sexta-feira, 3 de julho de 2015

PAPA FRANCISCO 2015

ANGELUS PAPA FRANCISCO
TEMA:
DOMINGO, 7 DE JUNHO DE 2015
PRAÇA SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO JÉSSICA MARÇAL



ANGELUS PAPA FRANCISCO
TEMA:
DOMINGO, 7 DE JUNHO DE 2015
PRAÇA SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO JÉSSICA MARÇAL




 ANGELUS PAPA FRANCISCO

TEMA:
DOMINGO, 7 DE JUNHO DE 2015
PRAÇA SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO JÉSSICA MARÇAL




ANGELUS PAPA FRANCISCO
TEMA: COMEÇAR UMA VIDA NOVA É UM MODO DE RESSUSCITAR
DOMINGO, 28 DE JUNHO DE 2015
PRAÇA SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO JÉSSICA MARÇAL



Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje apresenta a narração da ressurreição de uma jovem de doze anos, filha de um dos chefes da sinagoga, o qual se lança aos pés de Jesus e suplica: «A minha filha pequena está à beira da morte! Vem, impõe as tuas mãos sobre ela, para que seja curada e viva» (Mc 5, 23). Nesta oração sentimos a preocupação de cada pai pela vida e pelo bem dos seus filhos. Mas sentimos também a grande fé que aquele homem tem em Jesus. E quando chega a notícia de que a jovem morreu, Jesus diz-lhe: «Não temas, crê somente!» (v. 36). Estas palavras de Jesus infundem coragem! E di-las também a nós, muitas vezes: «Não temas, crê somente!». Ao entrar em casa, o Senhor despede todas as pessoas que choram e gritam e diz à menina morta: «Filhinha! Eu te ordeno, levanta-te!» (v. 41). E imediatamente a menina se levantou e se pôs a caminhar. Vê-se aqui o poder absoluto de Jesus sobre a morte, que para Ele é como um sono do qual nos pode despertar.

Nesta narração, o Evangelista insere outro episódio: a cura de uma mulher que havia doze anos sofria de hemorragias. Por causa desta doença que, segundo a cultura da época, a tornava «impura», ela tinha que evitar qualquer contacto humano: coitada, estava condenada a uma morte civil. Esta mulher anónima, no meio da multidão que segue Jesus, diz consigo mesma: «Se eu conseguir apenas tocar-lhe as vestes, serei curada» (v. 28). E assim aconteceu: a necessidade de ser libertada leva-a a ousar e, por assim dizer, a fé «arranca» ao Senhor a cura. Quem crê «toca» Jesus e obtém d’Ele a graça que salva. A fé é isto: tocar Jesus e obter d’Ele a graça que salva. Salva-nos, salva a nossa vida espiritual, salva-nos de tantos problemas. Jesus apercebe-se e, no meio do povo, procura o rosto daquela mulher. Ela cai-lhe aos pés tremendo e Ele diz-lhe: «Filha, a tua fé te salvou» (v. 34). É a voz do Pai celeste que fala em Jesus: «Filha, não estás amaldiçoada, não és excluída, és minha filha!». E todas as vezes que Jesus se aproxima de nós, quando o procuramos com fé, ouvimos isto do Pai: «Tu és meu filho, tu és minha filha! Tu estás curado, tu estás curada. Eu perdoo todos, tudo. Eu curo todos e tudo».

Estes dois episódios — uma cura e uma ressurreição — têm um único centro: a fé. A mensagem é clara, e pode resumir-se numa pergunta: acreditamos que Jesus nos pode curar e despertar da morte? Todo o Evangelho está escrito à luz desta fé: Jesus ressuscitou, venceu a morte, e por esta sua vitória também nós ressuscitaremos. Esta fé, que era certa para os primeiros cristãos, pode ofuscar-se e tornar-se incerta, a ponto que alguns confundem ressurreição com reencarnação. A Palavra de Deus deste domingo convida-nos a viver na certeza da ressurreição: Jesus é o Senhor, Jesus tem o poder sobre o mal e sobre a morte, e deseja levar-nos à casa do Pai, onde reina a vida. E ali todos nos encontraremos, nós que estamos aqui hoje na praça, encontrar-nos-emos na casa do Pai, na vida que Jesus nos dará.

A Ressurreição de Cristo age na história como princípio de renovação e de esperança. Quem estiver desesperado e cansado até à morte, se confiar em Jesus e no seu amor pode recomeçar a viver. Também recomeçar uma nova vida, mudar de vida é uma maneira de ressurgir, de ressuscitar. A fé é uma força de vida, dá plenitude à nossa humanidade; e quem crê em Cristo deve reconhecer-se porque promove a vida em qualquer situação, para fazer experimentar a todos, sobretudo aos mais débeis, o amor de Deus que liberta e salva.

Peçamos ao Senhor, por intercessão da Virgem Maria, o dom de uma fé forte e corajosa, que nos estimule a ser difusores de esperança e de vida entre os nossos irmãos.




ANGELUS PAPA FRANCISCO
TEMA: VISITA PASTORAL DO PAPA A TURIM
DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015
PRAÇA SÃO PEDRO
VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO JÉSSICA MARÇAL


No final desta celebração, o nosso pensamento dirige-se à Virgem Maria, mãe amorosa e cuidadosa para com todos os seus filhos, que Jesus lhe confiou da cruz, enquanto se oferecia a si mesmo no gesto de amor maior. Ícone deste amor é o Sudário, que também desta vez atraiu tanta gente aqui a Turim. O Sudário atrai para a Face martirizada de Jesus e, ao mesmo tempo, estimula para o rosto de cada pessoa sofredora e injustamente perseguida. Impulsiona-nos na mesma direcção do dom de amor de Jesus: «O amor de Cristo nos constrange»: esta palavra de são Paulo era o mote de são Giuseppe Benedetto Cottolengo.

Recordando o fervor apostólico dos muitos sacerdotes santos desta terra, a partir de Dom Bosco, do qual recordamos o bicentenário do nascimento, saúdo com gratidão a vós, sacerdotes e religiosos. Vós dedicais-vos com coragem ao trabalho pastoral e estais próximos das pessoas e dos seus problemas. Encorajo-vos a levar por diante com alegria o vosso ministério, apostando sempre no que é essencial no anúncio do Evangelho. E ao agradecer-vos a vossa presença, irmãos Bispos do Piemonte e do Vale de Aosta, exorto-vos a estar ao lado dos vossos sacerdotes com afecto paterno e proximidade calorosa.

Recomendo à Virgem Santa esta cidade e o seu território e quantos aqui residem, para que possam viver na justiça, na paz e na fraternidade. Recomendo em particular as famílias, os jovens, os idosos, os presos e quantos sofrem, com um pensamento especial aos doentes de leucemia neste Dia nacional contra a leucemia, linfomas e mielomas. Maria da Consolata, rainha de Turim e do Piemonte, torne firme a vossa fé, segura a vossa esperança e fecunda a vossa caridade, para que sejais «sal e luz» desta terra abençoada, da qual eu sou neto.




ANGELUS PAPA FRANCISCO
TEMA: A ENCÍCLICA SOBRE A CRIAÇÃO É DIRIGIDA A TODOS
DOMINGO, 14 DE JUNHO DE 2015
PRAÇA SÃO PEDRO

VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO JÉSSICA MARÇAL



Amados irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje é formado por duas parábolas muito breves: a da semente que germina e cresce sozinha, e a do grão de mostarda (cf. Mc 4, 26-34). Através destas imagens tiradas do mundo rural, Jesus apresenta a eficácia da Palavra de Deus e as exigências do seu Reino, mostrando as razões da nossa esperança e do nosso compromisso na história.

Na primeira parábola a atenção é dada ao facto de que a semente, lançada na terra, ganha raiz e se desenvolve sozinha, quer o camponês durma quer vigie. Ele tem confiança no poder interno da semente e na fertilidade do terreno. Na linguagem evangélica, a semente é símbolo da Palavra de Deus, cuja fecundidade é recordada por esta parábola. Do mesmo modo como a semente humilde se desenvolve na terra, também a Palavra age com o poder de Deus no coração de quem a ouve. Deus confiou a sua Palavra à nossa terra, ou seja, a cada um de nós com a nossa humanidade concreta. Podemos ser confiantes, porque a Palavra de Deus é palavra criadora, destinada a tornar-se «o grão abundante na espiga» (v. 28). Esta Palavra, se for aceite, certamente dará os seus frutos, porque o próprio Deus a faz germinar e maturar através de veredas que nem sempre podemos verificar e de um modo que nós não sabemos (cf. v. 27). Tudo isto faz compreender que é sempre Deus, é sempre Deus quem faz crescer o seu Reino — por isso rezamos tanto para que «venha a nós o vosso Reino» — é Ele quem o faz crescer, o homem é seu humilde colaborador, que contempla e rejubila pela criadora acção divina e aguarda paciente os seus frutos.

A Palavra de Deus faz crescer, dá vida. E aqui gostaria de vos recordar mais uma vez a importância de ter o Evangelho, a Bíblia, ao alcance — o Evangelho pequeno na bolsa, no bolso — e de nos alimentarmos todos os dias com esta Palavra viva de Deus: ler todos os dias um excerto do Evangelho, um trecho da Bíblia. Nunca vos esqueçais disto, por favor. Porque é esta a força que faz germinar em nós a vida do Reino de Deus.

A segunda parábola utiliza a imagem do grão de mostarda. Apesar de ser a mais pequenina de todas as sementes, está cheia de vida e cresce até se tornar «a planta mais frondosa do horto» (Mc 4, 32). É assim o Reino de Deus: uma realidade humanamente pequena e de aparência irrelevante. Para fazer parte dele é preciso ser pobre de coração; não confiar nas próprias capacidades, mas no poder do amor de Deus; não agir para ser importante aos olhos do mundo, mas precioso aos olhos de Deus, que tem predilecção pelos simples e humildes. Quando vivemos assim, através de nós irrompe a força de Cristo e transforma o que é pequenino e modesto numa realidade que faz fermentar toda a massa do mundo e da história.

Obtemos destas duas parábolas um ensinamento importante: o Reino de Deus requer a nossa colaboração, mas é sobretudoiniciativa e dom do Senhor. A nossa obra frágil, aparentemente pequenina face à complexidade dos problemas do mundo, se for inserida na de Deus não receia as dificuldades. A vitória do Senhor é certa: o seu amor fará germinar e crescer todas as sementes de bem presentes na terra. Isto abre-nos à confiança e à esperança, não obstante os dramas, as injustiças, os sofrimentos que encontramos. A semente do bem e da paz germina e desenvolve-se, porque o amor misericordioso de Deus a faz amadurecer.

A Virgem Santa, que acolheu como «terra fecunda» a semente da Palavra divina, nos ampare nesta esperança que nunca nos desilude.

Depois do Angelus

Queridos irmãos e irmãs!

Celebra-se hoje o Dia Mundial dos Doadores de Sangue, milhões de pessoas que contribuem, de modo silencioso, para ajudar os irmãos em dificuldade. A todos os doadores expresso o meu apreço e convido especialmente os jovens a seguir o seu exemplo.

Saúdo o grupo que recorda todas as pessoas falecidas e garanto a minha oração. Estou próximo também de todos os trabalhadores que defendem de maneira solidária o direito ao trabalho, que é um direito à dignidade!

Como foi anunciado, quinta-feira próxima será publicada uma Carta Encíclica sobre o cuidado pela criação. Convido a acompanhar este acontecimento com uma atenção renovada às situações de degradação ambiental, mas também de recuperação, nos próprios territórios. Esta Encíclica destina-se a todos: rezemos para que todos possam receber a sua mensagem e crescer na responsabilidade em relação à casa comum que Deus nos confiou.

Desejo-vos bom domingo: e por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à próxima!


ANGELUS PAPA FRANCISCO
TEMA: QUEM SE NUTRE DO PÃO NÃO PODE FICAR INDIFERENTE
DOMINGO, 7 DE JUNHO DE 2015
PRAÇA SÃO PEDRO VATICANO
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO JÉSSICA MARÇAL


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!


Celebra-se hoje em muitos países, entre os quais a Itália, a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, ou, segundo a expressão latina, mais conhecida, a solenidade do Corpus Christi.

O Evangelho apresenta a narração da instituição da Eucaristia, feita por Jesus durante a Última Ceia, no cenáculo de Jerusalém. Na vigília da sua morte redentora na cruz, Ele realizou o que tinha predito: «Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que deverei dar pela vida do mundo é a minha carne... Aquele que come a minha carne e bebe meu sangue permanece em mim, e Eu nele» (Jo 6, 51.56). Jesus toma nas mãos o pão e diz: «Tomai, isto é o meu corpo» (Mc 14, 22). Com este gesto e com estas palavras, Ele atribui ao pão uma função que já não é a de simples alimento físico, mas de tornar presente a sua Pessoa no meio da comunidade dos crentes.

A Última Ceia representa o ponto de chegada de toda a vida de Cristo. Não é apenas antecipação do seu sacrifício que se cumprirá na cruz, mas também síntese de uma existência oferecida pela salvação da humanidade inteira. Por conseguinte, não é suficiente afirmar que Jesus está presente na Eucaristia, mas é necessário ver nela a presença de uma vida oferecida e participar nela. Quando tomamos e comemos aquele Pão, somos associados à vida de Jesus, entramos em comunhão com Ele, comprometemo-nos a realizar a comunhão entre nós, a transformar a nossa vida em dom, sobretudo aos mais pobres.

A festa de hoje evoca esta mensagem solidária e incentiva-nos a aceitar o seu íntimo convite à conversão e ao serviço, ao amor e ao perdão. Estimula-nos a tornarmo-nos, com a vida, imitadores daquilo que celebramos na liturgia. Cristo, que nos alimenta sob as espécies consagradas do pão e do vinho, é o mesmo que vem ao nosso encontro nos acontecimentos diários; está no pobre que estende a mão, no sofredor que implora ajuda, no irmão que pede a nossa disponibilidade e aguarda o nosso acolhimento. Está na criança que nada sabe de Jesus, da salvação, que não tem a fé. Está em cada ser humano, até no mais pequenino e indefeso.

A Eucaristia, fonte de amor para a vida da Igreja, é escola de caridade e de solidariedade. Quem se alimenta do Pão de Cristo não pode ficar indiferente diante de quantos não têm o pão de cada dia. E hoje, sabemo-lo, é um problema cada vez mais grave.

A festa do Corpus Christi inspire e alimente cada vez mais em cada um de nós o desejo e o compromisso por uma sociedade acolhedora e solidária. Deponhamos estes auspícios no coração da Virgem Maria, Mulher eucarística. Que ela suscite em todos a alegria de participar na Santa Missa, sobretudo aos domingos, e a coragem jubilosa de testemunhar a caridade infinita de Cristo.

Depois do Angelus

Amados irmãos e irmãs!

Leio acolá: Bem-vindo! Obrigado, porque ontem fui a Sarajevo, na Bósnia e Herzegovina, como peregrino de paz e de esperança. Sarajevo é uma cidade símbolo. Durante séculos foi lugar de convivência entre povos, religiões, a ponto de ser chamada «Jerusalém do Ocidente!». No passado recente tornou-se símbolo das destruições da guerra. Agora está a decorrer um bom processo de reconciliação, e eu fui lá sobretudo para isto: encorajar este caminho de convivência pacífica entre populações diversas; um caminho cansativo, difícil, mas possível! E estão a fazê-lo bem! Renovo o meu agradecimento às Autoridades e a todos os habitantes o caloroso acolhimento. Agradeço à querida comunidade católica, à qual quis levar o afecto da Igreja universal e agradeço em particular também a todos os fiéis: ortodoxos, muçulmanos, judeus e os de outras minorias religiosas. Apreciei o compromisso de colaboração e solidariedade entre estas pessoas que pertencem a religiões diversas, estimulando todos a levar por diante a obra de reconstrução espiritual e moral da sociedade. Trabalham juntos como verdadeiros irmãos. O Senhor abençoe Sarajevo e a Bósnia Herzegovina.

Na próxima sexta-feira, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus pensemos ao amor de Jesus, em como nos amou; no seu coração está todo este amor. Sexta-feira próxima celebra-se também o Dia Mundial contra o trabalho infantil. Muitas crianças no mundo não têm a liberdade de brincar, de ir à escola, e acabam por ser explorados como mão-de-obra. Desejo o compromisso solícito e constante da Comunidade internacional em prol da promoção do reconhecimento efectivo dos direitos da infância. E agora saúdo todos vós, queridos peregrinos provenientes da Itália e de diversos países. Vejo várias bandeiras. Saúdo em particular os fiéis de Madrid, Brasília e Curitiba; e os de Chiavari, Catânia e Gottolengo (Bréscia). Desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!



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CATEQUESE PAPA FRANCISCO

TEMA:

QUARTA-FEIRA 27 DE JUNHO DE 2015

PRAÇA SÃO PEDRO VATICANO

BOLETIM DA SANTA SÉ

TRADUÇÃO JÉSSICA MARÇAL




CATEQUESE PAPA FRANCISCO

TEMA:

QUARTA-FEIRA 27 DE JUNHO DE 2015

PRAÇA SÃO PEDRO VATICANO

BOLETIM DA SANTA SÉ

TRADUÇÃO JÉSSICA MARÇAL


Oração pela nossa terra
Deus Onipotente,
que estais presente em todo o universo
e na mais pequenina das vossas criaturas,
Vós que envolveis com a vossa ternura
tudo o que existe,
derramai em nós a força do vosso amor
para cuidarmos da vida e da beleza.
Inundai-nos de paz,
para que vivamos como irmãos e irmãs
sem prejudicar ninguém.
Ó Deus dos pobres,
ajudai-nos a resgatar
os abandonados e esquecidos desta terra
que valem tanto aos vossos olhos.
Curai a nossa vida,
para que protejamos o mundo
e não o depredemos,
para que semeemos beleza
e não poluição nem destruição.
Tocai os corações
daqueles que buscam apenas benefícios
à custa dos pobres e da terra.
Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa,
a contemplar com encanto,
a reconhecer que estamos profundamente unidos
com todas as criaturas
no nosso caminho para a vossa luz infinita.
Obrigado porque estais connosco todos os dias.
Sustentai-nos, por favor, na nossa luta
pela justiça, o amor e a paz.
Oração cristã com a criação
Nós Vos louvamos, Pai,
com todas as vossas criaturas,
que saíram da vossa mão poderosa.
São vossas e estão repletas da vossa presença
e da vossa ternura.
Louvado sejais!
Filho de Deus, Jesus,
por Vós foram criadas todas as coisas.
Fostes formado no seio materno de Maria,
fizestes-Vos parte desta terra,
e contemplastes este mundo
com olhos humanos.
Hoje estais vivo em cada criatura
com a vossa glória de ressuscitado.
Louvado sejais!
Espírito Santo, que, com a vossa luz,
guiais este mundo para o amor do Pai
e acompanhais o gemido da criação,
Vós viveis também nos nossos corações
a fim de nos impelir para o bem.
Louvado sejais!
Senhor Deus, Uno e Trino,
comunidade estupenda de amor infinito,
ensinai-nos a contemplar-Vos
na beleza do universo,
onde tudo nos fala de Vós.
Despertai o nosso louvor e a nossa gratidão
por cada ser que criastes.
Dai-nos a graça de nos sentirmos
intimamente unidos
a tudo o que existe.
Deus de amor,
mostrai-nos o nosso lugar neste mundo
como instrumentos do vosso carinho
por todos os seres desta terra,
porque nem um deles sequer
é esquecido por Vós.
Iluminai os donos do poder e do dinheiro
para que não caiam no pecado da indiferença,
amem o bem comum, promovam os fracos,
e cuidem deste mundo que habitamos.
Os pobres e a terra estão bradando:
Senhor, tomai-nos
sob o vosso poder e a vossa luz,
para proteger cada vida,
para preparar um futuro melhor,
para que venha o vosso Reino
de justiça, paz, amor e beleza.
Louvado sejais!
Amen.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 24 de Maio – Solenidade de Pentecostes – de 2015, terceiro ano do meu Pontificado.
Franciscus








CATEQUESE PAPA FRANCISCO

TEMA:  CONFLITOS NAS FAMÍLIAS

QUARTA-FEIRA 27 DE JUNHO DE 2015

PRAÇA SÃO PEDRO VATICANO

BOLETIM DA SANTA SÉ

TRADUÇÃO JÉSSICA MARÇAL

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Nas últimas catequeses falei da família que vive as fragilidades da condição humana, a pobreza, a doença, a morte. Hoje, em vez disso, refletimos sobre as feridas que se abrem justamente dentro da convivência familiar. Quando, isso é, na própria família se faz mal. A pior coisa!

Sabemos bem que em nenhuma história familiar faltam os momentos em que a intimidade dos afetos mais queridos é ofendida pelo comportamento dos seus membros. Palavras e ações (e omissões!) que, em vez de exprimir amor, corroem-no ou, pior, mortificam-no. Quando estas feridas, que ainda são remediáveis, são negligenciadas, elas se agravam: transformam-se em prepotência, hostilidade, desprezo. E naquele ponto podem se tornar lacerações profundas, que dividem marido e mulher e induzem a procurar compreensão, apoio e consolação em outro lugar. Mas muitas vezes esses “apoios” não pensam no bem da família!

O esvaziamento do amor conjugal difunde ressentimento nas relações. E muitas vezes a desagregação recai sobre os filhos.

Bem, os filhos. Gostaria de me concentrar um pouco sobre este ponto. Apesar da nossa sensibilidade aparentemente evoluída, e todas as nossas refinadas análises psicológicas, pergunto-me se nós não estamos anestesiados também a respeito das feridas da alma das crianças. Quanto mais se procura compensar com presentes e lanches, mais se perde o sentido das feridas – mais dolorosas e profundas – da alma. Falamos muito de distúrbios comportamentais, de saúde psíquica, de bem-estar da criança, de ansiedade de pais e filhos… Mas sabemos ainda o que é uma ferida da alma? Sentimos o peso da montanha que esmaga a alma de uma criança, nas famílias em que se trata mal e se fala mal, até o ponto de despedaçar o laço da fidelidade conjugal? Que peso há nas nossas escolhas – escolhas erradas, por exemplo – quanto peso tem a alma das crianças? Quando os adultos perdem a cabeça, quando cada um pensa apenas em si mesmo, quando o pai e a mãe se agridem, a alma dos filhos sofre imensamente, prova um desespero. E são feridas que deixam a marca para toda a vida.

Na família, tudo é interligado: quando a sua alma é ferida em qualquer ponto, a infecção contagia todos. E quando um homem e uma mulher, que se empenharam em ser “uma só carne” e em formar uma família, pensam obsessivamente nas próprias exigências de liberdade e de gratificação, esta distorção afeta profundamente o coração e a vida dos filhos. Tantas vezes as crianças se escondem para chorar sozinhas… Devemos entender bem isso. Marido e mulher são uma só carne. Mas suas criaturas são carne de sua carne. Se pensamos na dureza com que Jesus adverte os adultos a não escandalizar os pequenos – ouvimos na passagem do Evangelho (cfr Mt 18,6) – , podemos compreender melhor também a sua palavra sobre a grave responsabilidade de proteger o laço conjugal que dá início à família humana (cfr Mt 19, 6-9). Quando o homem e a mulher se tornam uma só carne, todas as feridas e todos os abandonos do pai e da mãe incidem na carne viva dos filhos.

É verdade, por outro lado, que há casos em que a separação é inevitável. Às vezes pode se tornar até mesmo moralmente necessária, quando se trata de salvar o cônjuge mais frágil, ou os filhos pequenos, de feridas mais graves causadas pela prepotência e pela violência, das humilhações e da exploração, da indiferença.

Não faltam, graças a Deus, aqueles que, apoiados pela fé e pelo amor pelos filhos, testemunham a sua fidelidade a um laço no qual acreditaram, por mais que pareça impossível fazê-lo reviver. Não todos os separados, porém, sentem esta vocação. Nem todos reconhecem, na solidão, um apelo do Senhor dirigido a eles. Em torno de nós encontramos diversas famílias em situações consideradas irregulares – não gosto dessa palavra – e nos colocamos muitas interrogações. Como ajudá-las? Como acompanhá-las? Como acompanhá-las para que as crianças não se tornem reféns do pai ou da mãe?

Peçamos ao Senhor uma fé grande, para olhar a realidade com o olhar de Deus; e uma grande caridade, para abordar as pessoas com o seu coração misericordioso.




CATEQUESE PAPA FRANCISCO

TEMA: O LUTO NA FAMÍLIA

QUARTA-FEIRA 17 DE JUNHO DE 2015

PRAÇA SÃO PEDRO VATICANO

BOLETIM DA SANTA SÉ

TRADUÇÃO JÉSSICA MARÇAL

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

No percurso de catequeses sobre família, hoje tomamos inspiração diretamente do episódio narrado pelo evangelista Lucas, que escutamos há pouco (cfr Lc 7, 11-15). É uma cena muito comovente, que nos mostra a compaixão de Jesus por quem sofre – neste caso uma viúva que perdeu o único filho – e nos mostra também o poder de Jesus sobre a morte.

A morte é uma experiência que diz respeito a todas as famílias, sem exceção alguma. Faz parte da vida; no entanto, quando toca os afetos familiares, a morte nunca consegue parecer natural. Para os pais, perder o próprio filho é algo particularmente desolador, que contradiz a natureza elementar das relações que dão sentido à própria família. A perda de um filho ou de uma filha é como se o tempo parasse: abre-se um buraco que engole o passado e também o futuro. A morte, que leva o filho pequeno ou jovem, é um tapa nas promessas, nos dons e sacrifícios de amor alegremente entregues à vida que fizemos nascer. Tantas vezes vêm à Missa na Casa Santa Marta pais com a foto de um filho, de uma filha, criança, rapaz, moça, e me dizem: “Foi embora, foi embora”. E o olhar é tão doloroso. A morte toca e quando é um filho toca profundamente. Toda a família permanece meio que paralisada, sem palavras. E algo de similar atinge também a criança que permanece sozinha, pela perda de um pai, ou de ambos. Aquela pergunta: “Mas onde está o papai? Onde está a mamãe? – “Está no céu” – “Mas porque eu não o vejo?”. Esta pergunta abrange uma angústia no coração da criança que fica sozinha. O vazio do abandono que se abre dentro dela é mais angustiante pelo fato de que não tem nem ao menos experiência suficiente para “dar um nome” àquilo que aconteceu. “Quando o papai vai voltar? Quando a mamãe vai voltar?”. O que responder quando a criança sofre? Assim é a morte em família.

Nestes casos, a morte é como um buraco negro que se abre na vida da família e ao qual não sabemos dar explicação alguma. E às vezes se chega até mesmo a colocar a culpa em Deus. Quanta gente – eu as entendo – fica com raiva de Deus, blasfema: “Por que me tirou o filho, a filha? Mas, Deus não existe, não existe! Por que fez isso?”. Tantas vezes ouvimos isso. Mas esta raiva é um pouco aquilo que vem do coração, da grande dor; a perda de um filho ou de uma filha, do pai ou da mãe, é uma grande dor. Isso acontece continuamente nas famílias. Nestes casos, disse, a morte é quase como um buraco. Mas a morte física tem seus “cúmplices” que são também muitas vezes piores que ela e que se chamam ódio, inveja, orgulho, avareza; em resumo, o pecado do mundo que trabalha pela morte e a torna ainda mais dolorosa e injusta. Os afetos familiares aparecem como as vítimas predestinadas e indefesas destes auxiliares poderosos da morte, que acompanham a história do homem. Pensemos na absurda “normalidade” com a qual, em certos momentos e lugares, os eventos que acrescentam horror à morte são provocados pelo ódio e pela indiferença de outros seres humanos. O Senhor nos liberte de nos acostumarmos a isso!

No povo de Deus, com a graça da sua compaixão dada em Jesus, tantas famílias demonstram com os fatos que a morte não tem a última palavra: isto é um verdadeiro ato de fé. Todas as vezes que a família no luto – mesmo terrível – encontra a força de proteger a fé e o amor que nos unem àqueles que amamos, essa impede já agora a morte de pegar tudo. A escuridão da morte deve ser enfrentada com um mais intenso trabalho de amor. “Deus meu, clareia as minhas trevas!”, é a invocação da liturgia da noite. Na luz da Ressurreição do Senhor, que não abandona ninguém daqueles que o Pai lhe confiou, nós podemos tirar da morte o seu “ferrão”, como dizia o apóstolo Paulo (1 Cor 15, 55); podemos impedi-la de envenenar a vida, de estragar os nossos afetos, de fazer-nos cair no vazio mais escuro.

Nesta fé, podemos nos consolar uns aos outros, sabendo que o Senhor venceu a morte de uma vez por todas. Os nossos entes queridos não desapareceram na escuridão do nada: a esperança nos assegura que eles estão nas mãos boas e fortes de Deus. O amor é mais forte que a morte. Por isso, o caminho é fazer crescer o amor, tornando-o mais sólido e amor nos protegerá até o dia em que toda lágrima será enxugada, quando “não haverá mais a morte, nem lamentação, nem dor” (Ap 21, 4). Se nos deixamos apoiar por esta fé, a experiência do luto pode gerar uma solidariedade mais forte dos laços familiares, uma nova abertura à dor das outras famílias, uma nova fraternidade com as famílias que nascem e renascem na esperança. Nascer e renascer na esperança, isso nos dá a fé. Mas eu gostaria de destacar uma última frase do Evangelho que hoje ouvimos (cfr Lc 7, 11-15). Depois que Jesus torna a trazer a vida a este jovem, filho da mãe que era viúva, diz o Evangelho: “Jesus o restitui à sua mãe”. E essa é a nossa esperança! Todos os nossos entes queridos que se foram, o Senhor os restituirá a nós e nós nos encontraremos junto a eles. Esta esperança não desilude! Recordemos bem esse gesto de Jesus: “E Jesus o restitui à sua mãe”, assim fará o Senhor com todos os nossos queridos na família!

Esta fé nos protege da visão niilista da morte, bem como das falsas consolações do mundo, de forma que a vida cristã “não arrisca se misturar com mitologias de vários tipos”, cedendo aos ritos da superstição, antiga ou moderna” (Bento XVI, Angelus de 2 de novembro de 2008). Hoje é necessário que os pastores e todos os cristãos exprimam de modo mais concreto o sentido da fé nos confrontos da experiência familiar do luto. Não se deve negar o direito ao pranto – devemos chorar no luto – também Jesus “caiu em pranto” e foi “profundamente perturbado” pelo grave luto de uma família que amava (J0 11, 33-37). Podemos, em vez disso, tirar testemunho bastante simples e forte de tantas famílias que souberam colher, na duríssima passagem da morte, também a segura passagem do Senhor, crucificado e ressuscitado, com a sua irrevogável promessa de ressurreição dos mortos. O trabalho do amor de Deus é mais forte que o trabalho da morte. É daquele amor, é próprio daquele amor que devemos fazer-nos “cúmplices” operários, com a nossa fé! E recordemos aquele gesto de Jesus: “E Jesus o restituiu à sua mãe”, assim fará com todos os nossos entes queridos e conosco quando nos encontraremos, quando a morte será definitivamente derrotada em nós. Essa é a derrota da cruz de Jesus. Jesus nos restituirá em família a todos!


CATEQUESE PAPA FRANCISCO
A SITUAÇÃO DA DOENÇA NAS FAMÍLIAS
QUARTA-FEIRA 10 DE JUNHO DE 2015
PRAÇA SÃO PEDRO VATICANO 
BOLETIM DA SANTA SÉ
TRADUÇÃO JÉSSICA MARÇAL
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Continuamos com as catequeses sobre família, e nesta catequese gostaria de tocar em um aspecto muito comum na vida das nossas famílias, aquele da doença. É uma experiência da nossa fragilidade que vivemos principalmente na família, desde criança, e depois sobretudo como idosos, quando chegam os problemas físicos. No âmbito das relações familiares, a doença das pessoas a quem queremos bem é vivida com um sofrimento ainda maior e também com angústia. É o amor que nos faz sentir esse “mais”. Tantas vezes, para um pai e uma mãe, é mais difícil suportar o mal de um filho, de uma filha, do que o próprio. A família, podemos dizer, sempre foi o “hospital” mais próximo. Ainda hoje, em tantas partes do mundo, o hospital é um privilégio para poucos e muitas vezes é distante. São a mãe, o pai, os irmãos, as irmãs, os avós que garantem os cuidados e ajudam a curar.
Nos Evangelhos, muitas páginas contam os encontros de Jesus com os doentes e o seu empenho em curá-los. Ele se apresenta publicamente como quem luta contra a doença e que veio para curar o homem de todo mal: o mal do espírito e o mal do corpo. É realmente comovente a cena evangélica há pouco retratada pelo evangelho de Marcos. Diz assim: “À tarde, depois do pôr do sol, levaram-lhe todos os enfermos e possessos do demônio” (1, 29). Se penso nas grandes cidades contemporâneas, pergunto-me onde estão as portas diante das quais levar os doentes esperando que sejam curados! Jesus nunca deixou de curá-los. Nunca foi além, nunca virou o rosto para o outro lado. E quando um pai ou uma mãe, ou até mesmo simplesmente pessoas amigas lhe levavam um doente para que o tocasse e o curasse, não dava um tempo; a cura vinha antes da lei, também era tão sagrada como era o repouso do sábado (cfr Mc 3, 1-6). Os doutores da lei repreendiam Jesus porque curava aos sábados, fazia o bem aos sábados. Mas o amor de Jesus era dar a saúde, fazer o bem: e isso vai sempre em primeiro lugar!
Jesus envia os discípulos a cumprir a sua mesma obra e dá a eles o poder de curar, ou seja, de se aproximar dos doentes e de cuidar deles até o fim (cfr Mt 10, 1). Devemos ter bem em mente o que disse aos discípulos no episódio do cego de nascença (Jo 9, 1-5). Os discípulos – com o cego ali diante – discutiam sobre quem tivesse pecado, porque era cego de nascença, ele ou os seus pais, para provocar a sua cegueira. O Senhor disse claramente: nem ele nem seus pais; é assim para que se manifestem nele as obras de Deus. E o curou. Eis a glória de Deus! Eis a tarefa da Igreja! Ajudar os doentes, não se perder em fofocas, ajudar sempre, consolar, levantar, estar próximo aos doentes; essa é a tarefa.
A Igreja convida à oração contínua pelos próprios queridos atingidos pelo mal. A oração pelos doentes nunca deve faltar. Antes, devemos rezar mais, seja pessoalmente seja em comunidade. Pensemos no episódio evangélico da mulher de Cananeia (cfr Mt 15, 21-28). É uma mulher pagã, não era do povo de Israel, mas uma pagã que suplica a Jesus para curar a filha. Jesus, para colocar à prova a sua fé, primeiro responde duramente: “Não posso, preciso pensar antes nas ovelhas de Israel”. A mulher não para – uma mãe, quando pede ajuda para o seu filho, não cede nunca; todos sabemos que as mães lutam pelos filhos – e responde: “Também aos cães, quando os patrões estão com fome, se dá algo!”, como quem diz: “Ao menos me trate como um cãozinho”. Então Jesus diz: “Mulher, grande é a sua fé! Seja feito para você como desejas” (v. 28).
Diante da doença, também em família surgem dificuldades, por causa da fraqueza humana. Mas, em geral, o tempo da doença faz crescer a força dos laços familiares. E penso em como é importante educar os filhos desde pequenos à solidariedade no tempo da doença. Uma educação que poupa da sensibilidade pela doença humana endurece o coração. E faz com que as crianças sejam “anestesiadas” em relação ao sofrimento do outro, incapazes de confrontar-se com o sofrimento e de viver a experiência do limite. Quantas vezes nós vemos chegar no trabalho um homem, uma mulher, com uma cara de cansado, com uma atitude cansada e quando lhe perguntam “O que aconteceu?”, responde: “Dormi somente duas horas porque em casa fazemos revezamos para estarmos próximos do filho, da filha, do doente, do avó, da avô”. E o dia continua com o trabalho. Estas coisas não heroicas, são o heroísmo das famílias! Aquele heroísmo escondido que se faz com ternura e com coragem quando em casa há alguém doente.
A fragilidade e o sofrimento dos nossos afetos mais queridos e mais sagrados podem ser, para os nossos filhos e os nossos netos uma escola de vida – é importante educar os filhos, os netos para entender esta proximidade na doença na família – e se tornam assim quando os momentos da doença são acompanhados pela oração e pela proximidade afetuosa dos familiares. A comunidade cristã sabe bem que a família, na provação da doença, não deve ser deixada sozinha. E devemos dizer obrigado ao Senhor por aquelas belas experiências de fraternidade eclesial que ajudam as famílias a atravessar o difícil momento de dor e de sofrimento. Esta proximidade cristã, de família a família, é um verdadeiro tesouro para a paróquia; um tesouro de sabedoria, que ajuda as famílias nos momentos difíceis e faz entender o Reino de Deus melhor que muitos discursos! São carícias de Deus.


CATEQUESE 3 DE JUNHO
MISÉRIAS SOCIAIS QUE AFETAM A FAMÍLIA

Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 3 de junho de 2014
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Nestas quartas-feiras temos refletido sobre família e sigamos adiante neste tema, refletir sobre família. E a partir de hoje, as nossas catequeses se abrem, com a reflexão à consideração da vulnerabilidade que tem a família, nas condições da vida que a colocam à prova. A família tem tantos problemas que a colocam à prova.
Uma dessas provas é a pobreza. Pensemos em tantas famílias que povoam as periferias das megalópoles, mas também nas zonas rurais. Quanta miséria, quanta degradação! E depois, para piorar a situação, em alguns lugares chega também a guerra. A guerra é sempre uma coisa terrível. Essa também afeta especialmente as populações civis, as famílias. Realmente a guerra é a “mãe de todas as pobrezas”, a guerra empobrece a família, uma grande predadora de vidas, de almas e dos afetos mais sagrados e mais queridos.
Apesar disso tudo, há tantas famílias pobres que com dignidade procuram conduzir a sua vida cotidiana, muitas vezes confiando abertamente na benção de Deus. Esta lição, porém, não deve justificar a nossa indiferença, mas sim aumentar a nossa vergonha pelo fato de existir tanta pobreza! É quase um milagre que, mesmo na pobreza, a família continua a se formar e até mesmo a conservar – como pode – a especial humanidade das suas relações. O fato irrita aqueles planejadores de bem-estar que consideram os afetos, as relações familiares como uma variável secundária da qualidade de vida. Não entendem nada! Em vez disso, nós deveríamos nos ajoelhar diante dessas famílias que são uma verdadeira escola de humanidade que salva a sociedade das barbáries.
O que nos resta, de fato, se cedemos à chantagem de César e do Dinheiro, da violência e do dinheiro, e renunciamos também aos afetos familiares? Uma nova ética civil chegará somente quando os responsáveis da vida pública reorganizarem os laços sociais a partir da luta contra a espiral perversa entre família e pobreza, que nos leva ao abismo.
A economia de hoje muitas vezes é especializada no gozo do bem-estar individual, mas pratica largamente a exploração dos laços familiares. Esta é uma contradição grave! O imenso trabalho da família não é cotado nos balanços financeiros, naturalmente! De fato, a economia e a política são mesquinhas de reconhecimento a tal respeito. No entanto, a formação interior da pessoa e a circulação social dos afetos têm justamente ali o seu pilar. Se os tiram, tudo vem a baixo.
Não é somente questão de dinheiro. Falamos de trabalho, falamos de educação, falamos de saúde. É importante entender bem isso. Ficamos sempre muito comovidos quando vemos imagens das crianças desnutridas e doentes, que são mostradas para nós em tantas partes do mundo. Ao mesmo tempo, também nos comove muito o olhar brilhante de muitas crianças, privadas de tudo, que estão em escolas feitas de nada, quando mostram com orgulho sua caneta e o seu caderno. E como olham com amor o seu professor ou a sua professora! Realmente, as crianças sabem que o homem não vive só de pão! Mesmo o afeto familiar; quando há a miséria as crianças sofrem, porque elas querem o amor, as relações familiares.
Nós cristãos devemos estar sempre mais próximos às famílias que a pobreza coloca à prova. Mas pensem, todos vocês conhecem alguém: um pai sem trabalho, uma mãe sem trabalho…e a família sofre, as relações se enfraquecem. Isso é ruim. De fato, a miséria social atinge a família e às vezes a destroi. A falta ou a perda de trabalho, ou a sua forte precariedade, incidem pesadamente sobre a vida familiar, colocando à dura prova as relações. As condições de vida nos bairros mais desfavorecidos, com os problemas de habitação e de transportes, bem como a redução dos serviços sociais, de saúde, de escola, causam dificuldades. A estes fatores materiais se soma o dano causado à família pelos pseudo-modelos, difundidos pelos meios de comunicação baseados no consumismo e o culto da aparência, que influenciam as classes sociais mais pobres e incrementam a desagregação das relações familiares. Cuidar das famílias, cuidar do afeto, quando a miséria coloca a família à prova!
A Igreja é mãe e não deve esquecer este drama dos seus filhos. Também essa deve ser pobre, para se tornar fecunda e responder a tanta miséria. Uma Igreja pobre é uma Igreja que pratica uma simplicidade voluntária na própria vida – nas suas próprias instituições, no estilo de vida dos seus membros – para abater todo muro de separação, sobretudo dos pobres. É preciso oração e ação. Rezemos intensamente ao Senhor, que nos sacode, para tornar as nossas famílias cristãs protagonistas desta revolução da proximidade familiar, que agora é tão necessária! Dessa, dessa proximidade familiar, desde o início, é feita a Igreja. E não esqueçamos que o julgamento dos necessitados, dos pequenos e dos pobres antecipa o julgamento de Deus (Mt 25, 31-46). Não esqueçamos isso e façamos tudo aquilo que podemos para ajudar as famílias a seguir adiante na provação da pobreza e da miséria que atingem os afetos, as relações familiares. Eu gostaria de ler outra vez o texto da Bíblia que escutamos no início e cada um de nós pense nas famílias que são provadas pela miséria e pela pobreza, a Bíblia diz assim: “Meu filho, não negues esmola ao pobre, nem dele desvieis os olhos. Não desprezes o que tem fome, não irrites o pobre em sua indigência. Não aflijas o coração do infeliz, não recuses tua esmola àquele que está na miséria; não rejeiteis o pedido do aflito, não desvieis o rosto do pobre. Não desvieis os olhos do indigente, para que ele não se zangue” (Eclo 4,1-5a). Porque isso será aquilo que fará o Senhor – o diz no Evangelho – se não fazemos essas coisas.



Por Daniel Machado
produtor do Destrave 
Garimpamos, nos discursos do Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, dicas importantes para vivermos bem a juventude em nossos dias, assim como os desafios reservados para a nossa geração na construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário. Os temas não possuem importância hierárquica, trata-se apenas de tópicos que nos ajudam a entender melhor a mensagem de nosso querido Pontífice aos jovens de todo o mundo.
1) Ter um coração jovem sempre: “Vós tendes uma parte importante na festa da fé! Vós nos trazeis a alegria da fé e nos dizeis que devemos vivê-la com um coração jovem sempre: um coração jovem, mesmo aos setenta, oitenta anos! Coração jovem! Com Cristo o coração não envelhece nunca!” (Homilia de Domingo de Ramos 24/03/2013 – Dia da Juventude)
2) Ir contra a corrente: “Sim, jovens, ouvistes bem: ir contra a corrente. Isso fortalece o coração, já que “ir contra a corrente” requer coragem, e o Senhor nos dá essa coragem. Não há dificuldades, tribulações, incompreensões que possam nos meter medo se permanecermos unidos a Deus como os ramos estão unidos à videira, se não perdermos a amizade d’Ele, se lhe dermos cada vez mais espaço na nossa vida”. (Santa Missa dos crismandos em Roma – 28 de abril de 2013)
3) Apostar em grandes ideais: “Não enterrem os talentos! Apostem em grandes ideais, aqueles que alargam o coração, aqueles ideais de serviço que tornam fecundos os seus talentos. A vida não é dada para que a conservemos para nós mesmos, mas para que a doemos. Queridos jovens, tenham uma grande alma! Não tenham medo de sonhar com coisas grandes!” (Catequese do dia 24/04/2013).
4) Estar com Deus em silêncio: “Aprendam a permanecer em silêncio diante d’Ele, a ler e meditar a Bíblia, especialmente os Evangelhos, a dialogar com Ele, todos os dias, para sentir a Sua presença de amizade e de amor”. (Mensagem aos jovens reunidos para a “Sexta Jornada dos Jovens” da Lituânia 28-30 de junho)
5) Rezar o Rosário: “Gostaria de destacar a beleza de uma oração contemplativa simples, acessível a todos, grandes e pequenos, cultos e pouco instruídos: a oração do Santo Rosário. O Rosário é um instrumento eficaz para nos ajudar a nos abrirmos a Deus, porque nos ajuda a vencer o egoísmo e a levar a paz aos corações, às famílias, à sociedade e ao mundo.” (Mensagem aos jovens reunidos para a “Sexta Jornada dos Jovens” da Lituânia 28-30 de junho)
6) Fazer barulho: “Aqui, no Rio, farão barulho, farão certamente. Mas eu quero que se façam ouvir também, nas dioceses, quero que saiam, quero que a Igreja saia pelas estradas, quero que nos defendamos de tudo o que é mundanismo, imobilismo, nos defendamos do que é comodidade, do que é clericalismo, de tudo aquilo que é viver fechados em nós mesmos”. (Discurso aos Jovens Argentinos durante a JMJ Rio 2013)

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