quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

HOMÍLIA * JANEIRO * FEVEREIRO *MARÇO* ABRIL * MAIO DE 2014

HOMÍLIA
20


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEGUIR JESUS POR AMORE NÃO POR 
VAIDADE, SEDE DE PODER E DE DINHEIRO,
ATITUDES QUE SÃO REPREENDIDAS POR
CRISTO.
SEGUNDA-FEIRA, 5 DE MAIO DE 2014
CASA SANTA MARTA
CIDADE DO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO:JÉSSICA MARÇAL

Na Missa desta segunda-feira, 5, na Casa Santa Marta, Papa Francisco rezou para que Deus dê ao homem a graça de segui-Lo somente por amor. O Santo Padre destacou que, na Igreja, há pessoas que seguem Jesus por vaidade, sede de poder ou dinheiro.
No Evangelho do dia, vê-se a passagem em que Jesus repreende o povo que o procurava somente por ter sido saciado após a multiplicação dos pães e dos peixes. A partir disso, Francisco convidou os fiéis a pensarem se seguem Deus por amor ou por qualquer vantagem. “Porque somos todos pecadores e sempre há algum interesse que deve ser purificado no seguir Jesus, e devemos trabalhar interiormente para segui-Lo por Ele, por amor”.
O Santo Padre falou de três comportamentos que não são bons no caminho para seguir Jesus, atitudes que o próprio Cristo repreendeu. O primeiro deles é a vaidade. Como exemplo, o Papa citou as pessoas que dão esmola para aparecer.
“Algumas vezes, fazemos coisas procurando aparecer um pouco, procurando a vaidade. A vaidade é perigosa, porque nos faz escorregar no orgulho, na soberba e, depois, tudo termina ali. Faço uma pergunta: eu, como sigo Jesus? As coisas boas que eu faço, faço-as escondido ou gosto de me aparecer? Penso também em nós, pastores, porque um pastor que é vaidoso não faz bem ao povo de Deus, pode ser padre ou bispo, mas não segue Jesus se gosta da vaidade”.
Um segundo aspecto que Jesus reprova naqueles que O seguem é o poder. Francisco elencou como um caso claro o de João e Tiago, filhos de Zebedeu, que pediam a Jesus a graça de serem primeiro-ministro e vice-primeiro-ministro quando chegasse o Reino.
“Na Igreja, há os escaladores! Há tantos que batem à porta da Igreja para… Mas se você gosta, vá ao Norte e faça alpinismo: é mais saudável! Mas não venha à Igreja para escalar! Jesus repreende esses escaladores que procuram o poder”.
Os discípulos mudaram de atitude somente após a vinda do Espírito Santo, mas o Papa lembrou que o pecado permanece na vida cristã de forma que é bom cada um refletir sobre o modo como segue Jesus. “Por Ele, somente, até o fim, na cruz, ou procuro poder e uso um pouco a Igreja, a comunidade cristã, a paróquia, a diocese para ter um pouco de poder?”.
O terceiro e último aspecto destacado por Francisco é a sede de dinheiro. Trata-se de pessoas que procuram tirar algum lucro em cima da paróquia, da diocese, de um hospital ou de um colégio. É uma tentação que existe desde as primeiras comunidades cristãs, lembrou o Santo Padre.
“Peçamos ao Senhor que nos dê o Espírito Santo para seguirmos atrás d’Ele com retidão de intenção: somente Ele. Sem vaidade, sem vontade de poder e sem sede de dinheiro”.

HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
AÇÃO DE GRAÇAS PELA CANONIZAÇÃO
DO PAPA JOÃO PAULO II
DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014
IGREJA DE SÃO ESTANISLAU
ROMA
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO:JÉSSICA MARÇAL


No trecho dos Atos dos Apóstolos escutamos a voz de Pedro, que anuncia com força a ressurreição de Jesus. Pedro é testemunha da esperança que está em Cristo. E na segunda leitura é ainda Pedro que confirma os fiéis na fé em Cristo, escrevendo: “Por ele é que alcançastes a fé em Deus. Deus o ressuscitou dos mortos e lhe deu a glória, e assim, a vossa fé e esperança estão em Deus” (1, 21).

Pedro foi o ponto de referência da comunidade porque foi fundado na Rocha que é Cristo.

Assim foi João Paulo II, verdadeira pedra ancorada na grande Rocha.

Uma semana depois da canonização de João XXIII e de João Paulo II, reunimo-nos aqui nesta igreja dos poloneses em Roma, para agradecer ao Senhor pelo dom do santo Bispo de Roma filho da vossa nação. Nesta igreja, onde ele veio mais de 80 vezes! Sempre veio aqui, nos diversos momentos da sua vida e da vida da Polônia.

Nos momentos de tristeza e de desânimo, quando tudo parecia perdido, ele não perdia a esperança, porque a sua fé e a sua esperança eram fixas em Deus (cfr 1 Ped 1, 21). E assim era pedra, rocha para esta comunidade, que aqui reza, que aqui escuta a Palavra, prepara os Sacramentos e os administra, acolhe quem tem necessidade, canta e faz festa, e daqui parte novamente para as periferias de Roma…

Vocês, irmãos e irmãs, fazem parte de um povo que foi muito provado em sua história. O povo polonês sabe bem que para entrar na glória é preciso passar pela paixão e a cruz (cfr Lc 24, 26). E o sabem não porque estudaram isso, mas sabem porque viveram isso. São João Paulo II, como digno filho da sua pátria terrena, seguiu este caminho. Ele o seguiu de modo exemplar, recebendo de Deus um despojamento total. Por isto “a sua carne repousa na esperança” (cfr At 2, 26; Sal 16, 9).

E nós? Estamos dispostos a seguir este caminho?

Vocês, queridos irmãos, que formam hoje a comunidade cristã dos poloneses em Roma, querem seguir este caminho?

São Pedro, também com a voz de São João Paulo II, diz a vocês: “Vivei com temor durante o tempo da vossa peregrinação” (1 Ped 1, 17). É verdade, somos caminhantes, mas não errantes! Em caminho, mas sabemos para onde vamos! Os errantes não o sabem. Somos peregrinos, mas não errantes – como dizia São João Paulo II.

Os dois discípulos de Emaús na ida eram errantes, não sabiam para onde iriam no final, mas no retorno não! No retorno eram testemunhas da esperança que é Cristo! Porque tinham encontrado Ele, o Caminhante Ressuscitado. Este Jesus é o Caminhante Ressuscitado que caminha conosco. Jesus está aqui hoje, está aqui entre nós. Está aqui na sua Palavra, está aqui no altar, caminha conosco, é o Caminhante Ressuscitado.

Também nós podemos nos tornar “caminhantes ressuscitados”, se a sua Palavra aquece o nosso coração e a sua Eucaristia abre nossos olhos para a fé e nos alimenta com a esperança e a caridade. Também nós podemos caminhar próximo aos irmãos e às irmãs que estão tristes e desesperados, e aquecer o seu coração com o Evangelho, e partir com eles o pão da fraternidade.

São João Paulo II ajude-nos a sermos “caminhantes ressuscitados”. Amém.








HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
CHORO PELOS CRUCIFICADOS.
AINDA HOJE, HÁ QUEM MATE E
PERSIGA EM NOME DE DEUS.
SEXTA-FEIRA, 2
DE MAIO DE 2014
CAPELA SANTA MARTA
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES


 No centro da homilia, esteve o Evangelho da multiplicação dos pães e dos peixes e a leitura dos Atos dos Apóstolos em que os discípulos de Jesus são flagelados por ordem do Sinédrio.
Francisco desenvolveu a sua meditação utilizando três imagens figurativas, três ícones para descrever a Palavra de Deus neste dia. O primeiro foi o amor de Jesus por Seu povo, a Sua atenção aos problemas, o Seu acompanhamento manso e humilde. Em um segundo ícone, o Papa destacou os ciúmes das autoridades religiosas da época que não toleravam Jesus e que se deixavam dominar pela inveja. Já no terceiro ícone, ele falou da alegria do testemunho dos que foram flagelados.
Neste momento, Francisco revelou ter chorado quando viu, nos meios de comunicação social, a notícia de cristãos que foram crucificados em certos países não cristãos. “Também hoje há tanta gente que, em nome de Deus, mata e persegue. E, hoje em dia, ainda vemos tantos que, como os apóstolos, se sentem felizes por serem ultrajados em nome de Jesus, colocando assim, em ação, o terceiro ícone da alegria do testemunho”.
No fim da homilia, o Papa Francisco recordou as três imagens retiradas da Palavra de Deus, nesta sexta-feira, para a reflexão pessoal de cada um.

“Primeiro ícone: Jesus conosco, o amor, o caminho que Ele nos ensinou, no qual devemos andar. Segundo ícone: a hipocrisia desses dirigentes religiosos, que tinham aprisionado o povo com todos esses mandamentos, com essa legalidade fria, dura e que pagaram para esconder a verdade. Terceiro ícone: a alegria dos mártires cristãos, a alegria de tantos irmãos e irmãs nossos que, na história, sentiram essa alegria, esse agrado de serem julgados dignos de suportar ultrajes em nome de Jesus. E hoje há tantos! Pensai que, em alguns países, apenas para levar o Evangelho, vais para a prisão. Tu não podes levar uma cruz: fazem-te pagar uma multa. Mas o coração está feliz. Os três ícones. Olhemos para eles hoje. É parte da nossa história da salvação”.



HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
MISSA DE CANONIZAÇÃO DOS BEATOS
SÃO JOÃO PAULO II E JOÃO XXII.
DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014
PRAÇA DE SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES



No centro deste domingo, que encerra a Oitava de Páscoa e que João Paulo II quis dedicar à Misericórdia Divina, encontramos as chagas gloriosas de Jesus ressuscitado.
Já as mostrara quando apareceu pela primeira vez aos Apóstolos, ao anoitecer do dia depois do sábado, o dia da Ressurreição. Mas, naquela noite, Tomé não estava; e quando os outros lhe disseram que tinham visto o Senhor, respondeu que, se não visse e tocasse aquelas feridas, não acreditaria. Oito dias depois, Jesus apareceu de novo no meio dos discípulos, no Cenáculo, encontrando-se presente também Tomé; dirigindo-Se a ele, convidou-o a tocar as suas chagas. E então aquele homem sincero, aquele homem habituado a verificar tudo pessoalmente, ajoelhou-se diante de Jesus e disse: «Meu Senhor e meu Deus!» (Jo 20, 28).
Se as chagas de Jesus podem ser de escândalo para a fé, são também a verificação da fé. Por isso, no corpo de Cristo ressuscitado, as chagas não desaparecem, continuam, porque aquelas chagas são o sinal permanente do amor de Deus por nós, sendo indispensáveis para crer em Deus: não para crer que Deus existe, mas sim que Deus é amor, misericórdia, fidelidade. Citando Isaías, São Pedro escreve aos cristãos: «pelas suas chagas, fostes curados» (1 Ped 2, 24; cf. Is 53, 5).
João XXIII e João Paulo II tiveram a coragem de contemplar as feridas de Jesus, tocar as suas mãos chagadas e o seu lado trespassado. Não tiveram vergonha da carne de Cristo, não se escandalizaram d’Ele, da sua cruz; não tiveram vergonha da carne do irmão (cf. Is 58, 7), porque em cada pessoa atribulada viam Jesus. Foram dois homens corajosos, cheios da parresia do Espírito Santo, e deram testemunho da bondade de Deus, da sua misericórdia, à Igreja e ao mundo.
Foram sacerdotes, bispos e papas do século XX. Conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por elas. Mais forte, neles, era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo, Redentor do homem e Senhor da história; mais forte, neles, era a misericórdia de Deus que se manifesta nestas cinco chagas; mais forte era a proximidade materna de Maria.
Nestes dois homens contemplativos das chagas de Cristo e testemunhas da sua misericórdia, habitava «uma esperança viva», juntamente com «uma alegria indescritível e irradiante» (1 Ped 1, 3.8). A esperança e a alegria que Cristo ressuscitado dá aos seus discípulos, e de que nada e ninguém os pode privar. A esperança e a alegria pascais, passadas pelo crisol do despojamento, do aniquilamento, da proximidade aos pecadores levada até ao extremo, até à náusea pela amargura daquele cálice. Estas são a esperança e a alegria que os dois santos Papas receberam como dom do Senhor ressuscitado, tendo-as, por sua vez, doado em abundância ao Povo de Deus, recebendo sua eterna gratidão.
Esta esperança e esta alegria respiravam-se na primeira comunidade dos crentes, em Jerusalém, de que nos falam os Atos dos Apóstolos (cf. 2, 42-47). É uma comunidade onde se vive o essencial do Evangelho, isto é, o amor, a misericórdia, com simplicidade e fraternidade.
E esta é a imagem de Igreja que o Concílio Vaticano II teve diante de si. João XXIII e João Paulo II colaboraram com o Espírito Santo para restabelecer e atualizar a Igreja segundo a sua fisionomia originária, a fisionomia que lhe deram os santos ao longo dos séculos. Não esqueçamos que são precisamente os santos que levam avante e fazem crescer a Igreja. Na convocação do Concílio, João XXIII demonstrou uma delicada docilidade ao Espírito Santo, deixou-se conduzir e foi para a Igreja um pastor, um guia-guiado. Este foi o seu grande serviço à Igreja; foi o Papa da docilidade ao Espírito.
Neste serviço ao Povo de Deus, João Paulo II foi o Papa da família. Ele mesmo disse uma vez que assim gostaria de ser lembrado: como o Papa da família. Apraz-me sublinhá-lo no momento em que estamos a viver um caminho sinodal sobre a família e com as famílias, um caminho que ele seguramente acompanha e sustenta do Céu.
Que estes dois novos santos Pastores do Povo de Deus intercedam pela Igreja para que, durante estes dois anos de caminho sinodal, seja dócil ao Espírito Santo no serviço pastoral à família. Que ambos nos ensinem a não nos escandalizarmos das chagas de Cristo, a penetrarmos no mistério da misericórdia divina que sempre espera, sempre perdoa, porque sempre ama.


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
MISSA CANONIZAÇÃO DO PADRE
JOSÉ DE ANCHIETA.
QUINTA-FEIRA, 25 DE ABRIL DE 2014
IGREJA SANTO INÁCIO DE LOYOLA
CENTRO DE ROMA
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES
 O decreto que elevou este jesuíta a santo foi assinado pelo Santo Padre no passado dia 3 de abril. Humildade, testemunho de uma fé inabalável em Deus, esperança e caridade são as virtudes que fizeram de Anchieta um santo. Nascido em 1534 em Tenerife, Espanha, ficou para a história, nos 44 anos que viveu nas Terras de Vera Cruz, como o Apóstolo do Brasil.

Com uma significativa presença de fiéis e religiosos brasileiros residentes em Roma, a celebração teve a participação também de autoridades civis e da Igreja no Brasil. A alegria do encontro com Cristo Ressuscitado foi o conceito-chave desenvolvido pelo Papa Francisco na sua homilia. Uma alegria da qual se pode ter medo como aconteceu com os discípulos de Emaús e pode acontecer também a nós quando sentimos a tentação de refugiarmo-nos na atitude de ‘não exagerar’:
“É mais fácil crer num fantasma do que em Cristo vivo.”
É mais fácil ir tem com alguém que te prediz o futuro do que ter confiança na esperança de um Cristo vencedor, de um Cristo que venceu a morte! – sublinhou o Papa – é mais fácil uma ideia do que a docilidade deste Senhor.A Leitura dos Atos dos Apóstolos fala de um paralítico – continuou o Santo Padre – trata-se de um homem que passou a vida à porta do Templo a pedir esmola mas que, quando foi curado, louva Deus e a sua alegria é contagiosa. A alegria do encontro com Jesus Cristo, aquela que nos faz medo aceitar, é contagiosa e grita o anúncio: e alí cresce a Igreja – afirmou o Papa Francisco.
“A Igreja não cresce por proselitismo mas por atração. Sem esta alegria não se pode fundar uma Igreja! Não se pode fundar uma comunidade cristã!”
Neste momento da sua homilia o Santo Padre evocou S. José de Anchieta dizendo que o Apóstolo do Brasil soube comunicar aquilo que tinha experimentado com o Senhor, aquilo que tinha visto e ouvido d'Ele; e essa foi e é a sua santidade. A santidade de um rapaz de 19 anos:“Era tal a alegria que tinha que fundou uma nação pôs os fundamentos culturais de uma nação em Jesus Cristo.”
“Não tinha estudado teologia, não tinha estudado filosofia, era um rapaz.”
“Tinha sentido o olhar de Jesus Cristo e deixou-se encher de alegria e escolheu a luz.”
“Esta foi e é a sua santidade. Não teve medo da alegria.”
S. José de Anchieta tem um hino belíssimo dedicado à Virgem Maria, a quem, inspirando-se no cântico de Isaías 52, compara com o mensageiro que proclama a paz, que anuncia a alegria da Boa Notícia – sublinhou ainda o Santo Padre. Que Ela, que naquele alvorecer do domingo não teve medo da alegria, nos acompanhe no nosso peregrinar, convidando todos a levantarem-se, para entrar juntos na paz e na alegria que Jesus, o Senhor Ressuscitado, nos oferece. 




HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
BENÇÃO DO FOGO SANTO
MISSA DA PÁSCOA
DOMINGO, 20 DE ABRIL DE 2014
BASÍLICA DE SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES

“A Boa Nova não é apenas uma palavra, mas é um testemunho de amor gratuito e fiel: é sair de si mesmo para ir ao encontro do outro, é permanecer junto de quem a vida feriu, é partilhar com quem não tem o necessário, é ficar ao lado de quem está doente, é idoso ou excluído... ““Ajudai-nos a procurar-Vos para que todos possamos encontrar-Vos, saber que temos um Pai e não nos sentimos órfãos; que podemos amar-Vos e adorar-Vos. Ajudai-nos a vencer a chaga da fome, agravada pelos conflitos e por um desperdício imenso de que muitas vezes somos cúmplices. Tornai-nos capazes de proteger os indefesos, sobretudo as crianças, as mulheres e os idosos, por vezes objeto de exploração e de abandono.”
“Fazei que possamos cuidar dos irmãos atingidos pela epidemia de ébola na Guiné Conacri, Serra Leoa e Libéria, e daqueles que são afetados por tantas outras doenças, que se difundem também pela negligência e a pobreza extrema.” “Suplicamo-Vos, em particular, pela Síria, a amada Sìria, para que quantos sofrem as consequências do conflito possam receber a ajuda humanitária necessária e as partes em causa cessem de usar a força para semear morte, sobretudo contra a população inerme, mas tenham a audácia de negociar a paz, há tanto tempo esperada.”
“Jesus glorioso, pedimo-Vos que conforteis as vítimas das violências fratricidas no Iraque e sustenteis as esperanças suscitadas pela retomada das negociações entre israelitas e palestinianos. Imploramo-Vos que se ponha fim aos combates na República Centro-Africana e que cessem os hediondos ataques terroristas em algumas zonas da Nigéria e as violências no Sudão do Sul.
Pedimos-Vos que os ânimos se inclinem para a reconciliação e a concórdia fraterna na Venezuela.” 
“Pedimo-Vos, Senhor, por todos os povos da terra: Vós que vencestes a morte, dai-nos a vossa vida, dai-nos a vossa paz!






HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
BENÇÃO DO FOGO SANTO
MISSA VIGÍLIA PASCAL
SÁBADO, 19 DE ABRIL DE 2014
BASÍLICA DE SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES

Elas queriam honrar o corpo do Senhor, mas encontram o túmulo aberto e vazio. Mas, um anjo do Senhor lhes disse: «Não tenham medo! Ele ressuscitou dos mortos». E ao saírem de lá, se encontraram com o próprio Jesus, que lhes disse: «Vão anunciar aos meus irmãos, que me verão na Galileia».

Depois da morte de Jesus, os discípulos se dispersaram; tudo parecia ter acabado; as certezas e as esperanças, enfraquecidas. Mas, o incrível anúncio das mulheres brotou como um raio de luz na escuridão. A notícia se espalhou: Jesus ressuscitou!
O Anjo do Senhor e o próprio Jesus pediram às mulheres para avisar aos discípulos para irem à Galileia. Por que a Galiléia? E o Papa explicou:
A Galileia é o lugar da primeira chamada, onde tudo começou! Trata-se de voltar para lá, ao lugar da primeira chamada. Jesus havia passado pelas margens do lago, enquanto os pescadores consertavam as redes. Ele os chamou e, deixando tudo, o seguiram. Voltar à Galileia significa reler tudo, a partir da cruz e da vitória: a pregação, os milagres, a nova comunidade, o entusiasmo e até a traição, a partir do supremo ato de amor”.
Cada um de nós também tem uma Galileia, o lugar da redescoberta do nosso Batismo, a fonte viva, de onde encontramos a energia e a da raiz da nossa fé e da nossa experiência cristã. Galileia significa retorno à Graça de Deus, que nos toca no início do caminho da nossa vida cristã: a experiência do encontro pessoal com Jesus, que nos chama a segui-lo e a participar da sua missão.
Por fim, o Bispo de Roma convidou os fiéis presentes a se perguntarem: qual é a nossa Galileia, onde reencontrar nosso Senhor e deixar-se abraçar pela sua misericórdia?
O Evangelho da Páscoa é claro: é preciso voltar à Galileia para nos encontrarmos com Jesus ressuscitado e nos tornarmos suas testemunhas. A Galileia dos gentios é o horizonte do Ressuscitado, o horizonte da Igreja, o intenso desejo de encontrar o Senhor! 





HOMÍLIA PADRE RANIERO CANTALAMESSA
O MAIOR PECADO DE JUDAS FOI NÃO 
ACREDITAR NA MISERICÓRDIA DE DEUS
SEXTA-FEIRA, 18 DE ABRIL DE 2014
BASÍLICA DE SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES
Como habitualmente nesta ocasião, a homilia foi feita pelo pregador da Casa Pontifícia, Padre Raniero Cantalamessa. O Padre capuchinho centrou a sua homilia na figura de Judas afirmando, desde logo, que este não tinha nascido traidor e não o era quando foi escolhido por Jesus mas tornou-se como tal! Estamos diante de um dos dramas mais obscuros da liberdade humana. Por que se tornou Judas num traidor?" Recordou ainda que durante muitos anos tentou-se dar ao gesto de Judas motivações idealistas como se Judas estivesse desapontado com a maneira com que Jesus realizou a sua ideia do "reino de Deus". Os Evangelhos falam de um motivo muito mais terra-terra: o dinheiro. Judas tinha a responsabilidade da bolsa comum do grupo; na ocasião da unção em Betânia tinha protestado contra o desperdício do perfume precioso derramado por Maria aos pés de Jesus, não porque se preocupasse pelos pobres, assinala S. João, mas porque “era um ladrão e, como tinha a bolsa, tirava o que se colocava lá dentro"(Jo 12, 6). A sua proposta aos chefes dos sacerdotes é explícita: “Quanto estão dispostos a dar-me, se o entregar? E eles fixaram a soma de trinta moedas de prata" (Mt 26, 15).
Mas porquê maravilhar-se desta explicação e achar que ela é banal? Não foi quase sempre assim na história e não é ainda assim hoje em dia? O dinheiro, não é um dos muitos ídolos; é o ídolo por excelência; literalmente, “o ídolo por antonomasia".
O dinheiro é o anti-Deus, porque cria um universo espiritual alternativo, muda o objeto das virtudes teologais. Fé, esperança e caridade deixam de estar colocadas em Deus, mas no dinheiro. O apego ao dinheiro é a raiz de todos os males". É a relação com o dinheiro que está por detrás do tráfico de drogas que destrói tantas vidas humanas, a exploração da prostituição, o fenómeno das várias máfias, a corrupção política, o fabrico e comercialização de armas, e até mesmo a venda de órgãos humanos:
“E a crise financeira que o mundo atravessou e que este país ainda está atravessando, não é, em grande parte, devida à "deplorável ganância por dinheiro", o auri sacra fames, de alguns poucos? Judas começou roubando dinheiro da bolsa comum. Isso não diz nada a certos administradores do dinheiro público?”
“Mas sem pensar nesses modos criminosos de ganhar dinheiro, não será escandaloso que alguns recebam salários e pensões cem vezes maiores do que aqueles que trabalham nas suas casas, e que levantem logo a voz só com a ameaça de ter que renunciar a algo, em vista de uma maior justiça social?”“Homens colocados em lugares de responsabilidade que já não sabiam em qual banco ou paraíso fiscal acumular os proventos da sua corrupção, acabaram no banco dos acusados, ou na cela da uma prisão, precisamente quando estavam para dizer a si próprios: ‘agora goza, alma minha’. Para quem é que o fizeram? Valia a pena? Fizeram verdadeiramente o bem dos filhos e da família, se era isto que procuravam? Ou não se terão arruinado e aos outros? O deus do dinheiro encarrega-se de punir ele próprio os seus adoradores.”
A traição de Jesus continua na história. Mas seria demasiado fácil pensar só nos casos clamorosos ou nos gestos feitos por outros. O padre Cantalamessa fez exemplos concretos:
“Trai Cristo quem trai a própria mulher ou o próprio marido. Trai Jesus o ministro de Deus infiel à sua condição que em vez de pastorear o seu rebanho pastoreia-se a si próprio. Trai Jesus quem quer que traia a sua própria consciência.”
Judas depois de ter reconhecido de ter entregue sangue inocente enforcou-se. Qual terá sido o seu destino eterno – perguntou-se o Padre Cantalamessa – convidando a não darmos um juízo apressado. Jesus nunca abandonou Judas – sublinhou – e ninguém sabe onde é que ele caiu quando se lançou da árvore com a corda ao pescoço. Como Jesus procurou o rosto de Pedro depois da sua negação para dar-lhe o perdão, quem sabe como terá procurado também a face de Judas em qualquer curva da sua via sacra! – observou o Padre Cantalamessa que concluiu a sua homilia afirmando que Pedro teve confiança na misericórdia de Cristo e Judas não! O seu grande pecado não foi trair Jesus mas duvidar da sua misericórdia:
“Existe um sacramento no qual é possível fazer uma experiência segura da misericórdia de Cristo: o sacramento da reconciliação. Como é belo este sacramento! É doce experimentar Jesus como Mestre, como Senhor, mas ainda mais doce experimentá-lo como Redentor: como aquele que te tira para fora do abismo, como Pedro no mar, que te toca, como fez com o leproso e te diz: Quero-o, sejas purificado.” 









HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
MISSA DA CEIA DO SENHOR
RITO DO LAVA-PÉS
QUINTA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE 2014
BASÍLICA DE SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES

Na sua breve homilia, antes do rito do Lava-pés, o Santo Padre recordou que aquilo que Jesus fez na última Ceia foi um gesto de entrega. ”É como a herança que nos deixa”. “Ele que é Deus se fez servo, servidor nosso. E esta é a herança: também vós deveis ser servidores uns dos outros. E Ele fez este caminho por amor: também vocês deveis amar-vos e serdes servidores no amor:

“E faz este gesto de lavar os pés, que é um gesto simbólico. O faziam os escravos, os servos aos comensais, às pessoas que vinham para a refeição, porque naquele tempo as estradas eram todas de terra e quando entravam em uma casa era necessário lavar-se os pés”.
“E Jesus faz este gesto - disse o Santo Padre - um trabalho, um serviço de escravo, de servo”, e acrescentou:
“Nós devemos ser servidores uns dos outros. E por isto a Igreja, no dia de hoje, em que se comemora a Última Ceia, quando Jesus instituiu a Eucaristia, também faz, na cerimônia, este gesto de lavar os pés, que nos recorda que nós devemos ser servos uns dos outros. Agora eu farei este gesto, mas todos nós, no nosso coração, pensemos nos outros e pensemos no amor que Jesus nos disse que devemos ter pelos outros, e pensemos também como podemos servi-los melhor, as outras pessoas. Porque isto Jesus quis de nós”.
Após, o Papa Francisco lavou os pés de 12 pessoas assistidas pelo Instituto. O grupo, com idades entre 16 e 86 anos, era formado por italianos e estrangeiros, todos portadores de doenças ortopédicas, neurológicas e oncológicas que provocam invalidez. Entre estes, chamou a atenção o mais jovem do grupo, Oswaldinho, de 16 anos, nascido em Cabo Verde e residente em Roma. Em agosto de 2013, ao jogar-se no mar num local raso, teve um trauma vértebro-medular com tetraplegia imediata. Hoje se locomove em uma cadeira de rodas. Os doze assistidos simbolizam as velhas e novas formas de fragilidade nas quais a comunidade cristã é chamada a reconhecer Cristo sofredor e a dedicar atenção, solidariedade e caridade. 






FELIZ DIA DO PADRE!
DISSE O PAPA NO INICIO DA CELEBRAÇÃO.
HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
MISSA CRISMAL
UNGIDOS COM O ÓLEO DA ALEGRIA.
INSTITUIÇÃO DO SACERDÓCIO.
QUINTA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE 2014
BASÍLICA DE SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES

Amados irmãos no sacerdócio! No Hoje de Quinta-feira Santa, em que Cristo levou o seu amor por nós até ao extremo (cf. Jo 13, 1), comemoramos o dia feliz da instituição do sacerdócio e o da nossa ordenação sacerdotal. O Senhor ungiu-nos em Cristo com óleo da alegria, e esta unção convida-nos a acolher e cuidar deste grande dom: a alegria, o júbilo sacerdotal. A alegria do sacerdote é um bem precioso tanto para si mesmo como para todo o povo fiel de Deus: do meio deste povo fiel é chamado o sacerdote para ser ungido e ao mesmo povo é enviado para ungir.
Ungidos com óleo de alegria para ungir com óleo de alegria. A alegria sacerdotal tem a sua fonte no Amor do Pai, e o Senhor deseja que a alegria deste amor «esteja em nós» e «seja completa» (Jo 15, 11). Gosto de pensar na alegria contemplando Nossa Senhora: Maria é «Mãe do Evangelho vivente, manancial de alegria para os pequeninos» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 288), e creio não exagerar se dissermos que o sacerdote é uma pessoa muito pequena: a grandeza incomensurável do dom que nos é dado para o ministério relega-nos entre os menores dos homens. O sacerdote é o mais pobre dos homens, se Jesus não o enriquece com a sua pobreza; é o servo mais inútil, se Jesus não o trata como amigo; é o mais louco dos homens, se Jesus não o instrui pacientemente como fez com Pedro; o mais indefeso dos cristãos, se o Bom Pastor não o fortifica no meio do rebanho. Não há ninguém menor que um sacerdote deixado meramente às suas forças; por isso, a nossa oração de defesa contra toda a cilada do Maligno é a oração da nossa Mãe: sou sacerdote, porque Ele olhou com bondade para a minha pequenez (cf. Lc 1, 48). E, a partir desta pequenez, recebemos a nossa alegria.
Na nossa alegria sacerdotal, encontro três características significativas: uma alegria que nos unge (sem nos tornar untuosos, sumptuosos e presunçosos), uma alegria incorruptível e uma alegria missionária que irradia para todos e todos atrai a começar, inversamente, pelos mais distantes.
Uma alegria que nos unge. Quer dizer: penetrou no íntimo do nosso coração, configurou-o e fortificou-o sacramentalmente. Os sinais da liturgia da ordenação falam-nos do desejo materno que a Igreja tem de transmitir e comunicar tudo aquilo que o Senhor nos deu: a imposição das mãos, a unção com o santo Crisma, o revestir-se com os paramentos sagrados, a participação imediata na primeira Consagração... A graça enche-nos e derrama-se íntegra, abundante e plena em cada sacerdote. Ungidos até aos ossos... e a nossa alegria, que brota de dentro, é o eco desta unção.
Uma alegria incorruptível. A integridade do Dom – ninguém lhe pode tirar nem acrescentar nada – é fonte incessante de alegria: uma alegria incorruptível, a propósito da qual prometeu o Senhor que ninguém no-la poderá tirar (cf. Jo 16, 22). Pode ser adormentada ou sufocada pelo pecado ou pelas preocupações da vida, mas, no fundo, permanece intacta como o tição aceso dum cepo queimado sob as cinzas, e sempre se pode renovar. Permanece sempre actual a recomendação de Paulo a Timóteo: reaviva o fogo do dom de Deus, que está em ti pela imposição das minhas mãos (cf. 2 Tm 1, 6).
Uma alegria missionária. Sobre esta terceira característica, quero alongar-me mais convosco sublinhando-a de maneira especial: a alegria do sacerdote está intimamente relacionada com o povo fiel e santo de Deus, porque se trata de uma alegria eminentemente missionária. A unção ordena-se para ungir o povo fiel e santo de Deus: para baptizar e confirmar, para curar e consagrar, para abençoar, para consolar e evangelizar.
E, sendo uma alegria que flui apenas quando o pastor está no meio do seu rebanho (mesmo no silêncio da oração, o pastor que adora o Pai está no meio das suas ovelhas), é uma «alegria guardada» por este mesmo rebanho. Mesmo nos momentos de tristeza, quando tudo parece entenebrecer-se e nos seduz a vertigem do isolamento, naqueles momentos apáticos e chatos que por vezes nos assaltam na vida sacerdotal (e pelos quais também eu passei), mesmo em tais momentos o povo de Deus é capaz de guardar a alegria, é capaz de proteger-te, abraçar-te, ajudar-te a abrir o coração e reencontrar uma alegria renovada. «Alegria guardada» pelo rebanho e guardada também por três irmãs que a rodeiam, protegem e defendem: irmã pobreza, irmã fidelidade e irmã obediência.
A alegria sacerdotal é uma alegria que tem como irmã a pobreza. O sacerdote é pobre de alegrias meramente humanas: renunciou a tantas coisas! E, visto que é pobre – ele que tantas coisas dá aos outros –, a sua alegria deve pedi-la ao Senhor e ao povo fiel de Deus. Não deve buscá-la ele mesmo. Sabemos que o nosso povo é generosíssimo a agradecer aos sacerdotes os mínimos gestos de bênção e, de modo especial, os Sacramentos. Muitos, falando da crise de identidade sacerdotal, não têm em conta que a identidade pressupõe pertença. Não há identidade – e, consequentemente, alegria de viver – sem uma activa e empenhada pertença ao povo fiel de Deus (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 268). O sacerdote que pretende encontrar a identidade sacerdotal indagando introspectivamente na própria interioridade, talvez não encontre nada mais senão sinais que dizem «saída»: sai de ti mesmo, sai em busca de Deus na adoração, sai e dá ao teu povo aquilo que te foi confiado, e o teu povo terá o cuidado de fazer-te sentir e experimentar quem és, como te chamas, qual é a tua identidade e fazer-te-á rejubilar com aquele cem por um que o Senhor prometeu aos seus servos. Se não sais de ti mesmo, o óleo torna-se rançoso e a unção não pode ser fecunda. Sair de si mesmo requer despojar-se de si, comporta pobreza.
A alegria sacerdotal é uma alegria que tem como irmã a fidelidade. Não tanto no sentido de que seremos todos «imaculados» (quem dera que o fôssemos, com a graça de Deus!), dado que somos pecadores, como sobretudo no sentido de uma fidelidade sempre nova à única Esposa, a Igreja. Aqui está a chave da fecundidade. Os filhos espirituais que o Senhor dá a cada sacerdote, aqueles que baptizou, as famílias que abençoou e ajudou a caminhar, os doentes que apoia, os jovens com quem partilha a catequese e a formação, os pobres que socorre… todos eles são esta «Esposa» que o sacerdote se sente feliz em tratar como sua predilecta e única amada e ser-lhe fiel sem cessar. É a Igreja viva, com nome e apelido, da qual o sacerdote cuida na sua paróquia ou na missão que lhe foi confiada, é essa que lhe dá alegria quando lhe é fiel, quando faz tudo o que deve fazer e deixa tudo o que deve deixar contanto que permaneça no meio das ovelhas que o Senhor lhe confiou: «Apascenta as minhas ovelhas» (Jo 21, 16.17).
A alegria sacerdotal é uma alegria que tem como irmã a obediência. Obediência à Igreja na Hierarquia que nos dá, por assim dizer, não só o âmbito mais externo da obediência: a paróquia à qual sou enviado, as faculdades do ministério, aquele encargo particular... e ainda a união com Deus Pai, de Quem deriva toda a paternidade. Mas também a obediência à Igreja no serviço: disponibilidade e prontidão para servir a todos, sempre e da melhor maneira, à imagem de «Nossa Senhora da prontidão» (cf. Lc 1, 39: meta spoudes), que acorre a servir sua prima e está atenta à cozinha de Caná, onde falta o vinho. A disponibilidade do sacerdote faz da Igreja a Casa das portas abertas, refúgio para os pecadores, lar para aqueles que vivem na rua, casa de cura para os doentes, acampamento para os jovens, sessão de catequese para as crianças da Primeira Comunhão... Onde o povo de Deus tem um desejo ou uma necessidade, aí está o sacerdote que sabe escutar (ob-audire) e pressente um mandato amoroso de Cristo que o envia a socorrer com misericórdia tal necessidade ou a apoiar aqueles bons desejos com caridade criativa.
Aquele que é chamado saiba que existe neste mundo uma alegria genuína e plena: a de ser tomado pelo povo que uma pessoa alguém ama até ao ponto de ser enviada a ele como dispensadora dos dons e das consolações de Jesus, o único Bom Pastor, que, cheio de profunda compaixão por todos os humildes e os excluídos desta terra, cansados e abatidos como ovelhas sem pastor, quis associar muitos sacerdotes ao seu ministério para, na pessoa deles, permanecer e agir Ele próprio em benefício do seu povo.
Nesta Quinta-feira sacerdotal, peço ao Senhor Jesus que faça descobrir a muitos jovens aquele ardor do coração que faz acender a alegria logo que alguém tem a feliz audácia de responder com prontidão à sua chamada.
Nesta Quinta-feira sacerdotal, peço ao Senhor Jesus que conserve o brilho jubiloso nos olhos dos recém-ordenados, que partem para «se dar a comer» pelo mundo, para consumar-se no meio do povo fiel de Deus, que exultam preparando a primeira homilia, a primeira Missa, o primeiro Baptismo, a primeira Confissão... é a alegria de poder pela primeira vez, como ungidos, partilhar – maravilhados – o tesouro do Evangelho e sentir que o povo fiel volta a ungir-te de outra maneira: com os seus pedidos, inclinando a cabeça para que tu os abençoes, apertando-te as mãos, apresentando-te aos seus filhos, intercedendo pelos seus doentes... Conserva, Senhor, nos teus sacerdotes jovens, a alegria de começar, de fazer cada coisa como nova, a alegria de consumar a vida por Ti.
Nesta Quinta-feira sacerdotal, peço ao Senhor Jesus que confirme a alegria sacerdotal daqueles que têm muitos anos de ministério. Aquela alegria que, sem desaparecer dos olhos, pousa sobre os ombros de quantos suportam o peso do ministério, aqueles sacerdotes que já tomaram o pulso ao trabalho, reúnem as suas forças e se rearmam: «tomam fôlego», como dizem os desportistas. Conserva, Senhor, a profundidade e a sábia maturidade da alegria dos sacerdotes adultos. Saibam orar como Neemias: a alegria do Senhor é a minha força (cf. Ne 8, 10).
Enfim, nesta Quinta-feira sacerdotal, peço ao Senhor Jesus que brilhe a alegria dos sacerdotes idosos, sãos ou doentes. É a alegria da Cruz, que dimana da certeza de possuir um tesouro incorruptível num vaso de barro que se vai desfazendo. Saibam estar bem em qualquer lugar, sentindo na fugacidade do tempo o sabor do eterno (Guardini). Sintam a alegria de passar a chama, a alegria de ver crescer os filhos dos filhos e de saudar, sorrindo e com mansidão, as promessas, naquela esperança que não desilude.

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HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
CELEBRAÇÃO DO DOMINGO DE RAMOS
E DA PAIXÃO DO SENHOR
XXIX JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE.
DOMINGO, 13 DE ABRIL DE 2014
PRAÇA DE SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES

Esta semana começa com a festiva procissão dos ramos de oliveira: todo o povo acolhe Jesus. As crianças, os adolescentes cantam, louvam Jesus.
Mas esta semana continua com o mistério da morte de Jesus e da sua ressurreição. Ouvimos a Paixão do Senhor. Será bom refleitir apenas uma pergunta: Quem sou eu? Quem sou eu, face ao meu Senhor? Quem sou eu à vista de Jesus que entra festivamente em Jerusalém? Sou capaz de exprimir a minha alegria, de O louvar? Ou fico à distância? Quem sou eu, face a Jesus que sofre?
Escutamos muitos nomes, muitos nomes. O grupo dos líderes, alguns sacerdotes, alguns fariseus, alguns doutores da lei, que decidiram matá-Lo. Esperavam só a oportunidade boa para O prenderem. Sou eu como um deles?
Ouvimos também outro nome: Judas. Trinta moedas. Sou eu como Judas? Escutamos outros nomes: os discípulos que não entendiam nada, que adormeciam enquanto o Senhor sofria. A minha vida está adormecida? Ou sou como os discípulos, que não compreendiam o que era trair Jesus? Ou então como aquele discípulo que queria resolver tudo com a espada: sou eu como eles? Sou como Judas, que finge de amar e beija o Mestre para O entregar, para O trair? Sou eu um traidor? Sou eu como aqueles líderes que montam à pressa o tribunal e procuram testemunhas falsas: sou eu como eles? E, quando faço estas coisas – se é que as faço –, creio que, com isso, salvo o povo?
Sou eu como Pilatos? Quando vejo que a situação é difícil, lavo as mãos e não assumo a minha responsabilidade, condenando ou deixando condenar as pessoas?
Sou eu como aquela multidão que não sabia bem se estava numa reunião religiosa, num julgamento ou num circo, e escolhe Barrabás? Para ela tanto valia: era mais divertido, para humilhar Jesus.
Sou eu como os soldados, que batem no Senhor, cospem-Lhe em cima, insultam-No, divertem-se com a humilhação do Senhor?
Sou eu como Simão de Cirene que voltava do trabalho, cansado, mas teve a boa vontade de ajudar o Senhor a levar a cruz?
Sou eu como aqueles que passavam diante da Cruz e escarneciam de Jesus: «Era tão corajoso! Desça da cruz e nós acreditaremos n’Ele!». Escarnecem de Jesus...
Sou eu como aquelas mulheres corajosas, e como a Mãe de Jesus, que estavam lá e sofriam em silêncio?
Sou eu como José, o discípulo oculto, que leva o corpo de Jesus, com amor, para Lhe dar sepultura?
Sou eu como as duas Marias que permanecem junto do sepulcro chorando, rezando?
Sou eu como aqueles líderes que, no dia seguinte, foram ter com Pilatos para lhe dizer: «Olha que Ele afirmava que havia de ressuscitar. Não queremos mais enganos!» e bloqueiam a vida, bloqueiam o sepulcro para defender a doutrina, para que a vida não irrompa?
Onde está o meu coração? Com qual destas pessoas me pareço? Que esta pergunta nos acompanhe durante toda a semana.

HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
A VIDA CRISTÃ É UMA LUTA CONTRA O MAL,
SENDO PRECISO FICAR ATENTO PARA NÃO
CAIR EM TENTAÇÕES.
SEXTA-FEIRA, 11 DE ABRIL DE 2014
CASA DE SANTA MARTA
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES

A partir do Evangelho aprende-se a lutar contra as tentações, porque o diabo não quer a santidade, e a vida cristã é uma luta contra o mal.
A vida de Jesus foi uma luta e Ele veio para vencer o mal. O foco de toda a homilia foi a luta contra o demônio, uma luta que cada cristão deve enfrentar, uma verdade que todo cristão deve conhecer se quiser seguir Jesus, que sofreu tantas tentações e perseguições.
Uma vez que não quer ver a santidade humana, o diabo apresenta tentações ao homem e procura afastá-lo do caminho de Jesus. Francisco explicou três características dessas tentações, que constituem o modo como elas agem. “A tentação começa livremente, mas cresce, sempre cresce. Segundo: cresce e contamina o outro. Por fim, para tranquilizar a alma, se justifica, cresce, contamina e se justifica”.
Como exemplo, o Santo Padre citou as fofocas, que começam com a inveja do outro. Depois, a pessoa sente a necessidade de partilhar essa inveja com alguém. Esse é o mecanismo da fofoca, e todos são tentados a fazer isso. “Talvez alguns de vocês não sejam tentados a isso, se forem santos; mas também eu sou tentado a fofocar! É uma tentação cotidiana que começa suavemente como um fio de água. Cresce por contágio e, ao fim, se justifica”.
O Santo Padre mencionou ainda algumas tentações que Jesus sofreu, como aquela de jogar-se do Templo. A tentação cresceu, envolveu outras pessoas e, por fim, se justificou. Quando Jesus pregou na Sinagoga, por exemplo, seus inimigos desmereceram-No, disseram que ele não tinha estudado, não tinha autoridade para falar. “A tentação envolveu todos contra Jesus. E o ponto mais alto da justificativa foi aquele do sacerdote, quando diz: ‘Não sabem que é melhor que um homem morra para salvar o povo?”.
O Santo Padre destacou a necessidade de estar atento para não cair em tentações e acabar fazendo coisas que destroem as pessoas. “Se um fio de água não é parado no momento certo, pode se transformar em uma maré”, alertou Francisco.
“Todos somos tentados, porque a lei da vida espiritual, a nossa vida cristã, é uma luta. O príncipe deste mundo – o diabo – não quer a nossa santidade, não quer que sigamos Cristo. Alguém de vocês, talvez, não sei, possa dizer: ‘Mas, padre, que antigo o senhor é, falar de diabo no século XXI!’. Mas vejam bem que o diabo existe! Mesmo no século XXI! E não devemos ser ingênuos. Temos de aprender com o Evangelho como se faz a luta contra o diabo”.


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
A DITADURA DO PENSAMENTO ÚNICO
MATA A LIBERDADE DOS POVOS, 
FECHA A MENTE E O CORAÇÃO 
DELES À MENSAGEM DE DEUS.
QUINTA-FEIRA, 10 DE ABRIL DE 2014
CASA DE SANTA MARTA
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES
 A “ditadura” do pensamento único.  é uma problema existente ainda hoje, que mata a liberdade dos povos e das consciências, sendo necessário rezar e vigiar.
Deus promete a Abraão que o tornará pai de multidões de nações, mas ele e sua descendência deverão observar a aliança com Deus. A homilia do Papa partiu da Primeira Leitura do dia para explicar o fechamento dos fariseus à mensagem de Jesus. O erro deles, segundo Francisco, foi pensar que tudo se resolveria com a observância dos mandamentos, mas estes não são uma “lei fria”, mas sim indicações que ajudam a não errar no caminho para encontrar Cristo.
Segundo Francisco, esse fechamento da mente e do coração não dá lugar a Deus, somente ao pensamento próprio. Isso impossibilita acolher a mensagem de novidade trazida por Jesus. Trata-se de um pensamento que não está aberto ao diálogo, à possibilidade de que Deus fale e diga como é o seu caminho.
“Este povo não tinha escutado os profetas e não escutava Jesus. É algo mais que uma simples teimosia, é a idolatria do próprio pensamento. ‘Eu penso assim, isto deve ser assim e nada mais’. Este povo tinha um pensamento único e o queria impor ao povo de Deus, por isso Jesus o repreendeu”.
O Papa destacou que, no século passado, as ditaduras do pensamento único mataram muita gente, e, ainda hoje, existe essa idolatria. É a mesma coisa que acontecia antigamente: pegam-se pedras para apedrejar a liberdade dos povos, das consciências, da relação do povo com Deus e, novamente, Jesus é crucificado.
“A exortação do Senhor diante dessa ditadura é a mesmo de sempre: vigiar e rezar, não ser bobo, não comprar coisas que não servem e ser humilde, rezar para que o Senhor sempre nos dê a liberdade do coração aberto para receber a Sua Palavra, que é promessa, alegria e aliança! E com essa aliança seguir adiante”.


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
A CRUZ NÃO É UM ORNAMENTO,
É O MISTÉRIO DO AMOR DE DEUS.
SEGUNDA-FEIRA, 8 DE ABRIL DE 2014
CASA DE SANTA MARTA
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES


Em caminho no deserto, o povo murmurava contra Deus e contra Moisés. Mas quando o Senhor lhes mandou serpentes o povo admitiu o seu pecado e pediu um sinal de salvação. O Papa Francisco tomou a Primeira Leitura tirada do Livro dos Números, para refletir sobre a morte no pecado. E sublinhou que Jesus no Evangelho do dia alerta os fariseus dizendo-lhes: ‘Morrereis no vosso pecado’:
“Não há possibilidade de sair sozinhos do nosso pecado. Não há possibilidade. Estes doutores da lei, estas pessoas que ensinavam a lei não tinham uma ideia clara sobre isto. Acreditavam, sim, no perdão de Deus, mas sentiam-se fortes, auto-suficientes, sabiam tudo.”
 O cristianismo se não se perceber a humilhação profunda do Filho de Deus. Porque o cristianismo não é uma doutrina filosófica...“O cristianismo não é uma doutrina filosófica, não é um programa de vida para sobreviver, para ser educados, para fazer a paz. Estas são consequências. O cristianismo é uma pessoa, uma pessoa erguida, na Cruz, uma pessoa que se aniquilou a sí própria para nos salvar; fez-se pecado. E assim como no deserto foi erguido o pecado, aqui foi erguido Deus, feito homem e feito pecado por nós. E todos os nossos pecados estavam ali. Não se percebe o cristianismo sem se perceber esta humilhação profunda do Filho de Deus, que humilhou-se a si próprio fazendo-se servo até à morte de Cruz, para servir.”
A Cruz de Cristo não é um ornamento mas o mistério do Amor de Deus:“Não é um ornamento, que nós devemos meter sempre nas igrejas sobre o altar. Não é um símbolo que se distingue dos outros. A Cruz é o mistério, o mistério do amor de Deus, que se humilha a si próprio, faz-se um nada, faz-se pecado.”
“... o perdão que nos dá Deus são as chagas do seu Filho na Cruz, erguido na Cruz. Que Ele nos atraia para Si e que nós nos deixemos curar.” 






HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
A MISERICÓRDIA DE DEUS É UM CARINHO
NA FERIDA DO PECADO.
SEGUNDA-FEIRA, 7 DE ABRIL DE 2014
CASA DE SANTA MARTA
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES


A misericórdia divina é como uma grande luz de amor e de ternura, um carinho de Deus nas feridas dos pecados do homem.
mulher adúltera perdoada deu ao Papa a oportunidade de explicar o que é a misericórdia de Deus. Francisco recordou que o matrimônio é o símbolo e uma realidade humana da relação fiel do Senhor com o Seu povo, de forma que o adultério suja essa relação.
Na passagem evangélica, escribas e fariseus perguntam a Jesus o que fazer com aquela mulher adúltera (na época, a lei previa o apedrejamento), mas o fazem para ter motivo de acusá-Lo. “Se Jesus tivesse dito ‘sim, sim, sigam adiante com o apedrejamento’, teriam dito ao povo ‘este vosso mestre é tão bom, vejam o que ele fez com essa pobre mulher!’. E se Jesus tivesse dito: ‘Não, pobrezinha, perdoem-na!’, teriam dito que Ele não cumpria a lei”.
Diante da resposta de Jesus – “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”–, aquelas pessoas foram embora uma a uma, começando pelos mais velhos. Ao ficar sozinha com Jesus, a mulher reconheceu o seu pecado e Ele a perdoou. Segundo o Papa, nesta passagem, há algo que vai além do perdão.
“Jesus passa a lei e vai além. Não lhe diz: ‘Não é pecado o adultério!’. Não diz isso! Mas não a condena com a lei. E este é o mistério da misericórdia de Jesus. A misericórdia é algo difícil de entender”.

A misericórdia não apaga os pecados, pois quem faz isso é o perdão de Deus, mas é o modo como Deus perdoa. Jesus poderia ter dito simplesmente “Eu te perdoo. Vá!”, mas opta por dizer “Vá em paz” e aconselha a mulher a não pecar mais.

“A misericórdia vai além, faz a vida de uma pessoa de tal modo que o pecado é colocado à parte. É como o céu. Nós olhamos para ele e vemos tantas estrelas, mas quando vem o sol, pela manhã, com tanta luz, não as vemos mais. Assim é a misericórdia divina: uma grande luz de amor, de ternura. Deus perdoa não com um decreto, mas com um carinho, acariciando as nossas feridas do pecado. É grande a misericórdia de Deus, é grande a misericórdia de Jesus. Ele nos perdoa e nos acaricia.”



HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
NÃO TENHAM MEDO DE SER PERSEGUIDOS
POR CAUSA DA FÉ.
SEXTA-FEIRA, 4 DE ABRIL DE 2014
CASA DE SANTA MARTA
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES

Quando se anuncia o Evangelho, vai-se ao encontro das perseguições. Hoje, talvez, haja mais mártires que nos primeiros tempos da Igreja, e exortou os fiéis a não terem medo de incompreensões e perseguições.
O coração dos ímpios que se afastam de Deus querem apropriar-se da religião. Os inimigos de Jesus preparam-lhe armadilhas, porque Ele se opunha às suas ações. Em toda a história da salvação, os profetas foram perseguidos.
“O Evangelho de hoje é claro, não? Jesus se escondia, nesses últimos dias, porque ainda não tinha chegado a Sua hora, mas Ele sabia qual seria o Seu fim. Ele foi perseguido desde o início. Recordemos quando, no começo de Sua pregação, Ele volta ao Seu país, vai à sinagoga e prega; logo depois de uma grande admiração, as pessoas começam a dizer: ‘Mas este sabemos de onde é. Este é um de nós. Mas com que autoridade vem nos ensinar? Onde estudou?’”, lembrou o Papa.
Isso acontecia, porque Jesus saía e fazia sair daquele ambiente religioso fechado, daquela gaiola. O profeta luta contra as pessoas que engaiolam o Espírito Santo; são perseguidos ou incompreendidos, deixados de lado. E essa situação não terminou com a Morte e Ressurreição de Cristo, mas continuou na Igreja. Há santos, que foram submetidos a tantas perseguições e incompreensões, porque foram profetas.
“Todas as pessoas que o Espírito Santo escolhe para dizer a verdade ao povo de Deus sofrem perseguições. E Jesus é justamente o modelo, o ícone. Ainda hoje, os cristãos são perseguidos. Ouso dizer que há tantos ou mais mártires agora do que nos primeiros tempos, porque a esta sociedade mundana, a esta sociedade um pouco tranquila, que não quer problemas, dizem a verdade, anunciam Jesus Cristo”.
Francisco recordou a situação de tantos cristãos que vivem em países nos quais é proibido manifestar a fé. Ele contou que um católico que mora em um desses países lhe disse que não se pode rezar juntos, somente sozinho e escondido. Para celebrar a Eucaristia, fingem que estão em uma festa de aniversário e ali celebram o sacramento e, quando vêem os policiais chegarem, escondem tudo e continuam com a festa.
Essa história de perseguição, segundo o Papa, é o caminho daqueles que seguem o Senhor, um caminho que termina sempre como Ele: com a Ressurreição, mas passando pela cruz. O Santo Padre dirigiu seu pensamento ao padre Matteo Ricci, evangelizador na China, que não foi compreendido, mas obedeceu como fez Jesus.
“Sempre existirão perseguições, incompreensões! Mas Jesus é o Senhor e este é o desafio e a cruz da nossa fé! Que o Senhor nos dê a graça de seguir pelo seu caminho mesmo se isso acontece com a cruz das perseguições”.



HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
A ORAÇÃO DEVE SER LIVRE E
INSISTENTE.
É UM DIÁLOGO SINCERO 
ENTRE AMIGOS.
QUINTA-FEIRA, 3 DE ABRIL DE 2014
CASA DE SANTA MARTA
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES


A oração muda o coração, porque faz conhecer melhor como Deus realmente é.
diálogo de Moisés com Deus no Monte Sinai esteve no centro da homilia de Francisco. Deus quer punir o Seu povo por ter feito um ídolo, o bezerro de ouro, mas Moisés reza com força e pede que Ele repense.
“Essa oração é uma verdadeira luta com Deus. Uma luta do líder para salvar o seu povo, que é o povo de Deus. E Moisés fala livremente diante do Senhor e nos ensina como rezar, sem medo, livremente, também com insistência. Moisés insiste. É corajoso. A oração deve ser também um ‘negociar’ com Deus, levando argumentações”.
No fim, Moisés convence o Senhor, que desiste do castigo com o qual havia ameaçado o povo. O Papa então se questiona: quem mudou de opinião? “Não creio que seja o Senhor”, disse. Quem mudou foi Moisés, porque ele acreditava que Deus destruiria o seu povo e busca, na sua memória, as coisas boas que havia feito para ele, como libertá-lo da escravidão do Egito, e levado avante a Sua promessa. E com essas argumentações, tenta convencer Deus. Todavia, nesse processo, ele encontra a misericórdia divina.
Moisés sabia de tudo isso, mas não estava plenamente consciente; na oração, redescobriu esse aspecto. O Pontífice explicou que é isso o que a oração faz, ela muda o coração, faz entender melhor como é Deus.
“Mas para isso é importante falar com o Senhor, não com palavras vazias, mas com a realidade: ‘Olha, Senhor, que estou com esse problema na família, com meu filho… O que se pode fazer? Olha, o Senhor não pode me deixar assim’. Essa é a oração!”, disse o Papa, recordando que rezar toma tempo, pois é o tempo necessário para conhecer melhor Deus, como se faz com um amigo (…) Que o Senhor dê a todos nós a graça, porque rezar é uma graça”, concluiu.




HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
CELEBRAÇÃO PENITENCIAL
SEXTA-FEIRA, 28 DE MARÇO DE 2014
BASÍLICA DE SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES

Caros irmãos e irmãs,
No período da Quaresma, a Igreja, em nome de Deus, renova o apelo à conversão. É um chamado a mudar de vida. Converter-se não é questão de um momento ou de um período do ano, é um empenho para toda a vida. Quem entre nós pode presumir não ser um pecador? Ninguém. Escreve o Apóstolo João: “Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós. Se confessamos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados  e nos purificar de toda iniquidade”(1 Jo 1,8-9). É o que acontece também nesta celebração e durante toda a jornada penitencial. A Palavra de Deus que ouvimos nos introduz em dois elementos essenciais da vida cristã.
O primeiro: Revestir-nos do homem novo. O homem novo, “criado segundo Deus” (Ef 4,24), nasce no batismo, momento em que se recebe a própria vida de Deus, que nos torna Seus filhos e nos incorpora a Cristo e Sua Igreja. Essa vida nova permite olhar a realidade com outros olhos, sem nos distrair com as coisas que não são importantes e não duram. Por isso, somos chamados a abandonar os comportamentos pecaminosos e fixar o olhar sobre o essencial. “O homem vale mais por aquilo que é do que por aquilo que tem” (Gaudium et Spes, 35). Eis a diferença entre a vida deformada pelo pecado e a vida iluminada pela graça. Do coração do homem, renovando por Deus, provêm os bons comportamentos: falar sempre com verdade e evitar sempre qualquer mentira; não roubar, mas compartilhar aquilo que possui com os outros, principalmente com quem passa necessidade; não ceder à ira, ao rancor e à vingança, mas ser manso, magnânimo e pronto ao perdão, não ceder à maledicência que corrói a boa fama das pessoas, mas olhar sempre o lado positivo de todos.
O segundo elemento: Permanecer no amor. O amor de Jesus Cristo dura para sempre, não terá jamais fim, porque é a própria vida de Deus. Esse amor vence o pecado e nos dá forças para nos levantarmos e recomeçarmos, porque com o perdão o coração se renova e se revigora. O nosso Pai nunca se cansa de amar, e Seus olhos não se cansam de olhar para a estrada de casa para ver se o filho que se foi e se perdeu está retornando. E esse Pai não se cansa nem mesmo de amar o outro filho que, mesmo permanecendo sempre em casa com ele, todavia,  não é participante de Sua misericórdia , de Sua compaixão. Deus não é somente a origem do amor, mas, em Jesus Cristo, Ele nos chama a imitar o Seu próprio modo de amar: “Como eu vos amei, amai-vos também vós uns aos outros” (Jo 13,34). Na medida em que os cristãos vivem este amor, tornam-se, no mundo, discípulos de credibilidade de Cristo. O amor não pode suportar permanecer fechado em si mesmo. Por sua própria natureza é aberto, difunde-se e é fecundo, gera sempre novo amor.
Caros irmãos e irmãs, após esta celebração, muitos de vós serão missionários para propor aos outros a experiência da reconciliação com Deus. “24 horas para o Senhor” é a iniciativa que tantas dioceses no mundo aderiram. Aos que vocês encontrarem, comuniquem a alegria de receber o perdão do Pai e reencontrar a amizade com Ele. Quem experimenta a Misericórdia Divina é impulsionado a se torna artífice da misericórdia entre os últimos e mais pobres. Nestes “pequenos irmãos” Jesus nos espera (conf. Mt 25,40). Vamos ao encontro d’Ele e celebremos a Páscoa na alegria de Deus !


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
O AMOR DE DEUS PELA HUMANIDADE
É TÃO GRANDE QUE DEUS É O PRIMEIRO
A CUMPRIR O MANDAMENTO DO AMOR, 
POIS ELE AMA, NÃO SABE FAZER OUTRA 
COISA.
SEXT-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2014
CASA DE SANTA MARTA
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES

“Deus ama, não sabe fazer outra coisa.” Deus sempre espera pelo homem e o perdoa, pois é o Senhor da misericórdia, que faz festa quando o ser humano volta para Ele.
Deus fala com ternura mesmo quando convida o homem à conversão. Há a exortação do Pai que diz ao filho: “Volta! é hora de voltar para casa”.
“É o coração do nosso Pai. Assim é Deus: não se cansa, não se cansa! E por tantos séculos fez isso, com tanta apostasia do povo. E Ele sempre volta, porque o nosso Deus espera. Ele é fiel à Sua promessa, porque não pode renegar a si mesmo. E assim esperou por todos nós ao longo da história”.
Francisco referiu-se, então, à parábola do filho pródigo para falar da misericórdia de Deus, que sempre espera o homem de braços abertos. Mesmo se a pessoa cometeu pecados, ela pode se dirigir a Deus e, assim, conhecerá a sua ternura.
“Somos nós que nos cansamos de pedir perdão, mas Ele não se cansa de nós. Setenta e sete vezes, sempre adiante com o perdão. E do ponto de vista de uma empresa, o balanço é negativo. Ele sempre perde! Perde no balanço das coisas, mas vence no amor”.
Isso acontece, porque Deus é o primeiro a cumprir o mandamento do amor. “Ele ama, não sabe fazer outra coisa”. Os milagres que Jesus fazia eram sinais do grande milagre que Ele pode fazer com o ser humano a cada dia, quando este tem a coragem de se levantar e seguir na direção do Senhor.
“A vida de cada pessoa, de cada homem e de cada mulher que tiver a coragem de se aproximar do Senhor encontrará a alegria da festa de Deus. Que esta palavra nos ajude a pensar em nosso Pai, Aquele que nos espera sempre, que nos perdoa sempre e que faz festa quando voltamos para Ele”.


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
DIA DA ANUNCIAÇÃO
SALVAÇÃO É DOM PARA SE PERCEBER 
COM CORAÇÃO HUMILDE.
TERÇA-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2014
CASA DE SANTA MARTA
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES

O Senhor está em caminho conosco para amolecer o nosso coração. Santo Padre falou Da necessidade de ter  um coração humilde como o de Maria se pode aproximar de Deus. A salvação não se compra e não se vende: é um presente.
Para onde nos leva a soberba do coração? Adão e Eva cedendo à sedução de satanás, acreditaram ser como Deus. Aquele “orgulho suficiente” foi tanto que se afastaram do Paraíso. Mas Deus não os deixou caminhar sozinhos e faz a eles uma promessa de redenção.
“O Senhor acompanhou a humanidade neste longo caminho. Fez um povo. Estava com ele. E aquele caminho que começou com uma desobediência acabou com uma obediência”, disse o Papa referindo-se a Maria, que deu o seu ‘sim’ a Deus.
Deus caminha com o Seu povo com tanta ternura para amolecer o coração do homem, a fim de que este receba a promessa que Ele fez no Paraíso. Por um homem entrou o pecado no mundo; por outro homem veio a salvação. Este caminho tão longo, segundo o Papa, ajudou o homem a ter um coração mais humano, mais próximo a Deus, não tão orgulhoso, não tão suficiente. Hoje, a liturgia fala da obediência, da docilidade à Palavra de Deus.
“A salvação não se compra, não se vende; é um presente. É gratuita. Não podemos nos salvar por nós mesmos, a salvação é um presente, é totalmente gratuito (…) Para entrar em nós, esta salvação pede somente um coração humilde, um coração dócil, um coração obediente como o de Maria”.
O caminho de humildade significa, simplesmente, dizer: “eu sou homem, eu sou mulher e o Senhor é Deus”, e seguir adiante na presença de Deus.
“Olhemos para o ícone de Eva e Adão, olhemos para o ícone de Maria e Jesus, olhemos o caminho da história com Deus que caminha com o Seu povo. E digamos: ‘Obrigado! Obrigado, Senhor, porque, hoje, Tu dizes a nós que nos deu a salvação’. Hoje, é um dia para dar graças ao Senhor”.


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
O CAMINHO DA HUMILDADE PARA
 ALCANÇAR A SALVAÇÃO.
SEGUNDA-FEIRA, 24 DE MARÇO DE 2014
CASA DE SANTA MARTA
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES


Partindo do Evangelho do dia, Santo Padre explicou que Deus salva o homem justamente em seus erros, motivo pelo qual é preciso ser humilde
O que nos salva não é a nossa segurança de observar os mandamentos, mas a humildade de ter sempre necessidade de ser curado por Deus. Esta foi, em síntese, a reflexão do Papa Francisco na Missa presidida, nesta segunda-feira, 24, na Casa Santa Marta.
“Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”. Jesus dirige aos Seus conterrâneos, os moradores de Nazaré, junto aos quais não podia realizar milagres, porque eles não tinham fé.
Francisco citou os dois episódios recordados por Jesus: o milagre da cura da lepra de Naamã, o sírio, e o encontro do profeta Elias com a viúva de Sarepta. Naquela época, os leprosos e as viúvas eram marginalizados, mas esses dois, acolhendo os profetas, foram salvos. Em vez disso, os moradores de Nazaré não aceitavam Jesus, porque estavam tão seguros em sua fé e na observância dos mandamentos que não tinham necessidade de outra salvação.
Trata-se do “drama da observância dos mandamentos”, o que acontece sem fé. É uma atitude de pensar que é possível salvar a si mesmo, indo à sinagoga e obedecendo aos mandamentos. Mas Francisco lembrou a necessidade de humildade.
“Jesus nos diz: ‘Mas, veja, se você não se marginaliza, não se sente à margem, não terá salvação’. Esta é a humildade, o caminho da humildade: sentir-se tão marginalizado a ponto de precisar da salvação do Senhor. Somente Ele salva, não a nossa observância dos preceitos. Mas isso não os agradou, ficaram irritados e quiseram matá-Lo”.
Essa mesma irritação atingiu inicialmente Naamã, lembrou o Papa, porque ele achou ridículo e humilhante o convite para que se banhasse sete vezes no rio Jordão, a fim de ser curado da lepra.  Deus pediu-lhe um gesto de humildade e, quando ele aceitou, foi curado. “Esta é a mensagem de hoje, terceira semana da Quaresma: se nós queremos ser salvos, devemos escolher o caminho da humildade”, disse Francisco.
Outro exemplo dado pelo Santo Padre foi o de Maria, que, no seu cântico, diz que é feliz não porque Deus olhou para sua virgindade, bondade e doçura, mas porque olhou a humildade de sua serva.
“É para isso que o Senhor olha. E devemos aprender essa sabedoria de nos marginalizarmos para que o Senhor nos encontre. Não nos encontrará no centro das nossas seguranças; ali o Senhor não vai. Ele nos encontrará na marginalização, nos nossos pecados, nos nossos erros, nas nossas necessidades de sermos curados espiritualmente, de sermos salvos. (…) Peçamos a graça de ter essa sabedoria de nos marginalizarmos, a graça da humildade para receber a salvação do Senhor.”


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
OBEDECER A PALAVRA DE DEUS
SEXTA-FEIRA, 21 DE MARÇO DE 2014
CASA DE SANTA MARTA
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES


Santo Padre falou das atitudes necessárias para não nos apropriarmos da Palavra de Deus, mas sim ouvi-la e obedecê-la.
Para não “matar”, no coração, a Palavra de Deus, é necessário ser humilde e capaz de rezar. Essas são duas atitudes indicadas pelo Papa Francisco.
Se um cristão não é humilde e não reza, pode se apropriar da Palavra de Deus e configurá-la ao próprio gosto. As reflexões partiram do Evangelho do dia, em que Jesus conta a parábola dos vinhateiros que mataram os servos e o filho do patrão para tomarem posse da herança. O relato foi uma forma de Jesus mostrar a que ponto se chega por não ter o coração aberto à Palavra de Deus.
“Este é o drama deste povo, e também o nosso drama! Apropriaram-se da Palavra de Deus, e esta se tornou palavra deles, uma palavra segundo os seus interesses, as suas ideologias e teologias… a seu serviço. E cada um a interpreta segundo a própria vontade, segundo o próprio interesse. Este é o drama deste povo. E para conservar isso, mata. Isso aconteceu com Jesus”.
Os chefes dos sacerdotes e dos fariseus entenderam que a parábola se referia a eles e então procuravam matar Jesus. Assim, a Palavra de Deus se torna morta, aprisionada. E é exatamente isso que acontece com o homem quando ele não se abre à novidade da Palavra e não a obedece, explicou Francisco.
O Papa lembrou, contudo, que ainda há esperança, pois a Palavra de Deus morreu no coração desse povo e pode morrer também no coração do homem de hoje, mas não acaba porque está viva no coração das pessoas simples, humildes, do povo de Deus. Apesar do desejo de matar Jesus, os fariseus tinham medo da multidão que considerava Jesus um profeta.
“Aquela multidão simples, que seguia o Senhor, porque aquilo que Ele dizia fazia bem ao seu coração, a aquecia e não a fazia errar, não usava a Palavra de Deus para o próprio interesse, pois ela a ouvia e procurava ser um pouco melhor”.
Na conclusão, o Papa falou das atitudes que os fiéis devem ter para não matar os ensinamentos de Jesus: humildade e oração.
“Com humildade e oração seguimos adiante para escutar a Palavra de Deus e obedecê-la. E assim não acontecerá conosco aquilo que aconteceu a este povo: não mataremos para defender a Palavra, aquela na qual nós acreditamos, mas que está totalmente alterada por nós”.




HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
O DEVER DE TODO CRISTÃO É 
ALIMENTAR A PRÓPRIA FÉ.
ESCUTAR JESUS, OLHAR PARA 
JESUS E ORAR TORNA MAIS 
FORTE A FÉ.
DOMINGO, 17 DE MARÇO DE 2014
IGREJA DE SANTA MARIA
NORDESTE DE ROMA
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES

Deve-se escutar Jesus para tornar mais forte a fé, e olhar para Jesus para preparar os olhos para a bela contemplação da sua face. O Papa, no dia do Evangelho da Transfiguração, recordou aos fiéis o primeiro deve dos cristãos:

Quais são os deveres do cristão? Eventualmente me direis: ir à Missa nos domingos; fazer o jejum e a abstinência na Semana Santa; fazer isso… Mas, o primeiro dever do cristão é escutar a Palavra de Deus, escutar Jesus, porque Ele nos fala e nos salva com a sua Palavra. E Ele faz também mais robusta e mais forte a nossa fé, com aquela Palavra. Escutar Jesus! “Mas, Padre, eu escuto Jesus, escuto-o tanto”. “Sim? O que é que escutas?”. “Mas escuto a rádio, escuto a televisão, escuto o palavreado das pessoas…”. escreveu: tantas as coisas que nós escutamos durante o dia, tantas coisas… Mas faço-vos uma pergunta: tomamos um pouco de tempo, cada dia, para escutar Jesus, para escutar a Palavra de Jesus?


Como dissera já ao Angelus, o Papa sugeriu um modo de alimentar a fé, todos os dias: trazendo sempre consigo um Evangelho, lendo todos os dias uma passagem, para fazer entrar a palavra de Jesus no coração e nos revigorar na fé.
O Santo Padre passou em seguida à segunda das duas graças que se pedem, na oração: a graça da purificação dos olhos, dos olhos no nosso espírito, para os preparar para a vida eterna:

"Eu sou convidado a escutar Jesus e Jesus manifesta-se, e com a sua Transfiguração convida-nos a olhar para Ele. E olhar para Jesus purifica os nossos olhos e prepara-os para a vida eterna, para a contemplação do Céu. Talvez os nossos olhos estão um tanto quanto doentes, porque vemos tantas coisas que não são de Jesus, e que eventualmente são contra Jesus: coisas mundanas, coisas que não fazem bem à luz da alma. E assim essa luz apaga-se lentamente e, sem saber, acabamos por cair na escuridão interior, na escuridão espiritual, na escuridão da fé: uma escuridão, porque não estamos habituados a olhar, a imaginar as coisas de Jesus."






HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
O ESTILO DO CRISTÃO É HUMILDADE,
MANSIDÃO E GENEROSIDADE.
É UM CAMINHO QUE PASSA PELA CRUZ,
COMO FEZ JESUS E É UM CAMINHO
QUE LEVA A ALEGRIA.
QUINTA-FERIA, 6 DE MARÇO DE 2014
CAPELA DE SANTA MARTA
CIDADE DO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES


“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, a cada dia, e siga-me”. Segundo o Papa, esse é o “estilo cristão”, porque foi Jesus quem primeiro percorreu este caminho.
“Nós não podemos pensar a vida cristã fora deste caminho que Ele fez primeiro: o caminho da humildade, da humilhação, de aniquilar a si mesmo e depois ressurgir. O estilo cristão sem a cruz não é cristão, e se a cruz é uma cruz sem Jesus, não é cristã.”
Jesus deu o primeiro exemplo. Mesmo sendo igual a Deus, aniquilou-se, fez-se servo por todo o povo. Este estilo de vida é o que trará a salvação, dará alegria e tornará o homem fecundo. “Porque este caminho de renunciar a si mesmo é para dar vida, é contra o caminho do egoísmo”
Seguir Jesus é alegria, mas fazer isso com o estilo de Cristo, não com o estilo do mundo. Seguir o estilo cristão significa percorrer o caminho de Deus, cada um como pode, para dar vida aos outros, não para dar vida a si mesmo. É o espírito da generosidade”. O nosso egoísmo nos impele a querer aparecer importantes diante dos outros. Desejar ser desconhecido e tido por nada’. É a humildade cristã; foi o que Jesus fez, antes de todos”:
E esta é a nossa alegria e fecundidade: caminhar com Jesus. Outras alegrias não são fecundas; pensam exclusivamente – como diz o Senhor – em conquistar o mundo inteiro, mas no fim, perdem e arruínam a vida. 
“No início da Quaresma, peçamos ao Senhor que nos ensine um pouco deste estilo cristão de serviço, de alegria, de aniquilação de nós mesmos e de fecundidade com Ele, como Ele a quer”.





HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEGUNDA-FERIA, 3 DE MARÇO DE 2014
REZAR PELA VOCAÇÕES PARA QUE DEUS MANDE SACERDOTES E RELIGIOSAS COM O CORAÇÃO ENTREGUE A ELE, LIVRES DA IDOLATRIA, DE VAIDADE, DO PODER E DO DINHEIRO.
CAPELA DE SANTA MARTA
CIDADE DO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ

FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL

O Pontífice , a partir da liturgia do dia, falou da figura do jovem que apresentou-se a Jesus e perguntou o que era necessário para ser perfeito e a ele é feita a proposta de vender tudo, dar ao pobres e ser discípulo. Porém, o jovem entristeceu-se pois tinha muitos bens.
“Seu coração inquieto, por causa do Espírito Santo que o impelia a aproximar-se de  Jesus e segui-lo,  era um coração cheio, e ele não teve coragem de esvaziá-lo. Ele fez a escolha: o dinheiro.  Ele era um homem bom, nunca roubou, nunca! Nunca traiu: era dinheiro honesto. Mas seu coração estava preso lá, ele era apegado ao dinheiro e não teve a liberdade de escolher. O dinheiro escolheu por ele”.
Nos dias de hoje muitos jovens são chamados ao seguimento de Jesus, mas não têm a coragem de deixar tudo e segui-Lo. A alegria que a princípio os impulsiona a aproximar-se de Jesus, torna-se tristeza, pois há algo que o paralisa e não os deixa seguir o Mestre.
“Devemos rezar para que o coração destes jovens possa esvaziar-se, esvaziar-se  de outros interesses, outros amores, para que eles sejam livres. E esta é a oração pelas vocações: “Senhor, envie freiras, envie sacerdotes e defenda-os da idolatria, da idolatria da vaidade, do orgulho, da idolatria do poder e do dinheiro”.
Por fim, o Papa pediu orações pelas vocações, de modo que o “Senhor possa entrar nos corações  e dotar-lhes da  alegria indizível daqueles que  seguem Jesus de perto”.




HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
TERÇA-FERIA, 4 DE MARÇO DE 2014
A CRUZ SEMPRE ESTÁ NO CAMINHO DO CRISTÃO.
A VIDA CRISTÃ NÃO É UMA VANTAGEM COMERCIAL, MAS SEGUIR JESUS.
CAPELA DE SANTA MARTA
CIDADE DO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL



Jesus tinha acabado de falar sobre o perigo das riquezas e Pedro perguntou-lhe o que receberiam os discípulos que haviam deixado tudo para segui-Lo. O Papa partiu dessa questão, narrada no Evangelho do dia, para destacar a generosidade de Jesus, que garante cem vezes mais àqueles que tudo deixaram para segui-Lo, mas acrescenta que, junto a isso, haverá perseguições.
“É como se dissesse: ‘Sim, vocês deixaram tudo e receberão aqui na terra tantas coisas: mas com a perseguição!’. Como uma salada com óleo da perseguição: sempre! Este é o ganho do cristão e este é o caminho daquele que quer seguir Jesus, porque é o caminho que Ele fez: Ele foi perseguido! É o caminho do rebaixamento. Aquilo que Paulo diz ao Filipenses: ‘Rebaixou-se. Fez-se homem e rebaixou-se até a morte, morte de cruz’. Esta é justamente a tonalidade da vida cristã”.
Assim também acontece nas Bem Aventuranças, quando Jesus diz que são bem aventurados os que são perseguidos por causa de seu nome, lembro. O Papa recordou ainda as perseguições que os discípulos sofreram e sofrem até hoje por serem cristãos, porque o mundo não tolera a divindade de Cristo, o anúncio do Evangelho. São cristãos que dão testemunho de Jesus e são perseguidos, não podem nem sequer ter a Bíblia consigo.
“São condenados porque têm uma Bíblia. Não podem fazer o sinal da cruz. E este é o caminho de Jesus. Mas é um caminho alegre, porque nunca o Senhor nos prova mais do que aquilo que podemos levar. A vida cristã não é uma vantagem comercial, não é fazer carreira: é simplesmente seguir Jesus!”.
Concluindo a homilia, Francisco convidou cada um a refletir sobre sua coragem de testemunhar Jesus, bem como pensar naqueles que não podem ir à Missa porque são proibidos de fazê-lo. “Pensemos se estamos dispostos a levar a Cruz como Jesus. A sofrer perseguições para dar testemunho de Jesus, como fazem estes irmãos e irmãs que hoje são humilhados e perseguidos. Este pensamento nos fará bem hoje”.

Francisco aponta, durante encontro com Federação Italiana de Exercícios Espirituais, a oração como caminho de união com Cristo

Liliane Borges
Da Redação, com news.va


O Papa Francisco recebeu na manhã desta segunda-feira, 3, a Federação Italiana de Exercícios Espirituais, prática religiosa idealizada por Santo Inácio de Loyola, fundador dos jesuítas.

“Difundir, sustentar e valorizar os Exercícios Espirituais, pois os homens e as mulheres de hoje têm sede de encontrar Deus e conhecê-lo e não só de ouvir falar”. Este foi o pedido do Papa aos participantes da Federação que está completando 50 anos de fundação.

O Papa jesuíta convidou a Federação a viver a data como ocasião para “um balanço, e pensar novamente na história recordando as origens e lendo os novos sinais dos tempos”.

Francisco afirmou que o objetivo da Federação é “difundir os exercícios espirituais como uma experiência forte de Deus em um clima de escuta da Palavra, levando à conversão e à doação sempre mais total a Cristo e à Igreja”.

O Santo Padre exortou aos sacerdotes para que certifiquem-se da existência de Casas de Exercícios Inacianos em suas comunidades, nas quais agentes bem formados, dotados de qualidades doutrinais e espirituais, sejam “verdadeiros mestres de espírito”.

“Um bom curso de Exercícios Espirituais contribui para renovar nos participantes a adesão total a Cristo e ajuda a entender que a oração é o meio insubstituível de união ao Crucificado”.

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HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
QUARTA-FERIA, 4 DE MARÇO DE 2014
ESCOLHER UM VIDA SÓBRIA,
QUE NÃO DESPERDICE, QUE NÃO DESCARTE
PROCISSÃO, A IMPOSIÇÃO DAS CINZAS 
E A CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
BASÍLICA SANTA SABINA
BAIRRO AVELINO ROMA
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES

“Rasgai o coração, e não as vestes” (Jl 2,13).
Com estas palavras penetrantes do profeta Joel, a liturgia nos introduz, hoje, na Quaresma, indicando, na conversão do coração, a característica deste  tempo de graça. O apelo profético constitui um desafio para todos nós, sem exceção, e nos lembra que a conversão não se reduz à formas exteriores ou em propósitos vagos, mas envolve e transforma toda a existência a partir do centro da pessoa, da consciência. Somos convidados a iniciar esse caminho, no qual, desafiando a rotina, nos esforçamos para abrir nossos olhos e ouvidos, mas especialmente o coração, para ir além do nosso “quintal”.
Abrir-se a Deus e aos outros. Vivemos em um mundo cada vez mais artificial, em uma cultura do “fazer”, do “útil”, na qual, sem perceber, excluímos Deus de nosso horizonte. A Quaresma nos convida a despertar, para nos lembrar que somos criaturas, que não somos Deus.
E também em relação aos outros , corremos o risco de nos fechar, de esquecê-los.  Mas só quando as dificuldades e os sofrimentos de nossos irmãos nos desafiam, só então podemos começar nosso caminho de conversão rumo à Páscoa. É um itinerário que inclui a cruz e a renúncia. O Evangelho de hoje mostra os elementos desta jornada espiritual: a oração, o jejum e a esmola (cf. Mt 6,1-6.16-18). Todos os três envolvem a necessidade de não ser dominado por coisas que aparecem: o que importa não é a aparência; e o valor da vida não depende da aprovação dos outros ou do sucesso, mas daquilo que temos dentro de nós.
O primeiro elemento é a oração. Ela é a força do cristão e de toda pessoa que crê. Na fraqueza e na fragilidade da nossa vida, podemos nos voltar para Deus, com a confiança de filhos, e entrar em comunhão com Ele. Diante de tantas feridas que nos fazem mal e poderiam endurecer o coração, somos chamados a mergulhar no mar da oração, que é o mar do amor sem limites de Deus, para desfrutar de sua ternura. A Quaresma é um tempo de oração, uma oração mais intensa, mais assídua, mais capaz de cuidar das necessidades dos irmãos, de interceder  junto a Deus por tantas situações de pobreza e sofrimento.
O segundo elemento qualificante do caminho quaresmal é o jejum. Devemos ter cuidado para não fazer um jejum formal ou que, na verdade, nos “sacia”, porque nos faz sentir justificados. O jejum faz sentido se, realmente, afeta a nossa segurança e também se consegue um benefício para os outros, se nos ajuda a crescer no espírito do Bom Samaritano, que se inclina sobre o seu irmão em necessidade e cuida dele. O jejum envolve a escolha de uma vida sóbria, que não desperdiça, que não descarta. O jejum ajuda-nos a treinar o coração na essencialidade na partilha. É um sinal de consciência e responsabilidade diante das injustiças, dos abusos, especialmente para com os pobres e os pequeninos, e é um sinal da confiança que depositamos em Deus e na Sua providência.
O terceiro elemento é a esmola: ela indica a gratuidade, porque a esmola é dada a alguém de quem não se pode esperar  nada em troca. A gratuidade deveria ser uma das características do cristão, que, consciente de ter recebido tudo de Deus livremente, isto é, sem qualquer mérito, aprende a dar aos outros gratuitamente. Hoje, muitas vezes, a gratuidade não faz parte da vida cotidiana, pois tudo é comprado e vendido. Tudo é cálculo e medição. A esmola ajuda-nos a viver a gratuidade do dom, que é a liberdade da obsessão pela posse, o medo de perder o que se tem, da tristeza daqueles que não querem compartilhar com os outros o seu próprio bem-estar.
Com seus apelos à conversão, a Quaresma, providencialmente, vem despertar-nos para sacudir-nos do torpor, do risco de avançar por inércia. A exortação que o Senhor nos faz, por meio do profeta Joel, é alta e clara: “Retornem para mim de todo o vosso coração” (Joel 2, 12). Por que devemos voltar para Deus? Porque algo está errado em nós, na sociedade, na Igreja. Nós precisamos de mudança, de uma transformação, precisamos nos converter! Mais uma vez, a Quaresma vem dirigir-nos um apelo profético para nos lembrar de que é possível realizar algo novo em  nós mesmos e ao nosso redor, simplesmente porque Deus é fiel, continua a ser cheio de bondade e misericórdia, e está sempre pronto a perdoar e recomeçar. Com esta confiança filial, coloquemo-nos a caminho!




Faz um apelo pela paz e contra todo tipo de guerra no mundo ou na família
Á NECESSIDADE DE PAZ PARA 
AS CRIANÇAS QUE SOFREM 
FOME NOS CAMPOS DE 
REFUGIADOS, ENQUANTO QUE
OS FABRICANTES DAS ARMAS
DÃO FESTAS EM SALÕES.
25/02/14.
Seguir Jesus é na Igreja, onde Cristo sempre traz alguém de volta, mesmo quem se afastou d’Ele. 
24 DE FEVEREIRO DE 2014
As tentações são infecções que matam e só podem ser vencidas a partir da Palavra de Deus. A paciência de Deus no confessionário com seu povo e a paciência do povo com Deus.

27 DE FEVEREIRO
UM CRISTÃO COERENTE SIGNIFICA DÁ ESCÂNDALO E ESCÂNDALOS MATAM.
SER CRISTÃO SIGNIFICA DAR TESTEMUNHO DE JESUS CRISTO.

SER CRISTÃO É PENSAR, SENTIR E AGIR COMO CRISTÃO.



HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEXTA-FERIA, 28 DE FEVEREIRO DE 2014
A BELEZA DO MATRIMÔNIO MAS QUANDO O AMOR FALHA, NÃO SE DEVE CONDENAR QUEM FRACASSOU NO AMOR.
DEUS SE CASOU COM SEU POVO E CRISTO COM IGREJA E NÃO SE PODE ENTENDER UM SEM O OUTRO.
CAPELA DE SANTA MARTA
CIDADE DO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: CANÇÃO NOVA
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL


No Evangelho do dia, os fariseus questionam Jesus sobre o divórcio. Trata-se de uma armadilha para Jesus, a fim de tirar Sua autoridade moral. “Esta é a armadilha: por trás da casuística* sempre há uma armadilha. Sempre! Contra o povo, contra nós e contra Deus, sempre! ‘Mas é permitido fazer isso? Divorciar-se da própria mulher?’”.
A resposta de Jesus vai além da casuística, atinge o centro do problema. Jesus remete aos dias da criação, à “obra-prima da criação”, lembrando que Deus fez o homem e a mulher para que se unissem e formassem uma só carne.
“O Senhor toma este amor da obra-prima da criação para explicar o amor que tem pelo Seu povo. E um passo a mais: quando Paulo precisa explicar o mistério de Cristo, o faz em relação, em referência à Sua Esposa: porque Cristo se casou com a Igreja, o Seu povo”.
Esta é a história do amor, obra-prima da criação. Mas quando esse “fazer-se uma só carne” falha, porque muitas vezes isso acontece, é preciso sentir essa dor do fracasso e acompanhar quem sofre com essa situação. “Acompanhar aquelas pessoas que tiveram esse fracasso no próprio amor. Não condenar! Caminhar com eles!”.
Quando alguém lê a reflexão do Papa, pensa neste plano de amor, neste caminho de amor do matrimônio cristão, que Deus abençoou na obra-prima da Sua criação.
“Quando alguém pensa nisso, vê quão belo é o amor, quão belo é o matrimônio, quão bela é a família, quão belo é este caminho e quanto amor também nós devemos ter pelos irmãos e irmãs que, na vida, tiveram o infortúnio de um fracasso no amor”.
Referindo-se, por fim, a São Paulo, Papa Francisco destacou a beleza do amor que Cristo tem pela sua Esposa, a Igreja.
“Também aqui devemos estar atentos para que não falhe o amor. Cristo esposou a Igreja! Não se pode entender Cristo sem a Igreja e não se pode entender a Igreja sem Ele. Este é o grande mistério da obra-prima da criação. Que o Senhor dê a todos nós a graça de entendê-Lo e também a graça de nunca cairmos nesses comportamentos casuísticos dos fariseus, dos doutores da lei”.
* Casuística: termo usado para denotar raciocínios morais desviantes construídos para justificar ações que são moralmente duvidosas.

Por trás da série , há sempre uma armadilha contra nós e contra Deus ", como afirmado pelo Papa Francis na missa da manhã na Casa Santa Marta. 

O Papa comentando o Evangelho de hoje , com foco na beleza do matrimônio e advertiu que deve acompanhar, não para condenar, aqueles que experimentam o fracasso de seu amor. Por isso, reiterou que Cristo é o Esposo da Igreja e, portanto, você não pode entender um sem o outro . 

Os mestres da lei procuram armadilha para pegar Jesus e "tirar a sua autoridade moral. " Papa Francisco tomou uma sugestão do Evangelho de hoje para fornecer uma catequese sobre a beleza do casamento. Os fariseus são apresentados por Jesus com o problema do divórcio. Seu estilo, segundo ele, é sempre a mesma: " casuística", "É permitido isso ou não?
"Sempre o pequeno caso. E esta é a armadilha por trás da série, por trás da casuística pensamento, há sempre uma armadilha . Sempre ! Contra as pessoas , contra nós e contra Deus , para sempre ! ' Mas é legal fazer isso? Divorciar de sua esposa ? ' . E Jesus, respondendo , pedindo-lhes para dizer o que a lei e explicando por que Moisés fez para que lei. Mas não pára por aí : com o caso vai ao cerne do problema aqui e ir direto para os dias da Criação. É tão bonito que faz referência o Senhor : "Desde o início da criação, Deus os fez macho e fêmea, para isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher e serão os dois uma só carne. Assim, eles já não são dois , mas uma só carne . "

O Senhor , o Papa continuou, " refere-se a obra-prima da Criação ", que são, precisamente, o homem ea mulher. E Deus disse: " não queria que o homem sozinho , que ele queria ", com "o seu companheiro de viagem . " É um momento poético , quando Adão encontra Eva: " É o começo do amor, andam juntos como uma só carne. " O Senhor , reiterou , " sempre tem pensado casuística e a porta no início da revelação . " Por outro lado , explicou, " esta obra-prima do Senhor não está terminado ali, nos dias da Criação, porque o Senhor escolheu este ícone para explicar o amor que Ele tem para o Seu povo. " Na época, lembrou que " quando as pessoas não são fiéis " Ele " fala com ele com palavras de amor " :

"O Senhor se esse amor da obra-prima da criação para explicar o amor que ele tem por seu povo. E um passo adiante quando Paulo precisa explicar o mistério de Cristo, ele o faz no relatório, referindo-se a Noiva de Cristo: porque Cristo é casado, Cristo era casado, tinha se casado com a Igreja, seu povo. Assim como o Pai havia se casado com o Povo de Israel, Cristo se casou com seu povo. Esta é a história de amor, esta é a história da obra-prima da Criação ! E em frente a este caminho de amor, este ícone , a série cai e torna-se dor. Mas quando este deixar seu pai e sua mãe e se unirá a uma mulher, uma só carne e vá em frente mas se o amor acabar, porque muitas vezes ele acaba, temos que sentir a dor do fracasso, acompanhar as pessoas que tiveram essa falha em seu amor. Não condene! Andando com eles! E não se casuística com a sua situação. "

Quando alguém lê isso, era seu reflexo, "pensar sobre este plano de amor , este caminho de amor no matrimônio cristão , Deus abençoou a obra-prima de sua criação . " A " bênção que nunca foi removida. Nem mesmo o pecado original foi destruído. " Quando se pensa isso, então, " ver o quão bonito é o amor, o quão bonito é o casamento, a família como bonito, que lindo é este processo e como nós amamos , o quão perto chegamos a nossos irmãos e irmãs que em vida tiveram a infelicidade de um fracasso no amor. " Referindo-se, finalmente, a São Paulo , o Papa Francisco destacou a beleza do " o amor que Cristo tem por sua noiva , a Igreja ! "

"Até aqui temos de ter cuidado para que o amor não vai falhar! Falar sobre um solteirão muito Cristo : Christ Church casar! E você não pode entender a Cristo sem a Igreja, e você não consegue entender a Igreja sem Cristo. Este é o grande mistério da obra-prima da criação. Que o Senhor possa dar a todos nós a graça de entendê-la e também a graça de nunca cair estas atitudes casuística dos fariseus, os doutores da lei . "


ca·su·ís·ti·ca
(francês casuistique)

substantivo feminino

1. [Religião católica] Parte da Teologia que trata dos casos de consciência.

2. Discussão de casos através de raciocínios ou argumentos .sutis.

3. Conjunto de casos relativos a determinado assunto.

"casuística", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/casu%C3%ADstica [consultado em 28-02-2014].

Texto da página http://it.radiovaticana.va/news/2014/02/28/il_papa:_accompagnare,_non_condannare,_quanti_sperimentano_il/it1-777229
site Rádio Vaticano
A capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, estava repleta na manhã desta sexta-feira, 28, como todos os dias em que o Papa celebra a missa da manhã. Comentando a leitura do Evangelho, Francisco dedicou sua homilia à beleza do matrimônio e advertiu que se deve acompanhar – e não condenar – aqueles que fracassam no amor.
O Pontífice iniciou relatando que no Evangelho de Marcos, os fariseus vão a Jesus e lhes apresentam o problema do divórcio, questionando se era lícito ou não.
“Jesus respondeu explicando aos fariseus porque Moisés havia feito aquela lei. Deixando a casuística de lado, ele vai ao centro do problema e chega aos dias da Criação. A casuística é uma armadilha: "por detrás da mentalidade de reduzir tudo a casos, existe sempre uma armadilha contra as pessoas e contra Deus, sempre!”.
O Papa citou depois a referência ao Gênesis: “Desde o princípio da Criação, ele os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará o seu pai e a sua mãe, e os dois serão uma só carne”.
“Deus – disse o Papa – não queria que o homem ficasse sozinho, queria uma companheira para seu caminho. O encontro de Adão com Eva é ‘momento poético’. Por outro lado, esta obra de arte do Senhor não acaba ali, nos dias da Criação, porque o Senhor escolheu este ícone para explicar o seu Amor pelo povo”.
Quando Paulo deve explicar o mistério de Cristo, se refere à sua Esposa, porque Cristo é casado, casado com a Igreja, seu povo. Como o Pai havia se casado com o Povo de Israel, Cristo se casou com o seu povo. Esta é a história do amor, e diante deste caminho de amor, deste ícone, a casuística decai e se transforma em dor. “Quando deixar o pai e a mãe e unir-se numa só carne se transforma num fracasso – e isso pode acontecer – devemos acompanhar as pessoas que sofrem por terem fracassado no próprio amor. Não condenar, mas caminhar com eles e não fazer casuística com eles”.
“Deus abençoou esta obra de arte de sua Criação, e nunca retirou a sua benção.. nem o pecado original a destruiu! Quando se pensa nisso, se vê “como é lindo o amor, o matrimônio, a família; como é bonito este caminho e como devemos estar próximos de nossos irmãos e irmãs que tiveram a desgraça de um fracasso no amor”.
O texto original encontra-se na página:
http://it.radiovaticana.va/news/2014/02/28/il_papa:_accompagnare,_non_condannare,_quanti_sperimentano_il/it1-777229

Quando acaba o amor no casal é preciso «não condenar» nem «fazer casuística», mas «caminhar» com ele, diz papa
 Igreja tem o dever de acompanhar os membros de um casal que deixam de estar unidos pelo amor, em vez de os criticar ou de os analisar à luz de argumentos sutis.
«[Quando] o amor fracassa, porque muitas vezes fracassa, devemos sentir a dor do fracasso, acompanhar as pessoas que tiveram este fracasso no próprio amor. Não condenar. Caminhar com eles. E não fazer casuística com a sua situação».
As palavras do papa foram proferidas na homilia da missa a que presidiu, intervenção baseada no Evangelho proclamado nas eucaristias de hoje (cf. Artigos relacionados), em que um grupo de fariseus pergunta a Jesus se um homem pode repudiar a sua mulher.
«Sempre o pequeno caso. E esta é a armadilha: por trás da casuística, por trás do pensamento casuístico, há sempre uma armadilha. Sempre. Contra as pessoas, contra nós, contra Deus, sempre», vincou.
A resposta de Jesus, que se desloca «da casuística para o centro do problema» e para o «início da revelação» bíblica, começa por explicar o motivo pelo qual no Antigo Testamento era permitido o repúdio, mas logo a seguir aponta para a intenção originária de Deus a respeito do ser humano.
«No princípio da Criação, “Deus fê-los homem e mulher. Por isso, o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne”. Deste modo, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu», lê-se no Evangelho segundo S. Marcos, citado por Francisco.
Para o papa, a união entre homem e mulher é imagem do «amor» que Deus «tem para com o seu povo», como S. Paulo vai desenvolver mais tarde, ao explicitar que «Cristo desposou a Igreja».
«Como o Pai tinha desposado o Povo de Israel, Cristo desposou o seu povo. Esta é a história do amor, esta é a história da obra-prima da Criação. E diante deste caminho de amor, deste ícone, a casuística cai e torna-se dor», assinalou.
Perante esta imagem, Francisco voltou a salientar que «não se pode compreender Cristo sem a Igreja, e não se pode compreender a Igreja sem Cristo». 
O Evangelho de hoje é fonte que inspira a meditação no «caminho de amor do matrimónio cristão, que Deus abençoou na obra-prima da sua Criação», bênção «que nunca foi tirada», já que «nem mesmo o pecado original a destruiu».
A leitura bíblica, prosseguiu o papa, permite observar «quão belo é o amor, quão belo é o matrimônio, quão bela é a família», ao mesmo tempo que realça a «proximidade» que a Igreja deve ter «pelos irmãos e irmãs que na vida tiveram a desgraça de um fracasso no amor».
A homilia terminou com Francisco a pedir a Deus «a graça» de nunca se cair nas «atitudes casuísticas dos fariseus, dos doutores da lei».

Rui Jorge Martins
© SNPC | 28.02.14




HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
QUINTA-FERIA, 27 DE FEVEREIRO DE 2014
UM CRISTÃO INCOERENTE SIGNIFICA DÁ ESCÂNDALO E ESCÂNDALOS MATAM.
SER CRISTÃO SIGNIFICA DAR TESTEMUNHO DE JESUS CRISTO.
SER CRISTÃO É PENSAR, SENTIR E AGIR COMO CRISTÃO.
CAPELA DE SANTA MARTA
CIDADE DO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ

RÁDIO VATICANA
FONTE NEWS.VAN


“Ser cristão significa dar testemunho de Jesus Cristo; ser cristão é pensar, sentir e agir como cristão. Uma pessoa pode até dizer que tem fé, mas se falta uma destas coisas, não é cristã. Algo não está certo, é incoerente. E os cristãos que vivem ordinariamente na incoerência fazem muito mal”.
“Ouvimos o que o Apóstolo Tiago disse aos incoerentes que se diziam cristãos, mas exploravam seus empregados: ‘Lembrai-vos de que o salário, do qual privastes os trabalhadores que ceifaram os vossos campos, clama; e os gritos dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor’. Ouvindo isso, pode-se pensar que quem o disse é um comunista! Não, foi o Apóstolo Tiago! Quando não há coerência cristã e se vive na incoerência, se faz escândalo. E os cristãos que não são coerentes dão escândalo”.
"Muitas vezes ouvimos dizer ‘Padre, eu acredito em Deus, mas não na Igreja porque vocês cristãos dizem uma coisa e fazem outra...’. Isto é incoerência!”
“Se você encontrar um ateu que diz não acreditar em Deus, você pode ler a ele todos os livros de uma biblioteca, onde se diz que Deus existe; pode também provar que Deus existe... mas o ateu não terá fé. Mas, se você der a este ateu um testemunho de coerência de vida cristã, alguma coisa vai acontecer no coração dele; o seu testemunho o inquietará. Todos nós, toda a Igreja, devemos pedir: Senhor, sejamos coerentes”.
“Assim é necessário rezar para viver na coerência cristã, que é um dom de Deus e devemos pedi-lo!. Senhor, que eu seja coerente! Senhor, que eu não escandalize nunca, que eu pense como cristão, sinta como cristão, aja como cristão. E quando cairmos, por nossas fraquezas, peçamos perdão”.
“Todos somos pecadores, mas temos a capacidade de pedir perdão, e Ele nunca se cansa de perdoar! Temos que ter a humildade de pedir perdão! Prosseguir a vida com coerência, testemunhando como quem crê em Jesus, que sabe que é pecador, mas que tem coragem de pedir perdão quando erra e que tem medo de escandalizar. Que o Senhor nos dê esta graça, a todos nós”.
(CM)







HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEGUNDA-FERIA, 25 DE FEVEREIRO DE 2014
HÁ NECESSIDADE DE PAZ PARA 
AS CRIANÇAS QUE SOFREM 
FOME NOS CAMPOS DE 
REFUGIADOS, ENQUANTO QUE
OS FABRICANTES DAS ARMAS
DÃO FESTAS EM SALÕES.
CAPELA DE SANTA MARTA
CIDADE DO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
RÁDIO VATICANA
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA


“Todos os dias, nos jornais, encontramos guerras”, os mortos em conflitos parecem fazer parte de uma contabilidade diária. O homem se acostumou a ler coisas desse tipo e parece que o espírito da guerra tomou conta dele. Hoje a situação de conflitos permanece a mesma, só que, em vez de uma grande guerra, há pequenas guerras em todos os lugares, povos divididos.
“As guerras, o ódio, a inimizade não são comprados no mercado: estão aqui, no coração”. A história de Caim e Abel causava escândalo quando ensinada no catecismo às crianças, não se podia aceitar que um irmão matasse o outro. Hoje, porém, milhões de irmãos se matam entre si e o ser humano está acostumado com isso.
“A Primeira Guerra Mundial nos escandaliza, mas esta grande guerra, um pouco em todo lugar, um pouco escondida, não nos escandaliza! E morre tanta gente por um pedaço de terra, por uma ambição, por ódio”.
Uma situação curiosa: diante de um conflito, tenta-se resolvê-lo brigando, com a linguagem da guerra, sem pensar primeiro em uma linguagem de paz.
“As consequências? Pensem nas crianças famintas nos campos de refugiados… Pensem somente nisto: este é o fruto da guerra! E se querem, pensem nos grandes salões, nas festas que fazem aqueles que são os patrões das indústrias de armas, que fabricam as armas. A criança doente, faminta, um campo de refugiados e as grandes festas”.
Este espírito de guerra, que afasta o homem de Deus, está também nas casas. Ele citou como exemplo tantas famílias em que pai e mãe não são capazes de encontrar o caminho da paz e preferem fazer a guerra.
“Hoje, proponho a vocês rezar pela paz (…) Os vossos risos – disse retomando o apóstolo Tiago – se transformem em luto e a vossa alegria em tristeza. Isso é o que deve fazer, hoje, 25 de fevereiro, um cristão diante de tantas guerras, em todo lugar: chorar, estar de luto, humilhar-se. O Senhor nos faça entender isso e nos salve de nos acostumarmos com as notícias de guerra”.

HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEGUNDA-FERIA, 24 DE FEVEREIRO DE 2014
JESUS NUNCA DEIXA O HOMEM SÓ NO CAMINHO.
A SANTA IGREJA É UMA CASA PARA ONDE PODE O CRISTÃO PODE VOLTAR.
SEGUIR JESUS É TER UMA IGREJA.
CAPELA DE SANTA MARTA
CIDADE DO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
RÁDIO VATICANA
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA

 Jesus livrou um menino de um espírito impuro. O cenário era de desordem, uma multidão rodeava o local, o pai do menino estava desesperado e pediu a ajuda de Jesus. 
O gesto piedoso de Jesus, que não só realizou a cura, mas se abaixou para erguer o menino que havia sido curado. “Jesus, quando cura, quando vai até o povo e cura uma pessoa, nunca a deixa sozinha. A cada um faz voltar ao seu lugar, não o deixa pelo caminho. São gestos belíssimos do Senhor!”.
Jesus não veio do Céu sozinho, mas é Filho de um povo, é a promessa feita a um povo. Dessa forma, seus gestos ensinam que cada cura, cada perdão sempre fazem o ser humano voltar ao seu povo, que é a Igreja.
Cristo sempre perdoa, e Seus gestos, às vezes, parecem revolucionários ou inexplicáveis, principalmente quando o Seu perdão se dirige àqueles que se afastaram d’Ele. Mas quando lhes perdoa, Jesus os faz voltar à casa.
“Assim, não se pode entender Jesus sem o povo de Deus. É um absurdo amar Cristo sem a Igreja, ouvi-Lo, mas não a Igreja; seguir Cristo à margem dela”, enfatizou Francisco, citando mais uma vez o Papa Paulo VI: “Cristo e a Igreja são unidos”.
Dessa forma, os gestos de ternura de Jesus fazem entender que a Doutrina Católica ou o “seguir Cristo” não é uma ideia, mas sim um contínuo “permanecer em casa”. E se, às vezes, acontece de alguém sair de casa por causa de um pecado, de um erro, a salvação é voltar para casa, com Jesus na Igreja.
“São gestos de ternura. Um a um, o Senhor nos chama, assim, para dentro de Sua família, a nossa mãe, a Santa Igreja. Pensemos nesses gestos de Jesus”.


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014
MISSA COM OS NOVOS CARDEAIS
BASÍLICA VATICANA
CIDADE DO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
RÁDIO VATICANA
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA



“A vossa ajuda, Pai misericordioso, sempre nos torne atentos à voz do Espírito” (Coleta).
Esta oração, pronunciada no início da Missa, convida-nos a uma atitude fundamental: a escuta do Espírito Santo, que vivifica a Igreja e a anima. Com a sua força criativa e renovadora, o Espírito sustenta sempre a esperança do povo de Deus que caminha na história, e sempre sustenta, como Paráclito, o testemunho dos cristãos. Neste momento, todos nós, juntamente com os novos Cardeais, queremos ouvir a voz do Espírito que nos fala através das Escrituras proclamadas.
Na primeira Leitura, ressoou este apelo do Senhor ao seu povo: «Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo» (Lv 19, 2). E faz-lhe eco, Jesus, no Evangelho: «Haveis, pois, de ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5, 48). Estas palavras interpelam-nos a todos nós, discípulos do Senhor; e hoje são dirigidas especialmente a mim e a vós, queridos Irmãos Cardeais, de modo particular a vós que ontem começastes a fazer parte do Colégio Cardinalício. Imitar a santidade e a perfeição de Deus pode parecer uma meta inatingível; contudo, a primeira Leitura e o Evangelho sugerem os exemplos concretos para que o comportamento de Deus se torne a regra do nosso agir. Lembremo-nos, porém, todos nós…., lembremo-nos de que o nosso esforço, sem o Espírito Santo, seria vão! A santidade cristã não é, primariamente, obra nossa, mas fruto da docilidade – deliberada e cultivada – ao Espírito do Deus três vezes Santo.
O Levítico diz: «Não odieis um irmão vosso no íntimo do coração (…). Não vos vingueis; não guardeis rancor (…). Amai o vosso próximo» (19, 17-18). Estas atitudes nascem da santidade de Deus. Nós, porém, habitualmente somos tão diferentes, tão egoístas e orgulhosos… e no entanto a bondade e a beleza de Deus atraem-nos, e o Espírito Santo pode purificar-nos, pode transformar-nos, pode moldar-nos dia após dia. Fazer este trabalho de conversão, conversão no coração, conversão que todos nós – especialmente vós, Cardeais, e eu – devemos fazer. Conversão!
No Evangelho, também Jesus nos fala da santidade e explica a nova lei – a sua. Fá-lo através de algumas antíteses entre a justiça imperfeita dos escribas e fariseus e a justiça superior do Reino de Deus. A primeira antítese do texto de hoje tem a ver com a vingança. «Ouvistes que foi dito aos antigos: “Olho por olho e dente por dente”. Pois Eu digo-vos: (…) se alguém te bater na face direita, apresenta-lhe também a outra» (Mt 5, 38-39). Não só não devemos restituir ao outro o mal que nos fez, mas havemos também de esforçar-nos por fazer o bem magnanimamente.
A segunda antítese refere-se aos inimigos: «Ouvistes que foi dito: “Hás-de amar o teu próximo e odiar o teu inimigo”. Pois Eu digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem» (5, 43-44). A quem quer segui-Lo, Jesus pede para amar a pessoa que não o merece, sem retribuição, a fim de preencher as lacunas de amor que há nos corações, nas relações humanas, nas famílias, nas comunidades e no mundo. Irmãos Cardeais, Jesus não veio para nos ensinar as boas maneiras, as cortesias; para isso, não era preciso que descesse do Céu e morresse na cruz. Cristo veio para nos salvar, para nos mostrar o caminho, o único caminho de saída das areias movediças do pecado, e este caminho de santidade é a misericórdia, aquela que Ele usou e usa cada dia con nosco. Ser santo não é um luxo, é necessário para a salvação do mundo. Isto é o que Senhor nos pede.
Queridos Irmãos Cardeais, o Senhor Jesus e a mãe Igreja pedem-nos para testemunharmos, com maior zelo e ardor, estas atitudes de santidade. É precisamente neste suplemento de oblatividade gratuita que consiste a santidade de um Cardeal. Por conseguinte, amemos aqueles que nos são hostis; abençoemos quem fala mal de nós; saudemos com um sorriso a quem talvez não o mereça; não aspiremos a fazer-nos valer, mas oponhamos a mansidão à prepotência; esqueçamos as humilhações sofridas. Deixemo-nos guiar sempre pelo Espírito de Cristo: Ele sacrificou-Se a Si próprio na cruz, para podermos ser «canais» por onde passa a s ua caridade. Este é o comportamento, esta deve ser a conduta de um Cardeal. O Cardeal – digo-o especialmente a vós – entra na Igreja de Roma, Irmãos, não entra numa corte. Evitemos todos – e ajudemo-nos mutuamente a evitar – hábitos e comportamentos de corte: intrigas, críticas, facções, favoritismos, preferências. A nossa linguagem seja a do Evangelho: «Sim, sim; não, não»; as nossas atitudes, as das bem-aventuranças; e o nosso caminho, o da santidade. Rezemos mais uma vez: “A vossa ajuda, Pai misericordioso, sempre nos torne atentos à voz do Espírito”.
O Espírito Santo fala-nos , hoje, também através das palavras de São Paulo: «Sois templo de Deus (…); o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós» (1 Cor 3, 16-17). Neste templo que somos nós, celebra-se uma liturgia existencial: a da bondade, do perdão, do serviço; numa palavra, a liturgia do amor. Este nosso templo fica de certo modo profanado, quando descuidamos os deveres para com o próximo: quando no nosso coração encontra lugar o menor dos nossos irmãos, é o próprio Deus que aí encontra lugar; e, quando se deixa fora aquele irmão, é o próprio Deus que não é acolhido. Um coração vazio de amor é como uma igreja dessacralizada, subtraída ao serviço de Deus e destinada a outro fim.
Queridos Irmãos Cardeais, permaneçamos unidos em Cristo e entre nós! Peço-vos que me acompanheis de perto, com a oração, o conselho, a colaboração. E todos vós, bispos, presbíteros, diáconos, pessoas consagradas e leigos, uni-vos na invocação do Espírito Santo, para que o Colégio dos Cardeais seja cada vez mais inflamado de caridade pastoral, cada vez mais cheio de santidade, para servir o Evangelho e ajudar a Igreja a irradiar pelo mundo o amor de Cristo.

HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
QUINTA-FERIA, 20 DE FEVEREIRO DE 2014
PARA CONHECER JESUS É PRECISO SEGUI-LO
E VIVER COMO DISCÍPULO.
CAPELA DE SANTA MARTA
CIDADE DO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
RÁDIO VATICANA


Para conhecer Jesus é preciso segui-Lo, antes mesmo de estudá-Lo. Esse foi, em síntese, o foco da homilia do Papa Francisco, nesta quinta-feira, 20, na Casa Santa Marta. O Santo Padre enfatizou que a resposta para a pergunta “quem é Cristo para mim” só pode ser dada vivendo como discípulos de Jesus.
Como exemplo, Francisco citou a figura de Pedro, que, no Evangelho do dia, aparece como corajoso ao testemunhar “Tu és o Cristo” e, ao mesmo tempo, reprova Jesus quando Ele anuncia Seu sofrimento e morte na cruz.
O Papa lembrou que, muitas vezes, Jesus faz esta pergunta ao homem – “Para você, quem sou?” – e a resposta é sempre aquela que se aprende no catecismo. Segundo o Papa, é importante estudar e conhecer o catecismo, mas isso não é suficiente.
“Para conhecer Jesus é necessário fazer o caminho que fez Pedro. Ele seguiu adiante com Jesus, viu os milagres que o Mestre fazia, viu o Seu poder. Mas, a um certo ponto, Pedro renegou Jesus, traiu-O e aprendeu aquela difícil ciência – mais que ciência, sabedoria – das lágrimas, do pranto”.
Francisco explicou ainda que esta pergunta – “Quem sou eu para vós, para você?” – só se entende no decorrer de um longo caminho de graça e pecado, um caminho de discípulo.
“A Pedro e a Seus discípulos Jesus não disse ‘Conhece-me! ’, mas disse ‘Siga-me’. E este ‘seguir Jesus’ nos faz conhecê-Lo. Seguir o Senhor com as nossas virtudes, também com os nossos pecados, mas segui-Lo sempre. Não é um estudo de coisas que é necessário, mas é uma vida de discípulo”.
O Papa defendeu a necessidade de um encontro cotidiano com Deus em meio às vitórias e fraquezas. No entanto, é um caminho que não se faz sozinho, mas, sim, com a intervenção do Espírito Santo.
“Conhecer Jesus é um dom do Pai, é Ele quem nos faz conhecer Seu Filho; é um trabalho do Espírito Santo, que é um grande trabalhador. (…) Olhemos para Jesus, para Pedro, para os apóstolos e ouçamos, no nosso coração, esta pergunta: ‘Quem sou eu para você?’. Como discípulos, peçamos ao Pai que nos dê o conhecimento de Cristo no Espírito Santo, que nos explique este mistério”.


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
TERÇA-FERIA, 18 DE FEVEREIRO DE 2014
AS TENTAÇÕES SÃO INFECÇÕES QUE MATAM E SÓ PODEM SER VENCIDAS COM A PALAVRA DE DEUS.
A PACIÊNCIA DE DEUS COM SEU POVO, NO CONFESSIONÁRIO.
A PACIÊNCIA DO POVO COM DEUS. 
CAPELA DE SANTA MARTA
CIDADE DO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA

“Parece um convite a ser um faquir, mas não é assim”. A paciência, saber suportar as provações, “as coisas que não queremos”, faz “amadurecer a nossa vida”. Quem não tem paciência quer tudo imediatamente, rápido. Quem não conhece a sabedoria da paciência é um pessoa manhosa, como as crianças que fazem manhas” e nada vai bem. “A pessoa que não tem paciência é uma pessoa que não cresce, que permanece nos caprichos de criança, que não sabe lidar com a vida: ou isso ou nada. Esta é uma das tentações: se tornar manhoso”. “Outra tentação dos que não têm paciência é a onipotência de querer uma coisa já, como acontece aos fariseus que pedem a Jesus um sinal do céu: “Eles queriam um espetáculo, um milagre”:
Confundem o modo de agir de Deus com o modo de agir de um bruxo. E Deus não age como um bruxo, mas com o seu modo de ir avante. A paciência de Deus. Ele também tem paciência. Toda vez que nós vivemos o sacramento da reconciliação, cantamos um hino à paciência de Deus! Mas com quanta paciência o Senhor nos carrega sobre seus ombros! A vida cristã deve desenrolar-se nesta música da paciência, porque foi justamente a música dos nossos pais, do povo de Deus, dos que acreditaram na Palavra Dele, que seguiram o mandamento que o Senhor deu ao nosso pai Abraão: ‘caminha na minha presença e sê irrepreensível’.
O povo de Deus “sofreu muito, foram perseguidos, mortos”, mas teve “a alegria de vislumbrar as promessas” de Deus. “Esta é a paciência” que “nós devemos ter nas provações: a paciência de uma pessoa adulta, a paciência de Deus” que nos carrega sobre seus ombros. E esta  é “a paciência do nosso povo”:
Como o nosso povo é paciente! Ainda hoje! Quando vamos às paróquias e encontramos as pessoas que sofrem, que têm problemas, que têm um filho com deficiência ou têm uma doença, mas levam avante a vida com paciência. Não pedem sinais, como esses do Evangelho, que queriam um sinal. Não, não pedem, mas sabem ler os sinais dos tempos: sabem que quando a figueira brota, chega a primavera; sabem distinguir isso. Ao invés, esses impacientes do Evangelho de hoje, que queriam um sinal, não sabiam ler os sinais dos tempos, e por isso não reconheceram Jesus.
As “pessoas do nosso povo, gente que sofre, que sofre tantas coisas, mas não perde o sorriso da fé, que tem a alegria da fé”:
E essa gente, o nosso povo, nas nossas paróquias, nas nossas instituições, é quem leva avante a Igreja, com a sua santidade, de todos os dias, de cada dia. ‘Irmãos, tende por motivo de grande alegria o serdes submetidos a múltiplas provações, pois sabeis que a vossa fé, bem provada, leva à perseverança; mas é preciso que a perseverança produza uma obra perfeita, a fim de serdes perfeitos e íntegros sem nenhuma deficiência’ (Tg 1, 2-4). Que o Senhor nos dê a todos nós a paciência, a paciência alegre, a paciência do trabalho, da paz, nos dê a paciência de Deus, aquela que Ele tem, e nos dê a paciência do nosso povo fiel, que é tão exemplar”.
A reportagem em italiano no endereço:http://it.radiovaticana.va/news/2014/02/17/il_papa:_è_la_pazienza_del_popolo_di_dio_nelle_prove_della_vita_che/it1-773795





HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
QUINTA-FERIA, 14 DE FEVEREIRO DE 2014
O CRISTÃO NUNCA FICA PARADO, CAMINHA COM ALEGRIA ALÉM DAS DIFICULDADES.
CAPELA DE SANTA MARTA
CIDADE DO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
RÁDIO VATICANA
 
A identidade do cristão, inspirando-se nos santos padroeiros da Europa, Cirilo e Metódio, que a liturgia celebra esta sexta-feira. O Senhor envia os seus discípulos para que eles prossigam sempre avante. “E isso significa que o cristão é um discípulo do Senhor que caminha”:


Não se pode pensar num cristão parado: um cristão assim está doente na sua identidade cristã. O cristão é discípulo para caminhar, para ir. É aquilo que o Senhor nos pede: Ide e proclamai o Evangelho. Ir. Caminhar. Eis que a primeira atitude da identidade cristã é caminhar, e caminhar mesmo em meio às dificuldades, ir além das dificuldades.
Um segundo aspecto da identidade do cristão é permanecer sempre “cordeiro”. “O Senhor nos manda como cordeiros em meio aos lobos”contra eles não se deve usar a força, mas fazer como fez Davi, que usou uma brecha e venceu a batalha:
Como cordeiros... Não se tornar lobos… Porque, às vezes, a tentação nos faz pensar: ‘Mas isso é difícil, esses lobos são astutos e eu serei mais astuto do que eles, eh?’. Cordeiro. Não tolo, mas cordeiro. Com a astúcia cristã, mas sempre cordeiro. Porque se você é cordeiro, Ele o defende. Mas se você se sente forte como um lobo, Ele não o defende, o deixa só, e os lobos o devorarão. Como cordeiro.
O terceiro aspecto desta identidade, disse, é o “estilo do cristão”, que é a “alegria”. Os cristãos são pessoas que exultam porque conhecem e carregam o Senhor. Mesmo “nos problemas, inclusive nas dificuldades, mesmo nos próprios erros e pecados há a alegria de Jesus, que sempre perdoa e ajuda”. O Evangelho então “deve ir na frente, levado por esses cordeiros enviados pelo Senhor que caminham, com alegria”:
Esses cristãos que vivem assim, sempre se lamentando, num estado de lamentação contínua, sempre tristes, não fazem um favor nem ao Senhor nem à Igreja. Este não é o estilo do discípulo. Santo Agostinho diz aos cristãos: ‘Vá avante, canta e caminha!’. Com a alegria: este é o estilo do cristão. Anunciar o Evangelho com alegria. E o Senhor faz tudo. Ao invés, a demasiada tristeza e também a amargura nos levam a viver um cristianismo sem Cristo: a Cruz esvazia os cristãos que estão diante do Sepulcro chorando, como Madalena, mas sem a alegria de ter encontrado o Ressuscitado.
O Senhor“por intercessão desses dois irmãos santos, padroeiros da Europa, nos conceda a graça de viver como cristãos que caminham como cordeiros e com alegria”.



HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
QUINTA-FERIA, 13 DE FEVEREIRO DE 2014
PAGÃO QUE PROCURA DEUS COM HUMILDADE O ENCONTRA.
CAPELA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
FONTE: 
RÁDIO VATICANA
Um cristão pode perder a fé por causa de suas paixões e da vaidade, enquanto um pagão pode se tornar cristão pela sua humildade. 
 Uma mulher corajosa Cananéia, ou seja, pagã, pediu a Jesus para libertar sua filha do demônio. “Era uma mãe desesperada diante da saúde de seu filho, faz de tudo. Jesus lhe disse, duramente: ‘Deixa primeiro saciar os filhos; porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos’. A mulher, que certamente não era letrada, respondeu com o ânimo de uma mãe: ‘Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos’. A mulher não teve vergonha e, por sua fé, Jesus lhe fez o milagre”.
Este é o caminho de uma pessoa de boa vontade, que procura Deus e O encontra. O Senhor a abençoa. Cada dia, na Igreja do Senhor, muitas pessoas fazem este caminho de busca do Senhor, deixando-se conduzir pelo Espírito Santo”.
“No entanto, existe também o caminho oposto”. “A primeira leitura narra que Salomão era o homem mais sábio da terra, havia recebido de Deus grandes bênçãos, tinha fama e todo o poder; acreditava Nele, mas o que aconteceu? Ele gostava demais de mulheres e suas concubinas lhe desviaram o coração, que começou a seguir outros deuses”.
Seu coração se enfraqueceu tanto que ele perdeu a fé. O homem mais sábio do mundo se deixou levar por um amor indiscreto; se deixou levar por suas paixões. Ele era capaz de recitar a Bíblia, sim, mas ter fé não significa rezar o Credo. Você pode sabê-lo de cor e ter perdido a fé!”.
“Salomão era pecador como seu pai, Davi, mas o Senhor lhe havia perdoado porque ele era humilde e pediu perdão. Salomão, por sua vez, era ‘sábio’ mas tornou-se corrupto. A semente maligna de suas paixões cresceu no coração de Salomão e o levou à idolatria. “É no coração que se perde a fé!”.
Acolham com docilidade a Palavra”, lembrando o Aleluia. “A Palavra que foi plantada em vocês pode levá-los à salvação. Sigamos o caminho daquela mulher de Cananéia. Que a Palavra de Deus nos guarde nesta estrada e nos mantenha afastados da corrupção e da idolatria!”.

O texto original, em italiano, provém da página: http://it.radiovaticana.va/news/2014/02/13/il_papa:_credenti_trasformati_in_pagani_dalla_vanità_e_





HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEGUNDA-FERIA, 10 DE FEVEREIRO DE 2014
REDESCOBRIR O SENTIDO DO SAGRADO,
O MISTÉRIO REAL DE DEUS NA MISSA.
CAPELA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA E
RÁDIO VATICANA


A Primeira Leitura do dia fala de uma teofania (manifestação) de Deus nos tempos do rei Salomão. O Senhor fala ao Seu povo de vários modos: por meio de profetas, sacerdotes, da Sagrada Escritura; mas  a manifestação do Senhor, na Missa, é uma presença mais próxima, sem mediações.
“Isto acontece na Celebração Litúrgica. Esta não é um ato social, não é uma reunião de crentes para rezar juntos. É uma outra coisa. Na liturgia, Deus está presente, é uma presença mais próxima. Na Missa, de fato, a presença do Senhor é real, propriamente real”.
A celebração da Missa não é uma representação da Última Ceia, é propriamente a Última Ceia. É viver outra vez a Paixão e a Morte redentora do Senhor. Ele se faz presente, no altar, para ser oferecido ao Pai para a salvação do mundo.
“Nós ouvimos ou dizemos: ‘Mas eu não posso, agora preciso ir à Missa, preciso ouvir a Missa’. A Missa não se ‘ouve’, participa-se deste mistério da presença do Senhor entre nós”.
Infelizmente, muitas vezes, as pessoas olham para o relógio na Missa, “contam os minutos”, o que não é uma atitude que a liturgia pede. “A liturgia é tempo de Deus e espaço d’Ele, e nós devemos nos colocar ali, no tempo de Deus, no espaço d’Ele, e não olharmos o relógio”.
Entrar no mistério de Deus é o significado da liturgia, explicou. “Por exemplo, tenho certeza de que todos vocês estão aqui para entrar no mistério, porém, talvez alguém diga: ‘Ah, eu devo ir à Missa na Santa Marta, porque, na agência turística de Roma, está [no roteiro de passeios] visitar o Papa, na Santa Marta, todas as manhãs. É um lugar turístico, não? (risos). Todos vocês vêm aqui e nós nos reunimos para entrar no mistério: é esta a liturgia”.
O Papa concluiu a homilia dizendo que todos peçam a Deus a graça do sentido do sagrado, sentido que faz o homem entender que uma coisa é rezar em casa, rezar na igreja, ler a Bíblia, e outra coisa é a Celebração Eucarística.
“Na Celebração nós entramos no mistério de Deus, naquele caminho que nós não podemos controlar: somente Ele é o único, Ele é a alegria, o poder, Ele é tudo. Peçamos esta graça: que o Senhor nos ensine a entrar no mistério de Deus”.




HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEXTA-FERIA, 7 DE FEVEREIRO DE 2014
ANUNCIAR O EVANGELHO COM HUMILDADE SEM APROPRIAR-SE DA PROFECIA, POIS SER CRISTÃO NÃO É PRIVILÉGIO
CAPELA SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA E
RÁDIO VATICANA

 

A trágica morte de João Batista que dedicou sua vida ao anúncio do Evangelho, seu empenho para a conversão de todos, sem apropriar-se de sua autoridade moral. João foi um homem de verdade, que imitou Cristo na humildade, rebaixando-se até a morte.
Assim como Cristo, João teve uma morte humilhante, momentos de angústia no cárcere, experimentando a escuridão da alma. Mas Jesus respondeu a Ele, assim como o Pai respondeu a Jesus, confortando-o.
“Anunciador de Jesus Cristo, João não se apropria da profecia, ele é o ícone de um discípulo”. A fonte deste comportamento de João Batista está no encontro de Maria e sua prima Isabel, quando João pulou de alegria no ventre de sua mãe. Francisco explicou que aquele encontro encheu de alegria o coração de João e o transformou em discípulo.
Os homens de hoje devem questionar-se sobre seus discipulados: se é um anúncio de Jesus ou se aproveita-se da condição de cristãos como se fosse um privilégio.
“Seguimos no caminho de Jesus Cristo? O caminho da humilhação, da humildade, do rebaixamento para o serviço? E se nós chegamos à conclusão de que não estamos firmes nisto, perguntemo-nos: ‘Mas quando foi o meu encontro com Jesus Cristo, aquele encontro que me enche de alegria?’ E voltar ao encontro! Reencontrar o Senhor e seguir adiante por este caminho tão belo, no qual Ele deve crescer em nós e nós sermos diminuídos”.





HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
QUINTA-FERIA, 6 DE FEVEREIRO DE 2014
O MISTÉRIO DA MORTE
CAPELA SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA E
RÁDIO VATICANA

 A Primeira leitura do dia que nos relata a morte de Davi depois de uma vida ao serviço do seu povo. Uma reflexão do Santo Padre sobre o mistério da morte da qual se pode extrair três ideias: permanecer até ao fim com o Povo de Deus no seio da Igreja; morrer conscientes da esperança e deixar um testemunho cristão como herança. Desde logo, as duas primeiras:
“Pecador sim , traidor não! É esta é uma graça: permanecer até ao fim no Povo de Deus. Ter a graça de morrer no seio da Igreja. E este é o primeiro ponto que eu gostaria de sublinhar. Também para nós pedir a graça de morrer em casa. Morrer em casa, na Igreja. E esta é uma graça! Isto não se compra! É um presente de Deus e devemos pedi-lo: ‘Senhor, dá-me a prenda de morrer em casa, na Igreja!’. Pecadores sim, todos somos! Mas traidores não! E a Igreja é tão mãe que nos quer assim, tantas vezes sujos, mas a Igreja limpa-nos: é mãe!”
“Santa Teresinha do Menino Jesus dizia que , nos seus últimos tempos, na sua alma havia uma luta e quando ela pensava no futuro, aquilo que a esperava depois da morte, no céu, ouvia como que uma voz que dizia: “Mas não sejas tonta, espera-te a escuridão. Espera-te apenas a escuridão no nada!’ É a voz do diabo, do demônio, que não queria que ela confiasse em Deus! E pedir esta graça. Mas confiar em Deus começa agora, nas pequenas coisas da vida, mesmo nos grandes problemas: confiar sempre no Senhor e assim ficamos com este hábito de confiar sempre no Senhor e cresce a esperança. Morrer em casa, morrer na esperança.”
A terceira ideia da reflexão do Papa Francisco é sobre a herança que deixa Davi. Recordando que tantos são os problemas e escândalos que existem em muitas famílias sobre as heranças, o Santo Padre afirmou que a melhor herança que podemos deixar aos outros é o testemunho cristão:
“Esta é a herança: o nosso testemunho de cristãos deixado aos outros. E alguns de nós deixam uma grande herança: pensemos nos santos que viveram o Evangelho com tanta força, que nos deixam um caminho de vida e modo de viver como herança. Eis as três coisas que me vêm ao coração na leitura desta passagem sobre a morte de Davi: pedir a graça de morrer em Igreja; morrer na esperança, com esperança; e pedir a graça de deixar uma bela herança, uma herança humana, uma herança feita com o testemunho da nossa vida cristã. Que São Davi nos conceda a todos nós estas três graças!” 







HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
TERÇA-FERIA, 4 DE FEVEREIRO DE 2014
DEUS CHORA, PORQUE É UM PAI QUE
AMA E ESPERA SEMPRE OS FILHOS
MESMO QUE SEJAM REBELDES.
SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA E
RÁDIO VATICANA

 As leituras do dia apresentam as figuras de dois pais: o rei David que chora a morte de seu filho Absalão e Jairo, chefe da Sinagoga, que pede a Jesus para lhe curar a filha.
O exército do rei David mata Absalão e David perde o seu filho que se tinha rebelado contra si. O rei não se interessa pela vitória mas sim pelo seu filho Absalão e sofre e chora por ele:
“Dizia ele: ‘Meu filho, Absalão. Meu filho! Fosse morto eu em vez de ti! Absalão, meu filho!’ Este é o coração de um pai que nunca renega o seu filho. ‘É um rebelde, é um inimigo, mas é meu filho!’ E não renega a paternidade: chora...Duas vezes chorou David por um filho: esta e a outra quando estava para morrer o filho do adultério. Mesmo naquela vez fez jejum, penitência para salvar a vida do filho. Era pai!”

O outro pai é Jairo o chefe da Sinagoga, uma pessoa importante, que perante a doença da filha não tem vergonha de atirar-se aos pés de Jesus, implorando a sua ajuda. No episódio que nos é relatado no capítulo V do Evangelho de S. Marcos, Jairo não pensa ao que os outros possam dizer dele. Ele é pai e isso é o mais importante. David e Jairo são dois exemplos de paternidade  e que nos fazem pensar no amor de Deus por nós:
“Para eles o que é mais importante é o filho ou a filha! A única coisa importante! Faz-nos pensar na primeira coisa que nós dizemos a Deus no Credo: ‘Creio em Deus Pai...’ Faz-nos pensar na paternidade de Deus. Mas Deus é assim. Deus é assim conosco! ‘Mas Padre Deus não chora!’ Quem disse que não? Recordemos Jesus, quando chorou olhando Jerusalém: ‘Jerusalém, quantas vezes quis recolher os teus filhos, como a galinha recolhe os seus pintainhos sob as suas asas.’ Deus chora! Jesus chorou por nós! E aquele choro de Jesus é mesmo a figura do choro do Pai, que nos quer a todos consigo.” 





HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEGUNDA-FEIRA, 3 DE FEVEREIRO DE 2014
NÃO USAR DEUS E O POVO NOS MOMENTOS
DE DIFICULDADE.
UM HOMEM DO GOVERNO NÃO 
INSTRUMENTALIZA DEUS  E O SEU POVO.
CASA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA E
RÁDIO VATICANA


Comentando o episódio da traição de Absalão ao seu pai, rei David, narradas no Segundo Livro de Samuel, o Santo Padre lança a sua atenção sobre as atitudes de Davi. A primeira atitude é a de não usar Deus nem o seu povo para se defender:
“David, esta é a primeira atitude, para defender-se não usa Deus nem o seu povo e isto significa o amor de um rei pelo seu Deus e o seu povo. Um rei pecador – conhecemos a história – mas um rei também com este amor tão grande: era tão ligado ao seu Deus e tão ligado ao seu povo e não usa para defender-se nem Deus nem o povo. Nos momentos difíceis da vida acontece que, se calhar, no desespero uma pessoa tente defender-se como pode e também usar Deus e a gente. Ele não, a primeira atitude é essa: não usar Deus e o seu povo.”
O rei Davi na situação difícil em que se encontrava, em que o seu próprio povo o tinha rejeitado e apoiado Absalão, sobe a montanha a chorar, descalço e com o rosto coberto. Acompanham-no alguns dos seus apoiantes. O rei Davi chora e revela uma segunda atitude: a penitência.“Esta subida ao monte faz-nos pensar àquela outra subida de Jesus, também Ele em sofrimento, com os pés descalços, com a sua Cruz subia o monte. Esta atitude penitencial. Davi aceita estar de luto e chora. Nós, quando nos acontece algo parecido na nossa vida sempre tentamos justificarmo-nos – é um instinto que temos. Davi não se justifica, é realista, tenta salvar a arca de Deus, o seu povo e faz penitência por aquele caminho. É um grande: um grande pecador e um grande santo. Como vão juntas estas duas coisas ... Deus lá sabe.”
No caminho percorrido por Davi aparece um outro personagem que é Chimei que atira pedras contra ele e todos os seus servos considerando-o inimigo. Mas o rei Davi não escolhe o caminho da vingança mas confia no Senhor. E esta confiança em Deus é a terceira atitude é confiar em Deus não procurando fazer justiça pelas suas próprias mãos.  Estas três atitudes do rei Davi são ensinamentos para a nossa vida:“É belo ouvir isto e ver estas três atitudes: um homem que ama Deus, ama o seu povo e não o negocia, um homem que se sabe pecador e faz penitência; um homem que é seguro do seu Deus e confia n’Ele. Davi é santo e nós veneramo-lo como santo. Peçamos-lhe que nos ensine estas atitudes nos momentos difíceis da vida.” 






HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
DOMINGO, 2 DE FEVEREIRO DE 2014
FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR
18º DIA MUNDIAL DA VIDA CONSAGRADA
BASÍLICA DE SÃO PEDRO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA E
RÁDIO VATICANA

Em sua homilia, o pontífice sublinhou que "a Festa da Apresentação de Jesus no Templo é chamada também 'a festa do encontro': o encontro entre Jesus e o seu povo; quando Maria e José levaram o seu filho ao Templo de Jerusalém, realizou-se o primeiro encontro entre Jesus e o seu povo, representado pelos dois anciãos, Simeão e Ana".
"Aquele foi também um encontro dentro da história do povo, um encontro entre os jovens e os idosos: os jovens eram Maria e José com o seu recém-nascido e os anciãos eram Simeão e Ana, dois personagens que sempre frequentavam o Templo", frisou o Santo Padre.
O evangelista Lucas, sobre Nossa Senhora e São José, repete por quatro vezes que eles queriam fazer aquilo que era prescrito pela Lei do Senhor. "Percebe-se que os pais de Jesus têm a alegria de observar os preceitos de Deus, a alegria de caminhar na Lei do Senhor! São dois esposos novos, recém tiveram a criança e estão animados pelo desejo de cumprir aquilo que está prescrito. Não é um fato exterior, não é para sentir-se com o dever cumprido, não! É um desejo forte, profundo, cheio de alegria. É aquilo que diz o Salmo: 'Na observância dos teus ensinamentos eu me alegro... A vossa lei é a minha delícia'".
Sobre os anciãos, São Lucas diz "que eram guiados pelo Espírito Santo. De Simeão, afirma que era um homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel, e que o 'o Espírito Santo estava n'ele'; disse que 'o Espírito Santo o havia revelado que não morreria sem antes ver o Cristo, o Messias; e enfim que se dirigiu ao Templo "impelido pelo Espírito Santo'. De Ana, diz que era uma 'profetiza', isto é, inspirada por Deus; e que estava sempre no Templo 'servindo a Deus com jejuns e orações'. Estes dois anciãos são cheios de vida! São cheios de vida porque animados pelo Espírito Santo, dóceis à sua ação, sensíveis aos seus chamados."
"Eis o encontro entre a Sagrada Família e estes dois representantes do povo santo de Deus. No centro está Jesus. É Ele que move tudo, que os atrai ao Templo, casa de seu Pai."
O Papa Francisco destacou que este "é um encontro entre os jovens cheios de alegria em observar a Lei do Senhor e os anciãos cheios de alegria pela ação do Espírito Santo. É um singular encontro entre observância e profecia, onde os jovens são os observantes e os anciãos são os proféticos! Na realidade, se refletirmos bem, a observância da Lei é animada pelo mesmo Espírito, e a profecia se cumpre no caminho indicado pela Lei. Quem mais do que Maria é cheia do Espírito Santo? Quem mais do que ela é dócil à sua ação?"
À luz desta passagem do Evangelho, o Santo Padre convidou a olhar "para vida consagrada como a um encontro com Cristo, pois Ele vem até nós, trazido por Maria e José, e nós vamos em direção a Ele, guiados pelo Espírito Santo. Mas no centro está Ele. Ele move tudo, Ele nos atrai ao Templo, à Igreja, onde podemos encontrá-lo, reconhecê-lo, acolhê-lo e abraçá-lo".
"Jesus vem ao nosso encontro na Igreja através do carisma de fundação de um Instituto: é bonito pensar assim à nossa vocação! O nosso encontro com Cristo tomou a sua forma na Igreja mediante o carisma de uma testemunha sua. Isto sempre nos surpreende e nos faz dar graças", disse ainda Francisco.
"Na vida consagrada também se vive o encontro entre os jovens e os anciãos, entre a observância e a profecia. Não vemos isto como duas realidades contrapostas! Deixamos que o Espírito Santo as anime e o sinal disso é a alegria: a alegria de observar, de caminhar numa regra de vida; e a alegria de ser guiados pelo Espírito, nunca rígidos, nunca fechados, mas sempre abertos à voz de Deus que fala, que abre e conduz."
O Papa disse ainda que "faz bem aos anciãos comunicar a sabedoria aos jovens; e faz bem aos jovens acolher este patrimônio de experiência e de sabedoria e levá-lo adiante, para o bem das respectivas famílias religiosas e de toda a Igreja".
"Que a graça deste mistério, o mistério do encontro, nos ilumine e nos conforte em nosso caminho". Amém.
 "A Festa da Apresentação de Jesus no Templo é chamada também 'a festa do encontro': o encontro entre Jesus e o seu povo; quando Maria e José levaram o seu filho ao Templo de Jerusalém, realizou-se o primeiro encontro entre Jesus e o seu povo, representado pelos dois anciãos, Simeão e Ana".
 "É um encontro entre os jovens cheios de alegria em observar a Lei do Senhor e os anciãos cheios de alegria pela ação do Espírito Santo.
"Faz bem aos anciãos comunicar a sabedoria aos jovens; e faz bem aos jovens acolher este patrimônio de experiência e de sabedoria e levá-lo adiante, para o bem das respectivas famílias religiosas e de toda a Igreja".
HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
DOMINGO, 2 DE FEVEREIRO DE 2014
FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR
18º DIA MUNDIAL DA VIDA CONSAGRADA
BASÍLICA DE SÃO PEDRO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA E
RÁDIO VATICANA
HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
DOMINGO, 2 DE FEVEREIRO DE 2014
FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR
18º DIA MUNDIAL DA VIDA CONSAGRADA
BASÍLICA DE SÃO PEDRO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA E
RÁDIO VATICANA
HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
DOMINGO, 2 DE FEVEREIRO DE 2014
FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR
18º DIA MUNDIAL DA VIDA CONSAGRADA
BASÍLICA DE SÃO PEDRO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA E
RÁDIO VATICANA
HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
DOMINGO, 2 DE FEVEREIRO DE 2014
FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR
18º DIA MUNDIAL DA VIDA CONSAGRADA
BASÍLICA DE SÃO PEDRO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA E
RÁDIO VATICANA
HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
DOMINGO, 2 DE FEVEREIRO DE 2014
FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR
18º DIA MUNDIAL DA VIDA CONSAGRADA
BASÍLICA DE SÃO PEDRO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA E
RÁDIO VATICANA






HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
QUARTA-FEIRA, 01 DE JANEIRO DE 2014
SOLENIDADE DE MARIA MÃE SANTÍSSIMA

DE DEUS.
XLVLL DIA MUNDIAL DA PAZ
BASÍLICA VATICANA
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal



A primeira leitura propôs-nos a antiga súplica de bênção que Deus sugerira a Moisés, para que a ensinasse a Aarão e seus filhos: «O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor dirija para ti o seu olhar e te conceda a paz» (Nm 6, 24-26). É muito significativo ouvir estas palavras de bênção no início dum novo ano: acompanharão o nosso caminho neste tempo que se abre diante de nós. São palavras que dão força, coragem e esperança; não uma esperança ilusória, assente em frágeis promessas humanas, nem uma esperança ingénua que imagina melhor o futuro, simplesmente porque é futuro. Esta esperança tem a sua razão de ser precisamente na bênção de Deus; uma bênção que contém os votos maiores, os votos da Igreja para cada um de nós, repletos da protecção amorosa do Senhor, da sua ajuda providente.
Os votos contidos nesta bênção realizaram-se plenamente numa mulher, Maria, enquanto destinada a tornar-Se a Mãe de Deus, e realizaram-se n’Ela antes de toda a criatura.
Mãe de Deus. Este é o título principal e essencial de Nossa Senhora. Trata-se duma qualidade, duma função que a fé do povo cristão, na sua terna e genuína devoção à Mãe celeste, desde sempre Lhe reconheceu.
Lembremos aquele momento importante da história da Igreja Antiga que foi o Concílio de Éfeso, no qual se definiu com autoridade a maternidade divina da Virgem. Esta verdade da maternidade divina de Maria ecoou em Roma, onde, pouco depois, se construiu a Basílica de Santa Maria Maior, o primeiro santuário mariano de Roma e de todo o Ocidente, no qual se venera a imagem da Mãe de Deus – a Theotokos – sob o título de Salus populi romani. Diz-se que os habitantes de Éfeso, durante o Concílio, se teriam congregado aos lados da porta da basílica onde estavam reunidos os Bispos e gritavam: «Mãe de Deus!» Os fiéis, pedindo que se definisse oficialmente este título de Nossa Senhora, demonstravam reconhecer a sua maternidade divina. É a atitude espontânea e sincera dos filhos, que conhecem bem a sua Mãe, porque A amam com imensa ternura. Mais ainda: é o sensus fidei do povo santo de Deus que nunca, na sua unidade, nunca erra.
Desde sempre Maria está presente no coração, na devoção e sobretudo no caminho de fé do povo cristão. «A Igreja caminha no tempo (...). Mas, nesta caminhada, a Igreja procede seguindo as pegadas do itinerário percorrido pela Virgem Maria» (João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 2). O nosso itinerário de fé é igual ao de Maria; por isso, A sentimos particularmente próxima de nós! No que diz respeito à fé, que é o fulcro da vida cristã, a Mãe de Deus partilhou a nossa condição, teve de caminhar pelas mesmas estradas, às vezes difíceis e obscuras, trilhadas por nós, teve de avançar pelo «caminho da fé»  (Conc. Ecum. Vat. II, Const. Lumen gentium, 58).
O nosso caminho de fé está indissoluvelmente ligado a Maria, desde o momento em que Jesus, quando estava para morrer na cruz, no-La deu como Mãe, dizendo: «Eis a tua mãe!» (Jo 19, 27). Estas palavras têm o valor dum testamento, e dão ao mundo uma Mãe. Desde então, a Mãe de Deus tornou-Se também nossa Mãe! Na hora em que a fé dos discípulos se ia quebrantando com tantas dificuldades e incertezas, Jesus confiava-lhes Aquela que fora a primeira a acreditar e cuja fé não desfaleceria jamais. E a «mulher» torna-Se nossa Mãe, no momento em que perde o Filho divino. O seu coração ferido dilata-se para dar espaço a todos os homens, bons e maus, todos; e ama-os como os amava Jesus. A mulher que, nas bodas de Caná da Galileia, dera a sua colaboração de fé para a manifestação das maravilhas de Deus na mundo, no Calvário mantém acesa a chama da fé na ressurreição do Filho, e comunica-a aos outros com carinho maternal. Assim Maria torna-Se fonte de esperança e de alegria verdadeira.
A Mãe do Redentor caminha diante de nós e sempre nos confirma na fé, na vocação e na missão. Com o seu exemplo de humildade e disponibilidade à vontade de Deus, ajuda-nos a traduzir a nossa fé num anúncio, jubiloso e sem fronteiras, do Evangelho. Deste modo, a nossa missão será fecunda, porque está modelada pela maternidade de Maria. A Ela confiamos o nosso itinerário de fé, os desejos do nosso coração, as nossas necessidades, as carências do mundo inteiro, especialmente a sua fome e sede de justiça, de paz e de Deus; e invoquemo-La todos juntos; sim, convido-vos a invocá-La três vezes, à imitação dos irmãos de Éfeso, dizendo-Lhe: Mãe de Deus! Mãe de Deus! Mãe de Deus! Amen.





HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEXTA-FEIRA, 03 DE JANEIRO DE 2014

O EVANGELHO ANUNCIA-SE COM
DOÇURA, FRATERNIDADE E AMOR
E NÃO COMA PANCADAS 
INQUISIDORAS
IGREJA CHIESA DEL GESÚ

IGREJA DE JESUS
COMPANHIA DE JESUS

Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal


São Paulo nos diz, ouvimos: “Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo” (Fil 2, 5-7). Nós, jesuítas, queremos ser reconhecidos com o nome de Jesus, servir sob a bandeira da sua Cruz, e isto significa: ter os mesmos sentimentos de Cristo. Significa pensar como Ele, querer o bem como Ele, ver como Ele, caminhar como Ele. Significa fazer aquilo que Ele fez e com os seus mesmos sentimentos, com os sentimentos do seu coração.
O coração de Cristo é o coração de um Deus que, por amor, se “aniquilou”. Cada um de nós, jesuítas, que segue Jesus deveria estar disposto a aniquilar a si mesmo. Somos chamados a este rebaixamento: ser uns “aniquilados”. Ser homens que não devem viver centrados em si mesmos porque o centro da Companhia é Cristo e a sua Igreja. E Deus é o Deus semper maior, o Deus que nos surpreende sempre. E se o Deus das surpresas não está no centro, a Companhia se desorienta. Por isto, ser jesuíta significa ser uma pessoa de pensamento incompleto, de pensamento aberto: porque pensa sempre olhando para o horizonte que é a glória de Deus sempre maior, que nos surpreende sem interrupção. E esta é a inquietude do nosso abismo. Esta santa e bela inquietude!
Mas, porque pecadores, podemos nos perguntar se o nosso coração conservou a inquietude da busca ou se, em vez disso, se atrofiou; se o nosso coração está sempre em tensão: um coração que não descansa, não se fecha em si mesmo, mas que bate o ritmo de um caminho a cumprir junto a todo o povo fiel de Deus. É preciso procurar Deus para encontrá-Lo e encontrá-Lo para buscá-Lo ainda e sempre. Somente esta inquietude dá paz ao coração de um jesuíta, uma inquietude também apostólica, não deve nos fazer cansar de anunciar o querigma, de evangelizar com coragem. É a inquietude que nos prepara para receber o dom da fecundidade apostólica. Sem inquietude somos estéreis.
É esta inquietude que tinha Pedro Fabro, homem de grandes desejos, um outro Daniel. Fabro era um “homem modesto, sensível, de profunda vida interior e dotado do dom de traçar relações de amizade com pessoas de todo tipo” (Bento XVI. Discurso aos jesuítas, 22 de abril de 2006). Todavia, era também um espírito inquieto, indeciso, nunca satisfeito. Sob a orientação de santo Inácio aprendeu a unir a sua sensibilidade inquieta mas também doce, diria delicada, com a capacidade de tomar decisões. Era um homem de grandes desejos; encarregou-se de seus desejos, reconheceu-os. De fato, para Fabro, é propriamente quando se propõem coisas difíceis que se manifesta o verdadeiro espírito que move a ação (cfr Memoriale, 301). Uma fé autêntica implica sempre um profundo desejo de mudar o mundo.  Eis a pergunta que devemos nos fazer: temos também nós grandes visões e entusiasmo? Também nós somos audazes? O sonho voa alto? O zelo nos consome (cfr Sal 69, 10)? Ou somos medíocres e nos contentamos com nossas programações apostólicas de laboratório?  Recordemos sempre: a força da Igreja não está em si mesma e na sua capacidade organizativa, mas se esconde nas águas profundas de Deus. E estas águas agitam os nossos desejos e os desejos alargam o coração. É aquilo que diz Santo Agostinho: rezar para desejar e desejar para alargar o coração. Propriamente nos desejos Fabro podia discernir a voz de Deus. Sem desejo não se vai a lugar algum e é por isto que é preciso oferecer os próprios desejos ao Senhor. Nas Constituições se diz que “se ajuda o próximo com os desejos apresentados a Deus nosso Senhor” (Constituições, 638).
Fabro tinha o verdadeiro e profundo desejo de “ser dilatado em Deus”: era completamente centrado em Deus, e por isto podia seguir, em espírito de obediência, muitas vezes a pé, em qualquer lugar da Europa, a dialogar com todos com doçura e a anunciar o Evangelho. Me ocorre pensar na tentação, que talvez podemos ter nós e que tantos têm, de vincular o anúncio do Evangelho com pancadas inquisitórias, de condenação. Não, o Evangelho se anuncia com doçura, com fraternidade, com amor. A sua familiaridade com Deus o levava a entender que a experiência interior e a vida apostólica vão sempre juntas. Escreve em seu Memorial que o primeiro movimento do coração deve ser aquele de “desejar aquilo que é essencial e originário, isso é, que o primeiro lugar seja deixado à solicitude perfeita de encontrar Deus nosso Senhor” (Memorial, 63). Fabro prova o desejo de “deixar que Cristo ocupe o centro do coração” (Memorial, 68). Somente se se está centrado em Deus é possível andar para as periferias do mundo! E Fabro viajou sem interrupções também nas fronteiras geográficas tanto que se dizia dele: “parece que nasceu para não ficar parado em parte alguma” (MI, Epistolae I, 362). Fabro foi devorado pelo intenso desejo de comunicar o Senhor. Se nós não temos o seu mesmo desejo, então temos necessidade de parar em oração e, com fervor silencioso, pedir ao Senhor, por intercessão do nosso irmão Pedro, que volte a nos fascinar: aquele fascínio do Senhor que levava Pedro a todas estas “loucuras” apostólicas.

Nós somos homens em tensão, somos também homens contraditórios e incoerentes, pecadores, todos. Mas homens que querem caminhar sob o olhar de Jesus. Nós somos pequenos, somos pecadores, mas queremos servir sob a bandeira da Cruz na Companhia reconhecida pelo nome de Jesus. Nós que somos egoístas, queremos, todavia, viver uma vida agitada por grandes desejos. Renovemos então a nossa oblação ao Eterno Senhor do universo para que com a ajuda de sua Mãe gloriosa possamos querer, desejar e viver os sentimentos de Cristo que aniquilou a si mesmo. Como escrevia São Pedro Fabro, “Jamais busquemos nesta vida um nome a não ser o nome de Jesus” (Memorial, 205). E rezemos à Nossa Senhora para sermos colocados com o seu Filho.


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO

SEGUNDA-FEIRA, 06 DE JANEIRO DE 2014

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR.

O EXEMPLO DOS MAGOS PRECISA TER

ASTÚCIA ESPIRITUAL E PROTEGER A FÉ.

CAPELA PAPAL DA BASÍLICA VATICANA

BOLETIM DA SANTA SÉ

TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL

FONTE: CANÇÃO NOVA

«Lumen requirunt lumine». Esta sugestiva frase dum hino litúrgico da Epifania refere-se à experiência dos Magos: seguindo uma luz, eles procuram a Luz. A estrela aparecida no céu acende, nas suas mentes e corações, uma luz que os move à procura da grande Luz de Cristo. Os Magos seguem fielmente aquela luz, que os penetra interiormente, e encontram o Senhor.
Neste percurso dos Magos do Oriente, está simbolizado o destino de cada homem: a nossa vida é um caminhar, guiado pelas luzes que iluminam a estrada, para encontrar a plenitude da verdade e do amor, que nós, cristãos, reconhecemos em Jesus, Luz do mundo. E, como os Magos, cada homem dispõe de dois grandes «livros» donde tirar os sinais para se orientar na peregrinação: o livro da criação e o livro das Sagradas Escrituras. Importante é estar atento, velar, ouvir Deus que nos fala – sempre nos fala. Como diz o Salmo, referindo-se à Lei do Senhor: «A tua palavra é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos» (Sal 119/118, 105). E, de modo especial, o ouvir o Evangelho, lê-lo, meditá-lo e fazer dele nosso alimento espiritual permite-nos encontrar Jesus vivo, ter experiência d’Ele e do seu amor.
A primeira leitura faz ressoar, pela boca do profeta Isaías, este apelo de Deus a Jerusalém: «Ergue-te e sê iluminada!» (60, 1). Jerusalém é chamada a ser a cidade da luz, que irradia sobre o mundo a luz de Deus e ajuda os homens a seguirem os seus caminhos. Esta é a vocação e a missão do Povo de Deus no mundo. Mas Jerusalém pode falhar a esta chamada do Senhor. Diz-nos o Evangelho que, chegados a Jerusalém, os Magos deixaram de ver a estrela durante algum tempo. Já não a viam. Em particular, a sua luz está ausente no palácio do rei Herodes: aquela habitação é tenebrosa; lá reinam a escuridão, a desconfiança, o medo, a inveja. Efetivamente Herodes mostra-se apreensivo e preocupado com o nascimento de um frágil Menino, que ele sente como rival. Na realidade, Jesus não veio para derrubar um miserável fantoche como ele, mas o Príncipe deste mundo! Todavia o rei e os seus conselheiros sentem fender-se os suportes do seu poder, temem que sejam invertidas as regras do jogo, desmascaradas as aparências. Todo um mundo construído sobre o domínio, o sucesso, a riqueza, a corrupção é posto em crise por um Menino! E Herodes chega ao ponto de matar os meninos: «Tu matas o corpo das crianças, porque o temor te matou o coração», escreve São Quodvultdeus (Sermão 2 sobre o Símbolo: PL 40, 655). É assim: tinha medo e, com este medo, enlouqueceu.
Os Magos souberam superar aquele perigoso momento de escuridão junto de Herodes, porque acreditaram nas Escrituras, na palavra dos profetas que indicava Belém como o local do nascimento do Messias. Assim escaparam do torpor da noite do mundo, retomaram a estrada para Belém e lá viram de novo a estrela, e o Evangelho diz que sentiram uma «enorme alegria» (Mt 2,10). Precisamente a estrela que não se via na escuridão da mundanidade daquele palácio.
Entre os vários aspectos da luz, que nos guia no caminho da fé, inclui-se também uma santa «astúcia». Também esta é uma virtude: a «astúcia» santa. Trata-se daquela sagacidade espiritual que nos permite reconhecer os perigos e evitá-los. Os Magos souberam usar esta luz feita de «astúcia» quando, no caminho de regresso, decidiram não passar pelo palácio tenebroso de Herodes, mas seguir por outra estrada. Estes sábios vindos do Oriente ensinam-nos o modo de não cair nas ciladas das trevas e defender-nos da obscuridade que teima em envolver a nossa vida. Com esta «astúcia» santa, eles guardaram a fé. Também nós devemos guardar a fé. Guardá-la daquela escuridão, se bem que, muitas vezes, é uma escuridão travestida de luz! Porque às vezes o demônio, diz São Paulo, veste-se de anjo de luz. Daí ser necessária uma santa «astúcia», para guardar a fé, guardá-la do canto das Sereias que te dizem: “Olha! Hoje devemos fazer isto, aquilo…” Mas, a fé é uma graça, é um dom. Compete-nos a nós guardá-la com esta «astúcia» santa, com a oração, com o amor, com a caridade. É preciso acolher no nosso coração a luz de Deus e, ao mesmo tempo, cultivar aquela astúcia espiritual que sabe combinar simplicidade e argúcia, como Jesus pede aos discípulos: «Sede, pois, prudentes como as serpentes e simples como as pombas» (Mt 10, 16).
Na festa da Epifania, em que recordamos a manifestação de Jesus à humanidade no rosto dum Menino, sentimos ao nosso lado os Magos como sábios companheiros de estrada. O seu exemplo ajuda-nos a levantar os olhos para a estrela e seguir os anseios grandes do nosso coração. Ensinam-nos a não nos contentarmos com uma vida medíocre, sem «grandes voos», mas a deixarmo-nos sempre fascinar pelo que é bom, verdadeiro, belo… por Deus, que é tudo isso elevado ao máximo! E ensinam-nos a não nos deixarmos enganar pelas aparências, por aquilo que, aos olhos do mundo, é grande, sábio, poderoso. É preciso não se deter aí. É necessário guardar a fé. Neste tempo, isto é muito importante: guardar a fé. É preciso ir mais além, além da escuridão, além do fascínio das Sereias, além da mundanidade, além de muitas modernidades que existem hoje, ir rumo a Belém, onde, na simplicidade duma casa de periferia, entre uma mãe e um pai cheios de amor e de fé, brilha o Sol nascido do alto, o Rei do universo. Seguindo o exemplo dos Magos, com as nossas pequenas luzes, procuramos a Luz e guardamos a fé. Assim seja!



HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
TERÇA-FEIRA, 07 DE JANEIRO DE 2014
É PRECISO MANTER-SE VIGILANTE

E TER SABEDORIA PARA 
IDENTIFICAR O QUE É DE DEUS.
CASA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA



As reflexões do Papa partiram de uma exortação do apóstolo João na Primeira Leitura: “Permaneçam no Senhor”. Trata-se, segundo Francisco, de um conselho de vida que João repete de modo quase obsessivo.
Ele explicou que o apóstolo indica um dos comportamentos do cristão que quer permanecer no Senhor: conhecer o que acontece no próprio coração. Daí a necessidade de saber discernir o que aproxima e o que afasta o homem de Deus.
“O nosso coração sempre tem desejos, vontades, pensamentos (…) Coloquem à prova os espíritos para ver se eles realmente vêm de Deus, porque muitos falsos profetas vieram ao mundo. Profetas, profecias ou propostas: ‘Eu quero fazer isso!’. Mas isso não o leva ao Senhor, mas o afasta d’Ele”.
Por causa de situações assim, Francisco destacou a necessidade de vigilância. Segundo ele, o cristão é um homem ou uma mulher que sabe vigiar o seu coração e deve saber identificar o que é e o que não é de Deus, a fim de permanecer n’Ele.
Para fazer esta distinção, o Papa disse que é preciso reconhecer Cristo, vindo na carne, o que significa reconhecer Seu caminho de humildade até a morte na cruz. “Se um pensamento, um desejo leva você para esse caminho de humildade, de rebaixamento, de serviço aos outros, é de Jesus. Mas se o leva ao caminho da suficiência, da vaidade, do orgulho, ao caminho de um pensamento abstrato, não é de Jesus”.
Concluindo a homilia, o Santo Padre propôs que cada um refletisse sobre o que acontece em seus corações. “Pensemos nisso e não esqueçamos de que o critério é a Encarnação do Verbo. E o apóstolo João nos conceda esta graça de reconhecer o que acontece no nosso coração e ter a sabedoria de discernir o que vem de Deus e o que não vem d’Ele”.


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
QUINTA-FEIRA, 09 DE JANEIRO DE 2014
O AMOR CRISTÃO É GENEROSO,

BASEADO MAS EM OBRAS 
CRETAS QUE EM PALAVRAS.
CASA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA


O amor cristão tem sempre a característica de ser “concreto”, está mais nas obras que nas palavras, mais em dar do que em receber. 


Nada de romantismo: ou é um amor altruísta e solícito ou nada tem a ver com o amor cristão. As reflexões do Papa partiram da Primeira Carta de João, na qual o apóstolo fala sobre o amor entre os homens e com Deus.
“Nós em Deus e Deus em nós: esta é a vida cristã. Não permanecer no espírito do mundo, na superficialidade, na idolatria, na vaidade. Não, não. Permanecer no Senhor. E Ele retribui isso: Ele permanece em nós”.
Francisco atentou para o fato de que esse amor de que fala João não é o amor das novelas. O amor cristão, segundo ele, tem a qualidade da concretude, conforme fala o próprio Jesus: dar de comer aos famintos, visitar os doentes e outras obras concretas.
“E quando não há esta concretude, pode-se viver um Cristianismo de ilusões, porque não se entende bem onde está o centro da mensagem de Jesus. Este amor não chega a ser concreto: é um amor de ilusões”.
E esta concretude do amor, segundo o Papa, está baseada em dois critérios: amar com as obras, e não com palavras e saber que, no amor, é mais importante dar do que receber. “Permanecer com coração aberto, permanecer em Deus e Deus permanece em nós; permanecer no amor”.



HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
, 10 DE JANEIRO DE 2014
A FORÇA DA ORAÇÃO
CASA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA

 A fé pode tudo, mas é preciso ter coragem de confiar em Deus. Cristãos convencidos pela metade, por sua vez, são cristãos derrotados.
No centro da homilia do Papa esteve o trecho da Primeira Leitura do dia, em que São João destaca aquela palavra que para ele é uma expressão da vida cristã: “permanecer no Senhor”. Francisco explicou que isso é obra do Espírito Santo, da fé, e produz um efeito concreto.
“Da nossa parte, a fé. Da parte de Deus – por Este ‘permanecer’ – o Espírito Santo, que faz esta obra da graça. E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé! Ela pode tudo! É vitória! E seria belo se repetíssemos isso também nós, porque, muitas vezes, somos cristãos derrotados. A Igreja está cheia de cristãos derrotados, que não acreditam que fé é vitória”.
A fé pede duas atitudes do ser humano: confessar e confiar. Antes de tudo, confessar Deus que se revelou ao mundo, o que se faz na oração do Credo. Porém, o Papa ressaltou a diferença existente entre recitar o Credo de coração ou fazê-lo como um “papagaio”.
“Creio em Deus, creio em Jesus, creio… Eu creio naquilo que digo? Esta confissão de fé é verdadeira ou eu a digo de memória, porque se deve dizer? Confessar a fé, toda ela, não uma parte!”.
O sinal de uma boa confissão de fé é a capacidade de adorar Deus. O “termômetro” da vida da Igreja está um pouco baixo, pois há pouca capacidade de adorar. “Porque, na confissão da fé, nós não estamos convencidos ou estamos convencidos pela metade”.
Sobre a necessidade de confiar em Deus, Francisco destacou que esta atitude leva à esperança. “Se nós cristãos acreditamos confessando a fé, também protegendo, fazendo a custódia da fé e confiando em Deus, seremos cristãos vencedores. E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé”.



HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
DOMINGO, 12 DE JANEIRO DE 2014
FESTA DO BATISMO DO SENHOR
A MAIOR HERANÇA QUE OS PAIS
DEIXAM É A FÉ.
CAPELA SISTINA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA

Jesus não tinha necessidade de ser batizado, mas os primeiros teólogos dizem que, com o seu corpo, com a sua divindade, no Batismo abençoou todas as águas, para que as águas tivessem o poder de dar o Batismo. E depois, antes de subir ao Céu, Jesus nos disse para ir a todo o mundo e batizar. E daquele dia até o dia de hoje, esta foi uma sequência ininterrupta: batizavam-se os filhos e os filhos depois aos filhos, aos filhos… E hoje também esta sequência prossegue. Estas crianças são o elo de uma sequência.
Vocês pais têm um menino ou uma menina para batizar, mas depois de alguns anos serão eles que terão uma criança para batizar ou um netinho… É assim a sequência da fé! O que quer dizer isto? Eu gostaria de dizer-vos somente isso: vocês são aqueles que transmitem a fé; vocês têm o dever de transmitir a fé a estas crianças. É a mais bela herança que vocês deixarão para elas: a fé! Somente isto. Hoje levem para casa este pensamento. Nós devemos ser aqueles que transmitem (transmissores) a fé. E pensem nisto. Pensem sempre como transmitir a fé às crianças.
Hoje canta o coro, mas o coro mais belo é este das crianças, que fazem barulho… Algumas choram, porque não estão confortáveis ou porque têm fome: se têm fome, mamães dêem a elas de comer! Tranquilas, hein! Porque elas são aqui as protagonistas. E agora, com esta consciência de ser aqueles que transmitem a fé, continuemos a cerimônia do Batismo.



HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEGUNDA-FEIRA, 13 DE JANEIRO DE 2014
O AMOR DE DEUS PELA HUMANIDADE
É ETERNO E CONCRETO.
CASA DE SANTA MARTA
RÁDIO VATICANO
TRADUÇÃO: LILIANE BORGES
FONTE: CANÇÃO NOVA

O Senhor vem ao nosso encontro e prepara o nosso caminho. Tal como nos diz o Evangelho, que nos relata o chamamento dos discípulos Pedro, André, Tiago e João, o Senhor prepara as nossas vidas, já há muito tempo:
“Parece que Simão, André, Tiago, João foram aqui definitivamente eleitos. Sim eles foram eleitos, mas eles, neste momento, não foram definitivamente fieis! Depois desta eleição enganaram-se, fizeram propostas que não eram cristãs ao Senhor: renegaram o Senhor! Pedro em grau superlativo, os outros por temor: assustaram-se e foram-se embora. Abandonaram o Senhor. O Senhor prepara. E depois da Ressurreição, o Senhor teve que continuar este caminho de preparação até ao dia de Pentecostes. E depois do Pentecostes também alguns – Pedro por exemplo – erraram e Paulo teve que o corrigir. Mas o Senhor prepara.”
“E quando as coisas não estão bem, Ele mistura-se na história e arranja a situação continuando o caminho. Mas pensemos na genealogia de Jesus Cristo, naquela lista: este gera aquele; aquele gera este... naquela lista de História há pecadores e pecadoras. Mas como é que fez o Senhor? Misturou-se, corrigiu o caminho, regulou as coisas. Pensemos no grande David, um grande pecador e depois um grande santo. O Senhor sabe! Quando o Senhor nos diz: ‘Com amor eterno eu te amei’ refere-se a isto. Há tantas gerações o Senhor pensou em nós, em cada um de nós.”
O Senhor com o seu amor concreto, eterno e até um pouco artesanal prepara o nosso caminho:
“Porque o nosso racionalismo diz: ‘O Senhor, com tanta gente que há, vai pensar em mim? Mas preparou-me o caminho! Com as nossas mães, as nossas avós, os nossos pais, os nossos avós, os nossos bisavós... O Senhor faz assim. É este o seu amor: concreto, eterno e também artesanal. Rezemos, pedindo esta graça de perceber o amor de Deus. Mas nunca se percebe! Sente-se, chora-se mas perceber não. Também isto nos diz como é grande este amor. O Senhor que nos prepara há tanto tempo, caminha connosco, preparando os outros. Está sempre conosco! Peçamos a graça de perceber com o coração este grande amor.” (RS




HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
QUINTA-FEIRA, 16 DE JANEIRO DE 2014
PADRES CORRUPTOS DÃO ALIMENTO
 ENVENENADO AO POVO.
A FALTA DE RELAÇÃO COM DEUS E 
COM SUA PALAVRA COMO CAUSA
OS ESCÂNDALOS  E FRACASSOS DA 
IGREJA.
CASA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
RADIO VATICANO
FONTE: CANÇÃO NOVA
Os escândalos da Igreja ocorrem porque não existe uma relação viva com Deus e com a sua Palavra. Assim, sacerdotes corrompidos, ao invés de dar o pão da vida, dão um alimento envenenado ao santo povo de Deus: foi o que afirmou o Papa Francisco na sua homilia matutina, durante a Missa presidida na Casa Santa Marta.
Comentando a leitura do dia e o salmo responsorial, que narram uma dura derrota dos israelitas diante dos filisteus, o Papa observa que o povo de Deus naquela época tinha abandonado o Senhor. Dizia-se que a Palavra de Deus era “rara” naquele tempo. Para combater os filisteus, os israelitas usavam a arca da aliança, mas como uma coisa “mágica”, “uma coisa externa”. Por isso, são derrotados e a arca é tomada pelos inimigos:
Este trecho da Escritura nos faz pensar como é a nossa relação com Deus, com a Palavra de Deus: é uma relação formal? É uma relação distante? A Palavra de Deus entra no nosso coração, o transforma, tem este poder ou não? Mas o coração está fechado para a Palavra! E nos leva a pensar nas muitas derrotas da Igreja, do povo de Deus, simplesmente porque não ouve o Senhor, não O busca, não se deixa buscar por Ele!
Depois da tragédia, perguntamos ao Senhor o que aconteceu, pois Ele fez de nós o desprezo dos nossos vizinhos. O Papa pensa nos escândalos da Igreja:
Mas nos envergonhamos? Tantos escândalos que eu não quero mencionar singularmente, mas que todos nós conhecemos... Sabemos onde estão! Escândalos, alguns que fizeram gastar tanto dinheiro: tudo bem! Deve-se fazer assim…. A vergonha da Igreja! Mas nos envergonhamos daqueles escândalos, daquelas derrotas de padres, de bispos, de leigos? A Palavra de Deus naqueles escândalos era rara; naqueles homens e naquelas mulheres a Palavra de Deus era rara! Não tinham um elo com Deus! Tinham uma posição na Igreja, um lugar de poder, inclusive de comodidade. Mas a Palavra de Deus, não! ‘Mas, eu carrego uma medalha’; ‘Eu carrego uma Cruz’… Sim, assim como eles carregavam a arca! Sem uma relação viva com Deus e com a Palavra de Deus! Vem-me à mente aquela Palavra de Jesus para quem comete escândalos … E aqui ocorreu escândalo: toda uma decadência do povo de Deus, até o enfraquecimento, a corrupção dos sacerdotes.
O Papa Francisco concluiu sua homilia dirigindo o seu pensamento ao povo de Deus:
Pobre gente! Pobre gente! Não damos de comer o pão da vida; não damos de comer – nesses casos – a verdade! E damos de comer até mesmo alimento envenenado, muitas vezes! ‘Acorda, porque dormes Senhor!’. Que esta seja a nossa oração! ‘Desperta! Não nos rejeites para sempre! Por que escondes a tua face? Por que esquecer a nossa miséria e opressão?’. Peçamos ao Senhor que jamais esqueçamos a Palavra de Deus, que está viva, que entre no nosso coração e não se esqueça mais o santo povo fiel de Deus, que nos pede alimento forte!




HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEXTA-FEIRA, 17 DE JANEIRO DE 2014
CRISTÃOS NÃO PODE CEDER A 
TENTAÇÃO DO MUNDO
CASA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA


O dom de ser filho de Deus não pode ser “vendido” como a ideia de algo “normal”, a qual nos induz a nos esquecermos da Sua Palavra e a vivermos como se o Senhor não existisse. Essa é a tentação de querer ser “normal” quando, em vez disso, se é filho de Deus. Trata-se, em essência, de querer ignorar a Palavra do Senhor e seguir a palavra da própria vontade, escolhendo, de certo modo, “vender” esse dom de ser filho d’Ele para imergir-se em uma “uniformidade mundana”.
A «mundanidade espiritual» é uma tentação perigosa porque «amolece o coração» com o egoísmo e insinua nos cristãos um «complexo de inferioridade» que os leva a uniformizar-se com o mundo, a agir «como fazem todos» seguindo «a moda mais divertida». Foi um convite a viver a «docilidade espiritual» sem «vender» a própria identidade cristã .
A reflexão do Pontífice partiu da leitura litúrgica tirada do primeiro livro de Samuel. «Vimos  como o povo se tinha afastado de Deus, tinha perdido o conhecimento da palavra de Deus: não o ouvia, não o meditava». E «quando não há a palavra de Deus o lugar é ocupado por outra palavra: a própria palavra, a palavra do egoísmo, a palavra das próprias vontades. E também a palavra do mundo».
 No livro de Samuel «vimos como o povo, afastado da palavra de Deus, tinha sofrido aquelas derrotas» que tinham provocado muitíssimos mortos e deixado «viúvas e órfãos». Eram «as derrotas» de um povo que «se tinha afastado» do caminho indicado pelo Senhor.
O cristão «deve preservar para si a palavra de Deus que lhe diz: tu és meu filho, tu és eleito, eu estou contigo, eu caminho contigo». E «a normalidade da vida exige que o cristão seja fiel à sua eleição». Esta sua eleição nunca deve «ser vendida para se encaminhar rumo a uma uniformidade mundana: é esta a tentação do povo e também a nossa».
«A tentação endurece o coração. E quando o coração é duro, quando não está aberto, a palavra de Deus não pode entrar». Não é ocasional que Jesus tenha dito «aos de Emaús: néscios e tardos de coração!»; tendo «o coração duro, não compreendiam a palavra de Deus».
Precisamente «a mundanidade amolece o coração». Mas faz-lhe «mal». Porque «nunca é uma coisa boa o coração mole. É bom o coração aberto à palavra de Deus, que a recebe. Como Nossa Senhora que meditava todas estas coisas no seu coração, diz o Evangelho». Eis a prioridade: «Receber a palavra de Deus para não se afastar da eleição».
Na oração no início da missa, pedimos a graça de superar os nossos egoísmos», em particular o de querer fazer a própria vontade. O Papa Francisco sugeriu, em conclusão, que renovássemos ao Senhor o pedido desta graça. E que invocássemos também «a graça da docilidade espiritual, ou seja, de abrir o coração à palavra de Deus». Para «não fazer como estes nossos irmãos que fecharam o coração porque se tinham afastado de Deus e há muito tempo não ouviam ou não compreendiam a Sua palavra». Que «o Senhor nos dê a graça – desejou – de um coração aberto para receber a palavra de Deus», para a «meditar sempre» e para «enveredar pelo caminho verdadeiro».


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HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
DOMINGO, 19 DE JANEIRO DE 2014
UM CONVITE PARA TER CONFIANÇA
EM JESUS, QUE NÃO DECEPCIONA
E TIRA TODOS OS NOSSOS 
PECADOS.
VISITA PASTORAL À PARÓQUIA
ROMANA DO SAGRADO CORAÇÃO
 DE JESUS
BAIRRO CASTRO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA


É agradável, esta passagem do Evangelho. João Batista e Jesus, que havia sido batizado antes - alguns dias antes - estava, e está passando na frente de João. E João se sentiu dentro de si o poder do Espírito Santo para dar testemunho de Jesus Olhando para ele, e olhando para as pessoas que estavam ao redor dele, ele diz: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo". Ele dá testemunho de Jesus: Este é Jesus, este é aquele que vem para nos salvar: este é o único que nos dará o poder da esperança.

Jesus é chamado de Cordeiro é o Cordeiro que tira o pecado do mundo. Pode-se pensar, mas como um cordeiro, tão fraco, um cordeiro fraco, pois ele pode ter muitos pecados, tantos males? With Love. Com a sua brandura. Jesus nunca deixou de ser um cordeiro: suave, gentil, amoroso, perto da pequena, perto dos pobres. Foi ali, no meio do povo, curava a todos, ele ensinou, ele orou. Jesus tão fraco como um cordeiro. Mas ele tinha a força para tomar sobre si todos os nossos pecados, todos eles. "Mas, Pai, você não sabe a minha vida: eu tenho um que ... Eu não posso nem tomá-lo com um caminhão ...". Muitas vezes, quando olhamos para a nossa consciência, encontramos alguns que são grandes! Mas ele leva. Ele veio para isto: para perdoar, para fazer a paz no mundo, mas em primeiro lugar no meu coração. Talvez toda a gente tem uma dor em seu coração, talvez, tem um coração escuro, talvez você se sentir um pouco "triste por um crime ... Ele veio para tirar tudo isso, Ele nos dá a paz, Ele perdoa tudo. "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado" tira o pecado com a raiz e tudo! Esta é a salvação de Jesus, com o seu amor e sua gentileza. E, ouvindo o que você diz João Batista, que testemunha Jesus como Salvador, temos de crescer na fé em Jesus

Tantas vezes nós temos confiança em um médico é bom, porque o médico está lá para nos curar, e nós temos a confiança em uma pessoa: irmãos, irmãs, nós podemos ajudar. É bom ter essa confiança humana entre nós. Mas esqueça a confiança no Senhor: esta é a chave para o sucesso na vida. Confie no Senhor, vamos confiar-nos ao Senhor! "Senhor, olhe para a minha vida eu estou no escuro, eu tenho esse problema, eu tenho esse pecado ..." tudo o que temos, "Olhe para isso: eu confio em você." E este é um desafio que temos que fazer: a confiança nele, e nunca desilude. Nunca, nunca! Você se sente bem, rapazes e raparigas, que agora começou a vida: Jesus nunca desilude. Nunca. Este é o testemunho de João: Jesus, o bom, o manso, que vai acabar como um cordeiro morto.Sem gritos. Ele veio para nos salvar, para tirar o pecado. Mine, seu e que do mundo: tudo, tudo.

E agora eu convido você a fazer uma coisa: nós fechamos os olhos, imagine que cena ali, na margem do rio, enquanto João batiza Jesus e passageira. E ouvimos a voz de João: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo." Vamos olhar para Jesus e em silêncio, cada um de nós, para dizer algo a Jesus de seu coração. Em silêncio.(Pausa para o silêncio.)

O Senhor Jesus, que é leve, é bom - é um cordeiro - que veio para tirar os pecados, nos guie no caminho da nossa vida. E que assim seja.

DETALHES DA VISITA

A visita à Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no bairro Castro Pretório, foi a quarta do Papa Francisco, a primeira no centro de Roma, confiada aos Salesianos que administram também uma Obra querida por Dom Bosco numa realidade de "periferia existencial".
O Santo Padre, ao chegar sob a chuva, por ele definida "uma bênção", encontrou primeiro cerca de 60 sem-teto; em seguida, uma centena de jovens refugiados, alguns dos quais chegaram à Itália pela ilha de Lampedusa; depois foi a vez das crianças recentemente batizadas e dos recém-casados.
O Papa fez um apelo à partilha das necessidades materiais e espirituais, à partilha também entre pessoas de religiões diferentes, porque "Deus – disse – é um só e sempre o mesmo".
Outro momento vivido com intensidade espiritual foi o da Confissão. De fato, Francisco ouviu a confissão de cinco pessoas.
Um canto em espanhol durante a missa, o chimarrão oferecido pela comunidade religiosa e a imagem, no presbitério, da Virgem de Luján, padroeira da Argentina: sinais de calor e afeto da paróquia ao Santo Padre, que disse sentir-se em casa, "em família":
"Obrigado pelo acolhimento hein! Muito obrigado. Sinto-me em casa, entre vocês. Porque se pode fazer uma visita e encontrar muita educação, todo o protocolo, mas não haver calor. Entre vocês encontrei o calor do acolhimento, como numa família. E hoje fui eu que entrei, e me sinto em casa, como em família. Muito obrigado!" (RL



HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
TERÇA-FEIRA, 21 DE JANEIRO DE 2014
SEJAMOS PEQUENOS PARA DIALOGAR

COM A GRANDEZA DO SENHOR.
CASA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
RADIO VATICANA
FONTE: NEWS.VA

Na Missa desta terça-feira na Capela da Casa de Santa Marta o Papa Francisco, partindo da leitura do Livro de Samuel que nos relata a unção de David por Samuel, sublinhou que o Senhor escolhe sempre os pequenos desenvolvendo com o Seu povo uma relação pessoal:

“Nunca o Senhor fala à gente assim à massa, nunca. Fala sempre pessoalmente, com os nomes. E escolhe pessoalmente. O relato da criação faz-nos ver isto: é o próprio Senhor que com as suas mãos artesanalmente faz o homem e lhe dá um nome: ‘Tu chamas-te Adão’. E assim começa aquela relação entre Deus e a pessoa. E há uma outra coisa, há uma relação entre Deus e nós pequenos: Deus, o grande, e nós pequenos. Deus, quando deve escolher as pessoas, também o seu povo, sempre escolhe os pequenos.”
“Todos nós com o Batismo fomos eleitos. Todos somos eleitos. Escolheu-nos um por um. Deu-nos um nome e olha para nós. Há um diálogo, porque assim ama o Senhor. Também David depois se tornou rei e errou. Talvez tenha feito tantos, mas a Bíblia conta-nos dois erros fortes, dois erros daqueles pesados. O que é que fez David? Humilhou-se. Tornou à sua pequenez e disse: ‘Sou pecador’. E pediu perdão e fez tanta penitência.”

David pediu ao Senhor que o punisse a ele e não ao seu povo. Segundo o Papa Francisco, David guardou a sua pequenez com o pensamento, com o arrependimento, com a oração, com o choro. E pensando neste diálogo entre o Senhor e a nossa pequenez o Santo Padre perguntou-se onde está a fidelidade cristã:

“A fidelidade cristã, a nossa fidelidade, é simplesmente conservar a nossa pequenez, para que possa dialogar com o Senhor. Guardar a nossa pequenez. Por isto a humildade, a mansidão são tão importantes na vida do cristão, porque é a conservação da pequenez, a qual é do agrado do Senhor. E será sempre o diálogo entre a nossa pequenez e a grandeza do Senhor. Que o Senhor nos dê, por intercessão de S. David – também por intercessão de Nossa Senhora que cantava alegremente a Deus, porque tinha guardado a sua humildade – nos dê o Senhor a graça de guardar a nossa pequenez perante Ele.” (RS) 



HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
QUINTA-FEIRA, 23 DE JANEIRO DE 2014
CIÚMES E INVEJAS DIVIDEM OS

CRISTÃOS
CASA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA


“Os cristãos devem fechar as portas a ciúmes, invejas e mexericos que dividem e destroem nossas comunidades”. 
Sua reflexão começou a partir da primeira leitura do dia, que fala da vitória dos israelitas sobre os filisteus, graças à coragem do jovem Davi. A alegria da vitória se transformou logo em tristeza: o Rei Saul, invejoso porque as mulheres louvaram Davi, que matou Golias, mandou executá-lo.
“É o que o ciúme faz em nosso coração é uma inquietude cruel: não toleramos que um irmão ou irmã tenham algo que não temos. Saul, ao invés de louvar Deus, como fizeram as mulheres de Israel, preferiu se fechar e ficar lamentando consigo mesmo”.
“O ciúmes leva a matar.. foi pela porta da inveja que o diabo entrou no mundo. Ciúme e inveja abrem as portas ao mal, são um veneno”, disse, advertindo:
“As pessoas invejosas e ciumentas são amargas: não sabem cantar, não sabem louvar e não conhecem a alegria. Semeiam sua amargura e a difundem em toda a comunidade. Outra consequência deste comportamento são os mexericos, porque quando uma pessoa não tolera que outra tenha algo que ela não tem, tenta ‘rebaixá-la’, falando mal dela. Vejam: por trás de uma fofoca estão sempre ciúmes e inveja”.
“Quantas belas comunidades cristãs andavam bem até que o verme da inveja contagiou um de seus membros e com ele, a tristeza, o ressentimento e as fofocas”.
“Hoje, nesta missa, rezemos por nossas comunidades cristãs para que a semente do ciúme não seja semeada entre nós; que a inveja não penetre em nossos corações e possamos ir avante, louvando o Senhor, com a graça de não cairmos na tristeza”.



HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEXTA-FEIRA, 24 DE JANEIRO DE 2014
PARA DIALOGAR COM HUMILDADE
E BONDADE NÃO PODEMOS
CONSTRUIR UM MURO DE BERLIM
NO NOSSO CORAÇÃO

CASA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA E

RÁDIO VATICANA



Assim como na missa do dia anterior, no centro da reflexão do Pontífice esteve o confronto entre o Rei Saul e Davi. A um certo ponto, Davi tem a possibilidade de matar o Rei, mas escolhe “outra estrada”: a estrada da aproximação, do esclarecimento, da explicação. Enfim, o caminho do diálogo para fazer as pazes:
Para dialogar, é preciso calma, sem gritar. É necessário pensar também que a outra pessoa tem algo a mais em relação a mim, e Davi pensava isso: ‘Ele é o ungido do Senhor, é mais importante do que eu’. A humildade, a tranquilidade… Para dialogar, é preciso fazer o que pedimos hoje na oração, no início da Missa: fazer-se tudo a todos. Humildade, tranquilidade, fazer-se tudo a todos e também – mas isso não está escrito na Bíblia – todos sabemos que para fazer essas coisas é preciso engolir muitos sapos. Mas é preciso fazê-lo, porque a paz se faz assim: com humildade, a humilhação, buscando sempre ver no outro a imagem de Deus.
“Dialogar é difícil”, mas pior do que tentar construir uma ponte com o adversário é deixar crescer no coração o rancor por ele. Agindo desta maneira, permanecemos “isolados na amargura do nosso ressentimento”. Um cristão, ao invés, tem Davi como modelo, que vence o ódio com “um ato de humildade”:
Humilhar-se, e sempre criar pontes, sempre. Sempre. E isso é ser cristão. Não é fácil. Jesus conseguiu: se humilhou até o fim, nos mostrou o caminho. E é necessário que não passe muito tempo: quando existir um problema, depois que a tempestade passar, o mais rápido possível, na primeira oportunidade deve-se recorrer ao diálogo, porque o tempo aumenta o muro, assim como aumenta a erva daninha que impede o crescimento do trigo. E quando os muros crescem, a reconciliação se torna mais difícil: é muito difícil!.
Não é um problema se “algumas vezes voam pratos” – “na família, nas comunidades, nos bairros”, o importante é “tentar fazer as pazes o mais rápido possível”, com uma palavra, um gesto. Uma ponte mais do que um muro, como aquele que por tantos anos dividiu Berlim. Porque “também no nosso coração podemos ter um Muro de Berlim com os outros”:
Eu tenho medo desses muros, desses muros que crescem a cada dia e favorecem os ressentimentos. Inclusive o ódio. Pensemos neste jovem Davi: poderia perfeitamente ter se vingado, expulsado o rei, mas ele escolheu o caminho do diálogo, com humildade, bondade e doçura. Hoje, peçamos a São Francisco de Sales, Doutor da doçura, que nos dê a todos a graça de fazer pontes com os outros, jamais muros.




HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
TERÇA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2014
A ORAÇÃO DE LOUVOR NOS 

TORNA FECUNDOS.
CASA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA 
E
RÁDIO VATICANA


O Papa desenvolveu sua homilia a partir da primeira leitura, extraída do segundo Livro de Samuel, que narra a dança de Davi diante do Senhor.
Todo o povo de Deus estava em festa, porque a Arca da Aliança havia regressado à casa. A oração de louvor de Davi o levou a perder a compostura e dançar diante do Senhor com todas as suas forças. Este trecho, o levou a pensar em Sara, que dançou de alegria depois de dar à luz. Para nós  é fácil entender a oração para pedir uma coisa ao Senhor, ou mesmo para agradecer-Lhe, mas a oração de louvor não nos vem de maneira tão espontânea:
“‘Mas, Padre, isso é para aqueles da Renovação no Espírito, não para todos os cristãos!’. Não, a oração de louvor é uma oração cristã para todos nós! Na Missa, todos os dias, quando cantamos o Santo… Esta é uma oração de louvor: louvamos a Deus pela sua grandeza, porque é grande! E dizemos a Ele coisas belas, porque gostamos disso. ‘Mas, Padre, eu não sou capaz…’ – alguém pode dizer. Mas se é capaz de gritar quando seu time marca um gol, não é capaz de louvar ao Senhor? De perder um pouco a compostura para cantar? Louvar a Deus é totalmente gratuito! Não pedimos, não agradecemos: louvamos!”
Devemos rezar “com todo o coração”, prosseguiu o Papa: “É um ato inclusive de justiça, porque Ele é grande! É o nosso Deus!”.
“Uma boa pergunta que nós podemos nos fazer hoje: ‘Mas como vai a minha oração de louvor? Eu sei louvar ao Senhor? Sei louvar ao Senhor quando rezo o Glória ou o Sanctus, ou movo somente a boca sem usar o coração?’. O que me diz Davi, dançando? E Sara, dançando de alegria? Quando Davi entra na cidade, começa outra coisa: uma festa!”
“A alegria do louvor nos leva à alegria da festa. A festa da família. Quando Davi entra no palácio,  a filha do Rei Saul, Micol, o repreende e lhe pergunta se não sente vergonha por ter dançado daquela maneira diante de todos, já que ele era o rei. Micol “desprezou Davi”:
“Eu me pergunto quantas vezes nós desprezamos no nosso coração pessoas boas, que louvam ao Senhor como bem entendem, assim espontaneamente, porque não são cultas, não seguem atitudes formais? Mas, desprezo! E diz a Bíblia que Micol ficou estéril por toda a vida devido a isso! O que quer dizer a Palavra de Deus aqui? Que a alegria, que a oração de louvor nos torna fecundos! Sara dançava no auge da sua fecundidade, aos 90 anos! Aquele homem ou aquela mulher que louva ao Senhor, que reza louvando Ele, que que reza com alegria, é um homem ou uma mulher fecundo”.
Pelo contrário, “os que se fecham na formalidade de uma oração fria, comedida, talvez acabem como Micol: na esterilidade de sua formalidade”. O Papa então convidou a imaginar Davi que dança com todas as suas forças diante do Senhor e concluiu: “Nos fará bem repetir as palavras do Salmo 23 que rezamos hoje: “Levantai, ó portas, os vossos frontões, elevai-vos antigos portais, para que entre o rei da glória!”.


HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
QUINTA-FEIRA, 30 DE JANEIRO DE 2014
O SENTIDO DA IGREJA QUE NOS 

SALVA DA DIVISÃO DE SER 
CRISTÃOS SEM IGREJA 
BASEIA-SE EM TRÊS PILARES:
HUMILDADE, FIDELIDADE E
 SERVIÇO DA ORAÇÃO.
CASA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA 
E

RÁDIO VATICANA

2014-01-30 L’Osservatore Romano


O sensus Ecclesiae- – que nos salva da «absurda dicotomia de ser «cristãos sem Igreja» - baseia-se em três pilares: humildade, fidelidade e serviço da oração. .
Um pensamento que se relaciona com «trecho do segundo livro de Samuel (7,18-19.24-29) que ouvimos hoje. O Trecho narra o pensamento de «Davi, muito bondoso com o Senhor», que reflete: «Eu vivo num palácio, mas a arca do Senhor está numa tenda: façamos um templo». A resposta do Senhor é negativa: «Não, tu não o farás, fá-lo-á teu filho!». E «Davi aceita, mas aceita com alegria», apresentando-se diante de Deus e falando-lhe «como um filho a um pai». O significado desta ação em três pontos: humildade, fidelidade e serviço da oração.
«Uma pessoa que não é humilde não pode sentir com a Igreja: sentirá aquilo que lhe agrada». Portanto, a humildade verdadeira «vê-se em Davi», o qual pergunta «Quem sou eu, Senhor Deus, e o que é a minha casa?». Davi está ciente de que a história de salvação não começou com ele e não terminará quando ele morrer. Não! É exatamente uma história de salvação», através da qual «o Senhor, te alcança e te faz ir em frente e depois chama-te; e a história da Igreja começou antes de nós e continuará depois de nós». Porque nós «somos uma pequena parte de um grande povo que caminha pelas veredas do Senhor».
A fidelidade, segundo pilar, está «relacionada com a obediência».  Davi «obedece ao Senhor e é  fiel à sua doutrina, à sua lei»: portanto «fidelidade à Igreja, fidelidade ao seu ensinamento, fidelidade ao Credo, fidelidade à doutrina e preservação da doutrina». Deste modo, «humildade e fidelidade» caminham juntas. « Paulo VI nos recordava que recebemos a mensagem do Evangelho como um dom. E devemos transmiti-la como um dom. Não como uma coisa nossa. É um dom recebido que damos». E «nesta transmissão» é preciso «ser fiéis, porque nós recebemos e devemos dar um Evangelho que não é nosso, que é de Jesus. E não nos devemos tornar donos do Evangelho, donos da doutrina recebida para a usar a nosso bel-prazer.
Com humildade e fidelidade, «o terceiro pilar é o serviço: serviço na Igreja. Há o serviço a Deus, o serviço ao próximo, aos irmãos», «mas eu menciono apenas o serviço a Deus». Ponto de partida é ainda a atitude de Davi: quando «termina a sua reflexão diante de Deus, que é uma oração, reza pelo povo de Deus». É precisamente «este o terceiro pilar: rezar pela Igreja».
A humildade faz-nos compreender que «estamos inseridos numa comunidade como uma grande graça» e que «a história da salvação não começará comigo, não acabará comigo: cada um de nós pode dizer isto». Ao contrário, a fidelidade recorda-nos que «recebemos o Evangelho, uma doutrina» à qual ser fiéis e que devemos preservar. E o serviço estimula-nos a ser constantes na «oração pela Igreja». Que o Senhor nos ajude a caminhar por esta estrada a fim de aprofundar a nossa pertença à Igreja e o nosso sentir com a Igreja».

HOMÍLIA PAPA FRANCISCO
SEXTA-FEIRA, 31 DE JANEIRO DE 2014
QUANDO DEUS NÃO ESTÁ 

PRESENTE ENTRE OS 
HOMENS SE PERDE O
SENTIDO DO PECADO.
CASA DE SANTA MARTA
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO: JÉSSICA MARÇAL
FONTE: CANÇÃO NOVA 
E

RÁDIO VATICANA

 Quando Deus não está presente entre os homens, “se perde o sentido do pecado”, e assim podemos fazer com que os outros paguem o preço da nossa “mediocridade cristã”. Peçamos a Deus  a graça de que jamais diminua em nós a presença “do Seu Reino”.

Um pecado grave como, por exemplo, o adultério, classificado como “problema a ser resolvido”. A escolha que faz o Rei Davi, narrada na primeira Leitura de hoje, torna-se o espelho diante do qual o Papa Francisco coloca a consciência de cada cristão. Davi se apaixona por Betsabeia, esposa de Urias, um dos seus generais, ele a toma e envia o marido para a linha de frente na batalha, causando sua morte e, de fato, perpetrando um assassinato. No entanto, o adultério e o homicídio não o agitam muito. “Davi está diante de um grande pecado, mas ele não o vê como pecado”, observa o Papa: “Não passa por sua mente pedir perdão. ‘O que lhe vem em mente é: “Como faço para corrigir isso?’”
“A todos nós pode ocorrer isso. Todos nós somos pecadores e todos nós somos tentados, e a tentação é o pão nosso de cada dia. Se qualquer um de nós dissesse: ‘Mas eu nunca tive tentações', ou você é um querubim ou você é um pouco estúpido, não é? Entenda-se... é normal na vida a luta, e o diabo não está tranquilo, ele quer a sua vitória. Mas o problema - o problema mais grave nessa passagem - não é tanto a tentação e o pecado contra o nono mandamento, mas é como Davi age. E Davi aqui não fala de pecado, fala de um problema que precisa resolver. Este é um sinal! Quando o Reino de Deus não existe, quando o Reino de Deus diminui, um dos sinais é que você perde o sentido do pecado”.
Todos os dias, recitando o “Pai Nosso”, pedimos a Deus, “Venha o teu Reino...”, o que  significa dizer “cresça o Teu Reino”. Mas quando você perde o sentido do pecado, você também perde o “sentido do Reino de Deus” e no seu lugar  emerge uma “visão antropológica super-potente”, daquele que diz “eu posso fazer tudo”.
“É o poder do homem, ao invés da glória de Deus! Este é o pão de cada dia. Por isso, a oração de todos os dias a Deus “Venha o teu Reino, cresça o Teu Reino”, pois a salvação não virá das nossas espertezas, das nossas astúcias, da nossa inteligência em fazer negócios. A salvação virá pela graça de Deus e através do treinamento cotidiano que nós fazemos desta graça na vida cristã”.
“O maior pecado de hoje é que os homens perderam o sentido do pecado”. Papa Francisco citou esta famosa frase do Papa Pio XII e, em seguida, dirigiu o olhar para Urias, o homem inocente condenado à morte por culpa de seu rei. Urias, disse o Papa, torna-se o emblema de todas as vítimas do nosso inconfessado orgulho:
“Confesso a vocês que quando vejo essas injustiças, este orgulho humano, também quando vejo o perigo que isso ocorra também a mim, o perigo de perder o sentido do pecado, me faz bem pensar nos muitos Urias da história, nos muitos Urias que também hoje sofrem a nossa mediocridade cristã, quando perdemos o sentido do pecado, quando deixamos que o Reino de Deus diminua ... Estes são os mártires dos nossos pecados não reconhecidos. Irá nos fazer bem hoje rezar por nós, para que o Senhor nos dê sempre a graça de não perder o sentido do pecado, para que o Reino não diminua em nós. Também levar uma flor espiritual ao túmulo dos Urias contemporâneos, que pagam a conta do banquete dos seguros, daqueles cristãos que se sentem seguros”. 










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