de fé é única e um só é o Batismo: « um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos » (Ef 4,5).
A catequese é, portanto, na Igreja, o serviço que introduz os catecúmenos e os catequizandos na unidade da confissão de fé. (352) Por sua própria natureza, alimenta o vínculo de unidade, (353) criando a consciência de pertencer a uma grande comunidade, que nem o espaço nem o tempo conseguem limitar: « Desde o justo Abel até o último dos eleitos, até às extremidades da terra, até o fim do mundo ». (354)
O caráter histórico do mistério da salvação
107. A confissão de fé dos discípulos de Jesus Cristo nasce de uma Igreja peregrina, enviada em missão. Não é ainda a proclamação gloriosa do fim do caminho, mas aquela que corresponde ao « tempo da Igreja ». (355) A « economia da salvação » tem, por isso, um caráter histórico, uma vez que se realiza no tempo: « ...iniciou no passado, desenvolveu-se e alcançou o seu ponto mais elevado em Cristo, estende o seu poder no presente e espera por sua consumação no futuro ». (356)
Por isso, a Igreja, ao transmitir hoje a mensagem cristã, a partir da viva consciência que tem desta mensagem, « recorda » constantemente os eventos salvíficos do passado, narrando-os. Interpreta, à luz dos mesmos, os atuais eventos da história humana, nos quais o Espírito de Deus renova a face da terra, e permanece numa confiante expectativa da vinda do Senhor. Na catequese patrística, a narração (narratio) das maravilhas realizadas por Deus e a espera (expectatio) do retorno de Cristo acompanhavam sempre a exposição dos mistérios da fé. (357)
108. O caráter histórico da mensagem cristã obriga a catequese a considerar os seguintes aspectos:
– Apresentar a história da salvação por meio de uma catequese bíblica que faça conhecer as « obras e as palavras » com a quais Deus se revelou à humanidade: as grandes etapas do Antigo Testamento, mediante as quais preparou o caminho do Evangelho; (358) a vida de Jesus, Filho de Deus, incarnado no seio de Maria, e que, com suas ações e seu ensinamento, levou a cumprimento a Revelação; (359) e a história da Igreja, a qual transmite a Revelação. Também esta história, lida a partir da fé, é parte fundamental do conteúdo da catequese.
– Ao explicar o Símbolo da fé e o conteúdo da moral cristã, através de uma catequese doutrinal, a mensagem evangélica deve iluminar o « hoje » da história da salvação. De fato, « ...o ministério da palavra, além de recordar a revelação das admiráveis obras realizadas por Deus no passado... interpreta também, à luz desta revelação, a vida humana dos nossos dias, os sinais dos tempos e as realidades deste mundo, uma vez que é nele que se atua o projeto de Deus para a salvação do homem ». (360)
– Situar os sacramentos dentro da história da salvação, por meio de uma catequese mistagógica, a qual: « ...relê e revive todos estes grandes acontecimentos da história da salvação no "hoje" da sua liturgia ». (361) A referência ao « hoje » histórico-salvífico é essencial nesta catequese. Ajuda-se, assim, os catecúmenos e catequizandos, « ...a se abrirem a esta compreensão "espiritual" da Economia da salvação... ». (362)
– As « obras e palavras » da Revelação remetem ao « mistério contido nesta ». (363) A catequese ajudará a realizar a passagem do sinal para o mistério. Levará a descobrir, por detrás da humanidade de Jesus, a sua condição de Filho de Deus; por detrás da história da Igreja, o seu mistério como « sacramento de salvação »; por detrás dos « sinais dos tempos », as pegadas da presença de Deus e os sinais do Seu plano. A catequese mostrará, assim, o conhecimento típico da fé, « que é conhecimento através dos sinais ». (364)
A inculturação da mensagem evangélica (365)
109. A Palavra de Deus se fez homem, homem concreto, situado no tempo e no espaço, radicado numa cultura determinada: « Cristo..., por sua encarnação, se ligou às condições sociais e culturais dos homens com quem conviveu ». (366) Esta é a « inculturação » original da Palavra de Deus e o modelo de referência para toda a evangelização da Igreja « chamada a levar a força do Evangelho ao coração da cultura e das culturas ». (367)
A « inculturação » (368) da fé, pela qual se assumem, num admirável intercâmbio, « todas as riquezas das nações, herança de Cristo » (369) é um processo profundo e global e um caminho lento. (370) Não é uma simples adaptação externa que, para tornar mais atraente a mensagem cristã, limita-se a cobri-la, de maneira decorativa, com um verniz superficial.
Trata-se, ao contrário, da penetração do Evangelho nos estratos mais recônditos das pessoas e dos povos, alcançando-os « ...de maneira vital, em profundidade, isto é, até às suas raízes, a cultura e as culturas do homem » (371)
Neste trabalho de inculturação, todavia, as comunidades cristãs deverão fazer um discernimento: trata-se, por um lado, de « assumir» (372) aquelas riquezas culturais que sejam compatíveis com a fé; mas, por outro lado, trata-se também de ajudar a « purificar » (373) e « transformar » (374) aqueles critérios, modos de pensar e estilos de vida que estão em contraste com o Reino de Deus. Este discernimento é baseado em dois princípios de base: « a compatibilidade com o Evangelho e a comunhão com a Igreja universal ». (375) Todo o Povo de Deus deve participar deste processo, que « ...requer gradatividade, para que seja verdadeiramente uma expressão da experiência cristã da comunidade... (376)
110. Nesta inculturação da fé, apresentam-se concretamente, para a catequese, diversas tarefas. Entre estas, devemos ressaltar:
– Considerar a comunidade eclesial como principal fator de inculturação. Uma expressão e, ao mesmo tempo, um eficaz instrumento dessa tarefa, é representado pelo catequista que, juntamente com um profundo senso religioso, deverá possuir uma viva sensibilidade social e ser bem radicado no seu ambiente cultural. (377)
– Elaborar Catecismos locais, que respondam às exigências que provêm das diferentes culturas, (378) apresentando o Evangelho em relação às aspirações, interrogações e problemas que existem nessas mesmas culturas.
– Realizar uma oportuna inculturação no Catecumenato e nas instituições catequéticas, incorporando, com discernimento, a linguagem, os símbolos e os valores da cultura na qual vivem os catecúmenos e os catequizandos.
– Apresentar a mensagem cristã de modo a tornar aptos a « dar razão da vossa esperança » (1 Pd 3,15) aqueles que devem anunciar o Evangelho em meio a culturas freqüentemente pagãs e às vezes póscristãs. Uma apologética bem feita, que ajude o diálogo fé-cultura, torna-se hoje imprescindível.
A integridade da mensagem evangélica
111. Na tarefa da inculturação da fé, a catequese deve transmitir a mensagem evangélica na sua integridade e pureza. Jesus anuncia o Evangelho integralmente: « ...porque tudo o que ouvi de meu Pai eu vos dei a conhecer » (Jo 15,15). Esta mesma integridade, Cristo a exige dos seus discípulos, ao enviá-los em missão: « ...ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei » (Mt 28,19). Por isso, um critério fundamental da catequese é o de salvaguardar a integridade da mensagem, evitando apresentações parciais ou deformadas do mesmo. « Para ser perfeita a oblação da sua fé, aqueles que se tornam discípulos de Cristo têm o direito de receber a « palavra da fé » não mutilada, falsificada ou diminuída, mas sim plena e integral, com todo o seu rigor e com o todo o seu vigor ». (379)
112. Duas dimensões, intimamente unidas, submetem-se a este critério. Trata-se, de fato, de:
– Apresentar a mensagem evangélica íntegra, sem deixar passar em silêncio nenhum aspecto fundamental, ou realizar uma seleção no depósito da fé. (380) A catequese, ao contrário, « deve preocupar-se com que o tesouro da mensagem cristã seja fielmente anunciado na sua integridade ». (381) Isto deve cumprir-se, todavia, gradualmente, seguindo o exemplo da pedagogia divina, mediante a qual Deus se revelou de modo progressivo e gradual. A integridade deve ser acompanhada pela adaptação.
A catequese, conseqüentemente, parte de uma simples proposição da estrutura íntegra da mensagem cristã e a expõe de modo apropriado à capacidade dos destinatários. Sem limitar-se a esta exposição inicial, a catequese, gradualmente, proporá a mensagem de maneira sempre mais ampla e explícita, de acordo com as capacidades do catequizando e o caráter próprio da catequese. (382) Estes dois níveis de exposição íntegra da mensagem são denominados « integridade intensiva » e « integridade extensiva ».
– Apresentar a mensagem evangélica autêntica, em toda a sua pureza, sem reduzir as suas exigências por medo de uma rejeição e sem impor pesados ônus que a mensagem não inclui, pois o jugo de Jesus é suave. (383)
O critério da autenticidade é intimamente ligado com o da inculturação, pois esta tem a função de « traduzir » (384) o essencial da mensagem, numa determinada linguagem cultural. Nesta necessária tarefa, ocorre sempre uma tensão: « A evangelização perderia algo da sua força e da sua eficácia, se ela porventura não levasse em consideração o povo concreto a que ela se dirige... » todavia porém, « ...correria o risco de perder a sua alma e de se esvaecer, se fosse despojada ou fosse desnaturada quanto ao seu conteúdo, sob o pretexto de melhor traduzi-la... ». (385)
113. Nesta complexa relação entre a inculturação e a integridade da mensagem cristã, o critério que se deve seguir é o da atitude evangélica de « abertura missionária pela salvação integral do mundo ». 386 Esta deve saber conjugar a aceitação dos valores verdadeiramente humanos e religiosos, para além de qualquer fechamento imobilista, com o empenho missionário de anunciar toda a verdade do Evangelho, sem cair em fáceis acomodações, que levariam a enfraquecer o Evangelho e a secularizar a Igreja. A autenticidade evangélica exclui ambas as atitudes, que são contrárias ao verdadeiro significado da missão.
Uma mensagem orgânica e hierarquizada
114. A mensagem que a catequese transmite possui um « caráter orgânico e hierarquizado », (387) constituindo uma síntese coerente e vital da fé. Ela se organiza em torno do mistério da Santíssima Trindade, numa perspectiva cristocêntrica, uma vez que é « a fonte de todos os outros mistérios da fé; é a luz que os ilumina... ». (388) A partir deste, a harmonia do conjunto a mensagem requer uma « hierarquia de verdades », (389) uma vez que é diversa a conexão de cada uma destas, com o fundamento da fé. Todavia, esta hierarquia « não significa que algumas verdades pertençam à fé menos do que outras, mas sim que algumas verdades se alicerçam sobre outras que são mais importantes e por elas são iluminadas ». (390)
115. Todos os aspectos e as dimensões da mensagem cristã participam desta dimensão orgânica e hierarquizada:
– A história da salvação, narrando as « maravilhas de Deus » (mirabilia Dei), aquilo que fez, faz e fará por nós, se organiza em torno de Jesus Cristo, « centro da história da salvação ». (391) A preparação ao Evangelho, no Antigo Testamento, a plenitude da Revelação em Jesus Cristo e o tempo da Igreja, estruturam toda a história salvífica, da qual a criação e a escatologia são o seu princípio e o seu fim.
– O Símbolo apostólico mostra como a Igreja tenha sempre querido apresentar o mistério cristão numa síntese vital. Este Símbolo é a síntese e a chave de leitura de toda a Escritura e de toda a doutrina da Igreja, que se ordena hierarquicamente em torno dele. (392)
– Os sacramentos são, também estes, um todo orgânico que, como força regeneradora, nascem do mistério pascal de Jesus Cristo, formando « um organismo no qual cada um especificamente tem o seu lugar vital ». (393) A Eucaristia ocupa, neste organismo, um posto único, para o qual os demais sacramentos são ordenados: ela se apresenta como « o sacramento dos sacramentos ». (394)
– O dúplice mandamento de amor a Deus e ao próximo é, na mensagem moral, a hierarquia dos valores que o próprio Jesus estabeleceu: « Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas » (Mt 22,40). O amor a Deus e o amor ao próximo, que resumem o decálogo, se vividos no espírito das bem-aventuranças evangélicas, constituem a Magna Carta da vida cristã que Jesus proclamou no Sermão da Montanha. (395)
– O Pai Nosso, resumindo a essência do Evangelho, sintetiza e hierarquiza as imensas riquezas de oração contidas na Sagrada Escritura e em toda a vida da Igreja. Esta oração, proposta aos discípulos pelo próprio Jesus, deixa transparecer a confiança filial e os desejos mais profundos com os quais uma pessoa pode dirigir-se a Deus. (396)
Uma mensagem significativa para a pessoa humana
116. A Palavra de Deus, ao fazer-Se homem, assume a natureza humana no seu todo, exceto o pecado. Deste modo, Jesus Cristo, que é a «imagem do Deus invisível » (Col 1,15), é também homem perfeito. É daí que se compreende que « na realidade, o mistério do homem só se torna claro verdadeiramente, no mistério do Verbo encarnado ». (397)
A catequese, ao apresentar a mensagem cristã, não apenas mostra quem é Deus e qual é o seu desígnio salvífico mas, como o próprio Jesus fez, revela também plenamente o homem ao homem, e lhe descobre a sua altíssima vocação. (398) A Revelação, de fato, « ...não está isolada da vida, nem justaposta a ela de maneira artificial. Mas diz respeito ao sentido último da existência, que ela esclarece totalmente, para inspirá-la e para examiná-la à luz do Evangelho ». (399)
A relação da mensagem cristã com a experiência humana não é uma simples questão metodológica, mas germina da própria finalidade da catequese, a qual procura colocar em comunhão a pessoa humana com Jesus Cristo. Ele, na sua vida terrestre, viveu plenamente a sua humanidade: « Trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com vontade humana, amou com coração humano ». (400) Portanto, « Tudo o que Cristo viveu foi para que pudéssemos vivê-lo n'Ele e para que Ele o vivesse em nós ». (401) A catequese trabalha por esta identidade de experiência humana entre Jesus Mestre e discípulo e ensina a pensar como Ele, agir como Ele, amar como Ele. (402) Viver a comunhão com Cristo é fazer experiência da vida nova da graça. (403)
117. Por este motivo, eminentemente cristológico, a catequese, apresentando a mensagem cristã, « deve, portanto, trabalhar para tornar os homens atentos às suas mais importantes experiências, tanto pessoais quanto sociais, e deve também esforçar-se por submeter à luz do Evangelho, as interrogações que nascem de tais situações, de modo a estimular nos próprios homens, um justo desejo de transformar a impostação de suas existências ». (404) Neste sentido:
– Na primeira evangelização, própria do pré-catecumenato ou da pré-catequese, catequese o anúncio do Evangelho se fará sempre em íntima conexão com a natureza humana e as suas aspirações, mostrando como ele satisfaz plenamente o coração humano. (405)
– Na catequese bíblica, se ajudará a interpretar a vida humana atual, à luz das experiências vividas pelo Povo de Israel, por Jesus Cristo e pela comunidade eclesial, na qual o Espírito de Cristo ressuscitado vive e opera continuamente.
– Na explicitação do Símbolo, a catequese mostrará como os grandes temas da fé (criação, pecado original, Encarnação, Páscoa, Pentecostes, escatologia...) são sempre fonte de vida e de luz para o ser humano.
– A catequese moral, ao apresentar no que consiste a vida digna do Evangelho (406) e ao promover as bem-aventuranças evangélicas como espírito que permeia o decálogo, radicar-las-á nas virtudes humanas, presentes no coração do homem. (407)
– Na catequese litúrgica, deverá ser constante a referência às grandes experiências humanas, representadas pelos sinais e símbolos da ação litúrgica, a partir da cultura judaica e cristã. (408)
Princípio metodológico para a apresentação da mensagem (409)
118. As normas e os critérios apresentados neste capítulo e « que dizem respeito à apresentação do conteúdo da catequese, devem estar presentes e ser atuantes nos diversos tipos de catequese: catequese bíblica e litúrgica, síntese doutrinal, interpretação das situações concretas da existência humana, etc... ». (410)
Destes critérios e normas, todavia, não se pode deduzir a ordem que se deve observar na exposição dos conteúdos. De fato, « é possível que a situação presente da catequese ou razões de método ou de pedagogia aconselhem o predispor a comunicação das riquezas do conteúdo da catequese de uma determinada maneira em vez de outra ». (411) Pode-se partir de Deus para chegar a Cristo e vice-versa; da mesma maneira, pode-se partir do homem para chegar a Deus, e inversamente. A adoção de uma ordem determinada na apresentação da mensagem, é condicionada pelas circunstâncias e pela situação de fé de quem recebe a catequese.
É preciso encontrar o método pedagógico mais apropriado às circunstâncias que caracterizam a comunidade eclesial ou os destinatários concretos aos quais se dirige a catequese. Daí a necessidade de pesquisar cuidadosamente e de encontrar as vias e modos que melhor respondam às diversas situações.
Cabe aos Bispos, neste campo, oferecer normas mais precisas e aplicá-las mediante Diretórios Catequéticos, Catecismos para as diversas idades e condições culturais, e com outros meios considerados mais oportunos. (412)

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