PARA A CONGREGAÇÃO DOS BISPOS.
PERFIL DOS BISPOS
OS BISPOS DEVEM SER PASTORES QUE RESPONDEM AS NECESSIDADES DAS DIOCESES.
QUINTA-FEIRA 27 DE FEVEREIRO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
“Temos necessidade de alguém que nos vigie do alto, temos necessidade de alguém que nos olhe com a largura do coração de Deus: não nos serve um ‘manager’ (gerente), um administrador delegado de uma empresa, muito menos alguém que esteja ao nível da nossa pequenez ou pequenas pretensões”, disse, fazendo-se eco das comunidades católicas, em relação aos bispos.
O Papa retomou as observações sobre os candidatos ao episcopado que tinha deixado num encontro com os núncios (representantes diplomáticos da Santa Sé), em junho de 2013, nas quais defendia que os bispos têm que ser pessoas “que amem a pobreza, interior como liberdade para o Senhor e também exterior, como simplicidade e austeridade de vida, que não sigam uma psicologia de ‘príncipes’”, evitando qualquer ambição por esta missão.
“Reafirmo que a Igreja tem necessidade de verdadeiros pastores”.
Defensores da Doutrina
Francisco, que em setembro do último ano tinha falado em ‘bispos de aeroporto’, reafirmou esta manhã a importância da “assiduidade e cotidianidade” nesta missão.
“Penso que neste tempo de encontros e de congressos é muito atual o decreto de residência do Concílio de Trento [século XVI]: é muito atual e seria bom que a Congregação dos Bispos escrevesse alguma coisa sobre isso”.
A intervenção passou em revista a evolução histórica da figura dos bispos e sustentou que “as pessoas já conhecem com sofrimento a experiência de muitas rupturas e têm necessidade de encontrar na Igreja a permanência indelével da graça do princípio”.
O perfil de um bispo não se cinge à “soma” das suas virtudes e que a escolha de novos responsáveis diocesanos deve recair sobre pessoas “pacientes”, que sejam “defensores da doutrina”.
“Não para medir quão distante vive o mundo da verdade que ela [doutrina] tem, mas para fascinar o mundo, para o encantar com a beleza do amor, para o seduzir com a oferta da liberdade dada pelo Evangelho”.
Orientados pelo Espírito Santo
A Congregação para os Bispos tem como missão “identificar os que o próprio Espírito Santo coloca na frente da sua Igreja”, tendo em mente as “necessidades das Igrejas particulares”.
“Temos de ir para além das nossas eventuais preferências, simpatias, pertenças ou tendências para entrar na largura do horizonte de Deus e encontrar estes portadores do seu olhar do alto”.
Francisco deixou votos de que os membros da Congregação sejam marcados pelo “profissionalismo, serviço e santidade de vida”.
DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS BISPOS " AMIGOS DO MOVIMENTO DOS FOCOLARES".
IGREJA, CASA E ESCOLA DE COMUNHÃO
QUINTA-FEIRA 27 DE FEVEREIRO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
Querido irmãos, bem-vindos !
O tema deste ano é “A reciprocidade do amor entre os discípulos de Cristo”, um tema que ecoa o mandamento novo dado por Jesus aos seus discípulos. É uma coisa boa a oportunidade de uma convivência fraterna, em que você pode compartilhar experiências espirituais e pastorais a partir da perspectiva do carisma da unidade. Como Bispos, vocês são chamados a levar a essas reuniões o amplo respiro da Igreja, e fazer que aquilo que recebem seja para o benefício de toda a Igreja.
A sociedade de hoje tem uma grande necessidade do testemunho de um estilo de vida que transpareça a novidade que nos foi dada pelo Senhor Jesus: irmãos que se amam, apesar das diferenças de caráter, de idade… Este testemunho dá origem ao desejo de ser envolvido na grande parábola de comunhão que é a Igreja. Quando uma pessoa sente que “a reciprocidade do amor entre os discípulos de Cristo” é possível e é capaz de transformar a qualidade das relações interpessoais, sente-se então, chamada para descobrir ou redescobrir Cristo, abrindo-se ao encontro com Ele, vivo e operante, é estimulado a sair de si para ir em direção dos outros e difundir a esperança que recebeu como dom.
Na Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, o Beato João Paulo II escreve: “Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão, eis o grande desafio que nos espera no milênio que começa, se quisermos ser fiéis ao desígnio de Deus e corresponder às expectativas mais profundas do mundo”.
Ele acrescenta: “Antes de programar iniciativas concretas, é preciso promover uma espiritualidade da comunhão, fazendo-a surgir como princípio educativo em todos os lugares em que se forma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os consagrados, os operadores pastorais, onde são construídas as famílias e as comunidades”.
“Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão” é realmente fundamental para a eficácia de qualquer empenho na evangelização, enquanto revela o profundo desejo do Pai: que todos os seus filhos vivam como irmãos. Da mesma forma, revela a vontade do coração de Cristo: que todos sejam um (Jo 17,21), e revela o dinamismo do Espírito Santo, a sua força de atração livre e libertadora. Cultivar a espiritualidade de comunhão também ajuda a tornar-nos mais capazes de viver o diálogo ecumênico e inter-religioso.
Queridos irmãos, obrigado pela visita! Faço votos de que o congresso seja uma ocasião propícia para crescer no espírito de colegialidade, e para buscar no amor recíproco um motivo de encorajamento e esperança renovada. A Virgem Maria vos acompanhe e os apoie no vosso ministério. Eu confio em vossas orações e asseguro as minhas. Abençoo a todos vocês e as comunidades que vos foram confiadas.
EM VISITA "AD LIMINA"
FESTA DE DOS SANTOS CIRILO E METÓLIO
Sexta-feira, 14 de fevereiro
Boletim da Santa Sé
FONTE: NEWS.VA
Boletim da Santa Sé
FONTE: NEWS.VA
Queridos Irmãos no Episcopado ,
Saúdo-vos por ocasião da vossa visita ad Limina Apostolorum , com o qual renovou e reforçou a comunhão da Igreja na República Checa com a Sé de Pedro. Reuniões e discussões cordiais destes dias, em que você compartilhou comigo e com meus colaboradores da Cúria Romana, as alegrias e as esperanças, assim como as dificuldades e preocupações das comunidades que vos são confiadas, eles têm sido uma oportunidade para mim saber mais sobre a situação da Igreja na sua região. Você está justamente orgulhosos por causa das fortes raízes cristãs do seu povo, cuja fé remonta a atividade dos Santos Cirilo e Metódio evangelizadora, ao mesmo tempo você está ciente de que a adesão a Cristo não é apenas o resultado de um passado ainda que importante, mas agir pessoal e eclesial na história de hoje, que se envolve cada pessoa e cada comunidade.
Para incentivar os fiéis um conhecimento adequado de Jesus Cristo e um encontro pessoal com Ele, vocês são chamados em primeiro lugar para aumentar as iniciativas pastorais adequadas para uma sólida preparação para os sacramentos e para participação ativa na liturgia. Você também deve ser um compromisso com a educação religiosa e ter uma presença significativa no mundo da educação e da cultura. Você não pode perder de sua parte a abertura vigilante e corajosa a novos impulsos do Espírito Santo, que distribui seus dons e torna os fiéis leigos a assumir responsabilidades e ministérios para a renovação e crescimento da Igreja. Para enfrentar os desafios contemporâneos e novas necessidades pastorais, exige sinergia entre o clero, religiosos e fiéis leigos. O papel de cada um é chamado a fazer uma generosa contribuição para que a Boa Nova é anunciada em cada quarto, até mesmo os mais hostis ou longe da Igreja, de modo que a mensagem possa chegar aos subúrbios, as diferentes categorias de pessoas, especialmente os mais fracos e mais pobre de esperança. Do meu coração espero que, confiando nas palavras do Senhor que prometeu estar sempre presente no meio de nós (cf. Mt 28,20), você vai continuar a caminhar com o seu povo no caminho para a fidelidade alegre ao Evangelho.
Se durante muito tempo a Igreja no vosso país tem sido oprimidos por regimes baseados em ideologias contrárias à dignidade e à liberdade humana, agora você se depara com outras armadilhas, como o secularismo eo relativismo.Portanto, é necessário, além de um Evangelho incansável anúncio valoriza um diálogo construtivo com todos, mesmo aqueles que estão longe de qualquer sentimento religioso. As comunidades cristãs são lugares cada vez mais de boas-vindas, aberto e pacífico, são operadores de reconciliação e de paz, estímulo para toda a sociedade na busca do bem comum e atenção aos mais necessitados; são a cultura da reunião operando .
Diante das condições precárias em que vivem vários segmentos da sociedade, especialmente as famílias, os idosos e os doentes, bem como para atender a fragilidade espiritual e moral de tantas pessoas, especialmente os jovens, toda a comunidade cristã sente-se desafiada, a partir de seus pastores, e em particular pelo Bispo. Ele é chamado a oferecer em todos os lugares a resposta de Cristo, dedicando-se sem reservas ao serviço do Evangelho, santificar, ensinar e guiar o povo de Deus que eu, portanto, exorto-vos a ser firmes na oração, generosa em servir o seu povo, zeloso em ' proclamação da Palavra. É de sua responsabilidade de seguir com afeto paternal os sacerdotes: eles são seus principais colaboradores, e seu ministério paroquial requer uma estabilidade adequada, tanto para conseguir um programa pastoral frutífero, a fim de promover um clima de confiança e serenidade nas pessoas. Encorajo-vos a promover o cuidado pastoral cada vez mais orgânica e extensa de vocações, especialmente para incentivar a busca dos jovens de sentido e de doação a Deus e aos outros. Sua atenção também é dada à pastoral familiar: a família é a espinha dorsal da vida social e apenas trabalhando em nome das famílias pode renovar o tecido da comunidade eclesial e da própria sociedade civil. Como não podemos ver, então, a importância da presença dos católicos na vida pública, bem como nos meios de comunicação? Ele também depende deles para garantir que você sempre pode ouvir uma voz de verdade sobre as questões do momento e você pode ver a Igreja como aliada do homem, a serviço de sua dignidade.
Todos nós sabemos a importância da unidade e da solidariedade entre os bispos, bem como a sua comunhão com o Sucessor de Pedro. Esta união fraterna também é essencial para a eficácia do trabalho da vossa Conferência Episcopal, que pode dar-lhe ainda maior autoridade em suas relações com as autoridades civis do país, tanto na vida cotidiana quanto em lidar com os problemas mais delicados. Na esfera económica, é necessário o desenvolvimento de um sistema que, tendo em conta que os meios materiais destinam-se exclusivamente para a missão espiritual da Igreja, para garantir que cada um dos necessários e liberdade para a atividade pastoral. Ele deve ser vigilante para garantir que os bens eclesiásticos são administrados com cautela e transparência, são protegidos e preservados, mesmo com a ajuda de leigos confiável e competente.
Queridos irmãos, eu expressar minha gratidão pelo trabalho pastoral incansável que você carrega em suas Igrejas e asseguro a minha proximidade espiritual e meu apoio em oração. Invoco sobre você e seu ministério através da intercessão da Santíssima Virgem, peço que, por favor, orem por mim, sempre e de coração concedo a minha Bênção a vós, aos vossos sacerdotes, as pessoas consagradas e os fiéis leigos.
DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AO PONTIFÍCIO CONSELHO DA JUSTIÇA E DA PAZ
Audiência com os participantes do encontro promovido pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz no 50º Aniversário da “Pace in Terris”
Sala Clementina do Palácio Apostólico
Quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia
Partilho com vocês a comemoração da histórica Encíclica Pace in terris, promulgada pelo Beato João XXIII em 11 de abril de 1963. A Providência quis que este encontro acontecesse propriamente pouco depois do anúncio de sua canonização. Saúdo todos, em particular o Cardeal Turkson, agradecendo pelas palavras que me dirigiu em nome de todos.
Os mais velhos entre nós recordamos bem a época da Encíclica Pace in Terris. Era o auge da “guerra fria”. No final de 1962, a humanidade encontrava-se à beira de um conflito atômico mundial, e o Papa elevou um dramático e sincero apelo à paz, dirigindo-se assim a todos aqueles que tinham a responsabilidade de poder; dizia: “Com a mão na consciência, que escutem o grito angustiante que de todos os pontos da terra, das crianças inocentes aos idosos, das pessoas às comunidades, sai rumo ao céu: Paz, paz!” (Radiomensagem, 25 de outubro de 1962). Era um grito aos homens, mas era também uma súplica dirigida ao Céu. O diálogo que então começou laboriosamente entre os grandes blocos opostos levou durante o pontificado de um outro Beato, João Paulo II, à superação daquela fase e à abertura de espaços de liberdade e de diálogo. As sementes de paz plantadas pelo Beato João XXIII trouxeram frutos. Porém, embora tenham caído muros e barreiras, o mundo continua a ter necessidade de paz e o apelo da Pacem in terris permanece fortemente atual
1. Mas qual é o fundamento da construção da paz? A Pace in terris o quer recordar a todos: esse consiste na origem divina do homem, da sociedade e das próprias autoridades, que empenha os indivíduos, as famílias, os vários grupos sociais e os Estados a viver relações de justiça e solidariedade. É tarefa então de todos os homens construir a paz, com o exemplo de Jesus Cristo, através destes dois caminhos: promover e praticar a justiça, com verdade e amor; contribuir, cada um segundo as suas possibilidades, com o desenvolvimento humano integral, segundo a lógica da solidariedade.
Olhando para a nossa realidade atual, pergunto-me se compreendemos esta lição da Pace in terris. Pergunto-me se as palavras justiça e solidariedade estão somente no nosso dicionário ou se todos trabalhamos para que se transformem realidade. A Encíclica do Beato João XXIII nos recorda claramente que não se pode ter verdadeira paz e harmonia se não trabalhamos por uma sociedade mais justa e solidária, se não superamos egoísmos, individualismos, interesses de grupos e isto em todos os níveis.
2. Vamos um pouco adiante. Quais as consequências de apelar à origem divina do homem, da sociedade e da própria autoridade? A Pace in terris focaliza uma consequência de base: o valor da pessoa, a dignidade de cada ser humano, de promover, respeitar e proteger sempre. E não são somente os principais direitos civis e políticos que devem ser garantidos, afirma o Beato João XXIII – mas se deve também oferecer a cada um a possibilidade de acessar efetivamente os meios essenciais de subsistência, a comida, a água, a casa, os cuidados de saúde, a educação e a possibilidade de formar e sustentar uma família. Estes são os objetivos que têm uma prioridade absoluta na ação nacional e internacional e são a medida da bondade. Disso depende uma paz duradoura para todos. E é importante também que haja espaço para aquela rica gama de associações e de organismos intermediários que, na lógica da subsidiariedade e no espírito da solidariedade, perseguem tais objetivos. Certo, a Encíclica afirma objetivos e elementos que são agora adquiridos pelo nosso modo de pensar, mas é preciso perguntar-se: eu estou realmente na realidade? Depois de cinquenta anos, refletem-se no desenvolvimento das nossas sociedades?
3. A Pace in terris não tinha a intenção de afirmar que seja tarefa da Igreja dar indicações concretas sobre temas que, em sua complexidade, devem ser deixados à livre discussão. Sobre matérias políticas, econômicas e sociais não é o dogma a indicar as soluções práticas, mas sim o diálogo, a escuta, a paciência, o respeito ao outro, a sinceridade e também a disponibilidade de rever a própria opinião. No fundo, o apelo à paz de João XXIII em 1962 buscava orientar o debate internacional segundo estas virtudes.
Os princípios fundamentais da Pacem in terris podem guiar com frutos o estudo e a discussão sobre “res novae” que interessam a vossa Conferência: a emergência educativa, a influência dos meios de comunicação de massa sobre as consciências, o acesso aos recursos da terra, o bom ou mal uso dos resultados das pesquisas biológicas, a corrida armamentista e as medidas de segurança nacionais e internacionais. A crise econômica mundial, que é um sintoma grave da falta de respeito pelo homem e pela verdade com os quais foram tomadas decisões por parte dos Governos e dos cidadãos, nos dizem com clareza. A Pace in terris traça uma linha que vai da paz a construir no coração dos homens a um repensar o nosso modelo de desenvolvimento e de ação em todos os níveis, para que o nosso mundo seja um mundo de paz. Pergunto-me se estamos dispostos a acolher este chamado.
Falando de paz, falando da desumana crise econômica mundial, que é um sintoma grave da falta de respeito pelo homem, não posso não recordar com grande dor as numerosas vítimas do enésimo trágico naufrágio ocorrido hoje no largo da Lampedusa. Vem-me a palavra vergonha! É uma vergonha! Rezemos a Deus por quem perdeu a vida, homens, mulheres, crianças, pelos familiares e por todos os refugiados. Unamos os nossos esforços para que não se repitam tragédias similares! Só uma decisiva colaboração de todos pode ajudar a preveni-las.
Queridos amigos, o Senhor, com a intercessão de Maria Rainha da Paz, ajude-nos a acolher sempre em nós a paz que é dom de Cristo Ressuscitado, e a trabalhar sempre com empenho e com criatividade pelo bem comum. Obrigado.
AUDIÊNCIA DO PAPA FRANCISCO
COM AS CRIANÇAS E DOENTES
DO INSTITUTO SERÁFICO DE ASSIS
VISITA PASTORAL A ASSIS
“O cristão adora Jesus, o cristão procura Jesus, o cristão sabe reconhecer as chagas de Jesus. E hoje, todos nós, temos a necessidade de dizer: ‘estas chagas precisam ser ouvidas’”.
O Papa destacou então a esperança que é a presença de Jesus na Eucaristia. Ele lembrou que, ao ressuscitar, Cristo não tinha feridas em seu corpo, mas estava belo. “As chagas de Jesus estão aqui e estão no Céu diante do Pai. Nós cuidamos das chagas de Jesus aqui e Ele, do Céu, nos mostra as suas chagas e diz a todos nós: ‘estou te esperando’. Assim seja”.
Após o encontro com as crianças, Francisco fez uma visita privada ao Santuário de São Damião.Nós estamos entre as chagas de Jesus, disse a senhora. Disse também que estas chagas precisam ser ouvidas, ser reconhecidas. E me vem em mente quando o Senhor caminhava com aqueles dois discípulos tristes. O Senhor Jesus, no fim, fez ver as suas chagas e eles O reconheceram. Depois o pão, onde Ele estava ali. O meu irmão Domenico me dizia que aqui se faz a Adoração. Também aquele pão tem necessidade de ser ouvido, porque Jesus está presente e escondido dentro da simplicidade e da suavidade de um pão. E aqui Jesus está escondido estes rapazes, nestas crianças, nestas pessoas. No altar adoramos a Carne de Jesus; neles encontramos as chagas de Jesus. Jesus escondido na Eucaristia e Jesus escondido nestas chagas. Precisam ser escutados! Talvez não tanto nos jornais, como notícias; isso é uma escuta que dura um, dois, três dias, depois vem um outro, um outro… Devem ser ouvidos por aqueles que se dizem cristãos. O cristão adora Jesus, o cristão procura Jesus, o cristão sabe reconhecer as chagas de Jesus. E hoje, todos nós, aqui, temos a necessidade de dizer: “estas chagas precisam ser ouvidas!”. Mas há uma outra coisa que nos dá esperança. Jesus está presente na Eucaristia, aqui é a Carne de Jesus; Jesus está presente entre vocês, é a Carne de Jesus: são as chagas de Jesus nestas pessoas.
Mas é interessante: Jesus, quando ressuscitou estava belíssimo. Não tinha em seu corpo as contusões, as feridas…nada! Era mais belo! Somente quis conservar as chagas e as levou ao Céu. As chagas de Jesus estão aqui e estão no Céu diante do Pai. Nós cuidamos das chagas de Jesus aqui e Ele, do Céu, nos mostra as suas chagas e diz a todos nós: ‘estou te esperando’. Assim seja.
O Senhor abençoe todos vocês. Que o seu amor desça sobre nós, caminhe conosco; que Jesus nos diga que estas chagas são Dele e nos ajude a dar voz a elas, para que nós cristãos as escutemos.
AUDIÊNCIA DO PAPA FRANCISCO
COM O CLERO, PESSOAS
CONSAGRADAS E MEMBROS DOS
CONSELHOS PASTORAIS DA
DIOCESE
VISITA PASTORAL A ASSIS
CATEDRAL DE SÃO RUFINO
SEXTA-FEIRA, 4 DE OUTUBRO
DISCURSO
Visita Pastoral a Assis
Encontro com o clero, pessoas de vida consagrada e membros dos conselhos pastorais da diocese
Catedral de São Rufino
Sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal e Liliane Borges
Queridos irmãos e irmãs da Comunidade Diocesana, boa tarde
Agradeço-vos pelo acolhimento, sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos empenhados nos conselhos pastorais! Quão necessários são os conselhos pastorais, um bispo não pode guiar a igreja sem o conselho pastoral, um padre não pode… isso é fundamental. Estamos na Catedral! Aqui se conserva a fonte batismal onde São Francisco e Santa Clara foram batizados, que naquele tempo se encontrava na Igreja de Santa Maria. A memória do Batismo é importante! O Batismo é o nosso nascimento como filhos da Mãe Igreja. Eu gostaria de fazer uma pergunta: quem de vocês sabe o dia de seu Batismo? Poucos hein! Agora o dever de casa: mamãe e pai, quando fui batizado? Um só Espírito, um só Batismo, na variedade dos carismas e dos ministérios. Que grande dom ser Igreja, fazer parte do Povo de Deus! Na harmonia, na comunhão das diversidades, que é obra do Espírito Santo, porque o Espírito Santo “ipse harmonia est”!
O Bispo é protetor desta harmonia. O Bispo é protetor desta harmonia. Por isto o Papa Bento quis que a atividade pastoral nas Basílicas papais franciscanas fossem integrada naquela diocesana. Porque ele deve fazer a harmonia, é seu dever e vocação e ele tem um dom especial para fazê-lo. Estou contente que estejam caminhando bem neste caminho, em benefício de todos, colaborando juntos com serenidade e vos encorajo a continuar. A visita pastoral que se concluiu daqui a pouco e o Sínodo diocesano que vocês estão para celebrar são momentos fortes de crescimento para esta Igreja, que Deus abençoou de modo particular. A igreja cresce não para fazer proselitismo. A igreja cresce por atração. A atração que cada um de nós dá ao povo de Deus.
Agora, brevemente, gostaria de destacar alguns aspectos da vossa vida de comunidade. Não quero dizer coisas novas para vocês, mas confirmar vocês naquelas mais importantes, que caracterizam o vosso caminho diocesano.
1. A primeira coisa é escutar a Palavra de Deus. A Igreja é isto: a comunidade, disse o bispo, que escuta com fé e com amor o Senhor que fala. O plano pastoral que vocês estão vivendo insiste propriamente nesta dimensão fundamental. É a Palavra de Deus que suscita a fé, que a alimenta, que a regenera. É a Palavra que toca os corações, que os converte a Deus e à sua lógica que é assim diferente da nossa; é a Palavra que renova continuamente as nossas comunidades…
Penso que todos podemos melhorar um pouco neste aspecto: transformar todos mais ouvintes da Palavra de Deus, para ser menos ricos de nossas palavras e mais ricos das suas Palavras. Penso no sacerdote, que tem a tarefa de pregar. Como pode pregar se primeiro não abriu o seu coração, se não escutou, no silêncio, com o coração? Fará uma homilia longa, a qual não se entende nada! Isso é pra vocês, hein! Penso nos pais e mães, que são os primeiros educadores: como podem educar se a sua consciência não estiver iluminada pela Palavra de Deus, se o seu modo de pensar e de agir não for guiado pela palavra, um exemplo a dar para os filhos? Isso é importante, porque papai e mamãe lamentam, mas se não fizeram o seu dever… E penso nos catequistas, em todos os educadores: se o seu coração não estiver aquecido pela Palavra, como podem aquecer os corações dos outros, das crianças, dos jovens, dos adultos? Não basta ler as Sagradas Escrituras, é necessário escutar Jesus que fala nelas, é Jesus que fala na Escritura, é necessário ser antenas que recebem, sintonizadas na Palavra de Deus, para ser antenas que transmitem! Recebe-se e se transmite. É o Espírito de Deus que torna vivas as Sagradas Escrituras, que as faz compreender em profundidade, em seu sentido verdadeiro e pleno! Perguntemo-nos, uma pergunta para o Sínodo: que lugar tem a Palavra de Deus na minha vida, na vida de cada dia? Estou sintonizado com Deus ou com tantas palavras da moda ou comigo mesmo? Uma pergunta para cada um fazer.
2. O segundo aspecto é aquele do caminhar. É uma das palavras que prefiro quando penso no cristão e na Igreja. Mas para vocês há um sentido particular: vocês estão entrando no Sínodo diocesano, e fazer “sínodo” quer dizer caminhar junto. Penso que esta seja verdadeiramente a experiência mais bela que vivemos: fazer parte de um povo em caminho na história, junto com o seu Senhor, que caminha em meio a nós! Não somos isolados, não caminhamos sozinhos, mas somos parte do único rebanho de Cristo, que caminha junto.
Aqui penso ainda em vocês padres, e deixem-me que eu me coloque também junto com vocês. O que há de mais belo, para nós, se não caminhar com o nosso povo? É belo. Eu penso nestes padres que conhecem o nome das pessoas de sua paróquia, que vão encontrá-las. Como um que me dizia “eu conheço o cão de cada família”, que bonito, hein! Eu o repito: caminhar com o nosso povo, às vezes adiante, às vezes em meio e às vezes atrás: adiante, para guiar a comunidade; em meio, para encorajá-la e apoiá-la; atrás, para tê-la unida para que ninguém fique atrás e também para que o povo tenha sucesso em encontrar novas vias pelo caminho, tenha o “sensus fidei”. O que há de mais belo? No Sínodo devemos saber também o que o Espírito diz aos leigos, ao povo, a todos.
Mas a coisa mais importante é caminhar junto, colaborando, ajudando-se; pedir desculpas, reconhecer os próprios erros e pedir perdão, mas também aceitar as desculpas dos outros, perdoando-os – quão importante é isto! Às vezes penso nos matrimônios, que depois de tantos anos terminam. A gente não se entende, nos distanciamos, talvez não souberam pedir desculpas a tempo, não souberam perdoar a tempo. Eu sempre, aos recém-casados, dou esse conselho: briguem quanto quiserem, se for necessário joguem os pratos, mas nunca terminem o dia sem fazer as pazes. Nunca! Se no matrimônio se aprende a dizer “desculpe, eu estava cansado”…. e retomar a vida no outro dia, esse é o segredo…Caminhar unidos, sem saltar para a frente, sem nostalgia do passado. E enquanto se caminha, se fala, nós nos conhecemos, contamos uns com os outros, se cresce no ser família. Aqui perguntamo-nos: como caminhamos? Como caminha a nossa realidade diocesana? Caminha junto? E o que faço eu para que essa caminhe verdadeiramente junto? Eu não gostaria de entrar aqui sobre as fofocas, mas vocês sabem que elas sempre dividem.
3. Então, escutar, caminhar e o terceiro aspecto é aquele missionário: anunciar até as periferias. Também isto tomei de vocês, dos vossos projetos pastorais. O bispo falou recentemente. Mas quero destacá-lo, também porque é um elemento que vivi muito tempo quando estava em Buenos Aires: a importância de sair para ir ao encontro do outro, nas periferias, que são lugares, mas, sobretudos, pessoas, situações de vida. Especialmente no caso da diocese que eu tinha antes de Buenos Aires, uma periferia que me fazia mal era encontrar em famílias de classe média crianças que não sabiam fazer sinal da cruz! Pergunto se nessa diocese tem alguma criança…essas são verdadeiras periferias, onde Deus não está.
Quais são as vossas periferias? Procuremos pensar. Perguntemo-nos quais são as periferias desta Diocese. Certamente, em um primeiro sentido, são as zonas da Diocese que são suscetíveis de estar no limite, fora dos feixes de luz dos holofotes. Mas são também pessoas, realidades humanas de fato marginalizadas, desprezadas. São pessoas que talvez se encontram fisicamente próximas ao “centro”, mas espiritualmente estão distantes.
Não tenham medo de sair e ir ao encontro destas pessoas, destas situações. Não se deixem bloquear pelos preconceitos, hábitos, rigidez mental ou pastoral, do famoso “se faz sempre assim!”. Mas se pode ir às periferias somente se se leva a Palavra de Deus no coração e se caminha com a Igreja, como São Francisco. Caso contrário, levamos a nós mesmos, e não a Palavra de Deus e isto não é bom, não serve para ninguém! Não somos nós que salvamos o mundo: é o Senhor que o salva!
Então, queridos amigos, eu não dei a vocês receitas novas. Não o fiz e não acreditem em quem diz que eu o fiz. Não existem. Mas encontrei no caminho da vossa Igreja aspectos belos e importantes que vão fazê-los crescer e quero confirmar vocês nestes. Escutar a Palavra, caminhar junto em fraternidade, anunciar o Evangelho nas periferias! O Senhor vos abençõe, Nossa Senhora vos proteja e São Francisco vos ajude todos a viver a alegria de ser discípulos do Senhor!
Quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia
Partilho com vocês a comemoração da histórica Encíclica Pace in terris, promulgada pelo Beato João XXIII em 11 de abril de 1963. A Providência quis que este encontro acontecesse propriamente pouco depois do anúncio de sua canonização. Saúdo todos, em particular o Cardeal Turkson, agradecendo pelas palavras que me dirigiu em nome de todos.
Os mais velhos entre nós recordamos bem a época da Encíclica Pace in Terris. Era o auge da “guerra fria”. No final de 1962, a humanidade encontrava-se à beira de um conflito atômico mundial, e o Papa elevou um dramático e sincero apelo à paz, dirigindo-se assim a todos aqueles que tinham a responsabilidade de poder; dizia: “Com a mão na consciência, que escutem o grito angustiante que de todos os pontos da terra, das crianças inocentes aos idosos, das pessoas às comunidades, sai rumo ao céu: Paz, paz!” (Radiomensagem, 25 de outubro de 1962). Era um grito aos homens, mas era também uma súplica dirigida ao Céu. O diálogo que então começou laboriosamente entre os grandes blocos opostos levou durante o pontificado de um outro Beato, João Paulo II, à superação daquela fase e à abertura de espaços de liberdade e de diálogo. As sementes de paz plantadas pelo Beato João XXIII trouxeram frutos. Porém, embora tenham caído muros e barreiras, o mundo continua a ter necessidade de paz e o apelo da Pacem in terris permanece fortemente atual
1. Mas qual é o fundamento da construção da paz? A Pace in terris o quer recordar a todos: esse consiste na origem divina do homem, da sociedade e das próprias autoridades, que empenha os indivíduos, as famílias, os vários grupos sociais e os Estados a viver relações de justiça e solidariedade. É tarefa então de todos os homens construir a paz, com o exemplo de Jesus Cristo, através destes dois caminhos: promover e praticar a justiça, com verdade e amor; contribuir, cada um segundo as suas possibilidades, com o desenvolvimento humano integral, segundo a lógica da solidariedade.
Olhando para a nossa realidade atual, pergunto-me se compreendemos esta lição da Pace in terris. Pergunto-me se as palavras justiça e solidariedade estão somente no nosso dicionário ou se todos trabalhamos para que se transformem realidade. A Encíclica do Beato João XXIII nos recorda claramente que não se pode ter verdadeira paz e harmonia se não trabalhamos por uma sociedade mais justa e solidária, se não superamos egoísmos, individualismos, interesses de grupos e isto em todos os níveis.
2. Vamos um pouco adiante. Quais as consequências de apelar à origem divina do homem, da sociedade e da própria autoridade? A Pace in terris focaliza uma consequência de base: o valor da pessoa, a dignidade de cada ser humano, de promover, respeitar e proteger sempre. E não são somente os principais direitos civis e políticos que devem ser garantidos, afirma o Beato João XXIII – mas se deve também oferecer a cada um a possibilidade de acessar efetivamente os meios essenciais de subsistência, a comida, a água, a casa, os cuidados de saúde, a educação e a possibilidade de formar e sustentar uma família. Estes são os objetivos que têm uma prioridade absoluta na ação nacional e internacional e são a medida da bondade. Disso depende uma paz duradoura para todos. E é importante também que haja espaço para aquela rica gama de associações e de organismos intermediários que, na lógica da subsidiariedade e no espírito da solidariedade, perseguem tais objetivos. Certo, a Encíclica afirma objetivos e elementos que são agora adquiridos pelo nosso modo de pensar, mas é preciso perguntar-se: eu estou realmente na realidade? Depois de cinquenta anos, refletem-se no desenvolvimento das nossas sociedades?
3. A Pace in terris não tinha a intenção de afirmar que seja tarefa da Igreja dar indicações concretas sobre temas que, em sua complexidade, devem ser deixados à livre discussão. Sobre matérias políticas, econômicas e sociais não é o dogma a indicar as soluções práticas, mas sim o diálogo, a escuta, a paciência, o respeito ao outro, a sinceridade e também a disponibilidade de rever a própria opinião. No fundo, o apelo à paz de João XXIII em 1962 buscava orientar o debate internacional segundo estas virtudes.
Os princípios fundamentais da Pacem in terris podem guiar com frutos o estudo e a discussão sobre “res novae” que interessam a vossa Conferência: a emergência educativa, a influência dos meios de comunicação de massa sobre as consciências, o acesso aos recursos da terra, o bom ou mal uso dos resultados das pesquisas biológicas, a corrida armamentista e as medidas de segurança nacionais e internacionais. A crise econômica mundial, que é um sintoma grave da falta de respeito pelo homem e pela verdade com os quais foram tomadas decisões por parte dos Governos e dos cidadãos, nos dizem com clareza. A Pace in terris traça uma linha que vai da paz a construir no coração dos homens a um repensar o nosso modelo de desenvolvimento e de ação em todos os níveis, para que o nosso mundo seja um mundo de paz. Pergunto-me se estamos dispostos a acolher este chamado.
Falando de paz, falando da desumana crise econômica mundial, que é um sintoma grave da falta de respeito pelo homem, não posso não recordar com grande dor as numerosas vítimas do enésimo trágico naufrágio ocorrido hoje no largo da Lampedusa. Vem-me a palavra vergonha! É uma vergonha! Rezemos a Deus por quem perdeu a vida, homens, mulheres, crianças, pelos familiares e por todos os refugiados. Unamos os nossos esforços para que não se repitam tragédias similares! Só uma decisiva colaboração de todos pode ajudar a preveni-las.
Queridos amigos, o Senhor, com a intercessão de Maria Rainha da Paz, ajude-nos a acolher sempre em nós a paz que é dom de Cristo Ressuscitado, e a trabalhar sempre com empenho e com criatividade pelo bem comum. Obrigado.
AUDIÊNCIA DO PAPA FRANCISCO
COM AS CRIANÇAS E DOENTES
DO INSTITUTO SERÁFICO DE ASSIS
VISITA PASTORAL A ASSIS
Quinta-feira, 4 de outubro de 2013
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
A primeira atividade do Papa foi com as crianças portadoras de deficiência e doentes do Instituto Seráfico de Assis. Após ser recebido pelas autoridades, Francisco fez um discurso espontâneo para as crianças, dando por lido o que havia preparado.
Citando o que uma mulher lhe havia falado, que ali eles estavam entre as chagas de Jesus e que estas precisavam ser escutadas, o Papa recordou o episódio em que Jesus caminhava entre os discípulos tristes, e fez com que eles vissem suas chagas e então os discípulos O reconheceram.
“Aqui Jesus está escondido nestes rapazes, nestas crianças, nestas pessoas. No altar adoramos a Carne de Jesus; neles encontramos as chagas de Jesus. Jesus escondido na Eucaristia e Jesus escondido nestas chagas”.
Francisco destacou então a necessidade dessas chagas serem escutadas, talvez não tanto pelos jornais, o que dura um ou dois dias, mas pelos que se dizem cristãos.
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
A primeira atividade do Papa foi com as crianças portadoras de deficiência e doentes do Instituto Seráfico de Assis. Após ser recebido pelas autoridades, Francisco fez um discurso espontâneo para as crianças, dando por lido o que havia preparado.
Citando o que uma mulher lhe havia falado, que ali eles estavam entre as chagas de Jesus e que estas precisavam ser escutadas, o Papa recordou o episódio em que Jesus caminhava entre os discípulos tristes, e fez com que eles vissem suas chagas e então os discípulos O reconheceram.
“Aqui Jesus está escondido nestes rapazes, nestas crianças, nestas pessoas. No altar adoramos a Carne de Jesus; neles encontramos as chagas de Jesus. Jesus escondido na Eucaristia e Jesus escondido nestas chagas”.
Francisco destacou então a necessidade dessas chagas serem escutadas, talvez não tanto pelos jornais, o que dura um ou dois dias, mas pelos que se dizem cristãos.
“O cristão adora Jesus, o cristão procura Jesus, o cristão sabe reconhecer as chagas de Jesus. E hoje, todos nós, temos a necessidade de dizer: ‘estas chagas precisam ser ouvidas’”.
O Papa destacou então a esperança que é a presença de Jesus na Eucaristia. Ele lembrou que, ao ressuscitar, Cristo não tinha feridas em seu corpo, mas estava belo. “As chagas de Jesus estão aqui e estão no Céu diante do Pai. Nós cuidamos das chagas de Jesus aqui e Ele, do Céu, nos mostra as suas chagas e diz a todos nós: ‘estou te esperando’. Assim seja”.
Após o encontro com as crianças, Francisco fez uma visita privada ao Santuário de São Damião.Nós estamos entre as chagas de Jesus, disse a senhora. Disse também que estas chagas precisam ser ouvidas, ser reconhecidas. E me vem em mente quando o Senhor caminhava com aqueles dois discípulos tristes. O Senhor Jesus, no fim, fez ver as suas chagas e eles O reconheceram. Depois o pão, onde Ele estava ali. O meu irmão Domenico me dizia que aqui se faz a Adoração. Também aquele pão tem necessidade de ser ouvido, porque Jesus está presente e escondido dentro da simplicidade e da suavidade de um pão. E aqui Jesus está escondido estes rapazes, nestas crianças, nestas pessoas. No altar adoramos a Carne de Jesus; neles encontramos as chagas de Jesus. Jesus escondido na Eucaristia e Jesus escondido nestas chagas. Precisam ser escutados! Talvez não tanto nos jornais, como notícias; isso é uma escuta que dura um, dois, três dias, depois vem um outro, um outro… Devem ser ouvidos por aqueles que se dizem cristãos. O cristão adora Jesus, o cristão procura Jesus, o cristão sabe reconhecer as chagas de Jesus. E hoje, todos nós, aqui, temos a necessidade de dizer: “estas chagas precisam ser ouvidas!”. Mas há uma outra coisa que nos dá esperança. Jesus está presente na Eucaristia, aqui é a Carne de Jesus; Jesus está presente entre vocês, é a Carne de Jesus: são as chagas de Jesus nestas pessoas.
Mas é interessante: Jesus, quando ressuscitou estava belíssimo. Não tinha em seu corpo as contusões, as feridas…nada! Era mais belo! Somente quis conservar as chagas e as levou ao Céu. As chagas de Jesus estão aqui e estão no Céu diante do Pai. Nós cuidamos das chagas de Jesus aqui e Ele, do Céu, nos mostra as suas chagas e diz a todos nós: ‘estou te esperando’. Assim seja.
O Senhor abençoe todos vocês. Que o seu amor desça sobre nós, caminhe conosco; que Jesus nos diga que estas chagas são Dele e nos ajude a dar voz a elas, para que nós cristãos as escutemos.
AUDIÊNCIA DO PAPA FRANCISCO
COM O CLERO, PESSOAS
CONSAGRADAS E MEMBROS DOS
CONSELHOS PASTORAIS DA
DIOCESE
VISITA PASTORAL A ASSIS
CATEDRAL DE SÃO RUFINO
SEXTA-FEIRA, 4 DE OUTUBRO
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
NÃO TENHA MEDO DE IR
Tradução: Jéssica Marçal
NÃO TENHA MEDO DE IR
DISCURSO
Visita Pastoral a Assis
Encontro com o clero, pessoas de vida consagrada e membros dos conselhos pastorais da diocese
Catedral de São Rufino
Sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal e Liliane Borges
Queridos irmãos e irmãs da Comunidade Diocesana, boa tarde
Agradeço-vos pelo acolhimento, sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos empenhados nos conselhos pastorais! Quão necessários são os conselhos pastorais, um bispo não pode guiar a igreja sem o conselho pastoral, um padre não pode… isso é fundamental. Estamos na Catedral! Aqui se conserva a fonte batismal onde São Francisco e Santa Clara foram batizados, que naquele tempo se encontrava na Igreja de Santa Maria. A memória do Batismo é importante! O Batismo é o nosso nascimento como filhos da Mãe Igreja. Eu gostaria de fazer uma pergunta: quem de vocês sabe o dia de seu Batismo? Poucos hein! Agora o dever de casa: mamãe e pai, quando fui batizado? Um só Espírito, um só Batismo, na variedade dos carismas e dos ministérios. Que grande dom ser Igreja, fazer parte do Povo de Deus! Na harmonia, na comunhão das diversidades, que é obra do Espírito Santo, porque o Espírito Santo “ipse harmonia est”!
O Bispo é protetor desta harmonia. O Bispo é protetor desta harmonia. Por isto o Papa Bento quis que a atividade pastoral nas Basílicas papais franciscanas fossem integrada naquela diocesana. Porque ele deve fazer a harmonia, é seu dever e vocação e ele tem um dom especial para fazê-lo. Estou contente que estejam caminhando bem neste caminho, em benefício de todos, colaborando juntos com serenidade e vos encorajo a continuar. A visita pastoral que se concluiu daqui a pouco e o Sínodo diocesano que vocês estão para celebrar são momentos fortes de crescimento para esta Igreja, que Deus abençoou de modo particular. A igreja cresce não para fazer proselitismo. A igreja cresce por atração. A atração que cada um de nós dá ao povo de Deus.
Agora, brevemente, gostaria de destacar alguns aspectos da vossa vida de comunidade. Não quero dizer coisas novas para vocês, mas confirmar vocês naquelas mais importantes, que caracterizam o vosso caminho diocesano.
1. A primeira coisa é escutar a Palavra de Deus. A Igreja é isto: a comunidade, disse o bispo, que escuta com fé e com amor o Senhor que fala. O plano pastoral que vocês estão vivendo insiste propriamente nesta dimensão fundamental. É a Palavra de Deus que suscita a fé, que a alimenta, que a regenera. É a Palavra que toca os corações, que os converte a Deus e à sua lógica que é assim diferente da nossa; é a Palavra que renova continuamente as nossas comunidades…
Penso que todos podemos melhorar um pouco neste aspecto: transformar todos mais ouvintes da Palavra de Deus, para ser menos ricos de nossas palavras e mais ricos das suas Palavras. Penso no sacerdote, que tem a tarefa de pregar. Como pode pregar se primeiro não abriu o seu coração, se não escutou, no silêncio, com o coração? Fará uma homilia longa, a qual não se entende nada! Isso é pra vocês, hein! Penso nos pais e mães, que são os primeiros educadores: como podem educar se a sua consciência não estiver iluminada pela Palavra de Deus, se o seu modo de pensar e de agir não for guiado pela palavra, um exemplo a dar para os filhos? Isso é importante, porque papai e mamãe lamentam, mas se não fizeram o seu dever… E penso nos catequistas, em todos os educadores: se o seu coração não estiver aquecido pela Palavra, como podem aquecer os corações dos outros, das crianças, dos jovens, dos adultos? Não basta ler as Sagradas Escrituras, é necessário escutar Jesus que fala nelas, é Jesus que fala na Escritura, é necessário ser antenas que recebem, sintonizadas na Palavra de Deus, para ser antenas que transmitem! Recebe-se e se transmite. É o Espírito de Deus que torna vivas as Sagradas Escrituras, que as faz compreender em profundidade, em seu sentido verdadeiro e pleno! Perguntemo-nos, uma pergunta para o Sínodo: que lugar tem a Palavra de Deus na minha vida, na vida de cada dia? Estou sintonizado com Deus ou com tantas palavras da moda ou comigo mesmo? Uma pergunta para cada um fazer.
2. O segundo aspecto é aquele do caminhar. É uma das palavras que prefiro quando penso no cristão e na Igreja. Mas para vocês há um sentido particular: vocês estão entrando no Sínodo diocesano, e fazer “sínodo” quer dizer caminhar junto. Penso que esta seja verdadeiramente a experiência mais bela que vivemos: fazer parte de um povo em caminho na história, junto com o seu Senhor, que caminha em meio a nós! Não somos isolados, não caminhamos sozinhos, mas somos parte do único rebanho de Cristo, que caminha junto.
Aqui penso ainda em vocês padres, e deixem-me que eu me coloque também junto com vocês. O que há de mais belo, para nós, se não caminhar com o nosso povo? É belo. Eu penso nestes padres que conhecem o nome das pessoas de sua paróquia, que vão encontrá-las. Como um que me dizia “eu conheço o cão de cada família”, que bonito, hein! Eu o repito: caminhar com o nosso povo, às vezes adiante, às vezes em meio e às vezes atrás: adiante, para guiar a comunidade; em meio, para encorajá-la e apoiá-la; atrás, para tê-la unida para que ninguém fique atrás e também para que o povo tenha sucesso em encontrar novas vias pelo caminho, tenha o “sensus fidei”. O que há de mais belo? No Sínodo devemos saber também o que o Espírito diz aos leigos, ao povo, a todos.
Mas a coisa mais importante é caminhar junto, colaborando, ajudando-se; pedir desculpas, reconhecer os próprios erros e pedir perdão, mas também aceitar as desculpas dos outros, perdoando-os – quão importante é isto! Às vezes penso nos matrimônios, que depois de tantos anos terminam. A gente não se entende, nos distanciamos, talvez não souberam pedir desculpas a tempo, não souberam perdoar a tempo. Eu sempre, aos recém-casados, dou esse conselho: briguem quanto quiserem, se for necessário joguem os pratos, mas nunca terminem o dia sem fazer as pazes. Nunca! Se no matrimônio se aprende a dizer “desculpe, eu estava cansado”…. e retomar a vida no outro dia, esse é o segredo…Caminhar unidos, sem saltar para a frente, sem nostalgia do passado. E enquanto se caminha, se fala, nós nos conhecemos, contamos uns com os outros, se cresce no ser família. Aqui perguntamo-nos: como caminhamos? Como caminha a nossa realidade diocesana? Caminha junto? E o que faço eu para que essa caminhe verdadeiramente junto? Eu não gostaria de entrar aqui sobre as fofocas, mas vocês sabem que elas sempre dividem.
3. Então, escutar, caminhar e o terceiro aspecto é aquele missionário: anunciar até as periferias. Também isto tomei de vocês, dos vossos projetos pastorais. O bispo falou recentemente. Mas quero destacá-lo, também porque é um elemento que vivi muito tempo quando estava em Buenos Aires: a importância de sair para ir ao encontro do outro, nas periferias, que são lugares, mas, sobretudos, pessoas, situações de vida. Especialmente no caso da diocese que eu tinha antes de Buenos Aires, uma periferia que me fazia mal era encontrar em famílias de classe média crianças que não sabiam fazer sinal da cruz! Pergunto se nessa diocese tem alguma criança…essas são verdadeiras periferias, onde Deus não está.
Quais são as vossas periferias? Procuremos pensar. Perguntemo-nos quais são as periferias desta Diocese. Certamente, em um primeiro sentido, são as zonas da Diocese que são suscetíveis de estar no limite, fora dos feixes de luz dos holofotes. Mas são também pessoas, realidades humanas de fato marginalizadas, desprezadas. São pessoas que talvez se encontram fisicamente próximas ao “centro”, mas espiritualmente estão distantes.
Não tenham medo de sair e ir ao encontro destas pessoas, destas situações. Não se deixem bloquear pelos preconceitos, hábitos, rigidez mental ou pastoral, do famoso “se faz sempre assim!”. Mas se pode ir às periferias somente se se leva a Palavra de Deus no coração e se caminha com a Igreja, como São Francisco. Caso contrário, levamos a nós mesmos, e não a Palavra de Deus e isto não é bom, não serve para ninguém! Não somos nós que salvamos o mundo: é o Senhor que o salva!
Então, queridos amigos, eu não dei a vocês receitas novas. Não o fiz e não acreditem em quem diz que eu o fiz. Não existem. Mas encontrei no caminho da vossa Igreja aspectos belos e importantes que vão fazê-los crescer e quero confirmar vocês nestes. Escutar a Palavra, caminhar junto em fraternidade, anunciar o Evangelho nas periferias! O Senhor vos abençõe, Nossa Senhora vos proteja e São Francisco vos ajude todos a viver a alegria de ser discípulos do Senhor!
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